Estou até agora atônito com o que conseguimos realizar no fim de semana na serra. Foi algo surreal, incrível, fantástico, magnífico, duro, lindo, espetacular e emocionante, pra economizar nos adjetivos. Ter co-organizado essa prova junto do Manente, Fabrício e Palhares e ainda corrido foi inacreditável.
Nem sei por onde começar então vai pelo começo. Num sushi em agosto definindo as linhas gerais da prova, até instantes antes da largada, pensando em detalhes, detalhes e mais detalhes. O Manente foi simplesmente incansável e onipresente organizando tudo enquanto nós três corríamos. Obrigado meu amigo !! Na sua vez de correr sou staff de certeza.
Pois então. Sexta a tarde reunimos todos os atletas para o congresso técnico no parque da largada, uma lagoa sensacional. Informações dadas, detalhes esclarecidos e fomos retirar o kit e fazer o bike check-in. Tudo perfeito, e então fomos jantar.
Comecei a começar a tentativa de dormir as 23:50, e 01:00 ainda estava acordado. Então acordei sem despertador às 3:45 para começar a preparar a largada. Uma banana e um café feito pelos meus magníficos staffs Luciano e Luana. Nada mais, pois ainda havia macarrão sendo digerido do jantar.
Fomos pro pier onde deu-se a largada de triathlon de longa distância mais sensacional que o Brasil já viu. Quem estava na margem se emocionou e riu descontroladamente. Exatamente às 05:00 do dia 16 de dezembro de 2017 começamos a nadar.
Uma volta, e então começou a clarear. Segunda volta foi com a aurora alaranjada anunciando um dia espetacularmente espetacular. Incrível largar a noite, nadar na escuridão sideral olhando as estrelas a cada braçada. Animal !!!!!!!!!
Comecei a bike estranho. Acho que tomar duas doses de R4 não ajudou, mas achei que estava há muito sem comer. Talvez aquilo tenha drenado energia para o estômago e não para as pernas. Só sei que cheguei na BR 101 com um sol espetacular e segui pra Criciúma. Ainda estranho, pernas pesadas, fazendo muita força e ofegante.
Começamos a trocar posições, várias atletas próximos uns dos outros. Em Siderópolis começaram os morrinhos e primeiros visuais da serra. Neste trecho pedalei com o Arthur Rufato e com o Fabrício, Sandro também estava perto.
A estrada já é bonita ali, e tinha um trecho de neblina fantástico e refrigerante, mas logo o sol começou a arder e assim foi o dia todo.
Ao pé da serra a parede nos intimidava, mas incrivelmente foi ali que comecei a melhorar. Subi a serra sem olhar pra números, e ao final alcancei o Palhares. No topo da serra tinha um posto de hidratação espetacular com a galera toda, muito muito legal. Comi pão de queijo e tomei uma lata de coca cola antes de seguir.
De lá até bom jardim tem um alívio legal, bastante descida e trechos pedaláveis clipado. Mas a alegria dura pouco e as subidas recomeçam, e vão minando o vivente. Até o trevo do cruzeiro quando vira-se para Urubici é uma coisa ardida.
Lá novamente outro alívio até o Pericó, quando então começa a cereja do bolo de crueldade. Uma subida de 20 km até vacas gordas, de onde despencamos até Urubici. Do km 165 até a cidade a média foi de 45km/h com 75 watts :-). Cheguei na T2 junto do Palhares.
Família toda lá, uma festa, mas eu estava meio alucinado e nem no banheiro fui. Esqueci do pão de queijo. Não passei protetor e saí correndo. Logo parei num poste.
Fiz o retorno no William, nosso staff referência em altimetria humana. Voltando vi o Palhares vindo perto, logo depois o Fabrício e então Sandro, Lívia, Cini. Passei na T2 novamente no km 7 e segui pras estradas de terra, onde o William e a Rita armaram uma mangueira pra molhar os atletas no sol escaldante das 14 horas de horário de verão.
Porém o calor não era tanto nas estradinhas rurais bucólicas do invernador. Coisa boa correr ali ! E então o Palhares chegou e seguimos juntos até o asfalto, onde o sol começou realmente a apertar. Muito quente, e a única salvação era a água que os fantásticos staffs jogavam na gente. Uma festa staffiana, o André e Dani e o Luciano e Luana estavam juntos a prova toda nos acompanhando desde o km 95 do ciclismo, coisa fantástica. O Luciano informou que o último atleta tinha entregue a bike as 16:20, todos na T2, exceto uma desistência na natação. Correndo e pensando na prova, mas sabendo que ela estava em ótimas mãos com o Manente na liderança e todo aquele pessoal fantástico no apoio, Doc, Éder, Matheus, graduandos, fisioterapeutas, árbitros da fetrisc. Não conseguia decidir o que me deixava mais feliz, estar correndo ou estar vendo a prova se desenrolar diante dos meus olhos com aquela perfeição toda !
Comecei a sentir uma desagradável pressão interna no km 21 e seguimos correndo e andando nos morrinhos (perfeitamente corríveis em condições normais), mas ao chegar no km 26 no pé do morro da igreja tive que libertar com urgência um urubu selvagem. Antes tinha trocado os tênis e o palhares escapou um minuto acrescido do tempo da evacuação, para nunca mais ser visto :-).
Outra tenda de apoio fantástica, uma coca cola e então toca reto pra cima toda vida !! O Luciano já vinha correndo trechos e dali pra cima correu tudo comigo, e a Luana foi no carro de apoio. Que subida surreal. Começar um trecho de 16 km no km 26 de maratona de uma prova full distance, já com mais de 11 horas de prova, ganhando 1100m de altitude até o píncaro do mundo habitado do sul do Brasil a 1800 m foi absolutamente ímpar. Nada jamais se comparou a isto na minha história no triathlon.
Seguimos por 5 km 100% caminhada, impossível correr. Aí então umas descidinhas, planos falsos e infinitas subidas empinadas. Sol forte, visual estonteante pra todos os lados até que fiquei realmente tonto, com olhos pesados e sonolento. Precisei sentar por 1 min no porta-malas do carro e tomar um redbull. Depois de um tempo comecei a acordar e logo estava melhor.
O morro da igreja é impressionantemente inclinado. Sobe o mesmo desnível da rio do rastro na mesma distância, mas não tem aqueles zigue zagues todos, são rampas loooongas de concreto rumo aos céus, no caso, um baita céu azul de fim de tarde.
Chegando no topo botei a camisa de ciclismo, estava sem camisa há tempos. O visual era cada vez mais magnífico e na curva final onde até caminhar é difícil avistei o Arthur me esperando. Logo a Daiane e a Laís e o Luciano correram juntos e entrei no pórtico de chegada mais fabuloso que já existiu, de frente pra pedra furada num fim de tarde azul às 18:45. Não há palavras pra descrever aquela felicidade, alívio, realização, orgulho, tudo misturado.
Dos 24 atletas, 23 completaram, sendo 11 no percurso principal com o morro da igreja e 12 no alternativo. Isso dá duas dimensões: a dureza do percurso e a tenacidade dos atletas. Todos foram absolutamente determinados e fortes até os ossos. Estamos todos de parabéns !
Sobre a organização, perfeito não é bem a palavra. Preciso achar uma melhor. Foi Épico !
Fotos do Duks, Ana, Celinho, Luciano e mais um povo animado :-).
Congresso técnico ! |
Histories do Flows |
Sério, que linha de chegada é essa ???? |
Palhares, eu, Fabrício. Três organizadores, 2-4 colocados, 17 min de diferença |
Sensacional ! |
Linha de chegada, recebendo a medalha do Manente, o Diretor de Prova Onipresente ! |
Não há pórtico igual ! |
Não consigo parar de olhar pra essa foto |
Premiação e almoço de confraternização na pousada das flores ! |