Um dia perfeito. Dava pra acabar o post aqui, mas é melhor registrar. Mesmo sem saber muito o que esperar eu sempre espero o melhor, então fui pra prova com os ritmos mais otimistas possíveis. Tudo dependeria de várias coisas, a começar pelo clima, que estava indeciso na semana da prova, então a ideia era fazer o melhor possível em cada modalidade.
Acabei treinando com mais qualidade só depois do XTERRA, a 3 semanas da prova. O Mountain Do em dupla me deixou destruído e aconteceu o que o Roberto fala a respeito dessas provas: sempre quebra, ainda mais porque eu não sei entrar pra brincar.
Então chegou o fim de semana esperado e que fez jus ao que prometia. Uma estrutura excepcional, num lugar que nasceu perfeito para o Triathlon, e uma prova pra lá de bem organizada nos mínimos detalhes e que já começou acertando em cheio. Que venha para ficar.
No sábado fiz um treino de transição curto e leve nas três modalidades, nunca tinha feito isso e me senti muito bem. Combinei com o Alexandre Vasconcellos que veio do Rio e lá fomos nós nadar, pedalar e correr por uns minutinhos cada.
Domingo madruguei e saí de casa às 4:30, acabei de arrumar a transição e já era hora de ir pra praia. Passei pelo controle do chip e entrei na área de largada. Aquecimento apenas para molhar e aí fomos esperar a hora da diversão. Mar flat, céu carregado de nuvens malignas e nada de vento.
Na máquina de lavar
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Largada ! Foto de Israel Loselame |
Alinhei num lugar estranho, bem no meio, normalmente fico pelos lados. Acabou que larguei numa muvuca danada e demorei a conseguir me livrar da profusão de braços e pernas alheios que queriam me atrapalhar. Antes da primeira boia já estava num espaço melhor e dali em diante nadei sozinho e o tempo todo num ritmo moderado a forte. Naveguei bem e dei umas pernadas de peito pra conseguir ver a última boia, tracei um azimute no morro e fui certeiro, contornei as duas, peguei outro azimute com a boia branca e voltei, a navegação saiu legal e o ritmo bem na mosca, 30min14seg no garmin. Nas melhores séries de piscina fico na casa de 1:35/100m, aqui saiu 1:35 cravado :-). A minha virada nada-olímpica tem um valor psicológico interessante, na piscina a natação não vale muita coisa mas no mar até que funciona bem :-). Melhor impossível e saí esgoelado pra transição que era longa. Arrumei as tralhas e segui pra bike, num pedaço de transição também longo.
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Fora dágua mas sem ar algum |
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Ok, agora tinha ar |
On the Road
Tal qual o Iron, um percurso no lugar de treino tem lá suas vantagens. Nós já sabemos onde é que o vento pega, o que dá pra fazer em cada subida, onde descer no clipe e fora dele, etc. Logo no começo do pedal vi que o garmin não marcava nada exceto a velocidade. Paginei as telas e nada, não lia a FC nem a cadência, que eu uso sempre nos treinos. Do jeito que eu deixo as telas, só tinha velocidade em uma e a velocidade média em outra (cada uma com 3 campos em branco :-). Tentei olhar o que era e desisti, resolvi pedalar só na percepção do esforço. Deixei só a velocidade e olhava de vez em quando a média.
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Fim da primeira volta |
Entrei na SC-401 e mantive a ardência nas pernas e respiração sob controle. Fui me empolgando imaginando algum vento fraco a favor, mas todas as bandeiras estavam caídas, nem uma gota de vento a prova toda !
Fiz o retorno no Floripa e comecei a forçar mais, talvez as pernas tenham aquecido. Várias vezes tirei o pé quando uns atletas me passaram só pra entrar na minha frente e reduzir. Também fiz umas fugas pra não deixar uns poucos pelotes chegarem. Vi pouco vácuo descarado, mas o que me irritou foram 3 duplas 'trabalhando juntas'. Numa delas o cara veio sprintando pra não perder a roda, o da frente claramente o estava puxado.
O Marcos me passou e depois o vi parado com o pneu furado. O Manente também estava lá em canas parado. Malditos pneus, ainda mais os tubulares. Não vou com a cara deles, sei lá porque. Uma pena, realmente.
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Terminando alguma volta |
Fechei a primeira volta muito bem, olhei a média pela segunda vez e não acreditei, 36,1km/h. Resolvi manter o ritmo e entrei na segunda volta realmente empolgado. No morro do cacupé peguei uma micro chuva de 2 min que mal molhou o asfalto. Consegui manter o ritmo até começar a sentir uma ou outra fisgada na coxa quando levantava do selim. Ali era o limite, mantive tudo como estava e não forcei mais nada. Entrei em jurerê e vi o ritmo em 35,9, fechando o total com 35,7km/h. Decaiu alguma coisa mas pros meus padrões foi impressionantemente constante. Não tinha vento, então foi constante :-). O alvo da bike eram 2:30. Deu 2:27 com 87,5 km (redução avisada no congresso técnico). Perfeito.
Terminei a bike eufórico, nenhum pneu furado ! Estava traumatizado do Iron. Quase tive vontade de dar um beijo na bike. Saí pra T2 que era bem longa, troquei o tênis rapidamente e me mandei. Achei que tinha perdido o número, mas o Fábio me lembrou que estava virado pra trás.
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T2. Dessa vez não fiquei enroscado na roupa |
Correndo feito um doido
Saí pra correr leve e sem dor nenhuma e quando virei na búzios tocou o alarme de pace que ficou no garmin, estava a 3:40/km. Foi a única hora que me orientei por algum instrumento, claramente 3:40 não daria pra manter muito tempo. Segui nuns 4:10 pra ver no que daria. Também achava que não daria pra manter isso nem a pau, mas estava muito bem e afinal, se quebrasse, que fosse tentando.
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Nem calor teve na corrida |
Eram vários retornos, muito legal pra ver e marcar o pessoal. Melhor ainda era a torcida por onde passávamos o tempo todo, acabava nem sabendo direito quem incentivava, mas tentava retribuir na medida do possível. Fui olhando os paces só no beep do garmin, estava mais ou menos nisso, uns 4:15 até os 12 km, depois foi num regressivo até o final mantendo o sofrimento sempre no máximo, com os três últimos km realmente de doer. Também balizava o ritmo pelos amigos, o Milton é um relógio e tem o ritmo mais constante do universo, então se ele estiver se aproximando é porque eu estou reduzindo :-). Passei muita gente na corrida, mas dois caras me passaram a 200 m e não consegui acompanhar. O final foi no limite, cheguei e desmontei no chão, até atraí a atenção de alguém que veio ver o que se passava. O Palhares ao lado já recomposto não se abalou pois chegou do mesmo jeito ;-).
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Ok, eu estava querendo chegar logo :-) |
Epílogo
Uma prova excelente. Organização impecável, no quintal de casa. Um fim de semana respirando triathlon e encontrando amigos por todos os lados. Percurso, estrutura, área de chegada, premiação, kit, staffs, tudo de alto nível. Só preciso saber quando abrem as inscrições para a próxima.
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The End. Ina, Dani, Palhares e o Milton. |
Dados técnicos
Coisa interessante foi essa prova. Além do ocorrido com o painel de instrumentos, não tinha mais nenhum suplemento em casa, só comprei 6 GU na feirinha e levei mais 3 Roctane que estavam lá desde o Iron. Sem Accelerade, sem cápsulas de sal. Nada além de GU e água e uns dois goles de gatorade. E deu muito certo. Acho que a alimentação pre-prova conta muito em provas não tão longas. Não tive quebra além da corrida, não tive que parar pra fazer xixi. Tudo milimetricamente encaixado.
Percursos do garmin:
Swim,
Bike,
Run. T1 muito lerda em 3:13 e T2 em 2:14, não sei pra que demorar tanto. Não tem cadência nem batimento. 4h37min26seg, 5º lugar na categoria e 61 geral, gostei. Muito. Por demais.
Depois de muito procurar encontrei a família toda que foi assistir a chegada, mas eu cheguei muito rápido hahaha. Meu pai levou a turma e ficamos por lá um tempo batendo papo com a galera e saímos pra almoçar depois de desmontar a tralha toda. Fomos pra Santo Antônio de Lisboa, comi um prato pra dois sozinho. É que o Arthur não quis a parte dele :-).
Fotos do Geraldo Gai, Rafael Bressan e Juliana Cunha.