Depois de algum treino, hora de correr de verdade. Ao nascer do sol no morro das pedras a aglomeração de pessoas indicava o local da largada. Encontramos o Clodoaldo e a Paula, os amigos de Curitiba, o Aracajú e o Varela. Astral de largada é sempre bom.
Largamos já ao sul das pedras, posto que as próprias estavam recebendo a fúria do mar, para os primeiros 4 Km de areias muito fofas. Apertei o ritmo não sei porque, fui no embalo de todo mundo e não vi o polar. Quase na armação, 182 bpm, ihh, forçado, vai quebrar. Mas já estava perto, aí encontrei o Clodoaldo e continuei do mesmo jeito. Até a armação foram 20 min naquelas areias, tá doido. Economizei o tênis e evitei o mar em todo o trajeto, mas no rio ninguém foi pela ponte, então lá fui com água até a cintura para a praia do matadeiro.
A trilha estava ensopada e aí comecei a tentar reduzir o pulso, quem tava perto foi embora e fiquei sozinho. Numa passada besta quase torci bem o pé esquerdo, susto, parecia o Hélio no início do praias e trilhas. Fiquei meio lento, escorreguei mais e cheguei no PC que tinha antes da lagoinha. Segui para a praia lento para recuperar, já meio quebrado. Comi mais gel, corri forte a praia toda e comecei a subida já andando. Logo no início enterrei o pé numa poça de argila mole, parecia cimento. Pensei em voltar para o mar e limpar aquele peso, mas fui indo. Quando a trilha ficou plana, passei uns dois e alcancei um argentino no primeiro córrego (que nunca existe normalmente). Fui lavar o pé e o cara subiu o rio. - Aonde vai ? Subir el rio, disse o gringo. Se eu não perguntasse acho que ele iria praticar um improvável canyoning na lagoinha do leste.
Desci voando até o pântano do sul e cheguei na bike em 1h41min, 1 min além do previsto. Meus queridos amigos Fabi e William lá estavam para apoio, tomei gatorade e fui embora rápido, não sem antes receber tratamento de atleta de elite.
Fui indo forte, em média alta passamos o morro das pedras de novo e fomos para o campeche - ir para voltar é constante nessa prova. Numa curva fechada passaram voando uma speed e uma mtb por cada lado, era o argentino bufando para revezar vácuo com a speed. Como o cara corria ironman, resolvi obedecê-lo e revezar a dianteira no nordeste. Não é que funcionava ? Quando ia no vácuo tinha até que frear. Comi lentamente uma barra de proteína e continuamos, na lagoa fui ficando lento e o argentino dizendo que iria esperar no morro pois tinha ainda 8 km depois da descida na barra.
Na subida vieram mais 2 speeds e uma mtb feminina, passaram e o gringo se foi. Tomei água de côco gelada e fui muito devagar até em cima. O William tentou me empurrar sanduíche de novo, mas a leeenta deglutição da barrinha me preocupou e decidi evitar. Larguei tudo na descida e atingi uma velocidade absurda, mas só me apavorei mesmo ao ver 79 no velocímetro. Se cair, é o fim. Freei um pouquinho, lá embaixo ví que a máxima foi de 82, recorde absoluto em duas rodas.
Toquei pelo pinheiral do rio vermelho à sombra, perfeito para pedalar, mas já mais lerdo. Na vastidão asfáltica chegou a Shubi da Atenah, teve até um revezamento de vácou mas logo fiquei pra trás. Mas já estava perto e a chegada na polícia ambiental foi rápida, foi 1h25min no trecho, bem abaixo do esperado. Acho que devido ao revezamento de vácou, que mantém o ritmo alto o tempo todo. Funciona.
Finalmente comi alguma coisa, o apoio de novo foi impecável, descansei um pouco e saí para o caiaque. O William e a Fabi voltariam para a lagoa na openwind para a próxima transição.
Remada tranquila, no meio uns caiaques profí me passaram e eu passei uns 6 do tipo-padrão-lento. Ventinho lateral/traseiro até empurrava um pouco. Tinha pensado em ir bem pelo meio da lagoa, quase tocando a costa, para evitar os baixios. Mas esqueci. Quando ví estava com 30 cm de água dando remada na areia. Me irritei e fiquei de pé para tentar ver onde afundava mais, mas era muito longe. Corri um pouco empurrando o barquinho com o remo mas logo senti umas caimbras na coxa direita. Voltei a remar e a perna a fisgar. Afundou novamente, o vento e as ondas aumentaram e a chegada não chegava. Passei mais uns e aí uma canoa havaiana passou todo mundo voando. Fechou em 1h50.
Na transição troquei o tênis a mando dos apoiadores. Dada a lama da trilha anterior eu não queria ir com o mizuno e queria ir com o mesmo encharcado/podre e pesado que já estava no pé. Mas acharam um outro velho no porta-malas e me convenceram. O pé já estava murcho e fui salvo de mim mesmo pelos meus amigos. Estava tudo a mão, água, comida e gatorade, aí me empolguei e fui rápido pra costa da lagoa, fugi de alguma coisa que a Fabi foi buscar no carro.
Bom ritmo em sol forte logo dá canseira. Comecei a andar em qualquer morro. A ponte da lagoa foi definida como sendo um morro. Finalmente trilha e trote na sombra, comecei a tropeçar em gente quebrada e um mais enfermo me pediu para avisar o apoio que o atleta deles iria voltar para o canto dos araças. Fiquei com aquilo na cabeça, tentei telefonar pro William, até que encontrei um outro tomando sorvete no meio da trilha. Compartilhei a informação e desentupi a memória de curta prazo, voltando a atenção para a corrida.
Tinha muita água na trilha, e o boné funcionou de balde em todas as poças para aliviar o calor. Numa das maiores encontrei o Clodoaldo e mais alguns, logo começou a subida pra ratones e fiquei pra trás. Antes de pifar empurrei 1 gel e um saquinho de club-social, demorou pra descer mas resolveu, consegui correr bem a descida e logo na saída encontrei a Fabi, que tinha vindo da transição para me acompanhar. Trotamos até a AT e terminei o trecho em 2h3min.
Tive que receber primeiras-massagens para conseguir continuar, a lombar estava travada e a coxa direita fisgando. Comi 5 g de sal puro junto com um monte de coisas, recuperei bem e lá fomos para a remada no rio ratones.
A maré vazava de leve mas estava ainda alta, muito bom. O nordeste chegava a atrapalhar mas só em rajadas. Novamente passei uns no caiaque padrão e e fui passado pelas flechas aquáticas. Ano que vem parece que terá categoria para caiaque voador.
Rema, rema. Aí, rema mais e continua. Passei as pontes da SC e pra variar continuei remando no maior solão. A água com gelo que a Fabi pôs no camelback foi uma maravilha, tomei 1,5 lts no trecho.
Na chegada o William me ajudou e arrastou o caiaque até a AT, saí correndo no lodo, peguei a bike e pensei: agora vou detonar até a chegada. Já estava era detonado, não passava de 22km/h, mesmo no máximo. O nordeste ainda estava lá para irritar, as pernas estavam pesando meia tonelada cada. A AT para a corrida era no clube 12, mesmo ponto do iron. De lá saí para 1 Km na praia, que levei 7 min pra completar.
Chegada ! 90 Km em 9h7min, meta alcançada ! Que coisa boa terminar o que se começa. Não sei porque mas pra essa corrida fiquei meio fissurado em números e desempenho, fiquei muito feliz de terminar dentro do previsto e ainda inteiro. Fomos para um merecido mergulho naquele marzão que eu vi o dia todo mas do qual não me deixei usufruir.
Foi uma prova diferente, parecida com aventura, mas também com triatlhon pelas transições rápidas, e também com revezamento. Muito forte mas suportável, dadas as mudanças de modalidades. O bom era que quando uma parte do corpo estava destruída, podia-se destruir a outra para descansar a primeira, e depois começar tudo de novo. Muito bom. A Fabi empolgou e vai no ano que vem.
Apesar de ir no individual, não corri sozinho. Obrigado Fabiana e William !!!!
Fotos completas aqui.
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Resultados: parece que fiquei em 15o na categoria, mas ainda não saiu o oficial.
Fatos:
- Bike surpreendeu, 1h22mim
- Segunda perna de corrida foi um desastre
- Consumi 9L de líquidos - gatorade, cocacola, água, água de coco
- Comí 7 powergel, 3 clubsocial, 4 bananas, 1 barra de proteína, 1/5 de sanduíche
Muito showwww Rafael!!!! Valeu por toda a prova!!!! Esperamos o vinho da adega!!! Obaaaaa Bjão
ResponderExcluirParabéns Panda!!! Muito legal o relato.
ResponderExcluirInté...
LEGAL RAFAEL!! É SEMPRE MUITO BOM LER SEUS RELATOS.
ResponderExcluirABRAÇOS