sexta-feira, 22 de agosto de 2014

Maratona de Santa Catarina 2014 - no fio da navalha

Depois de 4 anos sem uma maratona oficial, eis aqui outra pra matar a saudade. Maratona não deveria deixar saudade, mas deixa. Uma prova além da distância razoável, mas muito menor do que as absurdas ultras. Ainda é possível forçar, fazer um ritmo forte. Mas tem que saber que vai doer. Porque não tem jeito: uma maratona de ironman ou trilha vai ser sempre mais fácil que do fazer em alta intensidade o bate-estaca cadenciado e eterno de uma maratona 'plana' no asfalto. Uma só exigência de musculatura, a ponto de pisar numa pedrinha lá pelos 40 km e sentir as pernas não responderem à uma mudança mínima no movimento.

Então eu deveria ter me preparado direito. Só que não. Acabei encaixando a maratona como a terceira de uma séria de provas, o mountaindo costão com 22km de trilhas e um duathlon extremamente ardido. E aí uma semana de treinos leves e uma pré-prova de guloseimas farináceas que deixam qualquer um estufado. E ainda assim o resultado foi bom. Muito bom. Eu passei algumas horas depois da prova pensando se gostei ou não e a conclusão foi que gostei muito. Embora bem longe do alvo, o resultado foi fruto de uma estratégia arriscada (e portanto incerta) e do máximo esforço para a situação. Assim, vamos à Maratona SC 2014 !

Alinhei à frente depois de algum aquecimento dinâmico e larguei controlando o pace o tempo todo. Logo de cara passamos pelo túnel e aí tasquei o lap no garmin, de forma que nunca mais a marcação de kilometragem bateu, mas tive como controlar o pace no início. E então foram-se os 12 primeiros km, uma ida e volta até o trevo da seta no final da baia sul. Ritmo dentro do previsto. Na verdade, não muito. A sugestão do Roberto foi tentar fazer uma prova progressiva, algo entre 4:25 a 4:15 até uns 15 km, aí apertar para 4:15 e ver o que dava pra fazer depois dos 32 km. Aí eu pensei: 4:16 é um pace para sub-3. 4:15 é melhor ainda, mas se for fazer 4:25 até os 15 nunca mais vai sair 4:15 de média. Fiquei matutando isso, se deveria botar um foco em sub3 mesmo sem treino específico nenhum. Bom, quem não arrisca não petisca. Como eu iria saber se dava sem tentar ? Eu achava que não dava, mas que poderia ser 3h bem baixinho. Não é toda hora que se faz uma maratona, então resolvi tentar: saí em 4:15 e tentei manter isso o mais constante possível. O progressivo foi deixado de lado para fazer algo constante, mas que saiu regressivo no ritmo e progressivo no esforço e desespero para chegar.

Ainda assim não foi constante, pois tinha vento e algum sobe e desce muito leve. Encontrei um cara de Blumenau e fomos revezando a marcação do ritmo e quebra do vento. Alguma perseguição para pegar um outro grupo à frente e logo estava correndo entre dois grupos grandes, um à frente e outro bem longe lá atrás. Isso até o 32, porque na terra de ninguém depois dos túneis a densidade populacional de corredores diminuía drasticamente.

Bom, antes de chegar no 32 tem que passar pelo 22, que fica lá na UFSC depois de tooooda a beira-mar. E aí a coisa começou a ficar estranha. Meu pé direito começou a esquentar. Rapidamente estava queimando, uma bolha estava vindo. Lá pelos 25 km o ritmo ainda estava bom e até acelerando um pouco com o vento a favor, mas o pé estava realmente doendo. O esquerdo também, mas era no direito que eu conseguia sentir o líquido se mexendo e espetando tudo na sola do pé a cada passo.

Encontrei o Marco Scarduelli de bike perto da ponte, reportei o estado do pé e perguntei se ele não tinha um pra me emprestar. Ali eu estava seriamente pensando em parar na tentar furar a bolha, mas essa ideia sem noção durou pouco tempo.

Passando na área de chegada no km 32 o ritmo estava perfeito em 4:15 mas o esforço já tinha causado estragos: a FC estava bem alta e o estômago estava muito estranho. Eu sentia a água chacoalhando lá dentro mas tinha que tomar outro gel. Com mais água, claro, o que aumentou o chacoalhamento. Entramos pela terceira vez no túnel e aí no campo desolado da enormidade do mundo paralelo que existe no além túnel (palavras do Palhares). Deserto, corredores espalhados esparsamente e nenhum publico ou movimento, só a ida sem fim. Xinguei um pouco aquele retorno que não chegava nunca, o Jacó estava ao meu lado de bike filmando e rindo de alguma coisa. O ritmo foi despencando, mas ainda apresentava alguma decência. Finalmente o retorno apareceu e foi só fazer a volta e começar a ir contra o ventinho mínimo que o ritmo implodiu de vez. Foi piorando, piorando... fiquei imaginando algo parecido quando alguém que tinha um monte de ações da OGX viu o valor derreter ao longo de pouco tempo.

Após o retorno eu comecei a virar um cone. Quem não estava quebrado me passava na maior velocidade, eu até tentei acompanhar um mas o Jacó me aconselhou a ficar quieto pra não quebrar de vez.

Uma leve vontade de vomitar e finalmente o túnel final. O Décio estava pedalando no lado e me deu uma baita força naquele final sofrido. Fazia tempo que não tinha tanta vontade de andar numa prova. Não teve jeito de voltar algum ritmo nem com a descidinha para a chegada, foi terminar do jeito que deu, completamente embrulhado. Parei feito um toco na chegada, mas logo consegui me recompor depois de me jogar no chão e vomitar um pouco. Fiquei novo !

Coisa realmente horrível é esse pé
Não tão novo. Os pés estavam pegando fogo. Fui pra massagem e tirei a meia, e tinha uma coisa feia lá embaixo que assustou a fisioterapeuta. Depois fui pra tenda da Ironmind comer alguma coisa, e aí então fui pro carro. Que estava lá no raio que o parta, depois do fórum. Uns 500 m de distância, mas naquelas condições muito mais longe do que o recomendado.

Buenas, o resumo foi que o ritmo despencou de 4:16 pra 4:26 em 10 km, os pés pegaram fogo e eu tentei o melhor que pude. Não quebrava desse jeito há tempos, certamente faltou glicogênio e reposição (só entraram 3 GU). Saiu 3h11min25seg de tempo oficial, um recorde pessoal. Menos de 5 min mais rápido do que Curitiba, que com aquela altimetria continua sendo minha melhor maratona em 2010 com 3h16min15seg.

Entonces é isso, o legal é que saiu um 23º geral numa maratona oficial, o que é muito bom ! Categoria não deu nada, 6º, pois os três primeiros eram possuídos e chegaram abaixo de 2h50.

Agora é um breve descanso e volta aos treinos com foco em triathlon de novo, aí vem o Duathlon de Blumenau, Olímpico de Jaraguá, Challenge e Short de Garopaba. Bora lá.

Ali pelos 30 km
Essa meia... corri com ela a primeira vez uma prova longa de asfalto.
Senti CALOR na perna. E ela destruiu a minha sola do pé, mesmo já tendo sido usada no Desafrio.

Os restos terminando a prova... Foto do Daniel Carvalho
Quando reconheci o Daniel fiz de conta que estava tudo bem !!


quinta-feira, 21 de agosto de 2014

Correndo em Paris

Incrível como correr em cidades diferentes dá uma nova perspectiva às coisas. Consegui arrancar um tempinho e em algumas cidades da viagem de férias e vou dizer, é algo sempre imperdível.

Obviamente Paris era a principal curiosidade. Eu fiquei procurando locais para correr e não achei muita coisa óbvia fora de parques, mas queria andar pela cidade, me enfiar em ruas, passar por lugares que não passamos nos passeios. E aí num dos dias 'à noite' saí às 20:30 num sol espetacular para um roteiro que inventei com o mapinha do metrô nas mãos.

Não é uma cidade muito fácil para correr. Muitos cruzamentos, escadas, e gente, muita gente. Mas deu pra salvar bons trechos nas margens do Sena, no Jardim de Toulerie e por incrível que pareça na calçada da Champs Élyssés. Nada pra desenvolver muita velocidade, claro. Até porque não dava. Foto pra todo lado e muitas paradas contemplativas. Cidade desgraçada de bonita, e com sol até às 10 da noite, o povo tá todo na rua a essa hora correndo.

O circuito foi simples, uma volta longa que fechou em uns 16 km. Saí do hotel perto da Torre e segui pra Notredame. De lá atravessei as ilhas e passei por dentro dos prédios do Louvre, aí saí no Jardim de Toulerie e peguei a Champs até o Arco. De lá achei que seguiria reto até a torre para voltar.

Aí deu problema. Paris não tem 'quadras'. Nem esquinas, é tudo torto e arredondado, de forma que saí do Arco e me perdi geral até chegar no rio, a um km de onde gostaria. Atravessei e como peguei uma paralela que na verdade não era paralela por onde tinha começado, me perdi de novo pra chegar no hotel. Era pra ter dado uns 12 km hahah.

Depois de Paris consegui fazer o longo na Normandia, em Moidrey, colado no Mont Saint Michel. Outro espetáculo, mas este sem fotos e complicação: uma estrada de terra passava atrás do hotel e tinha 10 km, foi só ir e vir e ir e vir mais um pedaço e saiu um baita treino, o que salvou a maratona.

Aí em Vouvray, no úlitmo dia, saí pra um trote de 10 km à noite que acabou saindo forte pela chuva e queda acelerada do astro rei. O resumo é o seguinte: corra em lugares inéditos. Vá se perder em algum canto, descobrir ruelas e vistas diferentes em viagens. Garanto que é sensacional.


Saindo do hotel lá estava ela escondida num beco ainda não visto
O onipresente Sena num fim de tarde espetacular
Dorsay

Uma careca e a Notredame
Por do sol, ilha da cidade com a notredame
Louvre
Ah, sim. O Tour
A corrida mais elegante do mundo hauhauahu
Essa rotatória do Arco do Triunfo tem umas 12 saídas
De volta, depois de errar o caminho. A torre já acesa valeu.

sexta-feira, 15 de agosto de 2014

Inércia


Inércia é um negócio interessante hein ? A tendência a permanecer no estado em que se está pode ser observada em várias situações. Por exemplo, eu tenho inércia do sono: quando estou acordado demoro a dormir pois sempre vou fazer alguma outra coisa, já que ainda estou acordado, mas quando estou dormindo é difícil acordar pois estava dormindo antes. O mesmo acontece com os treinos: quando não se está treinando é difícil começar, mas uma vez que se entra em fluxo de treino (o difícil é conseguir parar).

É a mesma coisa como cada sessão de treino: o difícil é começar. É muito fácil arrumar uma desculpa (razão é diferente !): trabalhei até tarde, estou cansado. Está frio. Está ventando. Está de noite ou ainda não amanheceu. A cama está boa. Estou com fome. O importante aqui é começar. E começar começa antes de começar o treino propriamente dito. No meu caso, é visualizando o treino (ok, apenas com os treinos mais importantes eu faço isso). Pode acontecer dias antes ou muitas horas antes, e o treino já está começado mesmo antes de começar. Simplesmente vai ser feito. Essa é a primeira decisão.

E aí tem-se que começar realmente. Perdi a conta de quantas vezes saí pra treinar achando que não ia dar, que os intervalados não sairiam do jeito esperado, ou o ritmo pretendido seria muito difícil de atingir. Na última terça-feira mesmo. Deixei pra nadar e pedalar a noite, depois do trabalho (a inércia do sono em ação). Foi um dia daqueles, teria que nadar enquanto o filhote estava na aula de futebol logo depois de sair do trabalho, e aí teria ainda queria pedalar. E haviam intervalos nada amigáveis. Claro que não era nada extremo, na verdade uns poucos de ritmo mais moderado, mas com o ritmo de natação que estou ultimamente já fui inventando desculpas do tipo "eu alongo o intervalo", "reduzo o ritmo", etc.

Caí na água e depois de uns 1000m de educativos e aquecimento e haviam 6 tiros de 50 m pra 1 min. Coisa fácil. Mas estava pesado e achando difícil. Os tiros saíram e aí haviam 6 de 150 pra 3 min, coisa também outrora fácil. Comecei já pensando e fazer uns intervalos maiores mas no segundo bloco o ritmo encaixou. Mas só encaixou porque eu comecei. Se não tivesse começado não saberia, e os tiros foram progressivos, melhorando a medida que ia ficando mais cansado. Como pode ? Pode, porque o que manda é a cabeça. Se você decidir o corpo vai atrás, acompanha. Mas tem que decidir com vontade. E isso não quer dizer que vá sair um tempo melhor que o outro sempre. Mas que vai sair o melhor para aquele dia, aquelas condições. Claro, até um limite, pois cabeça pode sofrer de demência, já as pernas acho que não.

Lembro de um intervalado especialmente assustador às vésperas da Indomit. Eram 4 x 5 km com ritmos progressivos. Eu olhei pra aquilo e logo pensei em fazer 20 km um pouco mais forte e me dar por satisfeito. A coisa estava feia, o volume atingia picos históricos nunca antes vistos na história desse país. Mas no dia anterior olhei bem para os ritmos e decidi que iria começar pra valer. Nessa hora tem-se que saber que se der deu, ótimo. Se não der não deu, bom também. Sabe aquela de que treino bom é treino feito ? Então. Mas tem que começar mirando no ótimo. Tiro na lua. Se não acertar, pelo menos fica boiando perdido entre as estrelas. E o treino saiu. E saiu tão perfeito, tão próximo dos tempos estipulados que eu mandei um email com o link pro Roberto ver. Claro, com isso não quero dizer que é pra sair se matando em todos os treinos, muito pelo contrário. Como sempre e em tudo, a virtude está no equilíbrio (foi o mestre Yoda quem disse isso ?).

Antes eu imaginava que ir para as montanhas era uma analogia perfeita para a nossa vida. Mas descobri que treinar para qualquer esporte de endurance também é uma analogia muito parecida (o que seria exatamente uma analogia muito parecida eu ainda tenho que pensar). Nos três casos (montanha, endurance e a nossa vida de cada dia), o importante é começar. Se vai dar certo depende, mas a única forma de dar certo é começando. Saindo da inércia. Isso vale tanto para uma sessão específica quando para o treinamento em si. Começar e criar a inércia do movimento, entrar em fluxo. Transformar o treino numa rotina tão natural que não pareça mais rotina (aquela que a gente esquece).

Assim com na vida, se esperarmos as condições ideais pra começar alguma coisa podemos não começar nada nunca. Então o negócio é não ficar pensando demais. Tem que fazer ? Vá e faça. Do melhor jeito possível. Se as condições não forem boas, será um treino em condições duras que vai treinar algo além do fisiológico. Se forem condições espetaculares sairá um treino daqueles de dar confiança. Sabe aquela de começar a academia ou dieta na segunda feira ? Desculpa. Tem que começar agora. Já.

Arrumar justificativas pra qualquer coisa sempre é mais fácil do que fazer. Mas fazer realmente dá a satisfação que é necessária para viver de fato, e não apenas existir. E em todos os casos, a não certeza de conseguir fazer alguma coisa é algo que sempre, mas sempre me inspira a tentar fazer a tal da coisa. Seja uma prova diferente, mais rápida, mais longa, mais vertical, mais explosiva. É preciso arrumar um motor pra ir pra frente sempre.

E aí, como você faz pra sair da inércia ?

terça-feira, 12 de agosto de 2014

1ª Etapa do Catarinense de Duathlon - São José

Estouro da manada
Aconteceu ontem a primeira etapa de Duathlon da Fetrisc. Eu já disse aqui e repito, é a prova mais ardida que existe. Arde da garganta até as pernas. E aí lá fui eu de novo. É incrível como uma prova onde fazermos a primeira corrida quase no limite ainda pode ter uma bike forte e outra corrida forte depois. Não sei se 5 km solo sairiam muito melhor do que saíram ontem.

A prova foi na beira-mar de São José, a dois km de casa. Fui pra lá pegar o kit e fazer o checkin da bike às 7:00 e preparei tudo rapidamente. Só a bike com capacete e sapatilha, duathlon é prático ;-). E também deixei uma GoPro a bordo e filmando, então teremos um filminho.

A largada foi instantânea depois dos avisos de percurso e regras, quase não tive tempo de apertar o start. E aí foi pancadaria pura, fiz questão de não olhar muito o relógio mas quando vi 3:10 de pace assustei. Mas não reduzi propositalmente, deixei a coisa ir acontecendo regressivamente como tem que ser nessas provas. O bolo dos líderes ficou lá na frente e eu fiquei isolado e fui catando alguns atletas. O percurso era metade na pista e aí entrava para a ciclovia (esse track contém a T1, só dei o lap já em cima da bike). Entrei na transição bem perto do Fabrício e certo de que pegaria um pelote bom dessa vez (prova COM vácou). Fiz a transição rápida e saí desesperado. Mas não consegui ficar nem perto do cara, e aí um grupinho já se formou lá.

O bom é que dessa vez ninguém me passou e ao final da primeira volta alcancei um cara que viria a ser o Luiz de Jaraguá do Sul. Seguimos revezando sozinhos, ninguém chegava e o grupo grande à frente só se afastava. Uns sustos com pedestres e um carro aloprado no meio dos cones e o pedal seria tranquilamente esgoelado se não fosse a asneira fantástica que consegui fazer.

Preparando uma transição rápida, descalcei as sapatilhas bem antes. Quando o Luiz foi descalçar eu saí do vácuo pra não ter que frear e como ele ficou um pouco eu segui. Firme e forte, alucinado e perdido. A contagem das voltas estava certa, só não lembrei de pensar onde era a entrada para a transição. Vi quando passei na frente da transição porque alguém gritou, depois vi que era o pai do Yago que vinha na roda e passou reto também. Fiz a volta e vi que a saída do estacionamento estava mais perto do que a entrada, então fechei os 360 graus e entrei ao contrário na T2, me enchendo de elogios.

Larguei a bike e saí possuído, logo vi o Luiz a uns 150 m e alguém vindo colado. Comecei sentindo as panturrilhas queimarem e fui arrefecendo o ritmo naturalmente depois e alcançar o Luiz e outro atleta, aí segui como pude pra fechar a prova. A constância dessa corrida só pode ser comparada ao meu amigo Milton Bender. Não acredito que o pace foi exatamente o mesmo a cada lap hahaha.

Cheguei sem sprintar, o Yago me passou a metros da chegada mas não reagi com medo de explodir alguma coisa. Corridinha no limite. Como era dia dos pais, a Fetrisc fez tudo rápido e umas 10:30 já estava rolando a premiação. Fui pro topo do pódio da cat 40-44, muito bom ! Gostei muito mesmo, de tudo. Corridas boas, transições rápidas e bike inteligente (exceto a parte estúpida, claro). Mas é pra fazer de vez em quando... arde muito :-). Mas acho que vou fazer outro em setembro hehe.

Não achei nenhuma foto ainda, nem do pódio. Mas segue um videozinho pra ver como é a brincadeira. Agora é polimento de verdade. Uma semana light e então a Maratona de Santa Catarina domingo dia 17. Vou com tudo. Torçam por mim :-D.

terça-feira, 5 de agosto de 2014

Mountain Do Costão do Santinho 2014

Depois das duas primeiras edições do MD Costão do Santinho eu não tinha mais corrido essa prova. Naquela época era um revezamento e nas duas vezes corri em dupla, uma com o Hélio e outra com a Taty. Agora só tem individual nas distâncias de 8, 22 e 42 km e a prova se encaixou perfeitamente no calendário eclético que ando tendo, caiu direitinho 4 dias depois de voltar de viagem de férias :-), na distância de 22 km.

Assim como o MD da Lagoa, essa prova na verdade é um evento de três dias. De altíssimo nível, diga-se de passagem. Começa com o congresso técnico gastronômico na sexta, prova e pós prova no sábado e almoço de premiação domingo. Dessa vez ainda aconteceu uma expo bem legal, com stands da Salomon, Garmin e vários outros.

Fui pro congresso na sexta e a surpresa pros presentes foi a exibição de parte do vídeo Déjame Vivir do Killian Jornet. Tivemos o prazer de assistir a parte da escalada do Mattherhorn com aquelas cenas de tirar o fôlego. Quando mostrei o vídeo em junho para o Kiko ele disse que iria usar no congresso e assim fez. A galera quase caiu da cadeira com aquelas imagens no telão.

E aí fui pra casa dos meus pais nos ingleses pra acelerar as coisas para o sábado. Acordei em cima da hora, mas a 10 minutos da largada. Saí tranquilo e com um a sede estranha logo cedo. Encontrei o Anastácio e o Hélio ainda no estacionamento e fui pra concentração, mas antes deixei a chave no guarda volumes e visitei o banheiro. Não imagino uma largada de prova sem banheiro.

Alinhamos um pouco atrás dos primeiros corredores e largamos. Fui forte, o início é em descida suave e depois íngreme até a praia e nas areias firmes o ritmo estava bem rápido. Muito bom e fácil de correr, mas além do suportável para 22 km. De qualquer forma segui daquele jeito para não pegar engarrafamento na primeira trilha, no início do km 4. Uma pirambeira boa pra subir e uma descida melhor ainda até a praia, muito boa de correr, veloz ainda que técnica.

Um detalhe: depois da viagem fiquei um pouco torto, uma contratura perto da lombar e na panturrilha esquerdas. Fui na sexta-feira na Clínica Nura falar com o Edu pra dar um jeito e saí de lá zerado. Fui com essa incógnita pra prova e só me lembrei disso depois de terminar, a única dor foi no dedão esquerdo num chute direto numa pedra que dei no final da trilha das aranhas.

Dunas

Continuando então, voltávamos em direção à largada com a galera dos 8 km já correndo no sentido contrário e passávamos por dentro do pórtico para então entrar nas magníficas dunas do moçambique. Ô lugar desgraçado de bonito ! E por incrível que pareça, eu curti correr nas dunas, mesmo sem lembrar da última vez. A chuvarada da noite anterior serviu não só pra encher as trilhas de lama mas também para deixar as dunas um pouco mais firmes. Descer aquilo é uma beleza, passos de gigante de 2 metros, voando morro abaixo. Alguém tinha que ter filmado.

O calor apertou já na metade e quando cheguei na praia na ponta das aranhas estava seco de sede. Peguei duas águas no posto e comi um gel, também estava um pouco fraco. Comecei a lembrar que não tomei água direito no dia anterior e não jantei além das guloseimas do simpósio. Ou seja, teria que repor durante a prova só pra não quebrar, mas já estava desidratado e com glicogênio em baixa.

Entramos na floresta do rio vermelho, outro lugar sensacional pra correr. Usei das minhas técnicas ninja de corrida de aventura e corri nas partes de dunas em cima de pegadas já pisadas e na floresta por sobre as folhas caídas de pinheiros. Isso poupa um bocado de esforço e faz o ritmo não cair tanto nesses trechos lentos.

Falando em não cair tanto, a minha FC não baixava nem a pau. Estava muito alta, apesar de ter ficado na média para uma meia-maratona. Acho que pode ter sido o calor, que estava grande (bateu 30º no termômetro de rua quando voltava pra casa).

Depois da floresta fizemos um pedaço de estrada de terra até a rodovia no rio vermelho, corremos uns metros de asfalto e entramos em outra rua para voltar à floresta. Ali me disseram que estava em 7º geral. Eu havia contado uns 20 lá na primeira trilha nos ingleses, assim meio no olhômetro, e como ali haviam atletas dos 42 e 22 km, não fazia ideia da geral. Depois da separação dos dois percursos já não via mais ninguém à frente e tinha ultrapassado uns 4 ou 5 atletas apenas. Ou seja, uns 8-10 devem ter ido pros 42 e sobramos nós no percurso de 22.

Aí resolvi apertar o ritmo e logo vi o sexto. Apertei mais ainda e o passei no final da estrada de terra antes das dunas e sumi na floresta. É sempre bom dar um golpe rápido e sumir de vista pra inibir uma reação :-). Na praia vi mais um atleta e consegui passá-lo no começo da trilha das aranhas, então deveria ser o 5º. Logo numa subida passei outro e achei que estava em 4º.

Essa trilha foi sensacional. É uma coisa espetacular. E estava bem do jeito que a gente gosta, atolada de lama preta. Já levei um escorregão logo de cara e enterrei a mão esquerda na lama, tendo que limpar a tela do garmin pra poder enxergar os números. Daí em diante fui pelo meio do atoleiro correndo sempre que dava e com cuidado nos trechos de pedras. Em pedra molhada não há tênis que segure. Encontrei o Marcelo fotografando,  ele disse que tinha dois atletas mais à frente que dava pra pegar. Ainda vi um lá longe mas depois sumiu.

Cheguei na praia do santinho acabado. Seco desde o moçambique, dessa vez parei no abastecimento e peguei duas garrafas. Não tinha ninguém à vista nem indo e nem vindo, então fui de boa, terminando bem devagar sem me matar mais do que o necessário. Fim em anticlímax depois de tanta pancadaria no começo, passei o pórtico trotando tranquilo hehehe. Fiquei na área de dispersão e comilança até achar a galera. O Diogo veio com uma bolha do tamanho do pé e o Hélio e Anastácio em seguida. Todo mundo inteiro a menos das avarias. Fotos e mais papo e então me mandei pra casa. Sempre bom reunir essa galera da AndarIlha nas provas. Valeu turma !

Exatamente ao terminar a prova, o hélio apareceu ali
No domingo descobri que tinha sido o 5º e não 4º. O primeiro chegou tão antes com 1h55 que ninguém viu. Aí o segundo com 2h03, terceiro em 2h07, quarto em 2h09 e eu em quinto com 2h10. Como a geral ia até 3º, caí pra 1º na categoria 35-44, pois o 4º era da 25-34. Almoço com a galera toda reunida novamente e uma invasão do pódio, a Fabi tem que nos aguentar hehehe.

A invasão do pódio
O trailrun está explodindo. Eu não sei porque, mas simplesmente gosto demais disso. Não há coisa melhor do que correr em trilhas, não tem asfalto que se compare. Ultimamente ando vendo vários triathlons com a corrida em trilhas leves. Já viram o Ironman Boulder ? O triathlon Alpe d’Huez ? Porque não tem isso aqui ? Preciso arrumar uma trilha perto de casa pra consumo diário... se tiverem dicas me avisem.

Bom, agora é uma semana de recuperação (mentira) para o Duathlon da Fetrisc no domingo. E aí sim um polimento de uma semana para a Maratona de SC. Desde 2008 não corro essa prova, vai ser legal.

Quando saírem fotos do FocoRadical eu posto em algum lugar. Abaixo fica o vídeo produzido pelo Mário Sales, muito legal.