terça-feira, 17 de abril de 2012

Triathlon Long Distance Caiobá 2012


Primeiro e único triathlon do ano rumo ao Ironman 2012, o long distance de Caiobá foi mais punk do que no ano passado (para mim, claro). Desta vez fui sem a família, junto com o Varela, e saímos já às 13 horas direto até o destino. Pegamos um temporal na balsa em Guaratuba e outro depois do congresso técnico que lembrou o ano passado. Muita água, raios e trovões, mas depois clareou e caiu um ventinho.

A manhã começou bonita e com vento, mas como o hotel ficava num lugar alto achei que poderia não ter tanto vento na hora da prova, pois a esperança é a última que morre. Mas era nordeste malvado, e girou pra tudo quanto é lado e intensidade a manhã toda ;-).


Domingo cedo chegamos na área de transição, fila para entrega das bikes andando rápido e enfim tudo posicionado no cavalete. Recebi outro chamado urgente da natureza, eram 7:20 e a largada seria às 7:50. Os banheiros químicos não tinham todos os apetrechos necessários, então corri até o hotel da prova. Voltei correndo a poucos minutos da largada do short triatlhon, aquecimento realizado. Fui pra água e já ouvi a organização no microfone dizendo pra sair de lá que o short iria largar. Dei umas 10 braçadas e corri pra alinhar, entrei pelo meio do povo e fui lá quase pra frente. O short largou e logo nós.

Larguei correndo forte e já hiperventilando no início. A água estava escura demais, não dava pra ver nada até que a coisa acertasse você, o que me aconteceu duas vezes antes da primeira bóia, um calcanhar se aproximou rapidamente até o meu olho direito, entrou um pouco d’água no óculos mas continuei. Aí levei uma sola do pé no queixo, contornei a primeira bóia, e não vi mais nada além do sol. Segui a manada, fui atrás do povo e logo um caiaque estava mandando todo mundo ir para a bóia 2, lá no raio que a parta, praticamente perpendicular à linha que eu e mais um mundo de gente vinha seguindo. Fiquei muito irritado com um erro daqueles, acelerei, contornei a bóia e voltei à praia esbaforido e determinado a olhar direito na segunda volta até achar a bóia. Só que o sol ainda estava lá e a bóia estava na sombra do costão, amarela que nem as toucas e baixa, impossível enxergar. Desta vez fui me mantendo no meio dos caiaques que controlavam o percurso e deu certo, caí em cima da miserável. De volta à praia, 34 min no relógio, 1 min a mais que no ano passado, mas 2100 registrado no GPS, erro de navegação e algum ventinho, então tá bom.
Percurso da natação, dá uma olhada no tamanho das barrigas para acertar a segunda bóia...
Disso eu concluo que quando consigo ver pra onde ir a navegação até que é legal ;-)
Transição rapidinha e o pedal começou. Existia vento na ida, mas o ritmo era bom, fui mais tranquilo nos primeiros 20 km, ainda sem tropeçar nos malditos pelotões. Ao fazer o retorno peguei gatorade extra-gelado e continuei, mas o vento estava pior do que na vinda. Fui tentando segurar a média, mas comecei a ver e ser embolado em alguns pelotes. Um bem lento, forcei e não vieram mais, aí uma menina grudou na minha roda e não consegui me desvencilhar da cara-de-pau. Uma outra veio e deu uma bronca nela tão grande que ou ela ficou com vergonha ou quebrou o ritmo mesmo, mas sumiu. Nisso estava chegando ao fim da primeira volta, e no começo da segunda um acidente feio, vi duas bikes caídas e um cara na maca. Houveram vários acidentes e tinham alguns cones derrubados, não sei se pelo vento, carro ou ciclistas.

Em linhas gerais vi o diretor de prova de moto várias vezes aplicando punições por vácuo, mas os pelotões são terríveis e não se desfazem. Os fiscais apitam e dão bronca, mas como não param ninguém os caras-deslavadas ficam ali amontoados.

Cuidei bem da alimentação na bike e tentei comer tudo que levei, só sobrou um gel. Accelerade realmente funciona, é impressionante. Usei uma garrafa com 3 medidas e 3 gels no pedal e atendeu plenamente. Acho que a Pacific Health deveria me patrocinar ;-). Tentei manter a média mas a última perna de 20 km foi bem sofrida. Dores na frente das coxas e na lombar, muito vento (ou percepção de muito vento numa mente cansada). No final do percurso entramos para a cidade, a Valéria me ultrapassou e logo fomos engolidos por um pelotão enorme, seguimos todos embolados para entregar as bikes, fechando em 2h20min. Ali realmente não tem jeito, é como no início do ciclismo, é muita gente saindo da água ao mesmo tempo num trecho curto e lento, não tem como não embolar. Mas em lajota e com lombadas, acho que não faz grande diferença vácuo.

Saí pra correr muito rápido e encaixei um ritmo regressivo, primeira volta a 4:11, segunda bem pior e a terceira grudado a 4:40. As pernas não iam. Não estava cansado demais nem ofegante ou com batimento muito alto, mas as pernas tinham fisgadas de câimbras na frente. Parece que aquilo ali era o regime permanente. Tentei acompanhar um cara que me passou e corri a uns 4:20 por uns 200 metros e quase travou tudo. Também fui com um tênis leve, baixo, novo e sem meias, coisa que nunca fiz. Como lambuzei tudo de vaselina, deu certo, exceto pelo segundo dedinho do pé direito, que virou uma bolha só do tamanho de uma azeitona graúda. Vi atendimentos médicos na corrida, um bem preocupante perto do retorno da chegada, depois vi o cara andando sendo apoiado, mas a cena assustou. Estava um pouco quente, mas felizmente o sol deu umas escondidas. O abastecimento estava excelente, água e gatorade sempre gelados e coca-cola em um ponto.

Acabei a corrida em 1h32 e fechei a prova com 4h30min. 2 min mais lerdo do que em 2011. De início achei uma porcaria, mas logo fui percebendo o esforço, que tinha sido bem maior. A bike foi 1 min mais rápida mas certamente tinha muito mais vento do que no ano passado. A corrida definhou um pouco acho que da força que fiz na bike, pois no geral está melhor do que 2011. A natação me agradou mesmo com o erro, pois o pace de min/100 mts foi legal. Acabei ficando em 72º geral contra 87º em 2011 e na categoria pulei de 22º para 12º, então apesar do tempo maior, o resultado relativo foi melhor, assim como a percepção de esforço ! Viram, tudo é relativo ;-).

Condições mais duras que em 2011, atletas de alto nível e a turma da Iromind detonando com vários pódios e estreantes na distância de ‘meio-ironman’. Muito bom. Agora as turbinas já estão aquecidas para o Ironman, vamos em frente !!!! Também foi legal encontrar pessoalmente duas figuras virtuais, o Vagner Bessa e o Wlad... essas pessoas por trás dos blogs realmente existem hahaha ;-).

Agora a parte ruim: apesar de ter gostado muito da prova, tem dois pontos cruciais a melhorar: 1) As bóias precisam ser mais altas e de cor diferente das toucas. 2) A distância está errada de novo. Porque divulgar até na camiseta de finisher 90 km na bike se tem 81 e 21 na corrida se fecha 20,5 ?? Fora isso, sempre a questão dos pelotões. Não me importo tanto com o fato do vácuo ser trapaça, pois a minha briga é mais comigo mesmo, mas dessa vez vi como isso causa acidentes. Acidentes desse jeito numa prova eu nunca tinha visto. Mas o que tirou realmente o brilho da prova foi o caso da Vanusa Maciel, que se machucou feio numa queda. Que melhore rapidamente...

PS.: Atualização para descontrair: há relatos de um atleta pedalando com a roupa de borracha na primeira volta (40 km !!!!!!!!!!!!). Várias testemunhas riram viram o fato. Fico rindo só de imaginar. O sujeito pedalou 40 km com as mangas abaixadas e as pernas dentro do neoprene. Como é que pode ?? Não derreteu, pois aparentemente entrou na transição e tirou as calças e voltou pro ciclismo. Isto é incrível !

16 comentários:

  1. Estava na prova e realmente o percurso da volta da bike nas 2 voltas estava com muito vento...

    A natação fui no embalo do povo e acabei nadando nas 2 voltas de forma idêntica a vc...

    Bom agora é ir para o Ironman e fazer o melhor possível...

    Abcs e bons treinos

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  2. Parabéns pelo relato Rafael.
    Te conheço só de vista da época que trabalhei na Dígitro (conheço mais o Rodrigo Cansian). Eu fui nesse triathlon de Caiobá mas na modalidade short porque estou iniciando agora nesse esporte. Espero conseguir entrar num IM em uns dois anos.
    Volta e meia estou no teu blog vendo uns relatos.
    Abraço e parabéns.

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  3. Fábio, você pensava que a gente era um software, né??? (rsrsrsrs).

    Cara, mas sensacional essa foto da natação que você colocou!

    Eu vi você fazendo força e caprichando no sprint final!

    Estarei lá em Floripa para torcer de novo!!!!!

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  4. Parabéns Pina! Pela prova e pelo relato... É extremamente motivador ler seus "Relatos de Resistência". ;-)
    Um abraço.

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  5. Essa do garmin na água é sensacional !

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  6. Valeu os comentários galera.

    Marlus, vamos com tudo pro Iron, tá chegando e o pico da coisa ainda está por vir.

    Milton, qual teu sobrenome ? Pra ver se eu me lembro ;-). O Cancian tá enrolando pra começar triathlon, hehehe. Tem um tri longo da fetrisc aqui em floripa neste domingo, 2000 - 60 - 15, quem sabe te animas.

    O Vagner, quem é Fábio :-) Hehehe.
    A força foi o tempo todo na bike e na última perna da corrida pra não deixar cair mais... vi umas fotos e a passada não estava tão ruim ;-). Valeu o apoio lá. Vamos fazer treinos aqui antes do iron em Floripa então... vamos marcar.

    Renato, que tal começares ? Bike e corrida sei que já tá.

    Xampa, esse percurso da natação ficou legal. Mostrou que eu até navego reto e que as barrigas dão muito mais distância... E fica show quando sobreposto na foto do google não ?!

    Abraços

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  7. Ai Rafael, desculpa!

    Mas você não ficaria mal como "Fábio Pina", não, viu?
    ;-)))

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  8. Hahahahah
    Tranquilo !

    Vagner, quer dizer, Bessa, ou seja, você: quando vier ao Iron vamos ver se reunimos essa galera pseudo virtual aqui...

    Abs.

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  9. heheheh o cara com a roupa de borracha... foi ótima !!!..

    Parabéns Pina !!! vc anda muito...
    abraço
    Mister M

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  10. Detonou mais uma vez hein, parabéns.

    Eu vi o cara com a roupa de borracha e todos viraram pra tras, eu achei que tinha tido uma alucinação hehe mas era real. O cara deve ter morrido de calor.

    Eu também vi a Vanuza com o rosto todo ensanguentado caída no chão e alcancei o cara que derrubou ela, ele falou que um cara passou ele e fechou, ele bateu nela e os dois caíram, o cara tava todo ferrado nas costas e perguntou como que tava as coisas dele, o cara era o número 344, não sei quem era, mas ele falou que ia parar a prova pq tava tonto. E também tava preocupado com ela.

    Comparado a outras provas, os erros são pequenos e dá pra se divertir muito.

    A galera detonou.

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  11. Valeu Edu, mais um ano lá, mandou muito bem também.

    Alguém mais aí nadou com o garmin ? Qto deu no gps de vcs ?

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  12. Milton Bender Jr.
    Comecei na época no SAC (Joaquim) na equipe do Klava e depois passei para a APC na equipe do João Kinast e da Simone (faz TEMPO!!). :-)
    Pois é, eu tinha lido sobre essa prova aí mas eu não tinha como estar em Floripa nesse final de semana.
    Como coloquei num outro comentário, vou fazer o short GP Winter (tentando levar o Cansian junto) e gostaria de fazer um Olímpico até o final do ano. Se tudo continuar assim tentar o Meio Iron ano que vem e um Iron em 2014. Tudo ao seu tempo e se for possível.
    Por essas e outras sempre de olho aqui nos teus relatos.
    Aliás, hoje procurei e achei aqui justamente informações sobre a tão falada Subida da Rainha. :-)
    Abraço e bons treinos.
    No Iron desse ano estarei lá assistindo.

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  13. Fala Milton !

    Claro que lembro ! Vc trabalhou com o Cesário também ? Foi vc que escreveu um livro de Java (ou HTML, não sei ao certo) ?

    Manda ver no GPWinter, a subida é ardida mas não é um monstro. Ou não.

    Abraço e vamos falando.

    Rafael

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  14. Fiz um de XML (deve ser esse) e depois (bem mais tarde) um de Delphi 8.
    Buenas... tô inscrito lá, agora não tem volta! Vamos que vamos!
    Valeu pelo apoio. Vamos nos falamos sim.
    Abraço!

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  15. Parabéns pelo relato, mas.... qual é o problema do coitado do cara estar pedalando com roupa de neoprene... assim como o Triathlon, nas corridas de rua sempre há os profissionais e os não profissionais. Se não querem misturar, então separem as provas. Que isto valha para os organizadores. Relatos como este, ao invés de angariar mais adeptos, pelo contrário, afasta. Eu mesmo sou um que não faço este tipo de esporte por receio de "quem" vou encontrar pela frente. Triathlon é um esporte caro, e creio que pelo esforço do esporte deveria haver união e no mínimo respeito de todos, e acredite: jamais um amador que pedala com roupa de neoprene ou uma "caloi10" ganhará de uma pessoa mais experiente ou um profissional, mas ele fez o mesmo esforço que qualquer um. Batalhou para estar ali com a mesma "emoção" que qualquer outro. Mas chega de falar. Desejo sucesso a todos, bons treinos e boas provas.

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    Respostas
    1. Amigo anônimo...

      Problema nenhum ! O objetivo não é afastar ninguém.

      Só é engraçado, assim como um cara sair da transição pra corrida sem tênis ou pra bike com o capacete invertido. Só anedotas do triathlon :-).

      Abraço e bem vindo a esse esporte espetacular !

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