A Petropolis-Teresópolis é a mais tradicional e conhecida travessia de montanha do Brasil, mas várias outras tem começado a despontar, destacando-se a da Serra-Fina, em SP. Temos pensado há vários anos em abrir uma travessia na Serra do Tabuleiro, e neste final de semana conseguimos ter uma idéia clara da empreitada. Muito boa, por sinal.
Decidimos explorar as bandas do morro das pedras, extremo sul do maciço do tabuleiro, acessado pela comunidade de Teresópolis (não, não é coincidência), em São Bonifácio.
Saímos às 13 horas de Floripa e em 50 minutos chegamos na entrada de Teresópolis, na verdade um trevo bem disfarçado, que dava acesso à estradinha que chegaria na fazenda Weber, passando pelas vilas do caminho. Um visual ímpar, margeando o rio cubatão, que ali se mostrava como uma lâmina dágua rasa e de pedras redondas aparentes. Vale uma boa pedalada também até a fazenda, algo por realizar.
Decidimos explorar as bandas do morro das pedras, extremo sul do maciço do tabuleiro, acessado pela comunidade de Teresópolis (não, não é coincidência), em São Bonifácio.
Saímos às 13 horas de Floripa e em 50 minutos chegamos na entrada de Teresópolis, na verdade um trevo bem disfarçado, que dava acesso à estradinha que chegaria na fazenda Weber, passando pelas vilas do caminho. Um visual ímpar, margeando o rio cubatão, que ali se mostrava como uma lâmina dágua rasa e de pedras redondas aparentes. Vale uma boa pedalada também até a fazenda, algo por realizar.
Na fazenda conversamos com uma das donas e logo depois de caminhar uns minutos encontramos com o Sr. Alberto Weber, bisneto do fundador da comunidade. Ele nos deu as dicas e seguimos, já oficialmente pós-autorizados a ter invadido a propriedade.
Continuamos a pernada, a mochila há não maltratava os ombros há tempos e a bota de caminhada parecia de astronauta, acostumados estavam os pés a só suar em tênis levinhos. A trilha iniciava por uma estrada larga, passável de jipe, e ia ficando mais fechada, um caminho de carro de boi, mas óbvia ao extremo. Estávamos equipados com o estado da arte da era do satélite, GPS super-power do Aracajú (o meu estava emprestado), fotos do google, carta topográfica do IBGE e todas as coordenadas da trilha (da caminhada do irmão do Walter)... só que impressas em papel. Mas era muito tranquilo, então tudo ficou na mochila.
O William ia acertando todas as orientações do Sr. Alberto, passamos uma criação de abelhas, legal, tudo certo. Passamos outra, aí seguimos reto e erramos. Logo percebemos que a trilha ia para uma grota e voltamos, seguimos num lamaçal e a trilha abriu de novo. Mata atlântica preservada por todo lado. Seguimos e chegamos num beco sem saída, antes tínhamos visto uma entrada à esquerda, quase às '8 horas', que parecia não ser correta. Mas voltamos e fomos averiguar, a trilha fechava e continuava bem fechada, mas nuns 15 minutos saiu no 'rio grande' que a dona lá na fazenda tinha falado.
Beleza de lugar, mas era tarde, quase 16 horas. Metáforas à parte, estávamos numa encruzilhada daquele pedaço da nossa existência. Esquerda ou direita ? Subir ou descer o rio ? Contornar o morrinho à frente ? Seguir ao desconhecido ou ficar no confortável riozinho ? Os experientes aqui não levaram bússola. Tranquilo, o GPS tem. Liga, procura, cadê ? Não achamos. Orientamos pelo sol. Mas não tínhamos referência no mapa e a foto do google era praticamente um A4 verde-oliva.
Resolvemos marcar um ponto no GPS, o William descobriu como trocar o sistema de unidades para UTM e enfiamos a coordenada de uma 'porteira'. Depois de lutar contra o artefato, que insistia em explicar o caminho para a SC-431, descobri que a distância do ponto atual à 'porteira' era atualizada online. Andamos prum lado, aumentou, andamos pro outro, reduziu. Pronto, é pra direita. Desligamos o bichinho barulhento, que ficava bipando e recalculando nossa posição em relação à rodovia.
Passamos o que o meu cérebro otimista achou ser uma porteira (mas era só resto de uma cerca antiga), atravessamos um outro rio e chegamos numa descida abrupta para um vale bem amplo. Opa, ferrou, não é aqui. A 'porteira' estava mais longe do que de início, então resolvemos inserir a coordenada posterior, o 'fim da mata' no roteiro do Marcos. Estava bem longe, e andando descobrimos ser pro lado de onde viemos. Bom, pelo menos era 100 % certo que no rio deveríamos ir pra esquerda. Pensando agora, se íamos pra cima e o rio descia vindo da esquerda, óbvio que tinha que ser pra lá mesmo.
Voltamos rápido, continuamos do ponto em que cruzamos o rio antes e logo chegamos numa clareira triangular, com o bico mais pontudo do triangulo na subida. Fomos até lá e o azimute do GPS bateu com o waypoint do 'fim da mata', legal. Seguimos apressados pois estávamos muito baixo, 700 mts às 16:45 da tarde. Subimos rápido, o mais rápido que dava, e era bem rápido.
Saímos da trilha fechada às 17:30, bem ao por do sol. A face da montanha à frente estava alaranjada, espetacular. Um pico à direita parecia o cume, mas só parecia, como iríamos verificar no dia seguinte. Logo o sol sumiu, olhamos para um rastro de núvem subindo rápido e em 10 minutos tudo era branco. Tentamos seguir e achar o acampamento do tracklog impresso, mas era longe e rapidinho concluímos que teríamos que acampar na primeira água que encotrássemos. Mas tinha também que ter um chão plano. Achamos, acampamento pronto, agora é buscar água. Coisa trivial em casa, reclamamos de ir até a torneira mais próxima. Lá levamos uns 15 minutos para encher um litro, e ainda haviam umas criaturas se debatendo na água límpida.
Continuamos a pernada, a mochila há não maltratava os ombros há tempos e a bota de caminhada parecia de astronauta, acostumados estavam os pés a só suar em tênis levinhos. A trilha iniciava por uma estrada larga, passável de jipe, e ia ficando mais fechada, um caminho de carro de boi, mas óbvia ao extremo. Estávamos equipados com o estado da arte da era do satélite, GPS super-power do Aracajú (o meu estava emprestado), fotos do google, carta topográfica do IBGE e todas as coordenadas da trilha (da caminhada do irmão do Walter)... só que impressas em papel. Mas era muito tranquilo, então tudo ficou na mochila.
O William ia acertando todas as orientações do Sr. Alberto, passamos uma criação de abelhas, legal, tudo certo. Passamos outra, aí seguimos reto e erramos. Logo percebemos que a trilha ia para uma grota e voltamos, seguimos num lamaçal e a trilha abriu de novo. Mata atlântica preservada por todo lado. Seguimos e chegamos num beco sem saída, antes tínhamos visto uma entrada à esquerda, quase às '8 horas', que parecia não ser correta. Mas voltamos e fomos averiguar, a trilha fechava e continuava bem fechada, mas nuns 15 minutos saiu no 'rio grande' que a dona lá na fazenda tinha falado.
Beleza de lugar, mas era tarde, quase 16 horas. Metáforas à parte, estávamos numa encruzilhada daquele pedaço da nossa existência. Esquerda ou direita ? Subir ou descer o rio ? Contornar o morrinho à frente ? Seguir ao desconhecido ou ficar no confortável riozinho ? Os experientes aqui não levaram bússola. Tranquilo, o GPS tem. Liga, procura, cadê ? Não achamos. Orientamos pelo sol. Mas não tínhamos referência no mapa e a foto do google era praticamente um A4 verde-oliva.
Resolvemos marcar um ponto no GPS, o William descobriu como trocar o sistema de unidades para UTM e enfiamos a coordenada de uma 'porteira'. Depois de lutar contra o artefato, que insistia em explicar o caminho para a SC-431, descobri que a distância do ponto atual à 'porteira' era atualizada online. Andamos prum lado, aumentou, andamos pro outro, reduziu. Pronto, é pra direita. Desligamos o bichinho barulhento, que ficava bipando e recalculando nossa posição em relação à rodovia.
Passamos o que o meu cérebro otimista achou ser uma porteira (mas era só resto de uma cerca antiga), atravessamos um outro rio e chegamos numa descida abrupta para um vale bem amplo. Opa, ferrou, não é aqui. A 'porteira' estava mais longe do que de início, então resolvemos inserir a coordenada posterior, o 'fim da mata' no roteiro do Marcos. Estava bem longe, e andando descobrimos ser pro lado de onde viemos. Bom, pelo menos era 100 % certo que no rio deveríamos ir pra esquerda. Pensando agora, se íamos pra cima e o rio descia vindo da esquerda, óbvio que tinha que ser pra lá mesmo.
Voltamos rápido, continuamos do ponto em que cruzamos o rio antes e logo chegamos numa clareira triangular, com o bico mais pontudo do triangulo na subida. Fomos até lá e o azimute do GPS bateu com o waypoint do 'fim da mata', legal. Seguimos apressados pois estávamos muito baixo, 700 mts às 16:45 da tarde. Subimos rápido, o mais rápido que dava, e era bem rápido.
Saímos da trilha fechada às 17:30, bem ao por do sol. A face da montanha à frente estava alaranjada, espetacular. Um pico à direita parecia o cume, mas só parecia, como iríamos verificar no dia seguinte. Logo o sol sumiu, olhamos para um rastro de núvem subindo rápido e em 10 minutos tudo era branco. Tentamos seguir e achar o acampamento do tracklog impresso, mas era longe e rapidinho concluímos que teríamos que acampar na primeira água que encotrássemos. Mas tinha também que ter um chão plano. Achamos, acampamento pronto, agora é buscar água. Coisa trivial em casa, reclamamos de ir até a torneira mais próxima. Lá levamos uns 15 minutos para encher um litro, e ainda haviam umas criaturas se debatendo na água límpida.
Bem preparados como fomos, faltou gás pro fogareiro, e o William levou um aquecedor de fondue para usar de fogão. A água do macarrão não aquecia, e tivemos a brilhante idéia de fazer uma fogueira. Àquela hora o céu já estava todo aberto e seguimos a busca de um tronco seco. Achamos logo, em meio aos arbustos. Fogueira perfeita, a água ferveu logo e detonamos o insignificante macarrão. Cadê o chocolate ?!
Saímos para uns cucurutos próximos de lanterna, para fazer a digestão das 300 gramas de carboidratos do jantar e logo não precisava nem de lanterna, estava uma lua gigante. Chegamos num cumezinho, atrás parecia o maior. Voltamos pra base.
Tive o cuidado de apagar a fogueira com água de um charco que tinha atrás da barraca antes de dormir... E tive o descuidado de não levar uma camiseta seca pro acampamento... Tive que dormir com a camiseta empapada da trilha de subida, eca. Ô preparação perfeita.
Amanheceu fechado, mas quando abriu não sobrou nuvem acima da nossa posição. Saímos a perambular pelos cucurutos do morro das pedras, uma elevação levemente maior que a outra, tudo muito amplo, e revirado de caminhos de boi também, que são trazidos de são bonifácio por outra trilha. Devem perder todas as calorias adquiridas do capim para fazer o percurso. Lá daquelas paragens conseguimos ver o caminho até o tabuleiro de caldas. A geografia é acidentada, não é nada plano e tem uns 4 vales gigantes no caminho, vai ter muito sobe e desce !
Saímos para uns cucurutos próximos de lanterna, para fazer a digestão das 300 gramas de carboidratos do jantar e logo não precisava nem de lanterna, estava uma lua gigante. Chegamos num cumezinho, atrás parecia o maior. Voltamos pra base.
Tive o cuidado de apagar a fogueira com água de um charco que tinha atrás da barraca antes de dormir... E tive o descuidado de não levar uma camiseta seca pro acampamento... Tive que dormir com a camiseta empapada da trilha de subida, eca. Ô preparação perfeita.
Amanheceu fechado, mas quando abriu não sobrou nuvem acima da nossa posição. Saímos a perambular pelos cucurutos do morro das pedras, uma elevação levemente maior que a outra, tudo muito amplo, e revirado de caminhos de boi também, que são trazidos de são bonifácio por outra trilha. Devem perder todas as calorias adquiridas do capim para fazer o percurso. Lá daquelas paragens conseguimos ver o caminho até o tabuleiro de caldas. A geografia é acidentada, não é nada plano e tem uns 4 vales gigantes no caminho, vai ter muito sobe e desce !
Descemos rapidinho, até trotando em alguns trechos, é o hábito :-). Voltamos fazendo totens em todo lugar, agora não há mais dúvida nem lá por cima dos cumes. O lugar realmente é espetacular, a travessia sai com certeza, é mais longa do que o esperado mas sai. E o morro das pedras vale mais muitas visitas.
Voltei pra casa as 14 horas, 25 horas depois e bem a tempo de fazer tudo que deixei pra trás no sábado. E valeu muito, como toda boa roubada.
E ainda queria me levar nessa "robada" .... he he he
ResponderExcluirli tudo.. muito massa! Quando fazemos a travessia?
ResponderExcluirLegal Rafael!!! Mais uma história para o livro.
ResponderExcluirWilliam
Muito showww!!!! Legal!!!! Abs
ResponderExcluirMassa Rafael!
ResponderExcluiragora que o caminho está marcado, até topo a empreitada.
um abraço
Eliane