quarta-feira, 25 de março de 2015

24 horas

O Jack Bauer daria um bom triatleta. Troca de modalidade o tempo todo, corre pra todo lado, não dorme e não morre nunca. Ok, o post não é sobre a série nem exatamente sobre 24 horas.

Na verdade é só um registro desvairado do ritmo às vezes alucinado que a gente, atletas amadores, se impõe. Não que seja ruim, pois é auto imposto e com um objetivo. Algo claro e cristalino, que só depende de nós mesmo. Em quantas esferas da vida temos isso exatamente assim ?

A sequencia de treinos vai muito bem. E aí depois de um longo de corrida sábado que era pra ter sido quarta e um pedal de 140 km no domingo veio um treino espetacular segunda feira, feriado de Floripa. Uma natação no mar que mais parecia uma piscina, muito boa. E aí o treino intervalado longo (agora tem tipo de intervalado, longo e curto). Pancadaria. Cansou.

Terça feira prometia. Acordei às 6:15 pra nadar, nadei e fui trabalhar. Trabalhei e fui pra casa almoçar, almocei e fui pedalar. 50 minutos entalados entre o almoço recém engolido e um voo a trabalho para Porto Alegre. Fiz o checkin no voo em cima da bike, no aquecimento. Bendito celular.

E aí quarta feira voltei de viagem às 17:15 e às 17:35 estava saindo pela porta pra correr 24 km. Não consegui não pensar que era pra estar desmontado em cima do sofá, dormi 5 horas depois de trabalhar até as 22:00 e passar a manhã de hoje de pé. Mas não, tinha treino. E tinha foco, no objetivo. Então na verdade o que parece demência é só vontade e pré disposição de fazer o que se tem planejado. Simples assim.

Claro, ter uma mãe como a minha ajuda. Num momento de auto mimimi dei notícia de que tinha chegado no grupo de whatsup da família, 'reclamando' que já teria que sair pra correr. A resposta veio simples: "vai firme filho, dorme depois".

E tem um detalhe: voltar pra Floripa é sempre bom. Chegar num dia azul é melhor ainda, mas correr em casa com um visual alaranjado de fim de tarde, debaixo de uma ventania louca de nordeste, com os visuais das pontes, das montanhas do tabuleiro e do mar é DUCAR@!H0 !

Diz que não é duca... foto do Adriano, que provavelmente estava pedalando por aí...

sexta-feira, 13 de março de 2015

3FUN Race Triathlon Canela

Desde 2013 quando ouvi falar dessa prova fiquei com vontade de ir. Pedal desnivelado, natação no lago e principalmente corrida em estrada de terra com morros. Perfeito. Daí em 2014 teve El Cruce e não deu pra ir, mas esse ano eu não perderia.

Saímos de Floripa o Fabrício e eu e chegamos em canela às 21:30 de sexta. Jantar com a turma da Ironmind e então saímos à caça das pousadas. Acabei ficando em outra e complicando a logística toda ;-).

Sábado fomos nadar no lago e reconhecer o percurso da corrida, que se mostrou interessante. À tarde foi dedicada ao almoço e um breve descanso antes de ir pro congresso técnico. Lá confirmamos que realmente haveria a prova longa de triathlon. Haviam rumores preocupantes de que a polícia rodoviária não liberaria o ciclismo.

Ficamos sabendo que a prova seria com trânsito liberado. Totalmente, nenhum cone no percurso além do início e fim do trecho de 28 km. Coisa diferente e interessante. Fui pra pedalar com a atenção de sempre como em um treino qualquer, e a prova se mostraria muito tranquila dessa forma, com pouquíssimo movimente de carros. Se tivesse um fluxo maior de veículos a história seria outra. Mas o povo do local decidiu assim, pareceu razoável ante à ameaça de não ter ciclismo (!).

A largada foi marcada para às 8:30, tarde na minha opinião. Amanheceu frio, 12 C quando fui tomar café da manhã na pousada. Dia azul típico da serra, mas daqueles que já indica que vai esquentar logo.

No parque fazenda da serra todo o evento iria se desenrolar: transições, lago de largada e chegada. Depois de arrumar todas as tralhas e me certificar de que havia tempo de sobra fui pra fila do banheiro, de onde saí às 8:25. Corri pro lago, me vesti e pulei na água, aqueci e voltei, para então esperar quase meia hora pela largada, que veio sem aviso. Quase não percebi, e ainda tive que botar o garmin em modo triathlon e dar a partida.

Comecei forte e asfixiado como sempre é bom fazer em largadas. Logo nenhum trânsito de braços nem pernas e segui nadando firme, contornei a boia e voltei reto mirando no cocho de cavalos que usamos de alvo no treino do dia anterior. Muito bom ter ido reconhecer a natação, não dava pra ver a segunda boia direito devido ao sol bem de frente.

Duas voltas e saí da água com pouco mais de 25 min pra 1600 m. Coisa linda., nessa hora pensei que treinar esgoelado na piscina parece que funciona. Daí então peguei meu Crocs e saí correndo ladeira abaixo pra T1 calçado com o chinelão. Ouvi alguns comentários durante esse trecho :-).

T1 feita rapidamente e segui pra subida de lajotas pra sair do parque, aí então pegava uma descida perigosa rumo a um trevo e então entrávamos na rodovia RS 235 que ia de Canela à São Francisco de Paula. Um percurso duro, com vento contra na ida. Sempre subindo ou descendo, 54 km e 600 m de desnível positivo acumulado. Gastei um bocado de perna na ida, sofri pra manter alguma decência nas subidas, estranhei bastante o cansaço. Apesar de estar há mais de mês sem pegar serra na bike, achei que seria mais tranquilo.

Só que foi sempre no talo, batimento lá em cima pros meus padrões. No terço final da ida o Miranda me passou, logo vi os líderes e o Roberto voltando furioso e logo chegamos ao retorno. Muito legal uma perna de bike de única volta.

Com vento à favor comecei a estranhar uma coisa: estava faltando marcha ! Desde a ultrapassagem eu mantinha o Miranda no visual, não mais que 60-80 m creio. Nas subidas até aproximava, mas ele sumia nas descidas. Ao passar pelo pedágio na volta pegamos um longo trecho em descidas, e ali me toquei: a roda de prova tinha um cassete 12 ! Com as minhas coroas compactas, 11 é bem melhor do que 12. Pra ter uma ideia, em treinos eu chegava a pedalar a 60km/h em descidas sem passar de 100 rpm, na prova a partir de 50km/h já batia em 105-110 rpm.

Assim, perdi algum tempo nas descidas mas economizei perna. Chegue na T2 bem e saí correndo feito louco, como sempre. Mas logo o terreno deu as ordens, uma subida azeda por sobre palhas de pinheiro até a estrada de terra.

Viramos pra direita e despencamos 4 km de descida suave mas constante, buracos e pedras pequenas e médias. Do jeito que eu gosto, deu pra socar bem a bota na primeira ida, vi o Roberto voltando em terceiro e o Miranda logo depois, contei estar em 12º nesse ponto da prova.

Os próximos 4 km foram azedos. Emparelhei com um cara e seguimos ombro a ombro, revezando a puxada. Ele acelerava na subida e eu na descida. Segunda volta e outra descida alucinada, passei alguns atletas e no retorno comi o terceiro gel da prova, agora era gastar o que tinha. O calor pegou e o povo sofreu naquela estrada poeirenta. Coisa muito legal pra um triathlon. Preciso achar outros assim.

Vi que estava em 11º e voltei o mais forte possível. Nos últimos 4 km consegui passar alguns atletas e cheguei desmontado. Depois de me recompor fomos pra premiação, almoço, arrumar tudo no carro e então pegar a estrada pra voltar pra casa, mais seis horas depois de 3:20 de pancadaria pura. A quarta modalidade.

Valeu demais a prova, o lugar, os amigos e o clima sensacional. Vamos ver se teremos a prova novamente ano que vem, espero que sim. Vou virar freguês.

Fiquei extremamente satisfeito com o resultado dos treinos. O caminho está certo. Falta muito mas ainda assim falta pouco pra dia 31 de maio, o objetivo do primeiro semestre. Vai ser bom.

Um agradecimento especial ao Saul pelas fotos sensacionais que fez. Muito obrigado.

Até a próxima, que é logo.

-----------------------------------------------------------------------------

Dados técnicos:
Swim: 1,6 km (eram 1500)
Bike: 54 km (6 a menos que o previsto)
Run: 17,5 km (1,5 a mais que o previsto).
Garmin aqui.
Consumi duas medidas de GU Endurance na água da bike e 3 gels na prova.

Agora às fotos...

Igreja de pedra em Canela

Visual da janela do quarto

Mais janela

Natação excelente

Lago e pedaço da estrada da corrida
Inspecionando o lago com escolta local



À esquerda na foto o pai do Fabrício, pouco antes da largada.
Ele foi lá na T1 buscar minha Crocs para eu ir correndo com as patinhas protegidas :-)
Valeu !



Treino coletivo Ironmind. Formação de nado assíncrono, como diz o Éder ;-)

Largada de uma das provas. Além da longa, teve short, travessia e corrida rústica

Antes da largada.
Saindo da água

Corrida
Mais chegada


1º na 40-44 e 7º geral. Missão cumprida: dar trabalho pros adversários :-)