domingo, 23 de dezembro de 2018

Challenge Florianópolis 2018

Uma prova sem expectativa de resultado mas com vontade de fazer bastante força, assim foi essa edição do Challenge Florianópolis. Se antes era a prova para fechar o ano, agora é a prévia do Fodaxman Extreme Triathlon, que já se solidificou no calendário mundial !

Fiz a natação mais torta da história, e ainda assim razoavelmente meia-boca. O sol atrapalhou todo mundo, e apesar de lindo ofuscou totalmente as boias. Incrível ver a galera toda errando junto. Pra não ficar só na manada, errei um tantinho também no retorno mas peguei uma bora esteira. 30 min cravados e toca pra transição.

Bike alucinada sem olhar potência e sem medo de fazer força. Estar treinando muitos longos de montanha é bom por isso, duas horas e pouco de força não é muito. Fiz bem progressivo e acabei bem, tendo, depois de pensar algum tempo, ultrapassado o Roberto no contra vento, sabendo que a conta viria :-).

Saí para correr bem empenado e constante, foi ruim mas ao menos não foi desmoronando. O Roberto passou já com 3 km num ritmo muito bom e eu fiquei tentando não morrer muito. Corrida progressiva no sofrimento e ao final ainda consegui a proeza de perder umas 3 posições no último km, não haviam tendões nem panturrilha pra sprintar ou reagir ao ataque. Foi logo depois de roubar uma coca cola de 2 l da podre staff que olhou atônita enquanto eu recusava um copinho com 100 ml e pegava a garrafona toda.

Chegada muito legal como sempre. Baita prova, muito bem organizada e em casa, não tem como não ir, só quando não dá pra ir.

Campeão da cat 45-49 e 16 geral. Será que sai Samorin dessa vez ?

O Curado veio lá de Rondônia pra correr o challenge !




Rocky balboa como sempre

Empenado mas tentando sair reto
Mamãe na chegada !


Voando pra chegar pra acabar de doer kkkkk
 
Duas semanas depois seria o Fodaxman
 
Pedal furioso

IP !

Tinha um sol pra cada participante, incluso no kit

sexta-feira, 30 de novembro de 2018

Triathlon olímpico da base aérea

Não sei como pude nunca ter corrido nesse lugar. Que sensacional fazer uma prova de triathlon ali !

Segunda prova em uma semana, o plano era (é) encaixar todas as provas que não houveram no semestre em um mês e meio :-D.

Depois da meia veio o olímpico, que é pra re aprender a competir. Baita dia na base aérea de Florianópolis. 

Sem roupa de borracha e alinhado com a faixa no peito, foi a largada mais violenta de que me lembro. Sério, dois socos na cabeça e alguma coisa no maxilar me deixaram atordoado e ouvindo um zumbido, sentido gosto de sangue na boca. Achei umas boas esteiras na primeira volta e saí meio sozinho na segunda, só agrupando na última perna.

A transição foi uma desgraça completa. Não consegui correr nada, saí pulando e mancando todo errado com os tendões parecendo cabos de aço.

Saí bem atrás e logo comecei a fazer força pra chegar em alguém. Vi o Roberto trocando pneu no final da pista de pouso. Mas depois foi um show a parte vê-lo completando a prova ainda que tenha perdido o maior tempo no início da bike. 

Segui forte com o Jailson e fomos começando a passar gente e a criar um mega pelote, o terceiro mas bem longe do segundo (do primeiro não havia a menor possibilidade). Foi uma bike forte e bem feita, mas um tanto quanto travada em 7 voltas. O asfalto não era bom mas não era ruim, mas o que complicou foram as trocentas lombadas. Não entendo isso numa área militar e toda controlada, acho que bastava um radar lá....

Terminei a bike e quase me estabaquei pois esqueci de tirar o pé do lado do desmonte de dentro da sapatilha, só abri o velcro. Como vi depois, foi uma saída idêntica a do Rodolfo kkkkkkkk.

Comecei a correr até que leve e não senti dor nenhuma, não sei o que foi aquilo na saída da natação. A corrida foi boa mas estranha, a pista de pouso era um deserto, concreto branco sob um sol de lascar deixaram a coisa quente.

Consegui segurar um pouco as posições mas só ganhei duas ou três, chegando em 16 geral e 1 na categoria. Uma prova boa pra tirar o ranço e lembrar como é botar o coração pra bater mais forte. Além disso prova com vácuo sempre tem certa adrenalina, seja pelo trabalho em equipe, perseguição ou risco que isso representa (não, não fico confortável em pelotão a 40/h).

Uma baita prova num lugar que vou prestigiar sempre que puder. Como sempre, sensacional competir com os amigos em casa.


Duks, o cara que tem O OLHO

Desmontado


Lugar mais que sensacional

Estacionando a bike

Trem

Ironmind 


Cambirela !





Corrida plana, diura e quente hahaha


Meia Maratona de Jurerê 2018

Acho que desaprendi a escrever logo em seguida das provas, ou então é o excesso excessivo de coisas por fazer. Mas de qualquer forma não passará em branco.

Essa meia maratona foi chave neste segundo semestre desprovido de provas. Até setembro somente o mundial de 70.3 e então uma tendinite chata nos calcanhares mais uma panturrilha empedrada e a sensação de ter esquecido como se corre me fizeram passar um mês tentando voltar minimamente.

Fui pra prova bem tranquilo só pra completar, nem que fosse passeando na praia. Mas claro que essa ideia só dura até alinhar pra largada. Ali é tudo ou tudo, não tem essa de entrar em prova pra brincar. Pode não sair a melhor performance da vida mas vai ter que sair o melhor que tiver pro dia.

Alinhei com o Roberto e o Rodolfo e largamos em direção ao P12. Eu tinha aquecido 5 min, tentando tirar a poeira das engrenagens. Comecei a correr ritmado e fui passando uns atletas até ficar num vazio e ver o Ricardo lá na frente. Seguimos pra jurerê tradicional e logo encostei nele e no guilherme e seguimos mais um pouco. Comecei a correr surpreendentemente rápido para as condições prévias e me empolguei. É difícil se livrar de referências de tempo e prestar atenção ao esforço. Mas parecia bom.

Contornamos pra Daniella e o Ricardo chegou de novo com o Guilherme. Alcançamos o Fabrício e seguimos num ritmo ligeiramente progressivo pelo pontal e praia, num pelote coeso e bem constante. Ali alguém perguntou 'cadê o Roberto'...

Consegui correr firme e ao entrar nas trilhas fiquei pra trás instantaneamente. Absolutamente sem o traquejo de outrora, logo escorreguei de cara no chão, parando nas mãos. Todo mundo sumiu e quando cheguei na praia do forte encostei de novo no Fabrício, mas aí tinha aquela parede pra subir e ele vazou saltitando na ponta dos pés e eu fiquei afogado já com dores nas batatas e tendões. Desci todo manco rumo ao P12 quando vi o Roberto vindo no encalço.

Aparentemente o chefe começou a suar só dos 15 km em diante e veio na caçada. Me passou no começo da praia e abriu minutos até a chegada, pegando todo mundo à frente exceto o Guilherme.

Foi uma prova excelente pra re-estabelecer alguma confiança na corrida e chave para as próximas competições. Não foi sem dor mas foi bem razoável, e o ritmo até que não foi uma desgraça completa. Fiz o que dava, mas não dava muito. Mas sendo o que dava, ficamos extremamente satisfeitos. O ambiente de prova e a competição saudável entre amigos é sempre muito legal.

E dessa vez a corrida foi em família. A Daiane e a Laís correram pela primeira vez uma prova junto comigo, muito legal. Conseguiram se divertir bastante :-).


Antes

Depois
Pódio

Acho que foi a primeira corrida da Laís

Saca só o sorriso maroto do chefe kkkkkk

sábado, 22 de setembro de 2018

Mundial 70.3 África do Sul !

Mundial é sempre especial, e num dado momento me peguei torcendo o cabo na corrida, apesar da dor maluca no tendão de aquiles e panturrilha direitos. Não é todo dia e tem que fazer valer !

Essa prova foi espetacular. Um dos ironman mais bem organizados que já vi, percurso 100% fechado e desafiador e um visual no ciclismo de embasbacar. Corrida plana e rápida exceto umas subidinhas nas extremidades e natação sensacional, gelada e transparente.

A África do Sul é um capítulo à parte e talvez eu faça um post sobre a viagem, mas por hora vamos ao dia 2 de setembro, mundial de Ironman 70.3 em Nelson Mandela Bay, África do Sul.

Port Elizabeth é uma cidade muito acolhedora para um evento desse porte, dois dias com tudo fechado para a prova (feminina sábado e masculina domingo). Povo acolhedor, torcendo na chuva (na masculina) e organizando tudo com esmero.

Minha largada foi absurdamente tarde: 9:29 da manhã e ainda por cima em rolling start. Depois de preparar a T1 voltei pro hotel, comi de novo, dormi, alonguei e descansei até cansar. Fui pra largada que era bem perto e alinhei bem na frente, me achando o esperto.

Largada animada com música local e eu lá nas cabeças. Seria a 4ª bateria a largar quando vi a plaquinha de SUB 25 min. Olhei pra trás e lá iam sub 26, 27, 28, 29, 30, ou seja, os locais pra largar pelo tempo que você acha que fará. Certamente eu não iria nadar abaixo de 25 min.

Larguei afobado e sem ninguém dos lados, 8 atletas a cada 15 segundos. Comecei a ver uns torpedos passarem na água cristalina e gelada do oceano índico. Ninguém à frente e só uns raios passando. Não consegui nadar em nenhum pé, todos que passavam eu não acompanhava, os do meu ritmo aparentemente largaram no lugar certo e só chegava nos mais lentos das largadas anteriores.

Então nadei bem reto pra compensar e saí da água em 31 minutos, com os pés insensíveis e tentando correr com a sensação de ter os tornozelos direto no chão. Corridinha longa, peguei a bike e vazei rápido.

Saída em subida, depois aliviava e então começava a primeira subida de 10 km, a maior da prova. Segui firme nuns 90-90% do FTP sendo ultrapassado como um cone por alucinados com bandeiras suíças, inglesas ou alemãs nas roupas :-) ! Inacreditável o ritmo dos atletas num mundial. Se você pensar, tem 150 ganhadores de categoria mundo a fora nessa prova, fora os 2, 3 (acho que deve ficar nisso a quantidade de vagas na maioria das provas classificatórias).

Comecei a descer forte e fui sacudido por uns ventos, e então a bike começou a vibrar bastante. Estava sem o edge então nem sei a que velocidade estava, só sei que resolvi não me arrebentar e passei a descer tudo fora do clipe com cuidado redobrado em função da chuva. O asfalto lá era muito rugoso e áspero, causando uma vibração estranha em alta velocidade.

Segui na auto estrada até entrar nas vias secundárias no sobe e desce costeando as praias, que visual animal mesmo com chuva ! Mais sobe e desce e numa descida vi o Rodolfo já voltando. Segui em mais morrinhos de 100m de desnível em sequencia e então passamos no pé das dunas gigantes para fazer o retorno numa subida ! Bom que não precisa de ninguém mandando reduzir a velocidade hehehe. De lá seguimos por outro caminho até a cidade, com os últimos 20 km planos com leve vento contra.

Chegando na T2 uma multidão corria. 2800 atletas indo e vindo em um loop de 10 km causa uma certa aglomeração espalhada de gente. Transitei rápido mas tive que parar para um xixi na casinha.

Comecei a correr com uma dor muito forte na panturrilha direita, ela parecia ir se embolando a cada passo. Logo cheguei no km 2,5 na primeira subidinha e soquei a bota e desci voando, agora sentido o aquiles.

O percurso era rápido mas eu não, fui do jeito que dava e na metade da última volta resolvi correr o máximo de tempo possível no limiar do desespero. Deu certo e consegui aumentar um pouco o ritmo no final, fazendo umas ultrapassagens e chegando em sprint com uns caras que não sabiam da minha posição na prova assim como eu não sabia da deles.

Corri sem praticamente ver relógio nem paces, mas imaginava fechar numas 4h40 dado o pedal lento, mas vi 4h49 no pórtico. Sem a menor ideia de posição, assustei quando vi 90 na categoria, coisa impressionante. Os outros 300 e tanto estavam todos embolados, assim com todos à frente até os primeiros 5 que destoaram completamente. Prova dura e linda, como tem que ser. Condições não ideias e dia perfeito dentro das possibilidades.

Nadei no oceano índico cristalino, pedalei na costa selvagem sul africana e corri na orla de uma cidade acolhedora e sensacional. Fiz o melhor que podia, deixei até a última gota de esforço que tinha para o dia. Não poderia querer nada melhor.

Bora em frente, rumo às próximas ! Muito obrigado a todos que torceram a ajudaram a tornar mais esse sonho realidade.

Dados técnicos
Comi 5 gels e 1 medida de dux endurance, além de um pouco de coca cola e redbul na corrida. Não me senti fraco em nenhum momento. Acho que foi ideial.

Essa foi diferente. Normalmente eu faço a prova logo ao chegar e vou turistar depois. Dessa vez foi diferente, fui turistar 10 dias antes e foi divertido ao extremo, porém em termos de desempenho é visível a diferença no rendimento. Tudo bem que pedalar 75 km na sexta feira só com meio litro dágua não foi inteligente, era melhor ter ficado mesmo 12 dias sem pedalar kkkkk. Mas eu me perdi, tenho isso em minha defesa :-).

Resultados oficiais aqui.

Swim 00:31:36
Bike 02:36:14
Run         01:34:14
Overall 04:49:53

Saída água em 125 (achei que tinha nadado bem !), saí da bike em 89 e miseravelmente consegui perder posição na corrida :-).

Fotos


















quarta-feira, 6 de junho de 2018

Ironman Brasil 2018

É incrível como há uns 3 ou 4 anos sempre acho que fiz a melhor preparação da história para um Ironman. Todo ano ainda evoluindo, isso é fantástico. Mas esse ano foi especial. Bem focado, só com duas provas no primeiro semestre fora o Iron e muito cuidado com detalhes.

Um ciclo que foi praticamente perfeito, com zero lesão (não ausência de dor ou problemas :-), treinos longos 100% executados e um foco a mais no ciclismo. O Roberto preparou um volume ligeiramente maior do que eu estava habituado com treinos de qualidade nas trẽs modalidades sempre e bastante especificidade. Um 70.3 no caminho confirmou que o negócio estava certo.

Numa prova tão longa quando um iron tudo pode acontecer, e várias coisas podem acontecer ao mesmo tempo. Mas o mais importante é tirar aprendizado de tudo e manter (sempre que possível) o foco no plano, em controlar o que podemos controlar e nos adaptar às situações externas que fogem ao nosso controle. Minimizar o erro, mas aprender com eles. Reorganizar as metas mas continuar tendo metas. Conseguir se desafiar em uma prova perdida e ainda assim sair satisfeito por ter feito o melhor. Tirar o melhor da situação sem se conformar com não ser o melhor. E acima de tudo, lembrar porque eu faço isso: porque eu gosto ! Simples assim.

A semana pré prova foi especialmente atribulada, muitos detalhes e trabalho, mas tudo zen na medida do possível. Cuidado com a imunidade, revisões preventivas com o Èder na Quiron Saúde (sim, antes de estragar, alinhar, prevenir e recuperar muito bem). Alimentação bem feita e sono na medida do suportável :-).

Consegui nadar às 7:00 na quinta feira e depois só fui pra Jurerê sábado a tarde estranhamente tranquilo. Fiquei hospedado no Palhares e na Dani e deixei a bike às 19 horas. Consegui jantar e dormir muito bem.

Ao sair de casa acabei achando uma câmara que não coube no kit de ferramentas e pensei em por na sacola de ciclismo pra levar no bolso, mas a caminho da transição joguei a bendita dentro da sacola do special needs do ciclismo. Essa decisão simples me assombraria horas depois.

Ajeitei todas as coisas na tenda, botei na bike toda a suplementação milimetricamente preparada pela Jana. Foi o primeiro ano com acompanhamento nutricional e a diferença em tudo foi enorme !

Voltei pra casa do Palhares e depois saí muito tranquilo pra praia e aqueci 5 min no mar antes de ir pra largada, encontrando a galera toda e logo em seguida a turminha de casa que foi lá me ver pelo décimo ano ! Amo vocês meus amores, essa energia é fundamental e indescritível.

Larguei bem e decidido a tirar o melhor custo benefício na etapa de natação, nadando reto e tentando pegar uma esteira boa, sem apanhar ou me enroscar em outros atletas. Tudo certo até o início da segunda volta, quando vi a dispersão de cabeças coloridas devido à corrente. Nadei totalmente sozinho para nadar reto e saí da água com 58min e bem satisfeito.

Transição relâmpago em 3min25seg e então saí pro pedal. A única coisa que eu queria era não ter que por o pé no chão e fazer o que tinha feito nos treinos, mas eu não havia treinado para o que viria a seguir :-).

Logo no início fiquei assustado com a quantidade de atletas parados com pneu furado. Fiquei procurando algum acidente com carro e vidros ou cacos de lanternas, mas tinha atleta a cada 200 m. Estranho. E então no elevado de jurerê ficou estranho pra mim também. Pneu traseiro esvaziando. Com toda a calma, achei o preguinho e tirei. Ainda havia ar e então usei o selante, girei o pneu e coloquei de novo e então botei o CO2. Ficou duro feito uma pedra. Oba, não perdi nem 2 minutos !

Segui empolgado pra SC-401 e passei literalmente voando em cima do tablado que existia pra passar o canteiro. A garrafa traseira de suplementação decolou. Ainda a vi girando no asfalto, mas o enxame de atletas vindo a seguir em descida e ainda por cima em curva eliminaram qualquer intenção de voltar na contra mão para buscá-la.

Fiz contas nutricionais e conclui que os dois geis adicionais dariam conta do carbo e bastaria um gatorade pra equilibrar os eletrólitos que fugiram. Ou não.

Segui até canasvieiras muito forte e comecei e encaixar o ritmo, retornei e um km depois pneu no chão de novo. Muito calmamente troquei e gastei o último CO2 e segui tentando evitar pensar em prejuízos ou recuperar, a prova estava só começando. Então logo ao descer o elevado da vargem tudo no chão outra vez. "Puta que pariu, o que é dessa vez" ?! Nessa hora tive um frio na espinha ao lembrar da cena da minha mão depoistando a outra câmara na sacola laranja... só tinha uma câmara e o pitstop que não stopava nada. Logo eu que sempre ando com três câmaras em treino e na prova ainda deixo uma com pneu, CO2 e ferramentas no special needs, mas a sacolinha salvadora estava a 30 km de distância.

Tentei aplicar o pitstop mas nem enchia o pneu. Conclui que era um furo grande e berrei a plenos pulmões.... "Imbeciiiiiiiiil" ! Nada de motos, então com a calma de quem revira o cesto de lixo procurando papel higiênico menos usado, recoloquei a câmara anterior e enchi com o que restava de ar no pitstop e segui esvaziando, até esvaziar tudo. Aí vi uma atleta com um apoio arrumando o pneu, mas o apoio só estava ajudando ela a trocar e não tinha nem bomba nem mais CO2.

Então lembrei que tinha uma tenda shimano no pedágio no ano passado e saí pedalando com pneu oco até lá, a traseira dançando e todos os atletas avisando que 'tá com o pneu furado'. "Sério ?? E aí, tem uma câmara pra emprestar :-)" ?

Chegando na tenda azul acabei achando uma roda com cassete de 10V, troquei e segui para finalmente começar a prova. Ao ver o garmin com 24km/h de média, pensei que o dia seria longo ou dolorido, uma das duas coisas, ou as duas juntas. Felizmente foi só a segunda, pois estatisticamente estaria com crédito para fazer mais 10 ironman sem parar pra nada, depois de ter parado 5 vezes em 30 km.

Voltei ao plano só pensando em pedalar como deveria, e fui indo, indo, indo, fechei a primeira volta em 2h46 e segui percebendo a elevação eólica que se instalava. Largar 7:25 e ainda ficar 22 min parado é um acoisa que amplifica o vento no final do ciclismo.

No final a coisa foi boa, eu consegui manter bem a potência e a normalizada geral no que deveria fazer, ficando pouca coisa acima do alvo. Mostrou que o treino estava nos trinques, consegui fazer um pedal desastrado em 5h20 e segui para a corrida todo empenado e esfomeado.

Novo recorde de transição em 2min34seg e fui pra maratona decidido a fazer a meia mais forte e na percepção. Praticamente não olhei garmin, nem nos laps e só na descida pra canas que vi o pace.

Por algumas vezes o Palhares me deu as parciais e me disse que eu estava ganhando posições rapidamente depois de sair da T2 em 40º. Esse sabe motivar, e me vi perseguindo alguém virtualmente, com uma nova meta de tentar ganhar posições a cada vez que ele me achava.

A segunda volta foi mais lenta, passei no banheiro para número 1 por 30 segundos e tomei uns copos cheios de pepsi. Consegui ingerir 5 gels e a coca começou a cair bem. Apertei um pouco a última volta e saiu melhor. Ao virar na Búzios fui ver o tempo de prova e eram 9h52min. Aí uma nova meta se instaurou, que foi fechar antes das 10 horas. Do nada saí acelerando em busca de um número inútil, mas que representaria o esforço derradeiro de fazer varias limonadas de um limão. Um objetivo depois do outro, sempre com um objetivo.

Uma maratona de Ironman é uma coisa rara. É um lugar onde a gente bota toda a energia do mundo pra tentar correr num ritmo que é difícil de fazer em treinos leves. É onde a prova se decide e onde só dependemos de nós mesmos, e ainda assim é cheia de altos e baixos. Não há quem não sofra ali, e eu sempre quero acabar até chegar no km 40, mas dali em diante quero esticar a sensação o máximo possível, e é a chegada que vem correndo pra mim e não eu até ela. É onde a gente bota tudo o que tem e mais um pouco pra simplesmente continar indo.

Corri o tempo todo bem focado, raramente usando energia pra outra coisa que não por um pé na frente do outro. Alguns sorrisos saíram mas desculpem a falta de retorno nos gritos e acenos. Ouvir aqueles "bora pinaaaaaaa" por onde passava ajudava demais. Muito obrigado a todos que torceram.

E aí cheguei relativamente acabado em 3h33min. Estava meio zonzo há alguns km e realmente desabei dessa vez, sendo a primeira que fui parar no soro. Uma prova linda e difícil, valorosa como poucas.

Nosso controle vai até onde podemos controlar, nossas decisões tem impactos e não podem ser desfeitas. O que temos que fazer é dar um jeito de transformar tudo que deu errado em algo positivo, permanecer motivado e continuar em frente, porque lá na frente sempre vale a pena.

A todos que fizeram essa festa, parabéns pra vocês !! Se propor e realizar, buscar e atingir. Parabéns e obrigado pela parceria nessa labuta divertida.

Gean Hoffmann, obrigado pela parceria de sempre no cuidado com a bike !!!!
Éder, você é fora de série no cuidado e atenção com os atletas ! Muito obrigado por tudo !

Obrigado de coração Daiane por toda a paciência do mundo e cuidado com nossos pequenos enquanto eu treino. Agora vamos descansar. Até a semana que vem :-).


Ao ver isso na subida de canajurê senti como essa prova desperta essa empolgação em todos. Muito obrigado Éder !!!!!

Torcida 10x Ironman

Ali de braços levantados, saudando a Daiane lá no mar e o próprio mar !

"Pina tá cheio de sal na bermuda, cuida da suplementação", disse o Palhares.
"Ah, não esquenta, é espuma do pitstop".
Era sal sim.

To T1

Abraço pré largada

That finish line !

Classica. Nessa hora pensei em pegar a câmara no special needs mas lembrei que nem sabia se a roda era clincher ou tubular... então não parei

That's It !