segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Praias cercadas de morros por todos os lados - K42 Adventure Marathon

Preparação mixuruca, ânimo exagerado, praias fantásticas e visuais magníficos, calor forte, desidratação e exaustão. Assim experimentei o primeiro K42 realizado no Brasil em Bombinhas, no último final de semana.

Saímos de Floripa às 5:45 da madrugada rumo à Bombinhas, a Fabi, o Tiago e eu. A Taty já estava por lá desde a sexta. Chegamos na praia com tudo deserto e até passamos sem querer do hotel da largada. Quando nos achamos conseguimos um lugar pra estacionar e logo veio uma enxurrada de carros. Preparação rápida e fomos pra praia depois de achar a Taty e pegar os kits (apenas o número, uma camiseta fraquinha e um monte de folhetos). A largada atrasou meia hora por conta dos atrasados que estavam fazendo o credenciamento na hora. Nós seguimos as regras e mandamos tudo pra Taty retirar na sexta.

Depois de conhecer pessoalmente o Rodolfo Lucena, largamos na praia de bombinhas por uns 700 mts, entramos à esquerda na estrada e subimos de volta até bombas, corremos um par de kilômetros e viramos pro sul numas estradas que foram mudando de asfalto para lajota, depois pedras e então terra. Mais adiante virou estrada de cascalhos e começou a subir pra valer. Naquela altura eu estava acompanhando a Débora (grave erro) e subi quase tudo correndo. O morrão ia até 280 mts, aí descia a 150, voltava a 250 e despencava de vez até a primeira praia. As descidas ou eram em cascalho grosso ou bem técnicas em singletrack.


Cheguei bem ao início da praia de zimbros e seguimos rápido pelas areias corríveis. Algum fiscal gritou que eu estava em 25o geral, mas tinham muitas duplas a frente. Achei o máximo, mas logo lembrei dos treinos curtos e concluí que não iria aguentar o ritmo, mas segui pra ver no que dava e porque estava me sentindo muito bem. Estava tomando uma garrafinha de VO2 e gel a cada 45 min. A Débora comecou a apertar o passo e eu segui, fc sempre acima de 170, o que não é suportável por muito tempo. Fomos filmados e aí chegamos no km 21. Lá começava a trilha na ponta de canto grande até a praia da tainha.

No km 22 me senti vazio e comecei a me arrastar. Era um sobe e desce constante mas fácil e fui tentando manter o ritmo, mas não deu jeito, aí passei a andar as subidas, veio gente me passando e fui tentar acompanhar. Primeiras câimbras. Eu não tinha levado sal nem isotônico e só a aguinha da organização (1 copinho a cada vários Km) não foi suficiente pra repor o monte de líquidos perdidos no suor. Segui como dava e começamos a correr numas estradas com uns vai-e-vem, gente vindo e eu indo, desviamos bastante pra passar nuns morros e no km 25 veio uma fiscal salvadora com uma caixa de copinhos dágua nas mãos. Continuei com uma puta dor na lombar a subir aquelas morrebas e quando desceu pra praia da tainha senti o joelho esquerdo. Cheguei na praia quando o Maurício já estava no final junto com a Débora.

Daquele ponto em diante foi voltar me arrastando pela estrada ansioso pelas areias planas da praia de mariscal, onde cheguei sedento e enjoado. Tentei seguir trotando e comecei a ter náuseas, andei até passar, aí corri e vomitei (eca !). Não tinha água e pensei seriamente em beber água do mar, mas resisti. Continuei lerdamente em direção norte com o vento no nariz (o nordestão estava forte). Vi a placa do Km 30 entre o nada e coisa nenhuma, sem o posto dágua. Fiquei matutando em como é que eu consegueria completar mais 12 km naquelas condições lastimáveis.

Finalmente cheguei no final da mariscal e ao oásis de copinhos dágua quentes. Xinguei a organização, enchi a garrafinha e engoli três copos de uma vez com um monte de castanhas e o último powergel para então seguir ao morrão de asfalto que levava até o acesso de quatro ilhas e bombinhas. No topo do morro comecei a ressucitar e a trotar nos planos, aí desci correndo até a entrada pra quatro ilhas e cheguei na praia, para voltar rumo sul até a ponta do atalaya e depois de volta à ponta norte, para subir mais morros ardidos e atravessar o costão rumo ao retiro dos padres. Depois daquela pedreira toda, no Km 40, um requinte de crueldade: era preciso subir um morrinho e contornar um poste na praia da sepultura (linda como sempre com sua água cristalina) e então voltar às areias da largada.

Andando todos os morros desde mariscal e me arrastando muito cheguei ao final com 5h06min de uma corrida muito punk. Estimei mal - ou melhor, não respeitei a distância - e saí muito forte. Quebrei feio, de exaustão mesmo. Mas de alguma forma consegui administrar e continuar. Essa prova foi um curso de perseverança.

A Taty veio logo depois e então o Tiago e a Fabi, que fizeram uma corrida solo em dupla. A Débora venceu e ganhou a vaga pra prova na patagônia, em Villa La Angostura !!! O vencedor do masculino destruiu tudo e chegou meia hora antes do segundo. Da ironmind tivemos mais dois atletas, que eu saiba, o Fernando e o Robson.

Prova tecnicamente perfeita num lugar magnífico, mas a organização poderia ser bem melhor. Desde a água até as camisetas, passando pelo horário, medalha e estrutura da chegada, ficou devendo.

Resultados oficiais:

5h06min24seg, 7/19 na categoria, 43/132 na geral. Dá pra melhorar ano que vem :-)


3 comentários:

  1. Este é o pina... ou tem que ir no banheiro no meio da prova ou vomita hahahahaha
    Realmente a prova deve ter sido punk.

    []'s

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  2. ---------\\\\|/---------
    --------(@@)-------
    -o--oO--(_)--Ooo-
    Rafael parabéns pela conclusão da prova de Bombinhas, eu vi algumas fotos do percurso desta dificilima maratona e digo que vcs se superaram muito bem...Só acho que a organização pecou no quesito medalha, achei muito simples para o que vcs fizeram.
    Bons treinos,

    Um abraço,

    Jorge Cerqueira
    www.jmaratona.blogspot.com

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  3. Puuuutttzzzz,
    acho que realmente, no caso do Marco, pode ter faltado tb sal e esse lance de levar a água parece ser fundamental.
    Valeu compartilhar !!!

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