quarta-feira, 2 de maio de 2018

Ironman 70.3 Florianópolis - arriscando sem medo

Pra quem quer só ver o resultado e tiver preguiça de ler, taí. Pode pular pras fotos no final hahaha
No caminho para o Ironman havia um meio, havia um meio no caminho para o Ironman.

Evento de várias primeiras vezes: primeiro Ironman 70.3 Florianópolis, primeira vitória na categoria numa prova de grande porte, primeira prova longa na 45-49, primeiro exame anti-doping, melhor tempo num 70.3, melhor corrida num 70.3, melhor potência na bike. Comecemos rapidamente pelo início de forma sucinta, pois os treinos estão deixando a atividade de relatar as provas mais difusas que o normal.

Foi uma baita prova do início ao fim, extremamente bem executada sem medo de ser feliz. Sexta feira fui pra casa do meu pai nos ingleses pra facilitar a logística e no sábado fiz o tradicional treino de 10 min nas três modalidades pra ativar o corpo, depois de uma sexta feira longa mas sem treinos. Fiz em jejum porque acordei tarde e não sei como alguém consegue :-). Simplesmente havia uma cratera no meu estômago.

Congresso, retirada de kit com fila e então uma sessão de quiropraxia na Quiron Saúde que me deixou alinhado para a prova. Ainda na sexta havia trocado as últimas informações com o chefe e alinhamos a estratégia da prova, então restou a tarde para descansar e esperar a hora do bike checkin estudando o startlist. A noite a Daiane preparou uma massa pra turbinar o glicogênio e fui dormir tranquilo. Acordei todo mundo as 4:30 e fui pra largada.

Pré prova tranquilo e digestivamente ativo como sempre. Aqueci muito pouco no mar e fiquei mais de 10 min alinhado para a largada, coisa chata haha.

Prova


Largamos alucinados, todos aloprados como sempre é uma largada. Só que nos ingleses diferentemente de jurerê existem muitos buracos na areia, e então foi um tal de nada levanta corre fura onda e engole água até começar a nadar direito, quando agarrei numa esteira confortável até a primeira boia. Nadei legal até a segunda e então fiquei perdido na terceira, achando que estava fazendo uma barriga ao ver uma tripa de gente à minha esquerda. Nadei sozinho até o final e como vi várias toucas amarelas achei que tinha nadado muito mal (esqueci que larguei junto da 30-34). Saí meio puto pra transição e comecei a pedalar muito forte, a ponto de chegar no topo do morro com 280 W NP, o que é uma cagada.

Já na SC401 eu não via ninguém e segui forçando no que tinha conversado com o Roberto. Achava que estava muito pra trás e lá perto da UFSC é que tive alguma visão dos outros atletas e não eram tantos assim à frente.

Continuei pedalando forte e apareceu uma dor inédita na panturrilha esquerda. Não entendi e continuei forçando pra ela desaparecer. Aí lá nos túneis realmente vi onde eu estava e fiquei mais tranquilo. Só ali comecei a entender a prova e então os abdutores começaram a gritar, outra coisa estranha.

Quando comecei a voltar com o nordeste levantando apertei até não poder mais, pedalando na nítida sensação de estar andando no fio da navalha. Nunca tenho caimbras mas a sensação é que seria atacado por várias a qualquer momento.

Foi o trecho que mais ultrapassei gente, muitos atletas mesmo. Todo o trecho até canasvieiras clipado e com potência maior do que a ida. Incrível como ter o que gastar no terço final dá resultado.

Transitei pra corrida muito rapidamente e logo encaixei um ritmo que durou até os 8 km, sem olhar relógio. Ao sair pra correr meu pai falou algumas coisas todo empolgado, e eu achei ter ouvido que estava em segundo lugar, mas estranhei ele saber disso hahaha. Lá no km 6 o Matheus me falou a mesma coisa e já cantou o nome e distância do primeiro atleta. Aí então comecei a achar que estava mesmo em segundo lugar. Tinham duas vagas, então algo bom já estava acontecendo.

Com 10 km o ritmo deu uma entortada mas aí vi o primeiro atleta e sem pensar acelerei para passar. Aí não pensei mais nada e segui o melhor que dava. Poderia ter alguém no encalço, e mesmo se não tivesse ainda havia eu mesmo pra ganhar de mim. Afinal, a primeira batalha é contra a gente mesmo.

Na terceira volta todo mundo já gritava, a Daiane e a Laís já diziam que eu estava em primeiro, a galera da Ironmind agitava tanto na passagem que dava pra sentir a aceleração. Segui do jeito que dava, aí sim olhando o relógio o tempo todo, pois nessa hora isso me ajuda a focar... é incrível como relaxar um pouquinho já faz o ritmo cair e no final cada segundo conta, e como conta.

Cheguei no que talvez tenha sido uma das provas mais bem executadas, tudo absolutamente no que era possível para o dia, arriscando sempre um pouquinho mais. Que sensação impagável !

Logo encontrei a turminha toda do outro lado da cerca, que coisa fantástica. E aí depois de me despedir fui agarrado pelo braço para ir ao antidoping ! Finalmente uma prova com teste de amadores, foram 6 ao que fiquei sabendo. Muito bom ter esse tipo de controle nas provas de Ironman.

Só que a coisa não foi tão simples, era preciso ter documento e eles estavam a 2 km de distância. Tive que achar a Daiane e pedir pra elas irem correndo buscar. Enquanto isso fiquei lá em cima no local do teste com um staff me olhando, tendo que armazenar o xixi que queria sair desde o meio da corrida kkkkk. Documentos em mãos, protocolo cumprido e aí então fui comer alguma coisa e arrumar as tralhas. Fui pedalando pra casa e já cheguei lá com o almoço pronto. Eu era uma arma de destruição de comida em massa !

A noite teve a premiação e a rolagem das vagas, que foi devidamente agarrada pois essas oportunidades não devem ser desperdiçadas haha. Que dia !

Como nunca fazemos nada sozinhos, não tenho como não agradecer à Daiane que tira paciência de Júpiter pra me aguentar. Junto com os melhores pequenos torcedores do mundo, ficou lá o dia todo torcendo e dando força. Muito obrigado meus amores.

À equipe Ironmind, muito obrigado pela torcida, fantástico passar por vocês a cada volta. Obrigado coach pela preparação perfeita como sempre, e Éder, você me salvou pra essa prova de forma que nem imagina :-).

Por hoje é só pessoal, a próxima postagem será sobre o Ironman Brasil. Até lá.

Dados


Tomei 1 1/2 medida de Dux Energy com Beta Alanina na bike, com mais 3 gels. Na corrida foram 2 gels e um gole de coca cola. Só peguei uma garrafa dágua pois saí com uma cheia mais o carbo.

A bike foi fortinha, com IF .88. Melhor NP e AVG de um 70.3. Melhor corrida da história em 1h29min20seg. Natação que achei ruim foi relativamente boa com 30 min e 12o lugar. Saí da T2 já em 9 e entreguei a bike em 2, chegando em 1 na 45-49 e 52 geral com os 14 da elite.

Estranhamente a potência foi maior e a média menor que no challenge, mas acho que está bem explicado pois tem mais altimetria (a subida vindo dos ingleses é longa e lenta) e havia um vento safado e oculto.

Fotos


Pódio e vaga, isso até que é muito legal hahaha

:-D

Uma baita estreia pra prova que veio pra ficar !

Voando pra chegar, ouvi passos vindo !

O gile quando não corre apita ! Agora é árbitro ! Valeu parceiro !

Pequeno homem acordou as 6 e a noite estava desmontado

Até rolou um sprint na chegada

Logo ao chegar encontrar vocês vale por tudo !

Já indo fazer xixi no potinho

Tem algo errado, não tem carete

Posso dizer que fiz força do início ao fim e mandei as pernas calarem a boca


Descendo alucinado. Cada segundo conta.

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