Em 2008 teve um XTERRA aqui e eu não fui. Ainda não treinava triathlon e fiquei com receio da natação. Dada a prova de ontem, acho que fiz bem :-).
A prova foi na praia da barra da lagoa em Florianópolis. Chegamos lá bem cedo pro bike checkin e depois de arrumar tudo começou a chover e o céu pro lado do moçambique ficou preto. Aí saiu um arco iris e choveu de novo, com sol junto. Fui aquecer um pouco, água quente. Não percebi correnteza, mas nadei do lado dos molhes do canal da barra. Voltamos pra alinhar e largou na adrenalina de sempre.
Mar em fúria. Ondulação bem grande, não consegui ver a primeira boia em nenhum momento depois que enfiei a cara na água. Na respiração frontal, eram só um monte de gente subindo e descendo com as ondas, e nada de boia. Fui com o povo, até que vi uma boia pra esquerda. Ok, é a segunda boia, pensei. Só que logo veio um jetski dos bombeiros avisar que era pra esquerda, esquerda, esqueeeeeerdaaaaa ! Olhei pra eles e olhe pra trás, estava depois do canal já na frente do costão que ia pra galheta ! Ah lasqueira, lá se foi a natação. Mas se foi pra meio mundo, gente pra caramba no mesmo lugar. Rumamos pra primeira boia contra o que parecia ser uma corrente forte, pois estava perto e não chegava nunca. Depois pra segunda, aí então pra branca que marcava a saída da água. Ih, cadê a branca ? Na dúvida, mirei no canto da praia e no pórtico de largada que estava bem visível. Chegando perto vi a grande boia branca sendo chacoalhada na arrebentação. Natação bem desastrada.
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A bola verde é o ponto onde o bombeiro nos impediu de nadar até a galheta.
A linha verde é o que deveria ter sido. |
Saí da água pra pegar a bike que ficou na areia. Isso, área de transição na areia da praia. Tudo bem organizado e limpo, ao chegar lá a sapatilha já estava soterrada. Joguei as tralhas atrás da bike e fui embora. 2 km de ruas apertadas e então caímos na restinga depois do projeto tamar. E então nas areias. E eu não andava. Comecei a ser ultrapassado por meio mundo. Concluí que não sabia pedalar na areia, pois entortava a roda da frente o tempo todo. Aí entramos na floresta de pinheiros, singletrack excelente pra correr. Só que era pra pedalar. E continuei sendo ultrapassado, não entendi nada. Estava até bem. Mas ia aos trancos e barrancos, levando porrada o tempo todo. Até que lembrei dos pneus. Enchi na noite anterior. Meti 45 lbs em cada pneu, achando que iria voar. Mas fiquei quicando o tempo todo. A suspensão está ruim, então a roda da frente pulava. Uma hora quando levantei do banco pra passar numa raiz atravessada levei um 'coice do banco' bem nas partes.
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Transição na areia com o Tanaka junto. |
Segui apanhando e saímos no asfalto por 500 m, agora com chuva. Aí entramos de novo na floresta e ao passar numa descida com água voei por cima do guidão e caí de pé. O buraco era mais fundo do que a água deixava ver. Logo saímos na praia. Isso, praia de bicicleta. Resolvi murchar os pneus. Esvaziei um pouco e segui depois de quase derrubar um atleta, pois parei bem no meio da trilha.
Acho que existe no estatuto do XTERRA uma cláusula que obriga a ter empurra bike na prova. Sempre vemos essas fotos com caras enfiados na lama até o pescoço com a bike nos braços, sei lá. Mas foi requinte de crueldade e desapego ao equipamento alheio botar os atletas para pedalar nas areias do moçambique. Bem naquelas partes que é sempre ruim pra correr. Era um arrasta bike, pois a roda mal girava. E quando dava pra pedalar na areia semi dura a maré que estava alta e agitada vinha lavar a areia das bikes com seu sal característico. O barulho de coisa sendo lixada ao pedalar era uma delícia. E pedalar com a onda batendo nas canelas foi uma sensação ímpar.
Quase no começo da praia fizemos o contorno e entramos na floresta de novo pra mais uma volta. Agora pedalar nas raízes estava beeeem melhor. Só me preocupava as batidas que certamente estavam indo até o aro, pois acho que esvaziei muito o pneu de trás. Mais praia. Só que agora eu não estava mais puto como na primeira volta. Afinal, quem sai na chuva é pra se molhar. Já fiquei perdido em dunas gigantes com a bike em corrida de aventura, já caí inteiro dentro de uma lagoa de água parada com bike e tudo em outra, não seria uma areia que iria tirar a graça da prova.
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Veja a escala a o tanto de praia... :-) |
Aí o sol saiu de vez e voltamos pra T2 e dessa vez consegui pedalar no trecho de areia. Pneu cheio e areia fofa não combinam. A única coisa que incomodou o tempo todo na bike foi o pedal. Como é de plataforma de um lado e encaixe do outro, você precisa 'acertar' o lado. E como o circuito é todo técnico, é bem comum ter que por o pé no chão. E depois ter que reencaixar um pedal à milanesa não é fácil. Fechei o pedal numa média estonteante de 14,k km/h ;-).
Fiz a T2 com cuidado pra não sujar o pé, que estava relativamente limpo e lavado. Calcei o tênis sem meia e segui alucinado, agora era meu chão. Me perdi na natação e apanhei na bike, agora tinha que correr direito :-). Passei a ponte pênsil e segui pras trilhas morro acima, até a bifurcação com as paredes da barra e depois em direção à galheta, mesma
trilha do mountain do onde deixei a palma da mão um mês atrás. Subi arfando e depois tentando correr na trilha técnica, aí desceu, subiu e despencou pra direita rumo à fortaleza da barra.
Uma trilha que eu nunca tinha feito, sensacional. Descida direta em uma escadaria de troncos na terra, show. Aí veio o asfalto e sentei a bota, consegui correr bem. Cheguei num sprint e depois vi que ultrapassei o amigo do Panda, o Sérgio.
Essas provas off-road são diferentes no espírito. Lá as pessoas conversam, mesmo competindo. No topo da trilha vi que estava sem gel, levei um roctane que sumiu. Quando vi dois caras perguntei se tinham gel e um deles me deu um. Aí descemos conversando a trilha. Perguntei o nome e aí falamos da categoria, éramos da mesma. E tudo numa boa, seguimos trocando posições na trilha e no asfalto abri um pouco.
Chegada e aí fomos ver o estrago. Todo mundo reclamando das bikes, uns desesperados. Vi a minha e já estava com bastante oxidação visível na corrente. Fomos lavar nos chuveiros e então casa, mas antes comi um baita sanduba com chocoleite. Saí muito cedo, 5:50 e comi pouco. Fiquei realmente com fome boa parte da prova. Vi o resultado que foi 4º lugar, 2h56 para 33 km de prova, nota-se o tamanho da encrenca.
Muito interessante fazer uma prova sem referência alguma, tinha calculado até umas 2h30 :-).
E pra moer de vez o que sobrou hoje tinha um treino que estava à espreita lá na planilha. E eu fui fazer, conforme combinado. Realmente um treino mais mental do que qualquer coisa. Até acordei cedo, mas chovia fraco e ventava pra danar. Resolvi que não valia a pena sair na chuva, eram só 100 km e a previsão dizia tempo seco durante o dia. Não fosse o Dash obviamente não treinaria. Fiquei enrolando com o pequeno até às 10:00 e saí pra pedalar. Fui até canasvieiras, um vento nordeste miserável. Voltei até o Floripa Shopping pra fechar um percurso do Dash e segui até o final da vargem pequena, quando engatei o vento em popa até em casa. Quente, abafado e ventoso, e pra piorar, com restos de pernas e com fome. Mas o
treino valeu muito, não foi indecente e consegui fechar a semana 100 %. Melhor não dava.
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Detalhes da organização.
Acho que nunca reclamei muito de organização de provas. Sempre tem o que melhorar, mas no geral quando noto uma 'linha' adequada, tudo bem.
Só que nessa teve muito furo. A começar da inscrição, que só abriu 1 mês antes, muito cara e ainda assim com o site fora do ar por vários dias. Sites confusos, sem informação nenhuma.
Um simpósio que atrasou uma hora. Informações do percurso só na véspera e ainda assim alterado na hora.
Um kit com uma camiseta de péssima qualidade. Pós prova com maça e água quente e nada mais.
Acabou que foi um evento com poucos atletas, várias pessoas me disseram que não se inscreveram por essas encrencas. Deixou bastante a desejar, não achei compatível com o nome por trás da prova.