Este tipo de treinamento visa melhorar a velocidade e explosão na corrida. Os objetivos específicos são melhorar o VO2Max e resposta muscular em regime anaeróbio.
Normalmente não faço este tipo de treinos, mas nas últimas semana tentei duas vezes. É um treino mais duro, chato e curto do que o normal. Existem um monte de literatura a respeito disso e não entendi muito bem tudo, mas uso a seguinte sequencia:
2 Km de aquecimento, a 6min/Km. Isso é o mínimo, pode ser mais. Aí então entram os tiros, 400 metros indo até a FC de 178, depois recuperação até 140 bpm trotando muito lentamente. Repete-se o ciclo algumas vezes, de quatro a oito. Aí então mais 1 ou 2 km para finalizar.
Parece melhorar um pouco a velocidade geral. O problema é que é chato e detona bem o corpo, 8 Km neste esquema deixam as pernas bem pesadas. Acho que tenho que arrumar um treinador pra orientar essa parte.
Relatos, notícias, histórias e ideias sobre esportes de endurance: triathlon, trailrun, corridas de aventura, ultramaratonas, multisport, mountainbiking, travessias e montanhismo.
domingo, 30 de março de 2008
Longão de domingo
Ontem tentei agitar a turma pra um longo hoje cedo. Ninguém se manifestou, nem eu. Acordei com preguiça e fiquei a brincar com o pequenino. Lá pelas 9h o tempo pareceu que ia firmar, então me
ajeitei e fui. Até pensei em não levar óculos de sol, mas no parque o sol já estava a pino.
Fui por coqueiros, ponte, beira mar até o itacorubi. Levei pouca água e nenhum numerário, então a sede apertou muito. O gel e o nutry entraram em ação, a fome bateu. Incrivelmente o ritmo não caiu e continuei a 5min/km na volta. Mas na ponte ferrou de vez, muita sede. Abasteci no parque de coqueiros e aí aliviou, mas segui meio quebrado.
Fechei 24 km em 2h8min, ritmo de 5min20seg/Km@153bpm.
Bom treino para o que vier, pois penso na maratona mas hoje deu preguiça. Pernas boas depois do mountaindo, mas senti um pouquinho os tornozelos. Pra volta a ilha precisa mais intervalado.
ajeitei e fui. Até pensei em não levar óculos de sol, mas no parque o sol já estava a pino.
Fui por coqueiros, ponte, beira mar até o itacorubi. Levei pouca água e nenhum numerário, então a sede apertou muito. O gel e o nutry entraram em ação, a fome bateu. Incrivelmente o ritmo não caiu e continuei a 5min/km na volta. Mas na ponte ferrou de vez, muita sede. Abasteci no parque de coqueiros e aí aliviou, mas segui meio quebrado.
Fechei 24 km em 2h8min, ritmo de 5min20seg/Km@153bpm.
Bom treino para o que vier, pois penso na maratona mas hoje deu preguiça. Pernas boas depois do mountaindo, mas senti um pouquinho os tornozelos. Pra volta a ilha precisa mais intervalado.
Impacto na corrida
Ainda me surpreendo vendo gente correndo na beira-mar e parque de coqueiros no concreto. Quase não se vê gente correndo na grama ou na areia da praia.
Pois deveriam, já que a escala de dureza dos pisos e consequente destruição ligamentar é esta:
Corrobora-se isso aqui:
"Sabemos que a corrida é composta de movimentos cíclicos e repetitivos. Tais movimentos provocam milhares de choques dos pés contra o solo, que, em respeito à lei da física, de ação e reação, responde com igual força em sentido contrário aos membros inferiores e coluna. Quanto mais longa a distância, maior a força exercida. Em uma corrida de 15 km, sofremos 5.000 impactos em cada perna, totalizando 10.000. E isso será por demais agravado se realizado em solo duro, como asfalto e cimento, e com tênis inadequados."
...
" Estudos recentes apresentados no American College Sports of Medicine, demonstram que o piso gramado pode reduzir em até 80% o impacto das passadas durante a corrida. Nos Estados Unidos, os atletas de elite fazem seu aquecimento (warm-up) antes dos treinos de pista, em uma outra pista de grama, construída especialmente para este fim."
Matéria completa aqui.
Particularmente adoro trilhas e terra batida. As trilhas trazem o risco maior de lesões por torção, mas depois de um tempo algum mecanismo invisível de adaptação atua, pois ganha-se força, resistência nos ligamentos e reflexos velozes.
Pois deveriam, já que a escala de dureza dos pisos e consequente destruição ligamentar é esta:
- Concreto
- Asfalto
- Terra batida
- Grama
- Areia de praia
Corrobora-se isso aqui:
"Sabemos que a corrida é composta de movimentos cíclicos e repetitivos. Tais movimentos provocam milhares de choques dos pés contra o solo, que, em respeito à lei da física, de ação e reação, responde com igual força em sentido contrário aos membros inferiores e coluna. Quanto mais longa a distância, maior a força exercida. Em uma corrida de 15 km, sofremos 5.000 impactos em cada perna, totalizando 10.000. E isso será por demais agravado se realizado em solo duro, como asfalto e cimento, e com tênis inadequados."
...
" Estudos recentes apresentados no American College Sports of Medicine, demonstram que o piso gramado pode reduzir em até 80% o impacto das passadas durante a corrida. Nos Estados Unidos, os atletas de elite fazem seu aquecimento (warm-up) antes dos treinos de pista, em uma outra pista de grama, construída especialmente para este fim."
Matéria completa aqui.
Particularmente adoro trilhas e terra batida. As trilhas trazem o risco maior de lesões por torção, mas depois de um tempo algum mecanismo invisível de adaptação atua, pois ganha-se força, resistência nos ligamentos e reflexos velozes.
sábado, 29 de março de 2008
AndarIlha no MountainDo 2008 - Costão do Santinho
Sexta-feira Santa, lá estávamos no Briefing do primeiro MountainDo Costão do Santinho. Depois de tanta indefinição, era um assombro Andarilhístico: quatro equipes, uma em cada categoria: Quarteto masculino, misto, feminino e uma dupla, todos dispostos a se esfolar em nome da equipe nos 70 Km de muita trilha e praia, respectivamente batizados de AndarIlha na Veia, AndarIlha Papa-Tudo, AndarIlha só Mulherada e AndarIlha Ultra Loucos !!
Sábado cedo, encontramos a turma toda lá no Santinho. Conhecemos o pessoal da AndarIlha Papa-tudo, o quarteto misto. Povo reunido, largamos com todas as equipes no primeiro horário, 8h20min.
O Hélio faria o primeiro trecho. Fiquei alongando, bebendo e aquecendo, pois o trecho seria curto e iniciaria explosivo com 3 km de dunas. Logo veio o primeiro colocado. Uns minutos depois o Ramiro, muito rápido. A primeira dupla passou e menos de 3 minutos depois o Hélio chegou. Saí rápido, subida e trilha de dunas. Muito fofo, mas corri rápido nos primeiros 15 min. Já na praia do moçambique visualizei a Débora da dupla e tentei chegar. Cheguei na trilha das aranhas, mas não me atreví a passar, pois já vinha na FC a 182 bpm. Fomos indo, tinha uns 4 ou 5 embolados, aí numa pequenina errada na trilha passei, mas outro cara me passou. Seguimos nesta formação até o final do percurso e quando me aproximei ouvi no microfone "lá vem a primeira dupla..." pensei: "Opa, sou eu ?!" Não, o cara logo disse segunda, e terceira... Tudo embolado em menos de 30 segundos.
Começou bem. O Ramiro havia passado também em segundo geral no final dos trechos 1-2. Foi-se o Hélio pra mais dunas e eu fui alongar e descansar. Esperamos o Dariva e as meninas, mas aí fiquei preocupado com o horário. Resolvemos passar na praia antes de ir para o moçambique e encontramos o Dariva. Tacamos água nele e o Tiago foi acompanhá-lo até a chegada, eu fiquei no carro na rampa de asfalto que vem da praia. Meio perdido em relação ao tempo, fiquei apreensivo e voltei de carro até a esquina, o Tiago pegou o volante e fomos embora. Quando vi, já tinham-se ido 40 min no trecho 3 e estávamos nos ingleses entalados no trânsito. Pânico no rio vermelho em fila indiana atrás de ônibus. Chegamos na transição 3 apenas 2 minutos antes do Hélio, que veio lá do Santinho até metade do Moçambique. Ufa.
Praia fofa afundando até metade do tornozelo, mas bom ritmo e ventinho pra refrescar. Cheguei na transição do projeto tamar na frente das duplas. O Hélio foi-se para a barra atacar o famigerado morro pra galheta, o William me levou até a mole e ficamos lá na sombra esperando, remendando os pés (já tinha bolhas no meu) e bebendo muito, mas muito mesmo.
Vieram os primeiros dos quartetos, uns raios de rápidos. Aí vieram duas duplas emboladas e logo o Hélio, briga boa. As duplas estavam fazendo trechos duplos. O Hélio pegava os elementos descansados no começo do trecho e mantinha a diferença mínima. Eu seguia descansado com os outros já baleados e tentava pegá-los.
Na subida do morro da galheta pra barra passei o cara da vento sul. Topei com o Tiago descendo voando e segui pro topo do morro. Esse negócio de gente indo e vindo ficou estranho, trilha estreita não propricia ultrapassagens, mas o povo era educado e sempre quem vinha subindo dava espaço pra quem descia rápido.
Eu e o Hélio nos metemos na dupla e voltamos de lá confabulando sobre a melhor estratégia para a corrida. Decidimos que seria correr trechos únicos intercalados. Minha preocupação era não conseguir descansar direito, pois haveriam alguns trechos curtos.
Sábado cedo, encontramos a turma toda lá no Santinho. Conhecemos o pessoal da AndarIlha Papa-tudo, o quarteto misto. Povo reunido, largamos com todas as equipes no primeiro horário, 8h20min.
O Hélio faria o primeiro trecho. Fiquei alongando, bebendo e aquecendo, pois o trecho seria curto e iniciaria explosivo com 3 km de dunas. Logo veio o primeiro colocado. Uns minutos depois o Ramiro, muito rápido. A primeira dupla passou e menos de 3 minutos depois o Hélio chegou. Saí rápido, subida e trilha de dunas. Muito fofo, mas corri rápido nos primeiros 15 min. Já na praia do moçambique visualizei a Débora da dupla e tentei chegar. Cheguei na trilha das aranhas, mas não me atreví a passar, pois já vinha na FC a 182 bpm. Fomos indo, tinha uns 4 ou 5 embolados, aí numa pequenina errada na trilha passei, mas outro cara me passou. Seguimos nesta formação até o final do percurso e quando me aproximei ouvi no microfone "lá vem a primeira dupla..." pensei: "Opa, sou eu ?!" Não, o cara logo disse segunda, e terceira... Tudo embolado em menos de 30 segundos.
Começou bem. O Ramiro havia passado também em segundo geral no final dos trechos 1-2. Foi-se o Hélio pra mais dunas e eu fui alongar e descansar. Esperamos o Dariva e as meninas, mas aí fiquei preocupado com o horário. Resolvemos passar na praia antes de ir para o moçambique e encontramos o Dariva. Tacamos água nele e o Tiago foi acompanhá-lo até a chegada, eu fiquei no carro na rampa de asfalto que vem da praia. Meio perdido em relação ao tempo, fiquei apreensivo e voltei de carro até a esquina, o Tiago pegou o volante e fomos embora. Quando vi, já tinham-se ido 40 min no trecho 3 e estávamos nos ingleses entalados no trânsito. Pânico no rio vermelho em fila indiana atrás de ônibus. Chegamos na transição 3 apenas 2 minutos antes do Hélio, que veio lá do Santinho até metade do Moçambique. Ufa.
Praia fofa afundando até metade do tornozelo, mas bom ritmo e ventinho pra refrescar. Cheguei na transição do projeto tamar na frente das duplas. O Hélio foi-se para a barra atacar o famigerado morro pra galheta, o William me levou até a mole e ficamos lá na sombra esperando, remendando os pés (já tinha bolhas no meu) e bebendo muito, mas muito mesmo.
Vieram os primeiros dos quartetos, uns raios de rápidos. Aí vieram duas duplas emboladas e logo o Hélio, briga boa. As duplas estavam fazendo trechos duplos. O Hélio pegava os elementos descansados no começo do trecho e mantinha a diferença mínima. Eu seguia descansado com os outros já baleados e tentava pegá-los.
Na subida do morro da galheta pra barra passei o cara da vento sul. Topei com o Tiago descendo voando e segui pro topo do morro. Esse negócio de gente indo e vindo ficou estranho, trilha estreita não propricia ultrapassagens, mas o povo era educado e sempre quem vinha subindo dava espaço pra quem descia rápido.
Até o tamar não consegui chegar perto da mega e na transição o Hélio se foi com a missão de não aumentar a diferença. Fui pro moçambique com o Queiróz. Passaram os primeiros quartetos da cimenbloc e logo a Papa-tudo. Descansei à sombra, vendo aquele marzão verde. Calor. Fiquei meio lerdo ao sentar, bateu cansaço. Torci pro Hélio demorar a chegar. Mas logo chegou um monte de gente e a dupla da mega. O Hélio chegou menos de 3 minutos depois, diminuiu 1 minuto a diferença.
Saí pro trecho de estrada no moçambique muito cansado. Aquela estrada estava forrada de areia fofinha, tentei forçar mas tive umas pontadas no estômago e segurei o ritmo. Gel, água no posto e mais trote. Aí ví lá longe gente. Vou pegar logo, achei. Só aproximei 30 min depois e quase quebrei. Comi mais um gel forçado, mais água. Muito calor, sol forte, disseram que deu 31 graus naquela tarde. Na praia passei a mega pouco antes da trilha e me acabei na subida, corri até com as mãos.
Lá pelo meio da trilha tropecei e meti o joelho numa pedra. Muito afoito, levantei rápido e escorreguei de novo, quase fui de cara noutra pedra. Passei um cara que me passou de volta e logo a Taty estava me falando alguma coisa, no último posto de fiscal. AndarIlha boa, quando não corre participa assim mesmo !! Não reconheci a cara dela, mas pela voz deveria ser a própria. Não sei o que ela disse, mas depois me disse que eu parecia um quadrúpede nas pedras. Praia ! Plano mas não por muito.
Tinha pedido pro Queiróz ficar na praia com água. Ele ficou, só que dentro dágua, não com água pra mim ! Aí cheguei na rampa negra, o Tiago apareceu e logo o Hélio... fechamos em 7:02:03, 1 minuto e pouco à frente, vencemos ! Finalmente ganhamos alguma coisa :-)
A papa-tudo tinha chegado há uns 10 minutos, logo veio o quarteto com o William fechando. Festa geral, ficamos pra esperar as meninas. A Fabi assumiu o trecho 6 desde a mole e emendou tudo até a chegada. Gulosa, parece eu no mountaindo 2006.
Fechamos tudo com chave de ouro no domingo, entupimos a mesa de troféu. Correram Fabi, Dariva, Queiróz, William, Tiago, Rafael, Hélio, meninas do quarteto e papa-tudo.
domingo, 16 de março de 2008
Dupla no mountaindo
Em parte por culpa da Fabi, eu e o Hélio vamos fazer o mountaindo em dupla. Será interessante, 4 trechos totalizando 35 km, em terreno difícil.
Vai ser legal a experiência, faremos trechos simples alternados para poder socar a bota ao máximo e recuperar. Treinos longos estão sendo uma constante. Veremos o que vai ser.
Desta vez a AndarIlha vai dominar, serão 4 quartetos, um feminino, um masculino e um misto, mais uma dupla. Show.
Vai ser legal a experiência, faremos trechos simples alternados para poder socar a bota ao máximo e recuperar. Treinos longos estão sendo uma constante. Veremos o que vai ser.
Desta vez a AndarIlha vai dominar, serão 4 quartetos, um feminino, um masculino e um misto, mais uma dupla. Show.
The Crystal Horizon
Tive um ataque consumista na Amazon durante as últimas férias. Dentre os que vieram estava o livro do Messner, The Crystal Horizon, que fala sobre a escalada solo dele no Everest em 198o.
O livro é impressionante. Passa pelo início da idéia, durante a escalada frustada no Ama Dablan no ano anterior, onde ele ouviu a notícia de que o alpinista Naomi Uemura iria escalar o Everest solo no inverno no ano seguinte. Começa aí a história, detalhada ao extremo, da preparação, patrocínio, viagem pra o Nepal.
Uma vez lá, o Messner, junto com a companheira Nena Holgins, vai para o campo base chinês com um oficial de ligação e mais ninguém. Ficam no monastério Rongbuk uns dias pra aclimatar e vão para o avançado, a 6400. Junho não era uma época adequada, mas para conseguir escalar naquele ano antes do Uemura foi o jeito. Ele escala sozinho a parede do colo norte durante uma tempestade, acha tudo muito complicado e perigoso e decide que não está aclimatado.
Aí começa uma das partes mais legais do livro, eles saem a pé só os dois pelo Tibet, por um mês. Perambulam por tudo, passam embaixo do Xixapangama, no base do Cho Oyo, vivem com os nômades tibetanos. A violência da china fica clara com as destruições de tudo o que é cultural, mas os nômades, por não terem o que ser destruído, preservam o que sobrou e hoje está sendo usado para recuperar a herança cultural do Tibet.
Depois de muito andar, quase voltam a Kathmandu e finalmente o Messner acha que está aclimatado - consegue correr na altitude de 5400 sem subir o pulso - e que vai ter uma janela de tempo bom. Isso em 1980, com uma previsão de cientistas alemães do início do ano. Hoje, com previsões a cada hora pela internet, seria mais fácil.
A escalada começa com um acidente. Ele cai numa greta depois de duas horas acima do base avançado. Jura não continuar, mas consegue escalar os oito metros negativos (sem corda) e segue para o colo norte. Passa direto, vai até 7600 metros no primeiro dia, desde o avançado a 6400. Totalmente alpino, leva uma barraca minúscula de uma parede só e acampa.
No dia seguinte, segue se arrastando no meio de uma nevasca até 8300 e acampa numa saliência minúscula. As descrições da escalada são nítidas, detalhadas. O cara consegue filosofar a 8000 sem O2, pois não aceitou nem levar um rádio pra saber se o tempo tinha chace de melhorar. Ou seja, não tinha a menor idéia do que viria pela frente, mas ia pra cima sem parar, não sem indecisão, pois se o tempo fechasse de vez era o fim.
No terceiro dia ele escalou pela face norte e evitou a aresta nordeste, com os seus 3 escalões. Abriu um nova via, num terreno virgem. O Everest aquele ano estava branco, nem parece a imagem tradicional da face norte.
Escalar o Everest sem O2 - só ele e Peter Habeler haviam feito isso anteriomente, sozinho, sem preparação alguma da rota, numa via só escalada anteriormente 3 vezes, sem mais nenhuma alma na região, terminando numa nova variante, no outono. Impressionante. Chegou ao topo do mundo novamente e não teve vista nenhuma, tudo fechado.
A descida é outro capítulo, desceu de 8300 até o base avançado, caiu 150 metros rolando na parede que dá acesso ao colo e chegou semi-morto ao acampamento avançado. Levou uma semana para ter condições de descer até o campo base.
O título do livro vem dos horizontes em alta montanha, que contrastavam com os horizontes inexistentes do vale no Tyrol onde ele cresceu. Segundo o Messner, é o que mais o motivou na adolescência para escalar grandes montanhas - ver o horizonte acima do vale, libertar as aspirações. O Buzz Lightyear tem uma filosofia equivalente - Ao infinito, e além !!!
Leitura excelente.
O livro é impressionante. Passa pelo início da idéia, durante a escalada frustada no Ama Dablan no ano anterior, onde ele ouviu a notícia de que o alpinista Naomi Uemura iria escalar o Everest solo no inverno no ano seguinte. Começa aí a história, detalhada ao extremo, da preparação, patrocínio, viagem pra o Nepal.
Uma vez lá, o Messner, junto com a companheira Nena Holgins, vai para o campo base chinês com um oficial de ligação e mais ninguém. Ficam no monastério Rongbuk uns dias pra aclimatar e vão para o avançado, a 6400. Junho não era uma época adequada, mas para conseguir escalar naquele ano antes do Uemura foi o jeito. Ele escala sozinho a parede do colo norte durante uma tempestade, acha tudo muito complicado e perigoso e decide que não está aclimatado.
Aí começa uma das partes mais legais do livro, eles saem a pé só os dois pelo Tibet, por um mês. Perambulam por tudo, passam embaixo do Xixapangama, no base do Cho Oyo, vivem com os nômades tibetanos. A violência da china fica clara com as destruições de tudo o que é cultural, mas os nômades, por não terem o que ser destruído, preservam o que sobrou e hoje está sendo usado para recuperar a herança cultural do Tibet.
Depois de muito andar, quase voltam a Kathmandu e finalmente o Messner acha que está aclimatado - consegue correr na altitude de 5400 sem subir o pulso - e que vai ter uma janela de tempo bom. Isso em 1980, com uma previsão de cientistas alemães do início do ano. Hoje, com previsões a cada hora pela internet, seria mais fácil.
A escalada começa com um acidente. Ele cai numa greta depois de duas horas acima do base avançado. Jura não continuar, mas consegue escalar os oito metros negativos (sem corda) e segue para o colo norte. Passa direto, vai até 7600 metros no primeiro dia, desde o avançado a 6400. Totalmente alpino, leva uma barraca minúscula de uma parede só e acampa.
No dia seguinte, segue se arrastando no meio de uma nevasca até 8300 e acampa numa saliência minúscula. As descrições da escalada são nítidas, detalhadas. O cara consegue filosofar a 8000 sem O2, pois não aceitou nem levar um rádio pra saber se o tempo tinha chace de melhorar. Ou seja, não tinha a menor idéia do que viria pela frente, mas ia pra cima sem parar, não sem indecisão, pois se o tempo fechasse de vez era o fim.
No terceiro dia ele escalou pela face norte e evitou a aresta nordeste, com os seus 3 escalões. Abriu um nova via, num terreno virgem. O Everest aquele ano estava branco, nem parece a imagem tradicional da face norte.
Escalar o Everest sem O2 - só ele e Peter Habeler haviam feito isso anteriomente, sozinho, sem preparação alguma da rota, numa via só escalada anteriormente 3 vezes, sem mais nenhuma alma na região, terminando numa nova variante, no outono. Impressionante. Chegou ao topo do mundo novamente e não teve vista nenhuma, tudo fechado.
A descida é outro capítulo, desceu de 8300 até o base avançado, caiu 150 metros rolando na parede que dá acesso ao colo e chegou semi-morto ao acampamento avançado. Levou uma semana para ter condições de descer até o campo base.
O título do livro vem dos horizontes em alta montanha, que contrastavam com os horizontes inexistentes do vale no Tyrol onde ele cresceu. Segundo o Messner, é o que mais o motivou na adolescência para escalar grandes montanhas - ver o horizonte acima do vale, libertar as aspirações. O Buzz Lightyear tem uma filosofia equivalente - Ao infinito, e além !!!
Leitura excelente.
segunda-feira, 10 de março de 2008
Cansaço não-físico
Quantas vezes chegamos em casa depois de um dia longo de trabalho e achamos que já era, não consigo ir treinar ? Tô podre, não aguento. O importante nessas horas é lutar contra a inércia. O sofá é um imã, e depois de passar a tarde inteira sem comer, tendo a exagerar e usar isso de desculpa.
Não ! Não e não. Reaja ! Use o lado bom da força.
Hoje fui cortar cabelo. Podia ter ido de carro, mas fui de bike.
Aproveitei e acabei fazendo 20 km muito leves, mas parei pra alongar numas barras, encontrei um povo treinando e já fiquei novo em folha. Mesmo sem ter sido um treino, valeu.
Movimento gera movimento. Ficar parado tende a gerar mais lentidão, ao passo que manter-se ativo tende a gerar forças ocultas que fabricam mais atividade.
Não ! Não e não. Reaja ! Use o lado bom da força.
Hoje fui cortar cabelo. Podia ter ido de carro, mas fui de bike.
Aproveitei e acabei fazendo 20 km muito leves, mas parei pra alongar numas barras, encontrei um povo treinando e já fiquei novo em folha. Mesmo sem ter sido um treino, valeu.
Movimento gera movimento. Ficar parado tende a gerar mais lentidão, ao passo que manter-se ativo tende a gerar forças ocultas que fabricam mais atividade.
terça-feira, 4 de março de 2008
Multiesporte 2008
Depois de algum treino, hora de correr de verdade. Ao nascer do sol no morro das pedras a aglomeração de pessoas indicava o local da largada. Encontramos o Clodoaldo e a Paula, os amigos de Curitiba, o Aracajú e o Varela. Astral de largada é sempre bom.
Largamos já ao sul das pedras, posto que as próprias estavam recebendo a fúria do mar, para os primeiros 4 Km de areias muito fofas. Apertei o ritmo não sei porque, fui no embalo de todo mundo e não vi o polar. Quase na armação, 182 bpm, ihh, forçado, vai quebrar. Mas já estava perto, aí encontrei o Clodoaldo e continuei do mesmo jeito. Até a armação foram 20 min naquelas areias, tá doido. Economizei o tênis e evitei o mar em todo o trajeto, mas no rio ninguém foi pela ponte, então lá fui com água até a cintura para a praia do matadeiro.
A trilha estava ensopada e aí comecei a tentar reduzir o pulso, quem tava perto foi embora e fiquei sozinho. Numa passada besta quase torci bem o pé esquerdo, susto, parecia o Hélio no início do praias e trilhas. Fiquei meio lento, escorreguei mais e cheguei no PC que tinha antes da lagoinha. Segui para a praia lento para recuperar, já meio quebrado. Comi mais gel, corri forte a praia toda e comecei a subida já andando. Logo no início enterrei o pé numa poça de argila mole, parecia cimento. Pensei em voltar para o mar e limpar aquele peso, mas fui indo. Quando a trilha ficou plana, passei uns dois e alcancei um argentino no primeiro córrego (que nunca existe normalmente). Fui lavar o pé e o cara subiu o rio. - Aonde vai ? Subir el rio, disse o gringo. Se eu não perguntasse acho que ele iria praticar um improvável canyoning na lagoinha do leste.
Desci voando até o pântano do sul e cheguei na bike em 1h41min, 1 min além do previsto. Meus queridos amigos Fabi e William lá estavam para apoio, tomei gatorade e fui embora rápido, não sem antes receber tratamento de atleta de elite.
Fui indo forte, em média alta passamos o morro das pedras de novo e fomos para o campeche - ir para voltar é constante nessa prova. Numa curva fechada passaram voando uma speed e uma mtb por cada lado, era o argentino bufando para revezar vácuo com a speed. Como o cara corria ironman, resolvi obedecê-lo e revezar a dianteira no nordeste. Não é que funcionava ? Quando ia no vácuo tinha até que frear. Comi lentamente uma barra de proteína e continuamos, na lagoa fui ficando lento e o argentino dizendo que iria esperar no morro pois tinha ainda 8 km depois da descida na barra.
Na subida vieram mais 2 speeds e uma mtb feminina, passaram e o gringo se foi. Tomei água de côco gelada e fui muito devagar até em cima. O William tentou me empurrar sanduíche de novo, mas a leeenta deglutição da barrinha me preocupou e decidi evitar. Larguei tudo na descida e atingi uma velocidade absurda, mas só me apavorei mesmo ao ver 79 no velocímetro. Se cair, é o fim. Freei um pouquinho, lá embaixo ví que a máxima foi de 82, recorde absoluto em duas rodas.
Toquei pelo pinheiral do rio vermelho à sombra, perfeito para pedalar, mas já mais lerdo. Na vastidão asfáltica chegou a Shubi da Atenah, teve até um revezamento de vácou mas logo fiquei pra trás. Mas já estava perto e a chegada na polícia ambiental foi rápida, foi 1h25min no trecho, bem abaixo do esperado. Acho que devido ao revezamento de vácou, que mantém o ritmo alto o tempo todo. Funciona.
Finalmente comi alguma coisa, o apoio de novo foi impecável, descansei um pouco e saí para o caiaque. O William e a Fabi voltariam para a lagoa na openwind para a próxima transição.
Remada tranquila, no meio uns caiaques profí me passaram e eu passei uns 6 do tipo-padrão-lento. Ventinho lateral/traseiro até empurrava um pouco. Tinha pensado em ir bem pelo meio da lagoa, quase tocando a costa, para evitar os baixios. Mas esqueci. Quando ví estava com 30 cm de água dando remada na areia. Me irritei e fiquei de pé para tentar ver onde afundava mais, mas era muito longe. Corri um pouco empurrando o barquinho com o remo mas logo senti umas caimbras na coxa direita. Voltei a remar e a perna a fisgar. Afundou novamente, o vento e as ondas aumentaram e a chegada não chegava. Passei mais uns e aí uma canoa havaiana passou todo mundo voando. Fechou em 1h50.
Na transição troquei o tênis a mando dos apoiadores. Dada a lama da trilha anterior eu não queria ir com o mizuno e queria ir com o mesmo encharcado/podre e pesado que já estava no pé. Mas acharam um outro velho no porta-malas e me convenceram. O pé já estava murcho e fui salvo de mim mesmo pelos meus amigos. Estava tudo a mão, água, comida e gatorade, aí me empolguei e fui rápido pra costa da lagoa, fugi de alguma coisa que a Fabi foi buscar no carro.
Bom ritmo em sol forte logo dá canseira. Comecei a andar em qualquer morro. A ponte da lagoa foi definida como sendo um morro. Finalmente trilha e trote na sombra, comecei a tropeçar em gente quebrada e um mais enfermo me pediu para avisar o apoio que o atleta deles iria voltar para o canto dos araças. Fiquei com aquilo na cabeça, tentei telefonar pro William, até que encontrei um outro tomando sorvete no meio da trilha. Compartilhei a informação e desentupi a memória de curta prazo, voltando a atenção para a corrida.
Tinha muita água na trilha, e o boné funcionou de balde em todas as poças para aliviar o calor. Numa das maiores encontrei o Clodoaldo e mais alguns, logo começou a subida pra ratones e fiquei pra trás. Antes de pifar empurrei 1 gel e um saquinho de club-social, demorou pra descer mas resolveu, consegui correr bem a descida e logo na saída encontrei a Fabi, que tinha vindo da transição para me acompanhar. Trotamos até a AT e terminei o trecho em 2h3min.
Tive que receber primeiras-massagens para conseguir continuar, a lombar estava travada e a coxa direita fisgando. Comi 5 g de sal puro junto com um monte de coisas, recuperei bem e lá fomos para a remada no rio ratones.
A maré vazava de leve mas estava ainda alta, muito bom. O nordeste chegava a atrapalhar mas só em rajadas. Novamente passei uns no caiaque padrão e e fui passado pelas flechas aquáticas. Ano que vem parece que terá categoria para caiaque voador.
Rema, rema. Aí, rema mais e continua. Passei as pontes da SC e pra variar continuei remando no maior solão. A água com gelo que a Fabi pôs no camelback foi uma maravilha, tomei 1,5 lts no trecho.
Na chegada o William me ajudou e arrastou o caiaque até a AT, saí correndo no lodo, peguei a bike e pensei: agora vou detonar até a chegada. Já estava era detonado, não passava de 22km/h, mesmo no máximo. O nordeste ainda estava lá para irritar, as pernas estavam pesando meia tonelada cada. A AT para a corrida era no clube 12, mesmo ponto do iron. De lá saí para 1 Km na praia, que levei 7 min pra completar.
Chegada ! 90 Km em 9h7min, meta alcançada ! Que coisa boa terminar o que se começa. Não sei porque mas pra essa corrida fiquei meio fissurado em números e desempenho, fiquei muito feliz de terminar dentro do previsto e ainda inteiro. Fomos para um merecido mergulho naquele marzão que eu vi o dia todo mas do qual não me deixei usufruir.
Foi uma prova diferente, parecida com aventura, mas também com triatlhon pelas transições rápidas, e também com revezamento. Muito forte mas suportável, dadas as mudanças de modalidades. O bom era que quando uma parte do corpo estava destruída, podia-se destruir a outra para descansar a primeira, e depois começar tudo de novo. Muito bom. A Fabi empolgou e vai no ano que vem.
Apesar de ir no individual, não corri sozinho. Obrigado Fabiana e William !!!!
Fotos completas aqui.
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Resultados: parece que fiquei em 15o na categoria, mas ainda não saiu o oficial.
Fatos:
- Bike surpreendeu, 1h22mim
- Segunda perna de corrida foi um desastre
- Consumi 9L de líquidos - gatorade, cocacola, água, água de coco
- Comí 7 powergel, 3 clubsocial, 4 bananas, 1 barra de proteína, 1/5 de sanduíche
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