segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Pedal na trilha da antena

Ontem rolou um pedal na trilha da antena, em Floripa. Eu tinha ido há alguns anos e não lembrava nada do caminho, além disso estava seco por pegar uma trilhinha de MTB. Fiquei quebrado dos treinos de sexta e sábado, com garganta podre, mas mesmo assim fui. Claro que atrasei o pessoal todo, pois me esperaram no centrosul o Adriano, Dariva, Cassol e Sérgio. Valeu a paciência e prometo chegar mais atrasado ainda da próxima vez.

Saímos às 8:00 pelo sul da ilha até a eletrosul e subimos o morrão. Uma estrada que foi passando de calçamento e terra batida até pedregulhos soltos e canaletas, subindo sempre. O primeiro terço é mais sofrido, depois de um mirante sensacional onde se vê a lagoa da conceição e a baía sul (túneis do ironman) ao mesmo tempo (!) segue-se mais suave em zigue-zague até a tal da antena lá no cucuruto da montanha. Encontramos o Hélio, Tiago e a Fabi subindo correndo, e fiquei surpreso ao descobrir que correndo se vai muito mais rapido do que pedalando lerdamente morro acima. Na descida os corredores foram pela trilha até o córrego grande e nós fomos de volta pelo caminho da ida para curtir um downhill acelerado.

O pneu do Dariva furou, aí chegamos na eletrosul e o Adriano e o Jacó, fominha que tinha ido só até a metade da subida quando descíamos, resolveram esticar até a lagoa pra pegar mais morros. Eu fui pra casa e furei o pneu dentro da UFSC, sendo socorrido pelo Cassol, pois o que eu pensava ser câmera reserva eram apenas sacos plásticos fazendo volume. Acho que eles fizeram uns 700 mts de subida naquela manhã, pois o morro da antena tem mais de 400 mts e o da lagoa deve beirar 300 na rampa de vôo livre. Aqui o link para o percurso do GPS do Cassol. Aqui mais detalhes da trilha no TrilhasBR. Quem tiver fotos mande !!!

Este pedal me deixou querendo uma MTB nova. Pelo menos uma com quadro de alumínio e relação mais adequada a subir paredes, além de um freio que não faça arrancar os dedos de tanto apertar, e uns pedais decentes. Não sei se tem upgrade na guerreira atual, acho que vou vender uma MTB relíquia, hehehe.

Entrevistas do Xampa

Fazia tempo que estava por publicar, lá vai. O André Cruz do Rio de Janeiro, o Xampa do blog http://blogdoxampa.wordpress.com/ fez uma série de entrevistas com triatletas e maratonistas para tentar concluir algumas coisas sobre os padrões de lesões em atletas. Ele me convidou a falar e publicou as nossas respostas no blog, com a conclusão aqui. Uma iniciativa muito interessante na blogosfera corredora. Respectivamente, obrigado pelo espaço e parabéns pela iniciativa !!

sábado, 28 de agosto de 2010

Livro Nascido para Correr


Terminei de ler ontem. O livro é um pouco prolixo demais, a tradução é ruim principalmente nos números, mas o enredo é muito bom e envolvente. Pelo menos não traduziram os apelidos dos personagens. Muito interessante, descreve as incríveis habilidades de corrida do dos Tarahumara, tribo de índios corredores do México.

O livro acabou criando todo esse buzz ao redor da corrida descalça, por descrever a forma como os Tarahumara correm longas distâncias calçando apenas sandálias de couro sem nunca adquir lesões. Tem personagens reais muito curiosos e relata também a teoria do 'homem corredor', segundo a qual a humanidade evoluiu como foi porquê conseguia correr por longas distâncias. Trás ao final uma ultra maratona onde os Tarahumara enfrentam alguns ultracorredores famosos dos EUA, como Scott Jurek, numa prova selvagem por dentro dos canions dos índios mexicanos.

Eu venho observando algumas mudanças na minha forma de correr, e curiosamente tenho tentado instintivamente correr de umas das maneiras descritas no livro, passos curtos e rápidos, com as pernas sempre abaixo do corpo, nunca lá na frente. Isso faz com que o pé aterrise chapado no chão, e não no calcanhar.

O livro diz que as maiores lesões são decorrentes do desuso da musculatura e tendões dos pés, verdadeiros amortecedores naturais, em função dos tênis mega-ultra amortecidos modernos. Os fabricantes de tênis devem ter adorado o livro, que diz que quanto mais caro pior é o tênis, e quanto mais velho, melhor ;-). Só que não consigo imaginar correr descalço nem na areia da praia, quanto mais ultras de 100 milhas, ou maratonas no asfalto. Mas que dá vontade de tentar, dá.

Aqui um vídeo que achei sobre a prova no México:

Penha 70.3, eu não fui


Essa eu passei as últimas semanas pensando em porque é que eu não fui correr o 70.3 em penha. Mas a decisão foi lá atrás em função das outras provas e viagem de férias. Mas a vontade essa semana era gigante. Ano que vem eu vou. A galera do Triathlon tá toda lá hoje, parece que os tempos no meio de penha foram sensacionais. Pra não passar em branco saí pra pedalar o longo de amanhã, porque amanhã tem trilha de MTB pra desenferrujar.

Fui pra varginha em santo amaro. Pedal agradável, clima bom e pouco vento na ida. Arrisquei a botar os fones de ouvido e curti o pedal seguindo o rio vendo bois, pasto e montanhas. Infelizmente encheram de lombadas por todos os lados naquela região, barreiras curtas e altas muito ruins de passar. Alguém deve ter feito porcaria naquelas estradas de asfalto perfeito.

Fui muito forte e voltei me arrastando com vento nordeste na cara. Estou muito enferrujado na bike, quase não consegui ficar no clipe por falta de uso do pescoço na posição. Foi um treino de 84 km com média sofrível de 28, mas muito bom pra arejar a cabeça.

Semana só de corrida, não consegui nadar nem pedalar nada. A corrida tá rendendo, ontem saiu um treino de 16 km com média muito boa e esforço só moderado. Sairam os resultados do duathlon pedra branca, fiquem em 13º geral e apesar de não sentir fui bem na bike. Mas acho que é porque foi curta, hoje doeu. Talvez por alimentação errada, já que cheguei do longo de ontem depois das 21 hs e não jantei.

Crédito da foto do pódio para o Robson/Marcelo Ferreira.

domingo, 22 de agosto de 2010

Triathlon sem água, mas com topo do pódio

Nunca tinha feito um Duathlon. Apesar dos treinos de transição recentes, prova mesmo nenhuma. Ontem sábado 21 saí para ajeitar a bike na CentralBike e logo depois fui almoçar às 11 horas. Já alimentado, arrastei o Adriano para me levar até a Pedra Branca, local da nona edição do Duathlon da FETRISC, válido pelo campeonato catarinense.

Arrumei tudo e nem tive tempo de dar uma volta no percurso da bike, só fiquei ouvindo sobre o tal morrinho que teria. Achei e conheci pessoalmente o Marcelo Ferreira, legal encontrar pessoalmente essa galera de atletas do mundo virtual. Fui preparar a transição e depois encontrei com o Adriano e com o meu pai, que foram lá ver e fotografar. A largada foi com o infantil, muito legal ver a gurizada começar no esporte.

Uma coisa me deixou cheteado, um menino que foi dos primeiros a sair pra bike. Ele foi montar na bike e o pedal girou em falso, a corrente havia caído. O guri era bem pequeno, e ficou lá tentando segurar a bike e ajeitar a corrente. Perguntei se poderia ajudar, e não poderia. Ele ficou um baita tempo até conseguir resolver o problema, e saiu quase em último. Sei que é regra, mas no infantil não sei não. Um guri daqueles não conseguiria trocar um pneu. Se no ironman tem apoio, porque ali não poderia ter ao menos no infantil ? Isso poderia traumatizar o pequeno triatleta, sei lá.

Depois das crianças nós largamos. Seriam 4 voltas de corrida, depois 7 de ciclismo e mais 2 de corrida, fechando 8,1 km de pernada e 19,2 de pedal. Larguei forte pra caramba mas logo um grupo se destacou lá na frente. Como teria um povo fazendo a prova do Sesi com 2,5 km de corrida - 10 bike - 2,5 corrida, foi confuso acertar o ritmo. Quando o Sérgio da Ironmind me passou no final da primeira volta surtei quando vi o ritmo instantâneo, 2:58 numa leve descida de uma pontezinha (pra padrões normais, o percurso era plano). Reduzi mas fechei o primeiro km em 3:36 com a garganta queimando. Fui encaixando o ritmo e acabei mais consistente antes de ir pro pedal.

Fiz uma transição rápida mas não consegui grudar em nenum pelotão. Na verdade, não vi pelotão nenhum. A volta tinha 2.7 km e um morrinho bem chato em dois estágios. No início foi difícil baixar o batimento, as pernas ardiam e o peito queimava no esforço de alcançar umas pessoas lá na frente, o que eu não consegui. Eu não conseguia acompanhar ninguém, pois em quem eu chegava o ritmo era mais lento, quem me passava no plano eu pegava na subida mas não acompanhava na descida. Tinha uma descida kamikaze, as duas primeiras vezes desci freando bem. Umas curvas em cotovelo também me faziam reduzir bem a velociade. Nunca tinha pego um percurso técnico com essa bike e fui bem conservador para evitar um encontro mais íntimo com o asfalto.

Os três primeiros colocados me colocaram uma volta. Na verdade os dois primeros passaram tão rápido que eu nem esbocei reação de acompanhar. Aí o terceiro veio e consegui grudar nele por parte da quinta volta (sexta dele). Quando abri a sexta e ele a sétima, me pediu para que puxasse um pouco, lá fui eu pra ponta. Mas não durou nada, no morro o cara se mandou e eu não vi mais. Vi algumas outras pessoas empurrando a bike ali. Depois ainda revezei com a primeira do feminino, mas sempre apanhando na descida.

Larguei a bike e fui pros 2,8 km finais, bem ardidos por sinal. As pernas já estavam tijoladas, saí da transição atrás de outros dois atletas, passei um e segui brigando com outro até a chegada, que foi nervosa.

Fiquei por lá papeando com a galera e acertei uma carona com o Sérgio. Ficamos para a premiação, ele havia vencido a categoria dos jogos do Sesi. Depois fui verificar de curioso o resultado e fui surpreendido com a primeira colocação na categoria 35-39 anos. Não tinha idéia de como tinha sido, muito legal. Não vi o geral ainda, mas o quinto ficou 4 minutos na minha frente. Fui pro pódio ganhar a medalha (porque não era troféu !?) junto com o Ferreira em segundo e o cara da 3T (qual teu nome ?) e mais dois outros. Já era noite quando saímos de lá.

Fechei em 1h11m20seg de pancadaria pura. Os gráficos na bike de altitude, velocidade e fc ficaram engraçados. A segunda corrida deu a fcmáx e um ritmo no final que não dá pra crer muito. Na bike vi 64 km/h no cateye mas o GPS marcou máxima de 58. Insano isso naquela bike magrelinha, não tenho segurança ainda como tenho na MTB.

Fotos do Adriano, que tirou dois quilos e meio delas.

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Mountain Do Praia do Rosa 2010

Depois da festa do dia dos pais na escola do Arthur, peguei carona com o Alexandre às 12:15 e saímos para Imbituba rumo ao Mountain Do Praia do Rosa. No caminho paramos para almoçar e faminto como estava devorei um pouco de tudo. Logo chegamos em Imbituba e achamos a sede da prova. Rapidamente vieram as notícias do ciclone no mar ter causado uma ressaca sem tamanho e quando vimos o estrago, pensei que a prova seria cancelada. Não tinha mais areia de praia, só o mar batendo violentamente, com boa parte dos decks de madeira e estruturas do restaurante sede boiando no meio das ondas. Mas a organização deu um show, refez parte do percurso, mudou o ponto de largada e chegada (e premiação também) e largou com 10 min de atraso apenas.

Alinhei pra largada ao lado do Tiago, Hélio e Taty bem próximo à ponta. Quando largamos saí rápido e tentei colar no Alexandre, mas ele se foi junto com o Roberto Lemos, que rapidamente assumiu a liderança no primeiro morrinho mais forte. O coração parecia que ia sair pela boca, largar semi aquecido, num morro e forte daquele jeito foi cruel e comecei a andar o morrinho até baixar um pouco o batimento e a garganta parar de queimar. Entramos numa trilha e fizemos um retorno e então seguimos novamente morro acima, até encontrar um povo danado. Era a turma da prova de 6,5 km e aquilo gerou um baita engarrafamento.

Muito vento, mais subida e então umas descidas em estrada de terra onde alcancei o Alexandre e seguimos num ritmo forte, com dunas pra subir depois, pequenas e médias. Mas a descida para o outro lado foi direta, uma rampa de duna excelente pra descer voando, só que tinha um muro de pedras ao final bem quando juntava à rua novamente, quase me estabaquei quando fui pular o dito-cujo. O fiscal do PC foi nos empolgar e disse que faltava pouco, que já tinham ido 7 km e faltavam apenas 3 (na verdade estávamos no km 9,5 e a prova tinha 17, hehehe).

Passamos mais uns morros e então uma escadaria de pedras perto do costão acho que na praia da ferrugem, onde nos enrolamos com o caminho a seguir. Nesta prova eu não vi absolutamente nada, zero de contemplação, foi só pauleira e cuidado onde colocava o pé. Quando fizemos um retorno saímos de volta na estrada de terra da ida começamos a passar por um pessoal, o Hélio e o Tiago seguiam firmes, logo a Taty passou parecendo muito bem.

Logo estávamos no km 14 e seguimos no melhor ritmo possível. Faltando mais ou menos um km um cara nos disse 'sétimo e oitvaos geral'. Foi surpresa, eu achava que tinha pelo menos uns 10, 12 à frente. Conversamos que seria uma briga boa já que estávamos na mesma categoria, ou então seria um empate fácil ;-). Olhando pra trás um cara de azul vinha próximo, era o que tínhamos passado há pouco. Parecia que não chegaria, então seguimos. Pensamos que daria pra beliscar alguma coisa na categoria.

Aí aconteceu algo interessante. Eu acho que nunca tinha chegado em sprint numa prova. Só que neste caso o azul veio forte, emparelhou numa última subidinha e no topo do morrinho estava um metro à frente. Pensei em deixar, já estava legal top 10, mas aí pensei novamente que tinha penado a prova toda, corrido no limite vários trechos, e agora só faltavam umas poucas centenas de metros. Ora essa, vamos pro abraço, se o azul quiser levar vai ter que suar mais do que eu ;-)

No início da descida eu acelerei e despenquei feito um doido morro abaixo. O azul começou junto mas depois parece que ficou um pouco, apertei o ritmo no plano e cheguei sete segundos à frente, com o Alexandre chegando junto com as duas filhas poucos segundos depois do nosso competidor surpresa. Muito legal.

Rapidamente esfriei e comecei a tossir, o resto de resfriado tomou força com o esforço e a friaca toda. Logo passaram o Tiago e o Hélio muito próximos, e então a Taty. Me troquei e botei todas as roupas que tinha e fomos pra premiação. Não sabia ainda a categoria, e foi surpresa saber que acabei em primeiro na master 35-44 anos, já que os três primeiros da geral não contavam para a categoria (e foram todos da minha). O Alexandre ficou em terceiro. A Taty pegou terceiro na categoria dela também, isso que está retornando de uma lesão de tíbia trincada. O vencedor de ponta a ponta foi o nosso treinador da Ironmind, Roberto Lemos, que além de ensinar vai lá e mostra como é que se faz.

Bela prova, imprevistos por todo lado mas uma festa bonita e com certeza um evento pra ficar no calendário. A organização cortou 5 km de trilha e praia do final devido ao mar revolto, mas mesmo assim não tirou o brilho do percurso.

Nos finalmentes, o resultado geral foi 7/125 e categoria 1/50, 1h22min para 16,4 km. Números oficiais aqui. Release da prova em http://mountaindo.com.br/?id=imprensa12. Assim que achar alguma foto ela aparecerá por aqui.

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Mountain Do Individual

Ainda não é a prova que eu espero, onde o circuito da lagoa ou do costão terão uma categoria individual !! Mas o Mountain Do da praia do Rosa em Imbituba promete amanhã. Tempo bom e visual sensacional aguardam-nos. Detalhes em http://mountaindo.com.br/?id=md_circuito_rosa. Vamos ver como será.

Percurso da prova, fonte site oficial


Altimetria, fonte site oficial

domingo, 8 de agosto de 2010

Murphy tentou impedir o treino

Sábado saí para o treino na hora certa. Faria uma transição de Duathlon para a prova do dia 21. Mas consegui cortar o dedo na lata do leite em pó. Aí cheguei na bike e o pneu estava furado. Troquei e passei o maior trabalho para conseguir por o desgraçado no lugar, sem um polegar para usar. Mesmo assim ensanguentei o pneu todo. Aí ao encher a câmera estava vazando num remendo. Eu não quis usar a única reserva que sobrou, então subi e cacei uma continental que tinha levado para o iron, troquei de novo e finalmente fui. O treino foi forte. Os dois gels que eu achava que estavam na bolsa da bike não estava. Ainda bem que levei meia garrafa de malto.

Outro dia ouvi alguém dizer que não vai correr o iron por uns anos, que vai focar em provas de sprint e olímpico pra se divertir. Eu não sei não... pra mim provas curtas são tudo menos divertidas. Eu não consigo não forçar, e depois de um longo tempo acho que sei dosar minimamente em provas longas, o ritmo não fica tão dolorido. Mas em provas curtas, aí dói. Essa transição de ontem por exemplo, saí pra segunda corrida com batimento em 160 e fiquei lá com a garganta queimando e as pernas pesando uma tonelada o tempo todo. Não parece muito divertido ;-). Acho que correr uma meia é mais divertido do que uma prova de 5 km. Acho porque nunca corri uma de 5 km. Vou correr a primeira de 10 Km oficial na track & field e depois conto como é.

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Correndo do vento


Coisa mais gelada a corrida de hoje ! Tenho certeza de que nunca passei tanto frio aqui em Floripa num treino de corrida. Se tivesse gorro e luva não teria sobrado, mas saí só de bermuda e camiseta comprida. O vento sul estava gelado e úmido, com a pseudo chuva que não caia. Saí de casa pra ir pra beira mar de sj, mas fugi do vento e fui indo por coqueiros, entrei no estreito e fui, retornei por capoeiras e na volta ainda subi e desci a ivo silveira pra fechar kilometragem. Gelado o tempo todo, dedos, nariz e orelhas não funionavam mais. O trajeto maluco deu nisso: http://connect.garmin.com/activity/42931956.

Tô devendo o relato da viagem ao Atacama, tá difícil arrumar tempo na volta, mas essa semana sai de certeza. Terminei de pagar o iron 2011, a última parte do fígado foi depositada hoje, agora não devo mais nada. Estou com uma dor estranha no calcanhar esquerdo, vamos resolver isto. E também defini as provas até setembro, tem coisa legal vindo aí. Atualização relâmpago feita, breve com detalhes.

domingo, 1 de agosto de 2010

Atacama - Licancabur !

Indo aos Andes

Resumo de uma viagem sensacional para o Atacama. Saímos de Floripa na sexta a noite para pernoitar em São Paulo, lá arrumamos um hotel por 6 horas até pegar o vôo para Santiago do Chile no sábado cedo. O hotel ficava num local sinistro bem no centro de SP, perto de uma praça. Para jantar a pé não havia nada perto, acabamos numa lanchonete de tipos exóticos comendo sanduíche engordurado.

Partimos para o chile num 767 lotado no máximo. Durante a viagem tivemos visível toda a cordilheira nevada, com uma breve visão da face sul do Aconcágua. Consegui ver o Cerro Cuerno e o local o acampamento base Plaza de Mulas. Saímos para andar por Santiago nas 4 horas de intervalo até o vôo para Calama, 900 km ao norte. Pegamos um bus e acabamos num centro comercial afastado do centro para almoçar. Depois retornamos em cima da hora para seguir viagem.


O cenário vai mudando de montanhas nevadas para planaltos ondulados marrons, ocres e cinza. Chegando mais perto de Calama conseguimos identificar algumas minas de lítio e de cobre lá embaixo. Pousamos em Calama e arrumei o transporte até San Pedro de Atacama numa van da empresa Licancabur.

San Pedro

San pedro é o que eu imaginava, uma cidadezinha simpática que passaria totalmente oculta se não fosse o turismo extremamente bem bolado e divulgado. Saímos num frio danado pra achar um lugar pra jantar. Fiquei impressionado com o movimento. Acabamos num restaurante com fogueira no centro e comi um salmão muito bom.

A cidade tem 2 mil habitantes e gira toda em torno do turismo. Agências, hotéis e restaurantes de todos os níveis parecem absorver toda a população. Para o tamanho da cidade, a estrutura até é grande, com museus, prefeitura, bombeiro, central de polícia, alfândega (fronteira com a Bolívia), etc. As construções são todas do mesmo padrão, praticamente tudo feito de adobe. Como não chove, é bem comum achar restaurantes com teto de palha por onde se vê o céu, o que é bonito e gelado.

Atrações

Domingo cedo foi o dia de conhecer a cidade, em 2 horas tínhamos girado tudo e fotografado todos os monumentos. Ao longe já dava pra ver o Licancabur e a cordilheira. Alugamos umas bikes e saímos rumo a Pukara de Quitor, uma antiga fortaleza inca usada para resistir aos espanhóis. Lá exploramos umas caverninhas e então fomos tentar ir até um lugar mais ao norte, mas tinha que passar várias vezes pode dentro de um rio, e gelado e ventoso como estava, sem chance.


Pegamos um atalho por uma estrada em construção e chegamos ao vale da morte, um lugar que mais parece marte. Terra e areia avermelhadas, e dunas escuras e fininhas. Saímos para andar pelo verdadeiro deserto, cenário sensacional. Uns malucos arriscavam um sandboard que empalidece perto da Joaquina, mas lá era atração. Nós ficamos perambulando e voltamos para San Pedro ao anoitecer, com uns 28 km rodados por terra a 2600 mts de altitude.




Tem muita opção de agências na cidade, e no domingo à noite mesmo fechamos o aluguel de uma pickup para fazer uns roteiros na segunda. Combinamos de pegar o carro às 8 na agência. Também fechamos o transporte e o guia para o Licancabur em outro lugar. As agências fazem grupos grandes e cobram uns U$ 350 por pessoa. Fechamos tudo por menos de U$ 100 por cabeça num roteiro particular.

Acordamos cedo, café da manhã e o Nilson e o William foram até a agência pegar o carro, fiquei acertando uns detalhes na pousada. Voltaram logo sem o carro. Parece que haviam alugado e as turistas irlandesas não tinham devolvido na noite anterior. Enrolamos e saímos pra fazer pressão lá na agência, e percebemos que o sujeito estava mentindo logo de cara, na verdade a hora pro carro retornar era 10 da manhã, e ficamos lá esperando. Meio indignados com aquilo a já temerosos, pois tínhamos fechado o tour para os geisers na mesma agência (atacama connections), rumamos para o altiplano ao sul, rumo as lagunas Miscanti e Miñique. Seguimos pela auto-estrada por 90 km passando por algumas cidades-vilarejos e chegamos até a terra batida que começava a subir, 1200 mts de subida em 15 km, até chegar nos lagos e vulcões, não sem antes ter algumas dúvidas sobre qual caminho tomar.

Chegamos na primeira laguna, deixamos o carro e entramos na trilhinha de turistas onde era permitido caminhar. O lugar é espetacular, um vulcão fica ao lado de cada lago, e umas manchas de neve, vicunhas pastando e um tico de vegetação compõe o cenário.


Decidimos andar um pouco pra aclimatar, pois estávamos a 4200 mts, então saímos da trilha marcada e subimos uma pequena colina ao lado. Muito vento e respiração ofegante misturadas, então chegamos no topo. Fotos, descanso e logo vem uma guarda-parque subindo correndo nos dar uma bronca. Descemos até o carro e fomos até mais adiante, demos uma carona pra guarda voltar até a entrada do parque e retornamos à estrada.

Seguimos para as lagunas Cejas, e depois direto para o Salar de Atacama para ver os flamingos vermelhos. Passamos pelo Ojos del Salar, um ponto turístico que é um buraco antigo de extração de sal, e aí então seguindo as vans de turismo chegamos na laguna espetacular onde a cordilheira se reflete ao por do sol. Ali todas as excursões terminavam o dia, e nós também fechamos a tarde na nossa excursão solo 4x4. Esse foi um por-do-sol espetacular, de um dia fantástico. A sensação de pequenez que se tem naquelas bandas, naquela enormidade de lugar, bem no meio entre o nada e o lugar nenhum, é incrível. Vale qualquer esforço só pra estar ali.

Voltamos para a cidade à noite e conseguimos nos perder, mesmo com o GPS e o William dentro do carro. Depois de achar a agência, devolvemos o carro, confirmamos a saída na madrugada seguinte e fomos jantar esfomeados, o dia tinha sido todo movido a quatro sandubas por estômago.

Acordamos às 3:30 da madrugada, o Nilson foi o primeiro a ir para o freezer, ficou lá na porta do hostel esperando. Quando fomos pra lá, o termômetro marcava -7 graus, e ficamos ali vendo as vans passar e nada da nossa. Nada mesmo, esperamos o que era pra ser às 4 até às 5:15, depois voltamos putos da cara para dormir de novo. A agência não apareceu, e perdemos uma manhã.
Às 8:30, quando tomávamos café e confabulávamos os desaforos que iríamos soltar na atacama connections, uma guia apareceu apressada nos chamando para ir para o tour às lagunas altiplânicas. As toupeiras trocaram o destino do nosso passeio. Ficou apavorada de tanto que reclamamos e ligou pra agência. Logo fomos nós pra lá, preparados para soltar o verbo, o que não foi de todo necessário, pois reconheceram o erro, devolveram a grana e ainda marcaram outra excursão sem custo por conta do transtorno, para sexta-feira. Perdemos o dia de aclimatar, pois os geisers ficam a 4300 m, mas saímos para um tour no vale da lua.

Muito show, esse realmente lembra o nome. Paisagens lunáticas pra caramba. Ficamos até o sol se por no topo de uma duna e depois retornamos pra cidade para preparar a ida para o Licancabur. Fomos até a Sol Andino conversar com o guia que nos levaria à montanha, o Bernardo Delgado. Sujeito franzino que não denunciava a idade, experiente e de fala mansa, bom guia, e paciente na descida.

Licancabur

Marcamos às oito na agência, chegamos às 8:15 e esperamos com o Bernardo abrirem o lugar. Mochilas preparadas e cheias, principalmente de roupa. O frio fora do comum, associado a um vento horrível tinha sido responsável por impedir cumes nos últimos nove dias. Nos advertiram na noite anterior, mas com as datas marcadas, tínhamos que ir ou ir.

Saímos pra fronteira e fizemos os trâmites de saída do chile, depois rumamos pra cima e a 4100 mts chegamos na aduana boliviana. Um quadrado de alvenaria com um sujeito dentro, mandando todos esperarem no tufão gelado que soprava lá fora. Burocracia feita, fomos para a sede do parque nacional Eduardo Avaroa, onde fica o Licancabur. Paga-se uma taxa de U$ 30 para adentrar o parque, para depois então sermos liberados para ir ao refúgio.

Este refúgio na verdade é um hotel com serviço, pois é usado nos tours que vão de san pedro a uyuni na Bolívia. Lá nos instalamos num quarto com 8 camas, mas como o hotel estava vazio e tinha vários quartos, espalhamos tudo pra dominar o território.

Almoçamos um macarrão e saímos para caminhar para aclimatar. O William falou de uma dor de cabeça, eu disse pra ele andar que melhoraria e saímos. Aquele vento era terrível. Usávamos os bastões pra andar no plano, bom pra apoiar quando vinham as rajadas. Andamos por uma hora indo contra o vento só com o nariz de fora, subimos um pouquinho nas encostras do Juriques (5700) e rumamos de volta ao refúgio, passando pela borda da laguna blanca, que estava quase toda congelada.

No refúgio bebi muito líquido e bateu o sono, então me enfiei no saco de dormir. Olhei rapidamente e o Nilson já estava apagado quando chegou um grupo enorme de franceses falantes e barulhentos. Cochilei e acordei com o Wiliam andando de um lado pro outro, irritado com a dor de cabeça

Fizemos uns sanbubas e o William passou mal ao tentar comer, piorou a dor de cabeça mesmo depois de ter tomado 3 remédios em 4 horas. Conversou com o Bernardo e se decidiu a descer pra San Pedro. Arrumou a mochila instantaneamente e logo se foi numa pickup que passou vindo da Bolívia. Lamentei a perda com o Nilson, uma pena enorme. Eu queria realmente que ele fosse pro cume.

Ficamos em dois agora. Preparamos um monte de comida, litros de chá preto (que provavelmente foi a culpa da minha insônia) e ficamos na sala principal do refúgio até umas 21 h. Como sairíamos às 4, acordar às 3:30 dava umas seis horas de sono, razoável. Fui dormir cheio de roupa, peguei o mp3 e fiquei tentando ter sono até as 22:30 quando apagam a energia do gerador e os franceses sossegaram. Aí comecei a rolar de um lado pra outro dentro do saco de dormir, que além de mim tinha uma garrafa de 1,5 l de chá, todas as coisas eletrônicas, pilhas, coisas líquidas que precisavam se manter líquidas. Uma tralha danada. Foi dando calor, até que tirei a garrafa de chá de lá. Abri o zipper dos pés e ainda estava com calor. Abri quase o saco de dormir todo, a culpa era do monte de roupas que dormi, o que fiz pra apressar a saída na madrugada. O resultado foi que dormi menos de uma hora seguida, e às 3:30 quando o despertador tocou eu já estava acordado. O Nilson também não dormiu direito, e às 3:50 já estávamos de café tomado (café mesmo, como desceu bem !) com tudo pronto pra sair.

O Bernardo apareceu às 4 horas e saímos. Um frio danado e um céu espetacular nos esperavam do lado de fora do refúgio. Entramos no carro, seguimos uns Km e pegamos outro guia com um chileno no refúgio menor pra então seguir por uns 10 km até a laguna verde e base do Licancabur, onde começa-se a escalada pelo lado Boliviano. No caminho o carro deu uns panes, parece que entupia algo que injetava a gasolina, mas era problema já manjado. Iniciamos a subida por volta das 4:50. A preocupação do Nilson, e minha, era com o frio. Eu só pensava nos pés, que mesmo a noite na cidade sempre ficavam gelados. Assim, achávamos que se desse pra aguentar até o sol sair, o cume era nosso.

Seguimos por 45 min com a luz das lanternas por um caminho que começou plano e ficou bem inclinado e com pedras soltas até a primeira parada. Fiquei impaciente por parar tão cedo, e depois em meia hora paramos de novo, o guia era um relógio suíço que nem pro próprio relógio olhava. Dizia que iríamos parar em 30 min e em 30 min parávamos.

Amanheceu a uns 4900 mts e entre congelar os dedos da mão e tirar fotos esqueci das pilhas reserva dentro da mochila (pagaria pelo erro). O sol veio e nada de esquentar, ainda marcava 12 negativos e os meus pés estavam muito, mas muito doloridos. O Nilson pegou uma luva extra comigo pois não sentia mais as mãos e seguimos pra cima. A 5300 paramos num ponto que é usado para acampamento alto, um lugar plano com muros de pedras. Fiz umas contas e achei que chegaríamos no topo em 5 horas, mas o Bernardo já foi dizendo que dali pra cima era 'mais caro', a altitude e o terreno iriam nos deixar mais lerdos do que já estávamos.

Fomos parando frequentemente para recuperar o fôlego, sem sentar ou tirar a mochila, até o começo dos grandes blocos. Aquele trecho é bem confuso pra orientar pois tapa o falso cume, que é onde se mira o tempo todo. Lá a coisa ficou mais lenta ainda e foi me dando uma letargia que nunca senti. Era sono mesmo, vontade de fechar os olhos e dormir. Fiquei preocupado em como é que desceria, mas concentrei em apenas por um pé na frente (ou acima) do outro e segui determinado a não parar de forma nenhuma. Tínhamos tido sorte com o frio (dias antes estava bem pior) e o vento vinha da outra face, então condições haviam, era só questão de sofrer o suficiente.



Numa parada comi castanhas, fiquei bem enjoado, dali em diante o Nilson também já não comeu mais nada, eu ainda comi um gel. Tomamos todo o chá e 4 gatorades na subida. Uma garrafa dágua com sais congelou dentro da mochila e só saia um pouquinho irritante, pior que um camelback congelado.

No cume falso o Bernardo falou que só faltava um trecho, mas levou 40 min e duas paradinhas pra fazer aquele percurso minúsculo, até finalmente plantarmos os pés lá em cima ! Que visual ! 5950 mts de um desafio um pouco descabido em função da pouca aclimatação, mas foi muito recompensador botar a cereja no bolo da viagem. Que cansaço sistêmico eu sentia ! Subimos em 7h10mim, mas pareceu uma eternidade. Comemoramos, tiramos fotos com o que restou das pilhas e ficamos lá quase deitados no chão para fugir do vento. Deitar quase me fez dormir. Logo o Nilson lembrou que só acaba quando termina, e ainda faltava descer tudo. Eu queria descer até a cratera pra ver o lago de perto, mas todo congelado como estava e com a minha exaustão achei melhor não desperdiçar energia nenhuma, andamos até o ponto onde se inicia a descida e esperamos o Bernardo, que tinha caminhado até o outro lado da cratera para tentar ligar por celular a San Pedro pra dizer a hora em que o transporte deveria esperar na fronteira. O outro guia e o chileno já tinham se mandado.

O Bernadro queria descer em duas horas, pois era 'só uma descida trotando em rampas de cascalho'. A descida pela rota da subida seria realmente muito demorada até 5600, onde acabavam os grandes blocos. Mas o cascalho ali era diferente. Eu esperava umas pedrinhas, tipo limão. Mas as pedras eram variadas, todas soltas, indo da azeitona até uma melancia. Cansado como estava logo tomei uns tombos tentando descer aquilo rápido, um sério onde dei uma baita porrada com a canela numa pedra. O Nilson também vinha com cuidado, mas quando tentou correr tropeçou e quase foi de frente. A inclinação era muito grande, e uns passos pra baixo produziam metros de avalanchezinhas de pedras variadas. Foi lento descer. O guia dava uma corrida, pulava, tropeçava e parava uns 15 min esperando-nos, aí corria de novo, e nós fomos assim até 4700, uma descida direta de 1300 mts. De lá o caminho ficava menos inclinado e mais uma hora de caminhada nos levou até o carro que nos esperava. Descemos em 3h40. No carro fiquei realmente enjoado, mas também com muita fome. Secamos a água na descida e fui desesperado até o refúgio, 12 km em 40 min de deserto mesmo no carro era muito lerdo, que dirá fazer aquilo andando. Bebi muito, empurrei um sanduiche congelado e logo seguimos pra fronteira, onde chegamos como o motorista já impaciente de tanto esperar. Fizemos a imigração contrária e às 18 h já estávamos em San Pedro.

Na van de retorno, o Nilson comentou sobre a sensação boa de ter ido alé lá em cima. Fiquei muito feliz de fazer esta escalada com um sujeito tão gente boa e determinado como ele. Realmente foi uma pena o William não ter ido, vai ter que ir na próxima.

Pensado agora, foi o plano de aclimatação mais tapado que eu já fiz. E fizemos em equipe aqui ao nível do mar, e ninguém estranhou ;-). Em resumo, dada da furada dos geisers, acabamos por passar apenas 4 noites a 2400 mts, com uma manhã a 4200 de carro. Aí em 24 horas saímos de 2400 e chegamos a 5950. Foi um exagero, deveríamos ter colocado uma montanha no meio, mas a gula em ver todas as atrações e fazer um pouco de tudo não deixou.

Finalizando

Bom, missão esportiva realizada, saímos para comemorar finalmente com vinhos chilenos. Aí na sexta acordamos as três da madruga de novo mas dessa vez a agência apareceu e fomos aos geisers.

A viagem leva duas horas até lá, e eu dormi direto no ônibus. Chegando lá, frio absurdo, -15. Pés enregelados novamente. Esse tour foi uma aula, o guia era uma figura altamente poliglota e falante, repetia tudo em três idiomas. Lá no campo geotérmico visitamos os geisers conforme o horário de ativação. Isso é deveras interessante e ocorre pois a água que preenche as câmaras térmicas evapora durante o dia e pára de correr a noite, pois vem do alto e congela. Cedo quando o sol começa a bater lá em cima a água vem e enche as câmaras, que viram verdadeiras panelas de pressão, jogando a água e vapor fora pelos buracos do chão. Acho que era isso que foi explicado.

Muita gente passava mal pela altitude, e o William só teve levíssimas dores de cabeça. Alguns desavisados levaram crianças pequenas que passaram realmente muito mal.

Os geisers são de todo tipo, tem mini-vulcão de barro, panelões, buracos de vapor, etc. Não dava pra não pensar que ali logo abaixo o coração da terra pulsava, e se desse uma leve arritmia derreteria nós todos.

Uma piscina termal era um convite duvidoso naquele frio, mas dado o inusitado da situação, não resisti. Ao sol ainda eram 10 negativos quando fiquei de sunga pra nadar a 4300 m. Entrei na água que não era lá essa coisa quentinha anunciada, dei umas braçadas pra um lado e pro outro, nunca pensei que iria nadar àquela altitude e temperatura ;-). A saída foi terrível, pensei que o pé ia quebrar, a sorte foi que pude trocar de roupa e botar o pé na água pra degelar antes de enfiar nas meias.

O retorno foi também muito interessante, pois voltamos passando por uns locais muito bacanas, com destaque para a vila de Machuca, um povoado minúsculo localizado desde os tempos incas no meio de um vale úmido de visual ímpar. Lá tinha pastel e fanta laranja para alimentar os turistas. Também passamos num ponto de confluência de dois rios que estavam congelados, com alguns patos negros que devem ser feitos de neoprene e polartec, os tais de táguas que andam feito bêbados.

Retornamos à cidade, aquela canseira. Com uma tarde livre, dei um pulo na rua Caracoles e fui caçar uma agência que fizesse um downhill de bike. Achei rápido uma que fica num café tocada por um francês que habitava no Atacama há nove anos. Nos levou numa pickup com três bikes por 38 km até 4000 m, no caminho ao geisers.

Descemos no ponto mais alto da estrada, num clima agradável pra variar, sem vento algum. Equipamos e começamos a despencar. Umas pequenas subidas no caminho, mas no geral só descida limpa, uma delícia. Com 15 km mais ou menos percebi o pneu traseiro baixo, o Nilson confirmou. Furado. Bom, catei o kit que nos deram na agência, troquei a câmara e na hora de encher, nada. O Nilson tentou até cansar, o William até ficar sem ar que nem a bomba. Eu tentei encher aquilo até entijolar os braços. A porcaria não funcionava.

Eram 17:30 e o sol estava quase se pondo, o frio chegando. Não tinham passado muitos carros até ali, então o primeiro que passou e ofereceu ajuda, não tive dúvidas e pulei dentro. Eram uma família de alemães com dois filhos de 7 e 10 anos, viajando pelo chile de carro por três semanas. Deram carona de cara, pra um sujeito e uma bike imundas. Coisa de viajante, muito legal.

Em San Pedro saímos pra jantar e fechar a viagem. Como é bom sonhar com um lugar, um objetivo, planejar, labutar e ir lá ver tudo com os próprios olhos. Poderíamos ter visto tudo em fotos, mas não há nada como ver, sentir, pisar e cheirar e respirar poeira pra entender um lugar. Viagem realmente sensacional, companheiros excelentes. Só tenho a agradecer por tudo.

No sábado fizemos todo o caminho contrário, van para Calama, vôo para Santiago, vôo noturno com muito vinho sobre a cordilheira para São Paulo, onde fomos para o mesmo hotel (agora depois de jantar), dormimos umas horas, invadimos o restaurante para o café da manhã às 5:50, deixamos a atendente louca, corremos para o aeroporto, vôo para Floripa e finalmente casa ! Viajar é bom, ir é bom, mas voltar é melhor, chegar em casa e abraçar a família é indescritível. Pode-se não ir, mas aí não se pode voltar. E voltar é bom.

Julho de 2010.