quinta-feira, 30 de agosto de 2012

A verdadeira pior troca de pneu da história

Já relatei nos treinos para o iron deste ano a pior troca de pneu da história. Só que tudo sempre pode evoluir e hoje foi prova disso. Decidi trocar o treino de natação pelo pedal no rolo de amanhã, já que sábado tem longo de bike logo cedo. Então, armei as tralhas e fui pro bicho, comecei a assistir um filme, fiz dois dos intervalos da série principal e o treco ficou estranho. Fui conferir o pneu estava totalmente vazio, mas antes estava cheio. Furou pedalando no rolo, como é que pode ?

Fiquei sem saber o que fazer, e resolvi tentar pedalar com o pneu furado mesmo. Até que foi mais ou menos no intervalo de giro solto, mas foi só forçar mais que o pneu começou a bater no quadro, freio e fazer tudo quanto é tipo de barulho. Não dava. Aí pensei em usar finalmente o pit-stop que tenho desde 2009 e já deveria estar secando. Tirei a camiseta empapada de suor, a sapatilha, passei uma toalha nojenta e vesti uma camiseta seca para descer e pegar o pit-stop. Aí vi que não tinha chave do hobbybox em casa. Voltei a tentar pedalar na marra, mas não dava mesmo. Fim do treino com 38 min.

Bom, logo a Daiane chegou e meti na cabeça que iria usar o tempo para trocar o pneu e deixar tudo pronto para o próximo treino. Desci e busquei também todas as câmeras furadas, remendei as seis e fui trocar o pneu. Era o mesmo maldito da troca no aqueduto de são miguel, agora já no fim da vida sendo usado no rolo, é daqueles continental anti-furo. Tentei por um bom tempo tirar o pneu que estava há vários meses na roda e nada. A Daiane veio perguntar porque eu estava demorando tanto, como era isso numa prova, etc.

Fui ficando puto com aquele pneu miserável e quebrei uma espátula. Das boas, continental também e bem grossa. O pedaço quebrado voou na minha cara. Aí logo quebrei a outra e furei o dedo. Fiquei olhando pro pneu... "tu não nasceu aí desgraçado... vai sair nem que eu fique com as mãos sangrando !". Fui buscar uma faca e uma colher, e depois de mais muito tempo, de uma colher retorcida e a faca entortada, tirei o infeliz. Achei uma farpa de metal por dentro do pneu que só saiu puxando com alicate. Como aquilo foi parar ali e como só foi furar agora, pedalando no rolo pela enésima vez é um mistério do universo pneumático que vai ficar sem solução.

Remendei também a câmera furada e coloquei de volta. Mas com o cabo da faca, no maior cuidado pra não  morder... e enchi. Ficou cheio, fiquei satisfeito e fui arrumar e limpar tudo. Ao pegar a roda pra botar na bike, pneu murcho de novo. Ou mordi a câmera ou o remendo foi mal feito, ou os dois. Só que aí era questão de honra. Aquela porcaria ia ficar cheia de um jeito ou de outro. Mas trocar de novo não teria condições, a não ser que acabasse com mais uma colher. Ah, e o melhor de tudo, a galera tinha convidado pra pedalar de MTB...

Então terminei de levar tudo pra garagem e peguei o pit-stop. Já meio seco, todo lascado de tanto ser carregado no quadro nas provas e graças à Deus sempre desnecessário. Usei a coisa, e não é que funcionou ? Encheu legal o pneu. Mas vazou um pouco da meleca anti-furo. Fui completar com a bomba e saiu mais um monte pela válvula, mas meti 120 lbs e deixei lá. Já faz umas 2 horas e aí fui lá deixar a sapatilha e vi que o pneu tá cheio ainda... então EU VENCI, SEU PNEU MISERÁVEL !!!!

O pedal virou treino de manutenção e destruição de espátulas. Coisa horrível. Mas a estatística está do meu lado. Desde muito antes do Iron que não trocava uma câmera. Pelo tempo que levei hoje, só vou ter que fazer isso de novo em 2014.

Aqui tem todas as instruções...

domingo, 26 de agosto de 2012

Mountain Do Praia do Rosa 2012, 3º lugar cat

Foto do Hermeto Garcia
Mais uma edição desta prova sensacional. Neste sábado saí de Floripa com o Hélio e o Tiago rumo sul e chegamos no local da prova às 12:30, após almoçar insuficentemente. Pegamos os kits, descansa aqui, ali e fiquei com sono. Encontrei a galera da Ironmind e fui pro carro, senti um pouco de fome e fraqueza, estranhei, mas como era depois do almoço, achei melhor mesmo ficar descansando e resolveu.

Alinhei para a largada lá na frente, ao lado do Maurício e do Daniel Meyer. Largamos 20 min depois da prova de 9 km. Ritmo absurdamente alucinante, como começa em descida, logo estava vendo pace abaixo de 3min/km e resolvi segurar um pouco, mas mantendo firme no plano. Larguei direito e depois de 2 km, nas dunas, comecei a passar alguns atletas. Rapidamente chegamos numa estrada de terra e encontramos os últimos atletas dos 9 km, seguimos e na primeira trilha engarrafou um pouco, saí pulando pelas laterais da trilha pedindo licença, embolado com mais uns 5 ou 6 corredores.

Ao chegar na praia consegui passar dois caras e vi o Kiko correndo com uma caixa de copos dágua. Ele é o organizador de provas mais onipresente, elétrico e empolgado que existe, tá em tudo quanto é lugar do percurso. Entramos na trilhinha estreita para a praia do rosa e então vi os líderes lá do outro lado da praia, parecia ter uns 15 no máximo. Novamente ali o vento sul estava forte. Só que desta vez muito forte e fiquei isolado, tentando me aproximar de 3 corredores. Corri tudo sozinho sem revezar o 'quebra vento', mas pelo menos a areia estava bem firme e a maré baixa.

Lá no final da praia ao subir as escadas para a estrada ouvi um staff dizendo pra alguém no grupo à frente que era o décimo geral. Opa, devo estar entre os 15, legal. Nesta trilha passei dois atletas e segui à caça de outros dois. Na próxima praia passei um deles e seguimos juntos numa subidinha de areia fofa de esgoelar os pulmões. Lá em cima, as partes mais inclinadas da prova nos aguardavam, a única parte que eu andei. Comecei a chegar em dois atletas de camiseta azul, mas na descidas eles se foram novamente e dali em diante segui mais combalido, cuidando para não ser alcançado e tentando chegar nos caras à frente.

Acho que estou aprendendo a competir ;-). No começo da prova já fica claro no grupo quem corre bem no plano, na subida e na descida, e assim eu ia usando este conhecimento recém adquirido para fazer as ultrapassagens e abrir um pouco. Numa subida consegui deixar pra trás um cara que descia absurdamente bem, parecia o Tiago ;-). E mais dois que subiam muito rápido eu passei nuns trechos planos de praia, assim como desci voando pelo lado de um cara que só consegui passar ali. Quase torci o pé pois a pedra onde aterrissei se deslocou, foi por pouco.

Logo após a última subida só faltam mais uns 3 km de estradas de terra onduladas, e aí foi só seguir o mais rápido que dava. Corri sempre bem forte mas mesmo assim no final achei que deveria apertar mais. Senti um início de quebra, muito sutil. Engraçado como a gente vai se conhecendo nestas provas. Percebi claramente que aquele deveria ser o ritmo, nem um joule de energia a mais. Segui assim até o final, com os dois azuis lá na frente, até passar a linha de chegada.

Coisa interessante foi esta semana, com treinos bem feitos e um exagero na bike de quinta. O que parece é que o corpo aprende a voltar a funcionar depois de forçar, pelo menos nestas provas curtas. O grau de esforço com que eu chegava nos topos era muito grande, mas ao chegar num plano conseguia voltar a correr a 4min/km ou menos.

Comidas e frutas, gatorade e muito frio após a prova. Conversei com a galera que tinha chegado antes e saí rapidinho pra botar mais roupas. Fui conferir a listagem com o Sérgio Costa e vi que tinha ficado em 11º conforme ele me contou. Como a listagem ia até o 10º, vi que fiquei em 3º na categoria. Voltando ao pódio, já que em 2010 ganhei a categoria e ano passado fiquei em 6º, o log do GPS está aqui. Fiquei perambulando por lá e encontrei com o André Savazzoni da revista contra-relógio. Assim como o Daniel Meyer, ele também tinha corrido bombinhas na semana anterior. E depois eu é que sou maníaco por corridas ;-)).

Logo a turma toda chegou, Montoro estreando nas trilhas, o Hélio e Tiago que mesmo tentando não conseguem nem a pau subir das 2 horas. Como falamos, é o 'offset' deles ;-). Chegaram tão inteiros que nem parecia que tinham corrido. A Gabi também chegou muito bem.

Saímos de lá antes da premiação para pegar a estrada pra casa e deixei meu troféu para a Fabi trazer ;-). Valeu mais uma prova muito bem organizada, percurso maravilhoso e desafiador, galera correndo forte e confraternizando. Sem mais, excelente !

terça-feira, 21 de agosto de 2012

Norseman - Ironman Triathlon

Um triathlon na distância de Ironman na Noruega, latitude de Anchorage/Alaska. A natação larga de um barco no meio de um fiorde a noite, o ciclismo tem um desnível gigantesco e a maratona termina no topo de uma montanha com boa parte em trilhas. Decididamente tenho que fazer esta prova.

 

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

XI Duathlon Pedra Branca FETRISC


Concentração !

Pela terceira vez seguida corri o Duatlhon da Pedra Branca, e vou correr sempre que puder. Adoro aquele lugar, o visual da pedra no fim de tarde é sempre show nesta época do ano. E uma prova intensa é bom pra agitar o esqueleto.

Saí de casa apressado sem almoçar, com café da manhã reforçado às 10:00. Cheguei lá e a entrega do kit tinha fechado, fui com o Sérgio falar com a Naida e pegamos as coisas e fomos entregar as bikes. Aqueci e fiquei com fome, mas fui demovido da ideia de atacar a padaria a menos de uma hora da largada. Mas comi um gel e tudo bem, como 'almoço' só tinha tomado duas medidas de accelerade. Deu certo, corri de estômago vazio e foi muito bom já nada deu "sinal de vida".

Primeira corrida
Aqueci até que legal, alonguei e percebi o vento onipresente. Alinhamos pra largar e lá se foram os loucos apressados. Muito intensa a largada. Segui junto do Sérgio e mantivemos um pace puxado mas suportável, bem constante, Fechou 3:46 para os 5,1 km e fiquei feliz. Entrei na transição e tentamos seguir o Massaranduba na bike, seria uma roda potente. Mas o cara deu três pedaladas e sumiu de vista ;-).

Tocamos a pedalar, novamente com os morrinhos que tinham sumido em 2011. Eram sete voltas de um circuito bem técnico, que começava plano e logo subia dois morrinhos em série e então despencava dois em cascata, fazia uma curva fechada, aí uma retinha e outra curva fechada e então uma reta mais longa pra finalizar. Tudo multiplicado por sete. Seguimos revezando um pouco o vento e fechamos o pedal bem forçado, com média baixa devido ao circuito. Mas o negócio foi puxado e eu saí dos 19 km de bike com as pernas pesadas. Os gráficos ficaram engraçados, só de olhar já dá pra saber a quantidade de voltas no circuito ;-).

A única reta, mas com vento contra

Segunda corrida, também propaganda de ônibus
A última corrida de 2,8 km seria o teste final. Nunca consegui correr bem esta parte, dava uma queda considerável em relação à primeira. Só que desta vez corri tudo exatamente no mesmo pace da primeira, coisa impressionante. Não sofri tanto quando no ano passado, embora o esforço tenha sido bem grande não era aquela sensação de "vou morrer a qualquer hora". As médias de frequência cardíaca ficaram altas também, mas dentro do previsto (ou sem bater no teto).

Bela prova que incentiva o esporte verdadeiramente, com uma categoria infantil muito legal de ver. Breve vou levar o Arthur para brincar lá. Corri com o Sérgio o tempo todo, conseguimos manter um ritmo muito bom na corrida e revezar na bike. Fechamos em 1h7min. Resultados oficiais aqui neste link.


Missão cumprida
Saiu um segundo lugar na categoria e décimo quarto geral, gostei. Mas gostei mesmo foi da corrida e da sensação de esforço. E também de pedalar relativamente bem no domingo e correr segurando o ritmo hoje. Vou contar um segredo pra vocês: acho que foi o vinho tinto devidamente ingerido na sexta-feira à noite e as 10 horas de sono subsequentes. Tenho que fazer mais experimentos. A confirmar.

Créditos: Todas as fotos do Geraldo Gai, exceto a última da chegada que é do Hermeto Garcia.

sábado, 11 de agosto de 2012

Caminhos da Fé, puro Mountain Bike

No último domingo aconteceu a terceira etapa da copa de Mountain Bike de Florianópolis, prova muito bem organizada e desafiadora. O percurso foi sensacional, saindo de São José até Angelina pela região da Betânia e retornando direto por São Pedro de Alcântara.

Tenho que aprender a andar em pelotão
Um pelotão gigante de cerca de 200 pessoas largou do centro de eventos e dominou tudo até o começo da subida da SC-407. Realmente bonito de ver. E alucinante de andar dentro de um bolo de gente naquela velocidade. Quando a subida começou era o km 10 e eu vi a média de 29 km/h, um absurdo. Mais absurdos eram os trechos empelotados a 40-45 km/h na MTB. Ali acho que o carro que ia à frente já tinha acelerado ou saído, pois o povo começou a se espalhar e fui ficando no meu ritmo e recobrando o fôlego.

Segui numa boa e encontrei o Jacó uns km depois. Tentei chamar mas o homem ficou no ritmo dele e eu segui sozinho. A prova toda, não sei como eu consigo. Não revezei com ninguém praticamente em nenhum momento, e tinha vento. 
Uma descida
Pouco antes de chegar a São Pedro o povo dos 50 km já estava voltando. Passamos a praça e seguimos pras estradas de terra em direção à Angelina. Subidas, subindinhas e logo um subida interminável apareceu. Quando começou a descer, quase errei o caminho, tinha uma seta na direção certa e uma faixa branca pintada no chão, mas um cara ia à frente e eu fui junto numa curva errada, só parei quando o Peixoto da organização gritou. Consegui voltar mas o cara desceu pelo caminho errado e não vi mais. Na pior das hipóteses chegou à Angelina pelo lugar errado, e na melhor teve que subir um pouco de volta :-).

Desci muito rápido pros meus padrões, curvas alucinantes. Passei reto em uma e fui parar quase em cima da cerca. Nessas horas é que se vê o quanto o equipamento é importante. A bike aguenta uma porrada considerável nessas descidas, parece que estamos segurando uma britadeira.

Em um certo trecho estava atrás de um carro de apoio de um atleta e fui ultrapassar. Saí pela esquerda apertada da estradinha de terra e voltei para a 'mão' certa pouco antes de uma curva. Numa descida. E lá vinha uma F-250 a mil subindo dançando no meio da estrada, com um som escandaloso e horrível saindo da cabine. A coisa passou a meio metro de mim, não sei como conseguiu não bater no carro que vinha atrás. Berrei e xinguei um bocado, mais pra assustar mesmo, pois vinha mais gente descendo. E tinha gente na minha frente, e o cara subindo uma estrada de terra estreita e com curvas a mil. Não dá pra entender o que se passa em certas cabeças.

Logo cheguei a uns pedaços planos e calçados, quase em Angelina. Não conseguia render no plano e percebi que estava quebrado. A cabeça ficava caindo pra frente o tempo todo. Nessas horas eu sei que estou moído na bike, quando o pescoço tem preguiça de deixar a cabeça olhando pra frente. Tinha forçado o tempo todo até ali e ainda tinha que voltar. Mas a ignorância me dizia que era só descida. Eu achava mesmo que de Angelina a volta era só descendo.

Ao passar pelo pórtico do revezamento, peguei uma garrafa dágua e segui. Observação para a água: tinha bastante, muito bem abastecido. Só que os staff abriam os copinhos antes de nos entregar, o que impedia de guardar nos bolsos e sempre faziam derramar um pouco. Era melhor entregar o copo lacrado. Bom, continuei a pedalar tranquilo, agora só desce, que beleza. E aí começou a subir, e subia e subia. Aí quando o  Aldo, um cara que ia num ritmo parecido parou pra alongar de câimbras, eu passei e segui numa curva bem íngreme e vi onde continuava a estrada. Em diagonal subindo até um pedacinho azul de céu, lá nas alturas. Aquela última grande subida me quebrou de vez. Ali vi dois atletas empurrando a bike. Um ainda brincava, "já que é Caminhos da Fé, tem que ter fé que a subida acaba. E quando acaba, meu filho, toma um gel, respira fundo e despenca." Despenquei. Desci alopradamente como quase nunca faço. Mas foi muito bom. Todo o percurso foi muito bom, terra, serras e matas para todo lado, rio do lado, floresta.

A última descida pra São Pedro, na volta
Na chegada a São Pedro relaxei, o asfalto de novo, macio e lisinho. Agora só as pernas vão sofrer, pelo menos os braços estão a salvo. Toquei pra baixo sozinho com o vento miserável contra, e no final ao chegar na bifurcação pra o trevo de Forquilinhas encontrei o Valmir da organização. Já sabia que era pela direita, na subida de paralelepípedos que leva até a BR-101, mas perguntei várias vezes se não era pro outro lado. Acho que pensaram que eu estava doido ou surdo. Segui por dentro da fazenda do max até São José, passando pelo centro histórico para então entrar na ciclovia da beira-mar, fechando os 123,5 km de muita subida, diversão, descidas alucinantes e vento irritante. E força o tempo todo. Acho que só botei o pé no chão na hora que errei o percurso porquê tive que dar um cavalo de pau pra voltar.

Voltando...
Chegando. O vento pode ser visto no filhote de coqueiro ali atrás...
Olha, essa cansou viu ?!

Coisa muito diferente é fazer uma prova dessas. Não estou com treino específico nenhum, a sorte é que o corpo sabe como sobreviver. Foi o primeiro longo de mais 3 horas na bike desde o Iron. Levei mais tempo do que no ciclismo do Ironman num percurso de 124 km com ~70 de terra e 1700 m de ascensão vertical. Fiz força demais nas subidas e acabou não sobrando muito pra pedalar decentemente no retorno de asfalto. Grande aprendizado. Nível altíssimo, essa turma da MTB pedala muito. 13º cat dentre 16 ;-). 5h54min de pura pancadaria sem refresco, no máximo o tempo todo. E certamente, diversão garantida. Arrumei um problema: é mais uma prova pra encaixar no calendário anual. Eu me conheço. Valeu galera !

Dentro do centro de eventos. A Daiane foi lá ver a chegada com
A Laís e o Arthur, devidamente equipado também.
Foto do Renato.

quinta-feira, 2 de agosto de 2012

Obtendo potência a partir da velocidade no rolo

Todo mundo já viu, leu ou ouviu falar sobre medidores de potência para ciclismo. Ainda não tinha pensado nisso, mas ao comprar o rolo da Kinetic no começo do ano vi que tem um ciclocomputador do mesmo fabricante que 'estima' a potência quando se pedala no rolo.

Isto funciona basicamente porque o modelo de resistência do rolo é conhecido e foi levantada a equação que relaciona potência com velocidade. Pelo que li isto não é acaso mas foi algo buscado e procura simular um cenário hipotético de um ciclista numa bicicleta num percurso plano sem vento ao nível do mar, etc, etc. O material que descreve isto é bem interessante.


A relação da potência com a velocidade se dá através de uma equação cúbica, e o que o ciclo da kinetic faz é simplesmente aplicar a equação à velocidade medida e mostrar o valor resultante em Watts. Só que o ciclo só mostra as variáveis instantâneas e médias, sem histórico e possibilidade de transferir os dados para o computador. Acabei não comprando o bicho junto do rolo.

Ao começar a treinar com o rolo, por algumas vezes eu coloquei um cateye velho na roda traseira pra ver a velocidade, mas focava mais na FC e cadência e acabei parando de usar o cateye. Até que tive a ideia de comprar o sensor de velocidade/cadência do garmin a aproveitar a capacidade de análise do garminconnect. O equipamento é muito bem bolado e mede num sensor o giro do pedivela e no outro o da roda, transmitindo tudo por ANT+ para o garmin 310XT (também funciona com a linha EDGE e 305 e modelos mais novos).

Então o resultado é o segiunte: eu coloco a bike com o sensor de velocidade no rolo e mando ver no treino. Depois, é preciso baixar o arquivo TCX do garminconnect, que na verdade é um XML contendo todas as medidas registradas (7 em 7 segundos no modo de economia de espaço). Então é preciso converter o XML para Excel e acessar a planilha que contém os pontos. Mas ainda tem que converter  o formato da coisa, e então jogar as medidas de velocidade 'instantâneas' na equação do rolo, obtendo assim as potências instantâneas e se necessário as médias.

Até pensei em escrever um software que faça toda operação automaticamente e gere um arquivo do Excel direto, mas além da trabalheira, fiz umas simulações no Excel mesmo e concluí que com um treino típico, onde mantemos trechos constantes, a diferença entre aplicar a equação à média de velocidade ou fazer o cálculo de potência sobre cada amostra e então fazer a média é muito pequena, menor do que 2 %.

Os dois últimos parágrafos servem para dizer o seguinte: basta baixar o arquivo dos laps do treino diretamente do garminconnect e jogar no Excel com a equação da potência e obter as leituras de potência nos vários intervalos do treino. Muito interessante e prático, mais que o ciclo da kinetic na minha opinião, pois fica tudo junto no mesmo lugar. E na hora do treino em si, para focar numa dada faixa de potência basta verificar qual a velocidade representa aquilo e se guiar por ali. Números são números, as unidades são relativas ;-).

Fiz uma experiência recente. Realizei o treino da terça-feira normalmente e procurei variar  a cadência no último intervalo de 10 minutos, baixando apenas uma marcha. O resultado foi bem interessante e mostra como as variáveis são dependentes, pois a cadência 5 RPM abaixo produziu mais potência com uma FCmédia 12 bpm menor. Claro, as pernas queimaram mais. A planilha abaixo mostra os intervalos principais destacados:

Linhas marcadas são blocos de 10 minutos
Série principal destacada
Tudo muito legal e tem bastante coisa pra analisar e conversar com o treinador ;-). Além é claro, do prazer de brincar com os números ! Talvez tenha que preparar os bolsos para a aquisição de um medidor, mas primeiro vou esgotar as possibilidades disso no treino indoor.