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A imponente Serra do Rio do Rastro |
A terceira edição do Fodaxman foi épica em todos os sentidos. Extrema, brutal e espetacular, foram os adjetivos que ouvi e que melhor descreveram o dia 15 de dezembro de 2018.
É um privilégio sem tamanho poder organizar e ainda correr essa obra prima. Sim, criamos uma obra prima do esporte de endurance. Tivemos a ousadia de unir dois ícones do esporte no Brasil num percurso só, a serra do Rio do Rastro e o Morro da Igreja, que por questões que fogem a nossa compreensão, estão separados por uma distância viável para uma prova de triathlon full distance ponto a ponto. E para tornar a obra completa a partir deste ano mudamos a largada para um local espetacular e acolhedor, que tornou a natação uma coisa fantástica.
O lado da organização foi intenso. Reforçamos a a estrutura em tudo o que foi possível, ampliamos a divulgação da prova e dobramos a quantidade de atletas. Trouxemos novos patrocinadores e inventamos moda ao preparar o kit de prova mais recheado da história. Tudo isso ao longo de um ano de trabalho e parceria, pontilhado por infinitas trocas de mensagens, reuniões, vídeo-conferências e transmissões ao vivo. Fabrício, Manente e Palhares, obrigado por essa jornada, é só o começo e o céu não é o limite.
Falando sobre a prova, a largada agora acontece na Barragem São Bento, um recanto espetacular no pé da serra. Uma vila inundada pela represa que abastece Criciúma e toda a região, no município de Siderópolis.
De lá, seguimos até Criciúma e então continuamos no percurso original de todas as edições. Tivemos uma redução de 7.5 km na distância mas ganhamos uns metros verticais a mais. Além disso o pedal é mais tranquilo, evitamos a BR-101 e os primeiros 7 Km antes de Nova Veneza, a cidade sede da largada, são feitos numa estradinha dentro da mata que é uma maravilha.
A estrutura de uma prova dessas é um desafio logístico que só é possível com o empenho de todo o pessoal que trabalha na organização. É uma quantidade absurda de detalhes e material para dar conta nos 3 dias que compõe o evento. Árbitros, médicos, quiropraxistas, fisioterapeutas, fotógrafos, cinegrafistas, staffs. Todos se desdobraram em várias funções e o mais importante de tudo, se divertiram muito. Alguns se decidem ali e na hora a participar de edições futuras. A todos, sem exceção, obrigado novamente. Manente e Fabrício, vocês foram inacreditavelmente incríveis.
Não bastasse toda a logística e distâncias envolvidas, ainda temos a variável mais incontrolável de todas, que é o clima. Sendo a serra um local propício a variações, este ano ela fez jus à fama. Tivemos extremos de todos os tipos. Começamos com um dia escaldante, quente já na madrugada, seguimos torrando no ciclismo e a partir da serra todas as condições apareceram, ventania, neblina, sol, chuva, vento e granizo. A chegada no morro da igreja foi épica. Não foi linda como a do ano passado com a grande bola alaranjada se pondo, mas foi linda com a névoa dando o ar de mistério àquela subida magnífica que é o morro da igreja.
A minha prova foi praticamente perfeita. Consegui encaixar tudo de um jeito natural, inclusive a alimentação.Dessa vez meu staff foi o Jeferson Cassol, abduzido recente pelo Triathlon e simplesmente perfeito na função. O Fodaxman é um prova individual, mas na prática é em dupla.
Nadei relativamente mal, senti muito cansaço nos braços e até achei que a roupa estava me trancando algum movimento, mas era nos dois lados então não parei pra tentar arrumar. No último retorno passei ao lado da Luíza Tobar e saímos juntos da água. Transitei rapidamente e desci a saída da represa ao lado do Cini.
Segui bem e fácil até Nova Veneza e então comecei a ritmar e só ali comecei a alimentação. Tudo perfeito, passamos Criciúma e as serrinhas de aquecimento pré serra. Vários atletas embolados e o dia só começando... No Guatá resolvi botar uns extras de carboidrato pra dentro e segui pra parte mais divertida do ciclismo.
Lá pelos 30 km o Zinho havia me passado. Viria a ser o campeão da prova e passou muito rápido, mas em algum momento parou para trocar de bike e eu passei de volta. Ele me passou de novo e no começo da serra o vi trocando a bike novamente. Dali em diante só vi o nada na minha frente até Urubici....
Do topo da serra recuperei um pouco até bom jardim e então começou a pior parte do dia. Fiquei estranho com o calor, sensação de estar sendo cozido vivo. O Cassol jogou garrafas inteiras de água gelada na minha cabeça nesse trecho. Subi as subidas intermináveis até o Cruzeiro e então soquei a bota até o Pericó, para aproveitar um pouco de terrenos rápidos. De lá a subida até vacas gordas já não assusta tanto, dada a quantidade de vezes que treinei ali esse ano.
Demorei bastante na T2 para executar todas as funções necessárias e saí correndo ainda com camisa de ciclismo, para por gelo dentro dela. Ajudou legal. No final do ciclismo já tinha visto o Menuci e o Zinho indo e no começo da corrida os vi voltando, bem longe um do outro e muito rápidos.
Quando passei pela igreja vi a Luiza no que calculei ser uns 12-13 minutos atrás de mim. Ali tive a certeza de que ela me passaria em algum momento da prova. Pouco antes do início da estrada de terra comecei a ferver e me livrei da camisa. Logo depois passei em casa e vi todo mundo, que dessa vez não me viu na transição hahaha. Fui muito rápido e só os vi na passagem. Segui escoltando pelo Hélio montado no Herege e começaram as subidinhas, que pareciam leves mas eu caminhei. Não queria abusar dos tendões de aquiles.
A volta para o asfalto ainda estava muito abafada, mas em 3 km apareceu um vento sul forte - o norte durante o ciclismo era contra, e o sul ali também era contra. Ventos são sempre contra, não importa a direção.
No km 26 passei reto só berrando e dando highfive, mas peguei mais uma latinha de coca-cola. Foram umas dez durante a prova toda. Apesar de achar que a Luíza me passaria, eu queria fugir dela o máximo possível kkk, portanto esperei uma curva para parar no carro e trocar os tênis para um par mais levinho.
Dali em diante, até o km 31, temos o trecho mais íngreme da corrida, e finalmente depois de horas vi um carro de staff que não reconheci. Alguém estava no encalço e eu sabia quem era :-). Logo o pessoal de casa passou alucinado, meu pai dirigindo e a Daiane gritando "Tem uma menina vindo te buscar !" :-) :-) :-).
Passei a entrada do véu de noiva e o Heverton e turma apareceram. Já tinham me feito excelente companhia na serra do rio do Rastro, incentivando e dando força mais do que imaginam. O Rodolfo começou a correr comigo um trecho e logo entramos numa rampa de concreto. A Luíza simplesmente passou correndo. Ela não caminhou um passo na maratona. Foi um desempenho espetacular e absolutamente fantástico. Ela fez a prova toda na percepção, saímos juntos da água e com 13 min de déficit na T2 ela me passou no Km 35 a abriu mais 12 min, ou seja, tirou 25 min na maratona \o/. Incrível !
O cume foi especial. Chuva torrencial e neblina, raios e trovões, uns ventos e um bom frio, e aí ao chegar, depois berrar a plenos pulmões e abraçar todo mundo, vimos que a pedra furada apareceu ! Indizivelmente épico, ainda mais recebendo a medalha das mãos do Manente e com a família toda lá em cima !
De todas as situações e momentos da prova, o que mais me lembra dos extremos do dia foram dois comentários do Éder, nosso Quiropraxista. Segundo o Rodolfo, é o cara mais empolgado do planeta ao assistir uma prova de Triathlon. Pessoa sempre disposta a ajudar tudo e todos, no começo da corrida ele foi de carro me incentivar e me alertava: "Cuidado com o calor, tá quente demais. Hidrata e pega bastante gelo". Umas três horas depois o encontrei novamente empolgando os atletas no morro da igreja, e o comentário foi: "Tá muito frio lá em cima, se protege bem" !!!
Parabéns a todos os atletas que se lançaram nessa jornada ! Todos sem exceção estão de parabéns. Tiveram a coragem de começar ! Nos vemos no dia 14 de dezembro no topo do morro da igreja.
Dados técnicos
Alimentação foi simples: batata cozida (6), 2 bananas, 2 gels, muitas medidas de Dux Kick, castanhas e mariolas. Levei uns 20 litros de líquido, sendo 6 de água de coco e 12 latinhas de 200 ml de coca cola, além de suco de uva e muita água.
O pedal foi bem consistente e eficiente. A corrida foi melhor que o ano passado por pouca coisa, mas foi mais constante e melhorei a subida. A natação foi meia boca, porém não foi ruim.
Muito calor na metade final do ciclismo e início da corrida, onde o termômetro marcava 33 graus. Da metade em diante vento sul mais frio e em seguida chuva. A galera que estava mais atrás pegou uma bom da dágua feia em urubici, com enxurrada e granizo.
Aqui os links do
pedal e da
corrida. Na bike faltam cerca de 2 km no início pois fiz bobagem com o garmin.
Galeria de fotos do Flows aqui !
Fotos
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Espelho dágua da Barragem São Bento, com a torre da igreja e a serra ao fundo.
Espetáculo uma natação num lugar desses. |
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Área da transição 1 |
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Fabrício e Éder na pré largada |
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Foto noturna em longa exposição. Os vaga lumes aquáticos somos nós, os nadadores |
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Tipo, terminar a natação antes de amanhecer, só no Fodaxman |
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T1 |
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Saindo da T1 |
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A serra dando os primeiros sinais de violência :-))) |
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Galera da AR Sportswear se divertiu durante a prova !
Muito obrigado pela parceria ! |
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Indescritível |
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Ao infinito, e além ! |
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Jeferson Cassol me abastecendo de batatas no percurso :-)))
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Depois da Serra do Rio do Rastro tem muita subida, mas também tem descidas |
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E aí voltam as subidas |
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Staffs impedem a fusão do núcleo do reator !
A cada hora, meio litro de água de coco gelada com sal |
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Essa foto ganhou as mídias sociais. Era contra vento, e vejam só o posicionamento dos atletas.
Não tem fiscalização ostensiva... mas também não precisa :-))) |
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Percurso da maratona |
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Era uma vez no oeste |
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Escolta ! |
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Maratona |
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Pensa na sequela do vivente... |
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Simulação de corrida nos kms finais do Morro da Igreja |
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Última curva antes da chegada |
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Sequência da chegada, simplesmente épico |
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Turma boa ! |
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Paulo Santi, o chefe do Parque Nacional de São Joaquim !
Muito obrigado pelo apoio ! |
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Na mídia ! |
Fotos do Duks/Moveon, Flows e AR