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quarta-feira, 23 de dezembro de 2009
A quinta disciplina
Não é o livro do Peter Senge não. Trata-se de uma conclusão óbvia. Já li que a transição é a quarta disciplina do triatlhon, pois além de linkar as modalidades tem toda uma técnica pra ser feita. A nutrição dispensa comentários. Pelo menos eu dispenso. É sempre possível destruir tudo, treino, investimento, viagem, com alimentação incorreta, seja excesso, falta ou simplesmente errada. Normalmente prefiro excesso e errada. Portanto, a nutrição é a quinta disciplina !
Ou seja, não são 3 modalidades no triatlhon, são 5 :-0 !!! E é bem verdade, em todos os treinos e provas a alimentação é sempre foco, o quê e quando comer, quanto beber e de que forma, que suplementos usar, cuidado com a comilança antes do treino/prova, etc. A transição também é treinada, ensaiada e simulada até com frequência, justamente para automatizar a parte onde o condicionamento não conta, mas a cabeça tem que estar ligada.
Uma referência muito boa fora os vídeos do Dave Scott no youtube (já postei alguns aqui) é este blog, que tem um capítulo especial sobre transições. Tem sido interessante ver a ênfase nas transições que há nos treinos mais recentes. Sábado passado por exemplo, a Ironmind fez um treino de fast triatlhon com 3 baterias, forçando justamente a fazermos um monte de transições pra habituar e automatizar as coisas. Infelizmente (ou felizmente :-) não fui por motivos comemorativos.
Vendo as poucas provas de triatlhon que fiz, em todas fiz alguma bobagem ou fui muito lerdo nas transições, então a coisa vale a pena ser treinada. Só no ironman deste ano dá pra ver que tem uns 8-10 minutos que não exigem muito esforço pra desaparecer, pois levei quase 10 min na T1 e 6 na T2 :-)
Alimentação é um assunto muito vasto, e realmente tem que ser testado por cada um o que melhor funciona. O mais importante que aprendi recentemente foi sobre a ingestão de carbo, em relação à quantidade, frequência e forma de consumo. Usa-se normalmente 1 g/Kg/hora para provas de longa duração e intensidade razoável. Num vivente de 75 Kg isso dá portanto 75 g de carbo engolidos a cada hora. Pode não parecer, mas é bastante coisa - são quase 3 powergel. Em duração mais curta ou intensidade menor, de 30 a 60 gr para este mesmo peso. Pense no Desafrio, com 5 horas e isso dá de 8 a 10 saches comidos durante a prova (considerando-se uma base decente no café da manhã)! Ou seja, é preciso inventar, variar e bolar maneiras de ingerir o necessário sem matar o estômago, que uma vez revoltado, pode acabar com tudo.
Uma coisa que eu fazia até um tempo atrás era utilizar de todas as opções oferecidas pela organização. Já tive problemas de sobra com isso, e ultimamente tem sido gel e malto comigo e apenas coca-cola, banana e clubsocial/bisnaguinha da organização. Frutas cítricas, bolachas, doces, sopa, bolos e etc tem ficado pra depois da chegada. Tem funcionado bem.
A frequencia é outra coisa importante, já cheguei a botar o apito do relógio pra apitar a cada meia-hora para lembrar de comer. Deixei disso mas sigo usando a técnica de comer duas vezes por hora e tem dado resultado. Muito importante é fazer as contas direito e ver se também não tem excesso, claro. O difícil é se habituar a isto enquanto se tem reservas (umas 2 horas no meu caso), pois se não for assim, a quebrada é inevitável e aí demora muito pra voltar (se voltar, vide K42).
Também tem a questão do que comer em cada modalidade. Na natação não há muito o que fazer, mas sempre vai um gel antes e no iron foi outro na saída da primeira volta. A bike dá pra arriscar mais sólidos e na corrida só o que desce mesmo é gel, água e coca-cola, eventualmente uma bisnaguinha.
Tirando tudo isso sobra a alimentação como hábito, baseada em coisas saudáveis e o menos poluídas o possível. Incrível como a alimentação tem o poder de melhorar um treino ou então estragá-lo de vez. Muitas vezes no início deste ano me vi acabado e podre e quando comecei a prestar a atenção ao que ingeria depois do treino e botei mais qualidade nisso, a recuperação é notável. Como prévia, em períodos de alto volume o 'jantar de massas' vira uma constante, nunca havia comido tanto macarrão, até de manhã, como antes dos treinos longos de bike para o iron este ano.
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Ótimo texto, parabens.
ResponderExcluirNão tenho muito o que falar sobre a alimentação durante as provas, mas no dia a dia é impressionante a diferença que faz. Hj, não consigo comer besteira, não chego a evitar, não como por que o organismo rejeita, acho estranho.
Sinto a gordura de qualquer coisa diferente que como.
Já fui um grande carnívoro, hj só como carne se não tem escolha.
O melhor é que foi tudo naturalmente.
Feliz Natal!