terça-feira, 30 de dezembro de 2014

Remexido esportivo de 2014

Mais um ano sensacional, e pasmem, ainda continuo evoluindo ;-). Na verdade apesar de velho para os padrões antigos, acho que ainda há muito que evoluir esportivamente :-D.

Ainda bem que eu anoto as provas na aba de resultados aqui do blog, senão seria difícil listar todas. Esse ano competi mais que em todos os outros, e os resultados foram muito bons, e a diversão maior ainda.
  • Challenge Family - Long Distance Triathlon  - Florianópolis - 4º cat, 4h27min
  • Triathlon olímpico Malwee FETRISC - Jaraguá do Sul - 2ª cat, 2h19min
  • Duathlon Blumenau FETRISC - 2ª etapa - Campeão categoria - 1h1min
  • Maratona de Santa Catarina - 42 km - 3h11min25seg, 6º cat, 23º geral
  • Duathlon São José FETRISC - 1ª etapa - Campeão categoria - 1h3min
  • MountainDo Costão do Santinho trailrun 22 km - Campeão categoria / 5º geral - 2h10min
  • Desafrio Urubici 52 km - 5º cat - 5h19min
  • MountainBike Marcio May - 52 km, 1200 m de subida - 2h54, 18º
  • Indomit ultratrail 100 km - 4º cat, 13º geral - 14h22min
  • Triathlon Longo FETRISC - 2km swim, 57km bike, 14,5 run - 4º cat, 3h12min
  • London Easter Run 10 km - Campeão categoria, 8º geral, 38min30seg
  • Meia maratona internacional de Florianópolis, 5º cat, 37 geral - 1h24min03seg
  • Short Triathlon de Garopaba FETRISC - 1h13min05seg, 4º cat
  • Corrida Pedra Branca 6 km - 22min22seg, Campeão geral
  • El Cruce Colúmbia - 100 km - 11h01min, 116 geral, 14º brasileiro
Foram 15 provas, sendo 3 ultramaratonas, um meio-ironman e várias provas mais curtas. Apenas em duas não saiu um top 10, e teve ainda um inédito pódio geral na corrida da pedra branca e pódio da categoria em quatro provas. 11 foram top 5, incluindo a Indomit e Desafrio.

Como não teve ironman as estatísticas penderam pro lado da corrida. Acabei pedalando apenas 5470 km e correndo 2460 km, recorde anual desde sempre. Isso tudo em dois pares de tênis de asfalto e um de trilha. Acabaram-se os últimos resquícios da tendinite no aquiles, logo no ano com a altimetria mais ignorante na corrida de todos os tempos.

Um ano muito legal :-). Fotos aqui se o facebook não sumir com tudo em alguns dias...

Valeu galera, até depois de amanhã.

quarta-feira, 24 de dezembro de 2014

Recorde do Kilian Jornet no Aconcágua

Aconcágua é a maior montanha do mundo fora da ásia !
Foto do Extremos
Acompanhei esse feito inacreditável essa semana com um bocado de empolgação, e não tem muito o que falar. Exceto que quando estive lá em 1996, levei 12 horas para fazer metade do caminho até o acampamento base, apenas na ida :-). Fantástico o que isso representa. Não é só preparo físico, é estratégia, gerenciamento de riscos, nutrição, estudo do clima, planejamento, equipe... Esse cara é um gênio.

Detalhes aqui: http://blog.summitsofmylife.com/es/2014/12/24/el-aconcagua-nuevo-record-de-kilian-jornet-en-el-proyecto-summits-of-my-life/.

Em 6 dias o cara esteve no cume para treinar, fez uma tentativa até 6200 m e
outra tentativa onde bateu o recorde. Praticamente três numa semana.
Os tempos
Aqui há um vídeo muito legal do Extremos que mostra uma parte dessa expedição. Agora o objetivo do guri é o Everest ;-). Que tenha êxito !

terça-feira, 16 de dezembro de 2014

Treinando sem treinar, mas na verdade treinando só pelo prazer de treinar

Sacou ? Tipo assim, fazendo o que dá vontade, no ritmo que sair e em coisa fora do comum. Dezembro serve pra isso :-). Logo uma subidinha o morro da igreja com descida pelo Bitu. Enjoy the off season.


Travessia pra ilha do Francês, galera boa !
Uma leve barrigada na ida, pois eu não lembrava de que lado era a praia hahahaha

Pedal pelo prazer de pedalar, serra de santo amaro para são pedro.
Sombra E água fresca (tem bicas no caminho)

New machine

A estradinha vem lá longe...



terça-feira, 2 de dezembro de 2014

Challenge Florianópolis 2014 - edição inaugural

 

Um fim de semana cheio e sensacional, esse é o resumo do Challenge Florianópolis 2014 na sua primeira edição. Dessa vez o relato vai ser um pouco fora de ordem cronológica, vamos ver como fica.

Sabe aqueles pesadelos que a gente tem de acordar e a largada de uma prova já ter sido dada ? Pois é, eu sempre tenho, e na verdade sempre acontece de eu chegar na transição para arrumar a bike a e buzina da natação já estar apitando. Só que dessa vez foi de verdade :-). Não, quase.

Acordei 4:52 e estava em casa, em coqueiros, a 29 km da área de transição. Em 10 minutos estava dirigindo com duas bananas e uma garrafinha de chá no banco do passageiro. Nada do pão com geléia, café com leite ou castanhas duas horas antes da prova.

Consegui ajeitar tudo a tempo dos staffs aparecerem mandando ir pra praia que a transição iria fechar. Foi por pouco. Qualquer coisa que tivesse errado acabaria com a prova já antes de começar. Bastaria um congestionamento pela colocação dos cones na pista, uma blitz policial, etc.

O dia anterior foi longo e cansativo. No sábado acordamos às 5:45 para estar cedo em jurerê para a largada do Challenge Women que a Daiane faria. Fui dormir tarde na sexta depois de ficar das 14 às 22 em jurerê para o excelente congresso de ciências aplicadas ao triathlon (outro evento paralelo muito bom) e jantar de massas, de onde vim de carona com o Edu. Aí sábado foi aquela festa, a prova da Daiane e depois a do Arthur, deixar a bike no checkin e zarpar pra casa.

Largada do Challenge Women

Chegada do Challenge Women

A corrida da mulherada foi de 5 km e muito disputada. Vários sprints na chegada deixavam dúvidas se aquele povo era mesmo familiares dos atletas ou atletas disfarçadas. A Débora estava lá e levou o 5º lugar geral, direto das ultra maratonas para uma prova de 5 km.

A Daiane saiu em ritmo constante e chegou no melhor tempo das sua carreira de corredora, muito legal.

Aí fomos lá para a praia ver o mar. Não estava com cara boa, mas confirmaram a natação infantil. O Challenge Kids era outro evento paralelo que eu esperava muito. O Arthur tinha pedido pra participar e depois tinha ficado com medo da natação, então eu estava curioso pra ver o que aconteceria.

Primeiro houve uma prova demonstração com a criançada da escolinha de triathlon da fetrisc, e durante esse tempo a meninada da prova kids ficou lá na praia brincando no mar. Depois alinharam para a largada de maneira exemplar, todos atrás da faixa.

E saíram feito loucos, parecia uma largada de adultos mesmo. De 7 a 12 anos, dezenas de crianças correndo feito tartarugas recém saídas dos ovos para o mar. Muito, muito legal ver aquilo. Só que logo fiquei apreensivo, o Arthur saiu nadando muito rápido e os caiaques estavam mais à frente, de modo que larguei câmera e óculos com a Daiane e fui pra água.

Foto sensacional. Olha só essa foto ! Sério, olha !
Alcancei o cardume quando eles já estavam na boia, daí fui pelo outro lado e depois de uns segundos o Arthur apareceu junto com o Jadoski e o filho. Olhinhos arregalados dentro dos óculos, perguntando pra onde tinha que ir. "Vai pra praia filho, pra praia", e lá foi, fui do lado e quando alcancei o fundo comecei a andar do lado dele até sairmos da água. Correndo rumo à T1.

Molecada preparando a T1
Lá o pequeno ficou bravo por se atrapalhar com o processo de transição e fui eu junto correndo do lado dele na bike. Descalso. Argh. Aí na volta da bike ele não quis correr por achar que já era o último, então de novo saí correndo junto com ele até que uma menina nos ultrapassou, quando então ele resolveu andar porque não adiantava mais correr e nada fazia sentindo kkkk. Assim o baixinho terminou seu primeiro triathlon, bravo e choramingando (por pouco tempo, logo já queria saber quando teria outro).

Depois da brincadeira da manhã de sábado
Mas durante esse sábado eu ainda tinha uns treininhos pra fazer, pra deixar o corpo acesso. Uma corridinha de 4 km moderada e umas braçadas pra sentir a água. Só que não levei óculos, tive que pegar um emprestado com o Alexandre e acabei correndo mais do que deveria e o pior, uma parte descalço.

Depois da provinha Kids a Daiane foi pra casa e fiquei pra deixar a bike. Fiquei no apartamento que o Alexandre alugou até almoçar e aí fomos deixar as magrelas pra pernoitar na transição.

A sorte foi que jantei bem na noite de sábado, senão aquele café da manhã de duas bananas teria causado estrago.


E agora chegamos à prova principal finalmente. Um mar muito revolto, dos mais estragados que eu já vi em jurerê, fez a organização mudar o percurso. O Roberto anunciou a mudança e logo a elite largou. Já dava pra ver a dispersão, tinha muita correnteza para a esquerda.

Largada em ondas com categorias separadas e uns 20 minutos depois largamos. Alinhei junto do Palhares e Alexandre e mais um povo bem à direita.

Pulei no mar e me diverti como nunca. Sério, gosto muito de nadar em mar revoltado. Umas ondas furadas em perfeita sincronia e segue... pra onde ? Uma boia gigantesca e raramente dava pra enxergá-la. Mas eu nadei retinho, aí fui contornar e boia e vi estrelinhas. Uma patada bem no nariz e dentes superiores. Um iluminado estava agarrado às cordas da boia, só que batendo as pernas. Pra quê ??? Grudado na boia e batendo os pés na cara dos outros, que coisa feia. Levei uns segundos pra me recompor, vi que não estava vazando nada dos orifícios nasais e segui pra outra boia. O sol estava no caminho e acabei navegando por ele. Lembrei do filme apolo 13 onde o Tom Hanks tinha que manter a nave alinhada deixando a terra ficar enquadrada na janelinha. Pensei essas e outras bobagens e vi que estava nadando muito leve, aí fui encaixando as braçadas com as ondas e saí num jacaré muito legal. Baita natação.

Transição lenta e desastrada, entalei o dedo no chip do tornozelo e tive que sentar antes que caísse pra tirar a roupa de borracha, e aí saí alucinado pela longa transição. Subi na bike e vi o Palhares, que logo sumiu de vista. Comecei a pedalar com o circuito em mente, sabendo exatamente onde aproveitar o vento e onde tentar brigar com ele. Saí forte e logo estava no morro do estado subindo rumo ao retorno. Vi o Palhares de novo e fiquei com medo de estar forçando demais. Mas estava me sentindo muito bem e resolvi observar apenas a respiração e ardência nas pernas. Soquei a bota contra o vento e não senti muito, fiquei empolgado e voltei de canasvieiras alucinado. Aquilo teria que acabar em algum momento, mas eu estava aproveitando. Nunca tinha andado kilometros planos a 50 km/h na bike. Pra ver a força do vento.

Aí na segunda volta alcancei o Pedro, o Palhares me passou e fomos próximos até que ele sumiu, aí o Heverton também passou e eu comecei a pagar o pato na última perna até canasvieiras. A percepção eólica aumentou - não sei se o vento mesmo ou o desgaste, o ritmo caiu e sensação de esforço triplicou. Mas mantive algum ritmo e começamos a voltar com vento a favor de novo até a transição. Na minha opinião o pior trecho era da SC0401 até jurerê, com vento transversal. A bike chacoalhou como nunca experimentei ali.

Entrei na T2 junto do Pedro e Heverton e saí rápido, ritmo descompensado como sempre. Nem olhei pro garmin e só vi o primeiro lap, 3:53. "Ok, eu não faço meia maratona solo nesse ritmo, então tá forte". Bem nessa hora os quadríceps começaram a espetar. Reduzi e cuidei da técnica pra não dar caibras e segui na sensação de esforço máxima e ritmo decadente.

Primeira das três voltas muito forte, a conta viria. Segunda volta mais moderada como talvez devesse ter sido tudo. Como sempre correr ali em jurerê na muvuca é sensacional. A galera incentivando causa aumentos súbitos do pace. Me controlei pra não agarrar aquelas garrafinhas de coca-cola antes da última volta. Lutei com a vontade de reduzir o rimo, apertei ao máximo até quase espanar a rosca.

Só sobraram restos dessa corrida. Até agora descendo escada de lado
E aí nos últimos km a casa caiu, dor aguda nos quadríceps e ritmo despencando. Forcei olhar no garmin pra tentar não deixar cair muito e segui estragado até a chegada. Atravessei aquele pórtico feliz por uma prova perfeita, dura como poucas, bonita como sempre em Floripa. Extremamente satisfeito, do jeito que eu fico quando sei que não sobrou muita coisa no tanque de gasolina. Pouca coisa a mais e eu teria quebrado, tenho certeza. Essa recompensa pra mim é a melhor, melhor que tempo ou resultado.

O pós chegada é sempre muito legal, principalmente com uma área de dispersão bem estruturada. Fui direto pra massagem e encontrei o Palhares. Quando saí ele estava lá se contorcendo com um pedaço da panturrilha querendo sair da perna. Eu tinha que ter filmado aquilo hahaha.

Descobri a pizza bem depois e comi vários pedaços com os pés na piscina de gelo. Deveria ter enfiados as pernas mas não consegui, começava a tremer. O tempo ficou meio louco quando eu cheguei, caiu uma chuva rápida e eu achei que esfriou (não esfriou, fui eu).

Arrumei as tralhas e me mandei pra casa pra almoçar, cansado até a alma e atravessado de fome mesmo depois de ter comido até cansar. Algo desregulou sem o desayuno.

Baita prova. Acabei em 4º lugar na categoria, com 4h27min. As parciais foram swim 13:41, bike 2:32, run 1:35, o resto foram transições lentas. Pois se melhorassem talvez já ajudasse a beliscar o pódio hahaha.

Dados técnicos:

Corri com o Kinvara 4 ensaboado de vaselina por dentro, com meia. Depois da maratona de Florianópolis fiquei traumatizado. Consumi duas mariolas antes da largada. Na bike, 4 medidas de GU Roctane em pó, 3 gels GU e um gole de gatorade. Na corrida mais dois gels empurrados à força e uns 100 ml de coca cola e mais uns goles de gatorade. Na bike ainda foram duas cápsulas de sal. E água em boa quantidade, pois estava quente. Quente com vento é receita pra desidratação.

Sobre o vácuo !!! Sempre ele ! Vi alguns pelotões, poucos mas vi. O que mais irritava eram as 'duplas' trabalhando juntas. Vi por duas vezes dois caras trocando gel, um pegando água pro outro e revezando descaradamente a roda, o da frente até sinalizava para o de trás assumir a ponta. Espero que estes tenham sido punidos, caras de pau. Os pelotes que vi por duas vezes foram sinalizados pelos árbitros, e provavelmente aí saíram as punições. Como sempre há os inocentes que pagam o pato pela cambada de vaqueiros que não toma jeito, pois é muito difícil ultrapassar aquela maçaroca de gente. Mas espero sinceramente que a galera desonesta pense duas vezes antes de se inscrever ano que vem.

Como pontos a melhorar para a prova, o mais importante é o abastecimento de água. Peguei um posto sem (com gatorade e coca-cola) muito cedo. Além disso o checkin seria mais rápido se o número da bike viesse na sacola e não tivesse que ser localizado e colado na hora. Que seja uma prova consolidada em Florianópolis e no Brasil.

Fotos do Gai e do Saul. Obrigado !!!

sábado, 15 de novembro de 2014

Simulado realista para o Challenge

Eis que o chefe marcou um treino legal pra hoje. Um off na sexta é excessão da excessão ainda mais a duas semanas da prova. Isso provavelmente foi pra deixar a bateria recarregar um pouco e dar aquela vontade de torcer o cabo.

Um dia espetacular amanheceu e eu saí atrasado pra variar. Em coqueiros, nem uma nuvem e vento sul fraco. Cheguei no fim do aquecimento e aqueci pouco mais que nada e aí entramos na água para duas voltas na boia plantada lá longe pelo Ricardinho. Da praia apenas uma ervilha amarela, de dentro dágua praticamente invisível. E o objetivo era simular tudo, entrada e saída da água, orientação e ritmo de prova. Foram duas porradas em pouco mais de 18 min mais um pouco solto, deve ter dado uns 1200 m.

Daí foi a bike, 90 km na SC 401 entre o pedágio e a vargem pequena. Era pra sair com calma e botar um ritmo 'firme' na estrada. E foi firmando a medida que o tempo foi passando, junto com o aumento do vento sul. Voltas muito boas e alimentação encaixada. Na veradade tem encaixado sempre, percebo que estou precisando menos de comida nos treinos. No longo de quarta por exemplo, foram 20 km com nada.

O pedal foi excelente e eu forcei um bocado pra ver o que seria a corrida. Sprintei algumas vezes mais pra levantar do banco (tem algo errado na bermuda ou nas partes), forcei bastante contra o vento.

Aí então foi a vez da corrida, uma pancadinha de 7 km sem deixar a FC subir muito, mas subiu mais pelo calor e desidratação. Um ritmo forte mas suportável por mais tempo, já dá pra ter ideia do pace a usar na meia maratona do Challenge. E da FC, cadência e esforço na bike, assim como a agonia respiratória necessária na natação. Um baita simulado, bem realista. Acabei cansado mas inteiro, valeu cada gota (foram litros) de suor desse treino sensacional.

T-2weeks


domingo, 2 de novembro de 2014

O prazer da exaustão

No treino de hoje, especificamente no final da corrida, lembrei de uma frase ouvida do meu amigo Sandro Chaves, o Jacó. Lá nos idos de 1900 e guaraná com rolha, quando eu comecei a correr incentivado por ele, ele usou essa frase. Eu acho que era um jeito de dizer inundação de endorfina.

Os treinos tem sido muito bons. Há sempre alguma malvadeza ultimamente, pois estamos no último mês antes do challenge, a prova na distância de meio ironman que estréia na américa do sul agora no final de novembro aqui em Floripa, a capital do Triathlon :-).

Terças feiras há agora um treino de bike de 'capacidade anaeróbia'. Isso é uma coisa muito, mas muito ardida. Incrível como um minuto de esforço beirando ao máximo, repetido 10 vezes, pode ser extenuante. Mas dá um gostinho bom terminar aquilo vendo as séries não caírem a medida que o treino vai progredindo, mesmo que às custas de muita queimação nas pernas e na garganta.

Na quinta-feira saiu um treino de natação incomum. 15 x 100 sempre abaixo de 1:35, o que é muito rápido pros meus padrões de piscina com virada de sapo. Arfava forte no final. Sexta um intervalado malvado que saiu até que fácil, mas sempre com aquele desespero no final dos tiros mais longos.

E aí o domingo pra fechar com chave de ouro. 110 km de bike e a corrida de transição era pra ser 'forte'. Saí já com calor quase ao meio dia, uma sensação de cozimento, abafamento e umidade impressionantes. Soquei a bota sem olhar nada e fiquei feliz de ver o resultado, e ainda mais feliz quando terminou. Porque o prazer da exaustão é melhor depois da exaustão terminar :-)

A exaustão !

quarta-feira, 29 de outubro de 2014

Norseman Extreme Triathlon


Eu espero realmente fazer MUITAS postagens sobre essa prova. Por enquanto é aguardar, inscrito para a loteria dia 9/11 estou. Ansioso por 9 dias para ficar ansioso por 9 meses, assim espero. Vejam isso para saber do que estou falando.

segunda-feira, 27 de outubro de 2014

segunda-feira, 20 de outubro de 2014

Um longo em São Paulo e o ataque dos pneus selvagens

Vida de triatleta amador não é fácil. E por isso que é boa. Semana passada tive um daqueles dias de orgulho por conseguir fazer tudo e mais um pouco. Quarta-feira fui pra SP a trabalho, mas nadei antes de pegar o vôo, o que me fez ficar esfomeado. Já no congresso, fiquei de pé em sapatos miseráveis das 11 às 19 horas, coisa boa. E aí fui pra academia do hotel acabar com o que sobrou.

Quinta-feira eu faria o treino de corrida de quarta, que teve a natação antecipada. Troquei ideias com o Bessa e outros amigos e concluí que queria ir para o Ibirapuera, onde nunca corri. A USP era a mais indicada mas era mais longe e eu tinha horário pra voltar, e o parque tinha... verde !

Então consegui acordar tarde, o suficiente pra não arriscar a ir para o Ibira. Resolvi sair do hotel mesmo, no bairro (?) de Santo Amaro. Dali fui pra um "Parque" que tinha a menos de um km. Só que saí seco, não quis tomar café pra não ir pesado com a comida na boca ainda e fui só com água, pois no quarto só tinha castanha e chocolate. Levei dinheiro pra comprar algum gatorade, coca-cola.

No "Parque" eu fiz uma volta e vi que tinha pouco menos de 1 km. Seriam 18 então. Vamos lá. Bastante gente caminhando, um parque de bairro bem movimentado. Mais pra uma praça, mas tinha uma micro nano trilha dentro e dei umas voltas lá também. O legal é que nesse treino eu acabei comprando só uma água no km 6 e mais nada. Não morri nem pifei, e embora tenha sido um treino de zona 2, não foi nenhuma leseira arrastada. Incrível. Tomei uma água de coco no km 16 e fui pro hotel terminar de ir embora.

E então houve um intervalado sexta, bem executado.

Logo, o sábado. Finalmente nadei no mar, fazia muito, muito tempo. 2 km com ida contra a corrente em 20 min e volta solta em 18. Baita treino de mar cristalino e gelado. Delícia começar o dia assim.

Fui pra bike já sabendo que o pneu estava furado. Troquei na sexta a noite e estava cheio quando guardei a bike no carro, mas sábado ao sair já vi vazio.

Já no Taikô depois da natação troquei a câmera e tudo certo, enchi parcialmente e fui comer alguma coisa e procurar uma bomba de pé. Não achei e fui completar o serviço com a manual, onde agilmente arranquei a válvula ao desengatar a bomba. Coloquei outra nova, que não queria encher. Desisti pois tinha acabado com as reservas e não tinha ninguém lá, todos estavam pedalando. Troquei de roupa e aí o Charles chegou e me emprestou uma. Logo chegou todo mundo do pedal e eu lá ainda trocando pneu. Alguns já tinham feito a corrida também. Coloquei a nova e finalmente saímos pra um giro de 40 km.

E aí domingão, aquele tempo cara de fiofó, vento pra todo lado e trovões ! Saí 9:30 perdido com o horário de verão e após esperar a chuva passar, saiu um sol mas foi essa combinação de vento chuva sol trovão até voltar, totalmente sem paciência, 83 km depois. Eram pra ter sido 110, mas não havia saco. Figurativamente falando, claro.

Houve um momento de pânico no pedal. Eu fui pegar a garrafa e acabei balançando a bike, estava na parte de dentro da 'ciclofarsa' da SC401 e bati a roda da frente num tachão. A bike pulou, o pneu de trás passou em cima de outro tachão e eu consegui não cair com uma mão só. O punho ficou doendo, mas só o pneu furou. Dos males o menor, saiu barato...

Então é isso. Acabei com a cota de troca de pneus até 2016, foram 5 num fim de semana só, assim espero.

Parte do café da manhã depois da corrida de faquir
Pedal da imundice

sexta-feira, 3 de outubro de 2014

V Etapa do Catarinense de Triathlon - Copa Malwee IV edição

Três de quatro edições, tá bom né :-) ? Segunda vez de três participações debaixo de chuva, tá ruim. Então pra manter a tradição, mas uma prova no parque da Malwee em Jaraguá do sul. Lugar pra lá de bonito e prova na distância olímpica sem vácuo, boa como sempre.

Saí de Floripa com o Charles e chegamos no final do congresso técnico. Chuva, almoço antes da prova e a eterna dúvida do quê e quanto comer. Daí foi só descansar e arrumar tudo e então o aviso para sair da água antes mesmo de eu entrar pra aquecer já estava sendo dado. Aqueci menos de 1 minuto.

Largada um pouco tumultuada e logo encaixei uma natação surpreendentemente boa. Achei um pé bom de alguém sem roupa de borracha, imaginei ser do revezamento e fiquei um pouco ali, aí a Júlia apareceu e nadamos lado a lado um tempo e no começo da segunda volta ela passou e eu segui. Outro pé de outro descamisado que não sente frio e aí todo mundo sumiu, nadei sozinho até chegar e fiquei feliz ao ver 24:47 ao pisar em terra. Quatro meses sem nadar em águas abertas e no máximo 4500 por semana e a natação prestou não sei como. Marcou 1700m.

Saí correndo naquela transição longa que não acaba mais, muito longe, em lajotas e subindo. Peguei a bike e saímos pelo lado de trás do parque em descida até o asfalto, tudo obviamente ensopado. Como descemos um pouco o batimento baixou e comecei a acelerar um ritmo legal e aí vi que o garmin não marcava nada. Nadinha, só velocidade instantânea. Parei o multisport, comecei um leg de bike e nada. Depois lembrei do bug que tinha nas primeiras versões, e em casa vi que a versão era velha mesmo hahaha. Era emprestado do meu irmão Adriano e não conferi isso.

Segui praticamente às cegas, só na percepção do esforço e foi legal. Sete voltas com curvas, dois retornos, várias lombadas e olhos de gato, coisa um pouco tensa. Soquei a bota o que pude, achando que não conseguiria correr legal. Sem óculos, incomodou um pouco aquela chuva toda, mas fora isso foi só o medo de pilotar na água. Não bom, nada confortável.

Estava com a coxa esquerda travada, fruto do duathlon de domingo anterior e do intervalado de quarta. Tinha uma 'faixa' de músculo embolotada pouco acima do joelho e sentia pra andar. Por isso resolvi socar atá não conseguir mais na bike, mas não tenho dados, sem parcial :-).

Passei pelo Danton e o Panda com pneu furado e os dois terminaram a prova, valentes ! Trocar pneu naquela nhaca toda não é fácil.

Na T2 tive uma certa dificuldade pra ficar de pé. Os pés estavam duros e eu não conseguia tirar um pé do chão pra calçar os tênis. Tive que sentar, e botei meia. Pra que ?

Saí correndo e vi o Mirando sumindo ao longe nas trilhas margeando o lago. Um percurso excelente, 4 voltas contornando o lago verde, refletindo o verde molhado das árvores. Sensacional esse parque, a corrida foi indo bem e passei alguns atletas, só tinha o pace instantâneo e foi na sensação de esforço bem alta, pois o abdômen já estava reclamando. Muita sede veio não sei de onde e aí um cara me passou voando. Ganhou a categoria, mas não vi qual, e corria demais, sem chance acompanhar.

Na segunda volta percebi que tinha um atleta perto, o público o incentivava e eu fui puxando, dando umas pauladas na subida e fugindo na descida e deu certo. A foto da chegada mostra que tinham 4 atletas no encalço e o primeiro era da categoria, como descobri depois :-). Cheguei com 2h19, muito bom pra uma prova na chuva e com transições longas. Plenamente satisfeito com o segundo lugar na categoria 40-44, com parciais de aproximadamente em torno de 24:47 na natação, 1h09 na bike e 39 na corrida, mais ou menos isso fora as transições. Bela prova, turma forte e empolgada que não se dá pro vencida com uma chuvinha qualquer. Valeu galera !





Cara de terror


Perseguição foi boa



Fotos da Fetrisc e da Cristina Ferreira. A do pódio é do Fabrício.

segunda-feira, 22 de setembro de 2014

2ª Etapa do Catarinense de Duathlon - Blumenau

A última vez que eu tinha ido a Blumenau pra correr foi a primeira, na meia-maratona de 2009. Ontem voltei lá pra visitar minha prima e correr a segunda etapa do campeonato catarinense de Duathlon, novamente nas distâncias 5 - 20 - 2,5.

Fui no sábado e me enrolei todo pra achar o local (muito fácil, mas difícil debaixo do dilúvio que caiu no fim de tarde e sem GPS). Cheguei lá o simpósio havia terminado, mas o Puma me explicou todos os detalhes e me entregou o kit que havia retirado pra mim. Tudo aparentemente tranquilo, fui pro hotel e saímos pra jantar, a Daiane e o Arthur foram no sushi e eu comi salmão com batata doce.


Acordei às 6, tomei café com suco de laranja (não façam isso jamais antes de prova intensa) e fui pro complexo esportivo do Sesi. Que lugar sensacional, tem pista de atletismo emborrachada, piscinas olímpica e semi, quadras de tudo que é jeito, alojamento pra atletas, e espaço pra todo lado.

Estacionei, tirei a bike e enchi os pneus. Dei uma voltinha e encostei a máquina no carro, fui arrumar umas tralhas e um barulho de vazamento de ar chamou minha atenção. Pensei logo, "Ih, alguém furou o pneu.." mas vi que não tinha ninguém perto. Encostei o ouvido e era o traseiro. Incrível, que beleza ! Mas era cedo, e chegar cedo é pra imprevistos, então troquei tudo calmamente. Só que tive que lançar os dados. Tinha duas câmeras na bolsa: uma remendada com um pedaço de remendo descolado e outra estranha. A estranha estava 'nova', mas quando enchi pra ver formou uma 'coisa', tipo um batata enfiada dentro da câmera, ou então parecido com uma sucuri depois de comer, com aquela protuberância no meio do corpo da cobra. Escolhi a remendada.

Aqueci legal e fui pra largada. Alinhei na frente mas a largada era em curva, então depois da buzina me vi entalado entre a pista e o canteiro central da rotatória, saí dali rápido e soquei a bota. Corri forte até ver a subida e lembrar que o Puma tinha dito que a ida era subindo e a volta descendo. E era tudo subida, leve mas subia.

Foram duas voltas, no final da segunda passei o Fabrício e fui chegando perto do Luiz. Só conhecia esses dois mesmo na prova hehehe. Pouca gente de Floripa, o pessoal da ABTRI dominou a prova. No último retorno deu pra ver que tinha mais de uma dúzia de atletas na frente.

Entrei na T1 e saí rapidamente, pulei na bike sem parar dessa vez e segui rápido pra alcançar alguém. Demorou um km e cheguei no Luis, aí mais alguém veio, revezamos um pouco e apareceu mais um e aí lá perto do retorno chega o Fabrício, que seguiu puxando em perseguição ao primeiro pelotão, estávamos no segundo e o grupo foi crescendo até começar a andar como uma massa única. E andava, 45-48 no plano, subindo rápido e descendo alucinado. Tive um susto na curva, quase fui pra outra pista por ter entrado muito rápido.

Foi um pedal tenso. Não tenho tanta prática em andar forte em pelotão e o percurso não era trivial. Acabei puxando quase nada e ficando lá atrás, confortavelmente sendo rebocado pelo pelote. Coisa absurdamente mais fácil que é pedalar desse jeito. Não dá pra entender ou aceitar quem anda em pelote em prova sem vácuo, mas isso é assunto pra outro texto. Aquilo ali não é o seu pedal, é o do grupo, e sozinho você não faria aquilo, sacou ? Claro, em prova com vácuo essa é a ideia e é mérito seu se meter num pelote forte, tem que nadar ou correr bem antes e tem que saber pilotar a bike minimamente.

No final da segunda das três voltas dois caras do pelote enroscaram os guidons e caíram em cima de um outro que vinha em sentido contrário. A 'sorte' é que foi bem num topo, então o encontro foi com a menor velocidade possível. Os três se estabacaram e logo depois vi outro atleta sendo atendido pela ambulância. Só tinha visto strike maior em caiobá em 2012. A coisa continuou tensa mas eu arrisquei comer um gel. A terceira volta foi mais forte ainda e o pelote começou a esfarelar próximo à transição. Não deixa de ser um movimento social interessante um grupo desconhecido competindo entre si se ajudando mutuamente dessa forma. Que nome tem isso Vagner Bessa ;-) ?

Voltando à prova, saí pra segunda corrida atrás do Luiz, Fabrício e do Chico de Jaraguá. Passei o Luiz na subida e no retorno estava totalmente embrulhado lembrando com frequência crescente do suco de laranja. Repito: não tome suco de laranja antes de prova intensa. Em garopaba eu já vomitei em cima do aerodrink.

Voltando de novo, arranquei a faixa do monitor cardíaco e comecei a descida, era apenas uma volta. Logo o Luiz passou e abriu, fomos chegando no Fabrício mas a coisa terminou assim mesmo, sem alterar posição desde o pelote.

A área de dispersão estava excelente, frutas, isotônicos e chopp. Em Blumenau, não poderia faltar. Depois de tomar Whey e comer umas coisas tomei dois copos. Tipo assim, um R4 feito na hora :-). Tinha também um stand com garmins à mostra e pude ver o Fênix 2, o próximo brinquedo na lista dos desejos. Organização excelente, local excelente, percurso que não é de graça, tudo nota dez.

Aí fomos pra premiação, pelas contas e conversas eu havia ficado em décimo e 1º na categoria, e assim foi. Quando começou é vi os troféus, uns canecos de vidro impressos com os dados da prova, muito, muito legal. Finalmente um troféu ÚTIL :-).

Buenas, depois foi encher mais um pouco de chopp no troféu, tomar e ir pro hotel pegar as tralhas e de lá pro almoço com a família toda, um baita dum dia !

Deveria ter ficado só nisso
O rio, passamos sobre ele numa ponte no ciclismo
Dia azul cedinho
Não começou bem mas terminou muito bem
O isotônico dos campeões 
Não há troféu mais útil
Deveria ser eu aí, hahaha

sexta-feira, 22 de agosto de 2014

Maratona de Santa Catarina 2014 - no fio da navalha

Depois de 4 anos sem uma maratona oficial, eis aqui outra pra matar a saudade. Maratona não deveria deixar saudade, mas deixa. Uma prova além da distância razoável, mas muito menor do que as absurdas ultras. Ainda é possível forçar, fazer um ritmo forte. Mas tem que saber que vai doer. Porque não tem jeito: uma maratona de ironman ou trilha vai ser sempre mais fácil que do fazer em alta intensidade o bate-estaca cadenciado e eterno de uma maratona 'plana' no asfalto. Uma só exigência de musculatura, a ponto de pisar numa pedrinha lá pelos 40 km e sentir as pernas não responderem à uma mudança mínima no movimento.

Então eu deveria ter me preparado direito. Só que não. Acabei encaixando a maratona como a terceira de uma séria de provas, o mountaindo costão com 22km de trilhas e um duathlon extremamente ardido. E aí uma semana de treinos leves e uma pré-prova de guloseimas farináceas que deixam qualquer um estufado. E ainda assim o resultado foi bom. Muito bom. Eu passei algumas horas depois da prova pensando se gostei ou não e a conclusão foi que gostei muito. Embora bem longe do alvo, o resultado foi fruto de uma estratégia arriscada (e portanto incerta) e do máximo esforço para a situação. Assim, vamos à Maratona SC 2014 !

Alinhei à frente depois de algum aquecimento dinâmico e larguei controlando o pace o tempo todo. Logo de cara passamos pelo túnel e aí tasquei o lap no garmin, de forma que nunca mais a marcação de kilometragem bateu, mas tive como controlar o pace no início. E então foram-se os 12 primeiros km, uma ida e volta até o trevo da seta no final da baia sul. Ritmo dentro do previsto. Na verdade, não muito. A sugestão do Roberto foi tentar fazer uma prova progressiva, algo entre 4:25 a 4:15 até uns 15 km, aí apertar para 4:15 e ver o que dava pra fazer depois dos 32 km. Aí eu pensei: 4:16 é um pace para sub-3. 4:15 é melhor ainda, mas se for fazer 4:25 até os 15 nunca mais vai sair 4:15 de média. Fiquei matutando isso, se deveria botar um foco em sub3 mesmo sem treino específico nenhum. Bom, quem não arrisca não petisca. Como eu iria saber se dava sem tentar ? Eu achava que não dava, mas que poderia ser 3h bem baixinho. Não é toda hora que se faz uma maratona, então resolvi tentar: saí em 4:15 e tentei manter isso o mais constante possível. O progressivo foi deixado de lado para fazer algo constante, mas que saiu regressivo no ritmo e progressivo no esforço e desespero para chegar.

Ainda assim não foi constante, pois tinha vento e algum sobe e desce muito leve. Encontrei um cara de Blumenau e fomos revezando a marcação do ritmo e quebra do vento. Alguma perseguição para pegar um outro grupo à frente e logo estava correndo entre dois grupos grandes, um à frente e outro bem longe lá atrás. Isso até o 32, porque na terra de ninguém depois dos túneis a densidade populacional de corredores diminuía drasticamente.

Bom, antes de chegar no 32 tem que passar pelo 22, que fica lá na UFSC depois de tooooda a beira-mar. E aí a coisa começou a ficar estranha. Meu pé direito começou a esquentar. Rapidamente estava queimando, uma bolha estava vindo. Lá pelos 25 km o ritmo ainda estava bom e até acelerando um pouco com o vento a favor, mas o pé estava realmente doendo. O esquerdo também, mas era no direito que eu conseguia sentir o líquido se mexendo e espetando tudo na sola do pé a cada passo.

Encontrei o Marco Scarduelli de bike perto da ponte, reportei o estado do pé e perguntei se ele não tinha um pra me emprestar. Ali eu estava seriamente pensando em parar na tentar furar a bolha, mas essa ideia sem noção durou pouco tempo.

Passando na área de chegada no km 32 o ritmo estava perfeito em 4:15 mas o esforço já tinha causado estragos: a FC estava bem alta e o estômago estava muito estranho. Eu sentia a água chacoalhando lá dentro mas tinha que tomar outro gel. Com mais água, claro, o que aumentou o chacoalhamento. Entramos pela terceira vez no túnel e aí no campo desolado da enormidade do mundo paralelo que existe no além túnel (palavras do Palhares). Deserto, corredores espalhados esparsamente e nenhum publico ou movimento, só a ida sem fim. Xinguei um pouco aquele retorno que não chegava nunca, o Jacó estava ao meu lado de bike filmando e rindo de alguma coisa. O ritmo foi despencando, mas ainda apresentava alguma decência. Finalmente o retorno apareceu e foi só fazer a volta e começar a ir contra o ventinho mínimo que o ritmo implodiu de vez. Foi piorando, piorando... fiquei imaginando algo parecido quando alguém que tinha um monte de ações da OGX viu o valor derreter ao longo de pouco tempo.

Após o retorno eu comecei a virar um cone. Quem não estava quebrado me passava na maior velocidade, eu até tentei acompanhar um mas o Jacó me aconselhou a ficar quieto pra não quebrar de vez.

Uma leve vontade de vomitar e finalmente o túnel final. O Décio estava pedalando no lado e me deu uma baita força naquele final sofrido. Fazia tempo que não tinha tanta vontade de andar numa prova. Não teve jeito de voltar algum ritmo nem com a descidinha para a chegada, foi terminar do jeito que deu, completamente embrulhado. Parei feito um toco na chegada, mas logo consegui me recompor depois de me jogar no chão e vomitar um pouco. Fiquei novo !

Coisa realmente horrível é esse pé
Não tão novo. Os pés estavam pegando fogo. Fui pra massagem e tirei a meia, e tinha uma coisa feia lá embaixo que assustou a fisioterapeuta. Depois fui pra tenda da Ironmind comer alguma coisa, e aí então fui pro carro. Que estava lá no raio que o parta, depois do fórum. Uns 500 m de distância, mas naquelas condições muito mais longe do que o recomendado.

Buenas, o resumo foi que o ritmo despencou de 4:16 pra 4:26 em 10 km, os pés pegaram fogo e eu tentei o melhor que pude. Não quebrava desse jeito há tempos, certamente faltou glicogênio e reposição (só entraram 3 GU). Saiu 3h11min25seg de tempo oficial, um recorde pessoal. Menos de 5 min mais rápido do que Curitiba, que com aquela altimetria continua sendo minha melhor maratona em 2010 com 3h16min15seg.

Entonces é isso, o legal é que saiu um 23º geral numa maratona oficial, o que é muito bom ! Categoria não deu nada, 6º, pois os três primeiros eram possuídos e chegaram abaixo de 2h50.

Agora é um breve descanso e volta aos treinos com foco em triathlon de novo, aí vem o Duathlon de Blumenau, Olímpico de Jaraguá, Challenge e Short de Garopaba. Bora lá.

Ali pelos 30 km
Essa meia... corri com ela a primeira vez uma prova longa de asfalto.
Senti CALOR na perna. E ela destruiu a minha sola do pé, mesmo já tendo sido usada no Desafrio.

Os restos terminando a prova... Foto do Daniel Carvalho
Quando reconheci o Daniel fiz de conta que estava tudo bem !!


quinta-feira, 21 de agosto de 2014

Correndo em Paris

Incrível como correr em cidades diferentes dá uma nova perspectiva às coisas. Consegui arrancar um tempinho e em algumas cidades da viagem de férias e vou dizer, é algo sempre imperdível.

Obviamente Paris era a principal curiosidade. Eu fiquei procurando locais para correr e não achei muita coisa óbvia fora de parques, mas queria andar pela cidade, me enfiar em ruas, passar por lugares que não passamos nos passeios. E aí num dos dias 'à noite' saí às 20:30 num sol espetacular para um roteiro que inventei com o mapinha do metrô nas mãos.

Não é uma cidade muito fácil para correr. Muitos cruzamentos, escadas, e gente, muita gente. Mas deu pra salvar bons trechos nas margens do Sena, no Jardim de Toulerie e por incrível que pareça na calçada da Champs Élyssés. Nada pra desenvolver muita velocidade, claro. Até porque não dava. Foto pra todo lado e muitas paradas contemplativas. Cidade desgraçada de bonita, e com sol até às 10 da noite, o povo tá todo na rua a essa hora correndo.

O circuito foi simples, uma volta longa que fechou em uns 16 km. Saí do hotel perto da Torre e segui pra Notredame. De lá atravessei as ilhas e passei por dentro dos prédios do Louvre, aí saí no Jardim de Toulerie e peguei a Champs até o Arco. De lá achei que seguiria reto até a torre para voltar.

Aí deu problema. Paris não tem 'quadras'. Nem esquinas, é tudo torto e arredondado, de forma que saí do Arco e me perdi geral até chegar no rio, a um km de onde gostaria. Atravessei e como peguei uma paralela que na verdade não era paralela por onde tinha começado, me perdi de novo pra chegar no hotel. Era pra ter dado uns 12 km hahah.

Depois de Paris consegui fazer o longo na Normandia, em Moidrey, colado no Mont Saint Michel. Outro espetáculo, mas este sem fotos e complicação: uma estrada de terra passava atrás do hotel e tinha 10 km, foi só ir e vir e ir e vir mais um pedaço e saiu um baita treino, o que salvou a maratona.

Aí em Vouvray, no úlitmo dia, saí pra um trote de 10 km à noite que acabou saindo forte pela chuva e queda acelerada do astro rei. O resumo é o seguinte: corra em lugares inéditos. Vá se perder em algum canto, descobrir ruelas e vistas diferentes em viagens. Garanto que é sensacional.


Saindo do hotel lá estava ela escondida num beco ainda não visto
O onipresente Sena num fim de tarde espetacular
Dorsay

Uma careca e a Notredame
Por do sol, ilha da cidade com a notredame
Louvre
Ah, sim. O Tour
A corrida mais elegante do mundo hauhauahu
Essa rotatória do Arco do Triunfo tem umas 12 saídas
De volta, depois de errar o caminho. A torre já acesa valeu.

sexta-feira, 15 de agosto de 2014

Inércia


Inércia é um negócio interessante hein ? A tendência a permanecer no estado em que se está pode ser observada em várias situações. Por exemplo, eu tenho inércia do sono: quando estou acordado demoro a dormir pois sempre vou fazer alguma outra coisa, já que ainda estou acordado, mas quando estou dormindo é difícil acordar pois estava dormindo antes. O mesmo acontece com os treinos: quando não se está treinando é difícil começar, mas uma vez que se entra em fluxo de treino (o difícil é conseguir parar).

É a mesma coisa como cada sessão de treino: o difícil é começar. É muito fácil arrumar uma desculpa (razão é diferente !): trabalhei até tarde, estou cansado. Está frio. Está ventando. Está de noite ou ainda não amanheceu. A cama está boa. Estou com fome. O importante aqui é começar. E começar começa antes de começar o treino propriamente dito. No meu caso, é visualizando o treino (ok, apenas com os treinos mais importantes eu faço isso). Pode acontecer dias antes ou muitas horas antes, e o treino já está começado mesmo antes de começar. Simplesmente vai ser feito. Essa é a primeira decisão.

E aí tem-se que começar realmente. Perdi a conta de quantas vezes saí pra treinar achando que não ia dar, que os intervalados não sairiam do jeito esperado, ou o ritmo pretendido seria muito difícil de atingir. Na última terça-feira mesmo. Deixei pra nadar e pedalar a noite, depois do trabalho (a inércia do sono em ação). Foi um dia daqueles, teria que nadar enquanto o filhote estava na aula de futebol logo depois de sair do trabalho, e aí teria ainda queria pedalar. E haviam intervalos nada amigáveis. Claro que não era nada extremo, na verdade uns poucos de ritmo mais moderado, mas com o ritmo de natação que estou ultimamente já fui inventando desculpas do tipo "eu alongo o intervalo", "reduzo o ritmo", etc.

Caí na água e depois de uns 1000m de educativos e aquecimento e haviam 6 tiros de 50 m pra 1 min. Coisa fácil. Mas estava pesado e achando difícil. Os tiros saíram e aí haviam 6 de 150 pra 3 min, coisa também outrora fácil. Comecei já pensando e fazer uns intervalos maiores mas no segundo bloco o ritmo encaixou. Mas só encaixou porque eu comecei. Se não tivesse começado não saberia, e os tiros foram progressivos, melhorando a medida que ia ficando mais cansado. Como pode ? Pode, porque o que manda é a cabeça. Se você decidir o corpo vai atrás, acompanha. Mas tem que decidir com vontade. E isso não quer dizer que vá sair um tempo melhor que o outro sempre. Mas que vai sair o melhor para aquele dia, aquelas condições. Claro, até um limite, pois cabeça pode sofrer de demência, já as pernas acho que não.

Lembro de um intervalado especialmente assustador às vésperas da Indomit. Eram 4 x 5 km com ritmos progressivos. Eu olhei pra aquilo e logo pensei em fazer 20 km um pouco mais forte e me dar por satisfeito. A coisa estava feia, o volume atingia picos históricos nunca antes vistos na história desse país. Mas no dia anterior olhei bem para os ritmos e decidi que iria começar pra valer. Nessa hora tem-se que saber que se der deu, ótimo. Se não der não deu, bom também. Sabe aquela de que treino bom é treino feito ? Então. Mas tem que começar mirando no ótimo. Tiro na lua. Se não acertar, pelo menos fica boiando perdido entre as estrelas. E o treino saiu. E saiu tão perfeito, tão próximo dos tempos estipulados que eu mandei um email com o link pro Roberto ver. Claro, com isso não quero dizer que é pra sair se matando em todos os treinos, muito pelo contrário. Como sempre e em tudo, a virtude está no equilíbrio (foi o mestre Yoda quem disse isso ?).

Antes eu imaginava que ir para as montanhas era uma analogia perfeita para a nossa vida. Mas descobri que treinar para qualquer esporte de endurance também é uma analogia muito parecida (o que seria exatamente uma analogia muito parecida eu ainda tenho que pensar). Nos três casos (montanha, endurance e a nossa vida de cada dia), o importante é começar. Se vai dar certo depende, mas a única forma de dar certo é começando. Saindo da inércia. Isso vale tanto para uma sessão específica quando para o treinamento em si. Começar e criar a inércia do movimento, entrar em fluxo. Transformar o treino numa rotina tão natural que não pareça mais rotina (aquela que a gente esquece).

Assim com na vida, se esperarmos as condições ideais pra começar alguma coisa podemos não começar nada nunca. Então o negócio é não ficar pensando demais. Tem que fazer ? Vá e faça. Do melhor jeito possível. Se as condições não forem boas, será um treino em condições duras que vai treinar algo além do fisiológico. Se forem condições espetaculares sairá um treino daqueles de dar confiança. Sabe aquela de começar a academia ou dieta na segunda feira ? Desculpa. Tem que começar agora. Já.

Arrumar justificativas pra qualquer coisa sempre é mais fácil do que fazer. Mas fazer realmente dá a satisfação que é necessária para viver de fato, e não apenas existir. E em todos os casos, a não certeza de conseguir fazer alguma coisa é algo que sempre, mas sempre me inspira a tentar fazer a tal da coisa. Seja uma prova diferente, mais rápida, mais longa, mais vertical, mais explosiva. É preciso arrumar um motor pra ir pra frente sempre.

E aí, como você faz pra sair da inércia ?