Travessia de montanha há muito planejada, tomou forma rapidamente e com quórum recorde. Combinamos toda a logística por email para uma travessia de Anitápolis, aos pés da serra, até Urubici, lá em cima. O Adriano, íntimo que está das cidades serranas, armou o transporte de Anitápolis até o início da trilha do índio, que sobe até o campo dos padres. O Dariva cuidou do transporte numa van de 15 lugares até Anitápolis e de Urubici pra Floripa no final da caminhada, durante o feriado da independência.
Saímos da praça de Anitápolis abarrotando uma kombi e uma bandeirantes rumo sul pelas estradinhas fantásticas para bike. Em poucos trechos tivemos que esvaziar a kombi para permitir a subida nuns trechos de pedras, mas os carros, incluso o pálio do Flávio, chegaram sem problemas até bem perto do início da trilha.
Reunimo-nos para ajeitar os equipos aos pés dos paredões e começamos a subida lá pelas 11 da manhã, tendo saído de Floripa às 6:30. Subida curta mas forte e bem empinada, tinha belos visuais e muita mata, entrecortada por córregos cristalinos. Depois de uma hora e pouco, duas no máximo, chegamos no alto do campo dos padres, com desnível de aprox. 600 metros. Lá paramos para descansar e almoçar, reagrupar o povo depois da subidona e nos despedimos do Flávio e da Patrícia, que voltariam tudo no meio das núvens para seguir pela 282 até Urubici.
O William-gps e o Aracajú-tex começaram a navegar rumo a um local para acampar nas margens do Canoas, mas o Dariva logo fui fuçando caminhos no meio dos campos e em pouco tempo chegamos num belo local pra acampar, plano, protegido de vento e na beira do rio. Antes das 16 horas o campo-base já estava pronto e logo seria hora de começar a preparar a comilança.
O Sérgio se foi rumo a uma colina para fotografar com mais horizonte e ficamos a preparar fogo, o Hélio parecia um lenhador trazendo galhos secos e troncos caídos para a fogueira, já tendo recrutado o Hugo para a função também. Antes mesmo de anoitecer o Dariva já comecou a preparar o super carreteiro do jantar e acendemos a fogueira numa noite totalmente limpa, e relativamente fria - atingiu 5 graus.
Domingo cedo o Cesário já tinha se atirado no gélido Canoas, desmontamos a cidade de barracas e rumamos para a cachoeira do Canoas, aquela explorada ano passado. Escondemos as mochilas um pouco antes e nos mandamos pelas estradinhas antigas e trilhinhas até a borda do peráu que mostra todo o esplendor da fantástica cachoeira. Embascados, já planejávamos uma ida por baixo no verão, num baita canyoning, vamos ver se sai mesmo.
Retornamos para o caminho, com navegação perfeita (dessa vez não toquei no GPS) numa caminhada já mais longa neste dia. Encontramos uma convenção de búfalos, passamos pelo acampamento do ano passado e seguimos nos campo. Uma garoa leve nos fez parar na casa caída para almoçar. Quem tinha capa cobriu as mochilas, anoraks em cima e tocamos para logo caminhar sem chuvinha de novo, essa foi a única aparição de água celestial durante a pernada. A coisa estava ficando mais pesada. O Anastácio declarou que acamparíamos em qualquer lugar até as 16 horas no máximo. No meio da trilha sem lembrar direito da distância até o canion do espraiado, nosso alvo do dia, concordamos. Calculamos uns tempos e chegamos antes na bifurcação que subia rumo ao espraiado, as 15:40. Lá reunimos e decidimos subir um pouco, ali era muito podre pra acampar. Subimos e em poucos minutos já dava pra ver o canion. O Tiago e o Hélio juraram que enforcariam alguém se não tivéssemos ido lá, tão perto que estávamos.
Chegamos no início da trilha para o canion com um ventinho forte. Facções queriam acampar ao redor da casa que havia ali, mas sem dar muito tempo pra pensar, o outro bando começou a descer rumo aos penhascos. Logo nos vimos nuns charcos ventosos, que não pareciam muito acolhedores, pulamos uma cerca e seguimos. Mais embaixo vislumbramos o campo-base perfeito, pertinho de um rio, num lugar mais baixo e plano. O Sérgio e o Tiago se mandaram para ver os Cânions, armamos a cidade novamente dessa vez já as 17:45. Alguns poucos destemidos se atiraram no rio para desinfecção geral, eu me limitei a lavar as partes mais podres.
Um belo fim de tarde depois de um dia todo nublado coroou o pedaço mais duro da travessia. O Fábio fez belas fotos e novamente arrumamos a fogueira e o jantar (nós quer dizer o Dariva). O fogareiro deu um pouco de trabalho, mas o Aracajú habilmente descobriu e sanou o problema na bomba. A meia noite o céu abriu totalmente, parecia dia com aquela lua cheia. Um pouco de vento agitou as coisas, e uma pataca de capim bem embaixo do meu isolante térmico me manteve semi-acordado boa parte da noite.
Às seis da madrugada o falatório comecou e logo estávamos todos sonolentos andando até as beiradas do espraiado para apreciar o astro-rei acordar. Espetacular. O Tiago novamente foi até o dente de tubarão, eu fiquei pelas primeiras bordas e o pessoal se espalhou. O Sérgio fez mais um monte de filmes, e todas as câmeras sofreram de amnésia preventiva com tanto a fotografar
Retornamos ao acampamento, o Fábio e o Cesário ainda foram mergulhar numas piscinas mais acima no rio, e às 9 em ponto o Anastácio deu o sinal pra começar a pernada de volta à civilização. Subimos, pegamos a estradinha e descemos tudo até o vale do canoas, chegando no refúgio as 12:30. A van estava marcada para as 13. As 13:30 o Fábio puxou o telefone satelital e conseguimos falar com o motorista, que estava 'perto'. Nos abrigamos da chuvinha que começava numa varanda de uma casa e as 14:30 o transporte apareceu. Voltamos para a cidade, largamos o Adriano e o Dariva que voltariam pra casa com as respectivas e pegamos a estrada, com a continuação de blackjack no DVD da van. Engarrafamentos, desvios, largamos o Tiago em santo amaro e chegamos na Dígitro às 19 horas.
Fim de uma expedição excelente, diferente, tranquila, revigorante e divertida. É realmente um privilégio indescritível poder perambular pelas highlands catarinenses dessa forma, durante três dias sem ver rastro de gente. Até breve.
Todas as fotos são do Sérgio, realmente excelentes. São as únicas que me chegaram às mãos até agora :-), pois não levei fotografadeira.
Aqui o vídeo do Hélio:
Nossa, legal pra caramba! Nem imagino quanta história esses três dias renderam.
ResponderExcluirO Diogo está com o relato pela metade ainda...
Abs
Muito boa essa aventura!
ResponderExcluirEstou pensando em fazer algo parecido neste feriadão.
Vc teria como disponibilizar o arquivo GPS da travessia?
Eu agradeceria muito ;)
Se possível, pode encaminhar pro meu email mesmo: trekkingtrips@gmail.com
ResponderExcluirGrato!
Vejam o excepcional vídeo da Floripa Design (Sérgio & Tatiana) sobre todo o trajeto aqui: http://www.youtube.com/watch?v=iN6YyalAnuA&feature=email
ResponderExcluirPq o Hélio removeu o vídeo dele?
ResponderExcluirShow esse trekking!
ResponderExcluirEstou pensando em fazer travessia com uns amigos.
Teria como disponibilizar o arquivo GPS da travessia?
Meu e-mail marcieltrentinii@gmail.com
Se puder fazer isso ficaria muito agradecido.
Olá Marciel,
ExcluirNão lembro de termos levado GPS com tracking ligado, vou perguntar pra turma.
Abraço !
Marciel, consegui o track. Me manda um email no rpina73@gmail.com
Excluirblz Rafael
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