quinta-feira, 12 de janeiro de 2017

Fodaxman EpicTri 226 - Edição inaugural

Simplesmente incrível o que se concretizou em Urubici no dia 7 de janeiro de 2017. Vai ficar na história. Pensando em retrospectiva e olhando pra foto abaixo, um dia o Ironman foi um encontro de loucos no píer de uma ilha perdida no oceano pacífico...

Largada do Fodaxman EpicTri 226 2017
Um sonho compartilhado. É a melhor definição que arrumei para o que fizemos. Idealizado e realizado por um grupo de amigos que compartilha o estilo de vida do esporte, a não aceitação do comum e a busca por desafios.

Tudo começou no camp em Urubici em janeiro, foi tomando forma no de julho e então no final de novembro a coisa criou vida própria. Um aviso de última hora e dez atletas inscritos e outros em lista de espera.

Depois de algum planejamento detalhado no http://www.fodaxman.com.br, partimos às 5:55 da manhã pra os 4000 de natação. Sim, 4000 já planejados :-). Manente no caiaque cheios de luzes piscantes na cabeça e um bando de loucos alucinados atrás.

Nadei tão leve na primeira perna que deu sono. Apertei e cansei no final, fechando 4060m em 1h14 de nado tranquilo sem roupa de borracha. Saí da água feliz da vida, ainda mais porque o Luciano tinha conseguido trocar a bateria do medidor de potência enquanto eu nadava. Staff 100 % !

Fiz a transição junto com metade da prova, Fabrício, Cini, Lahís e Luiz. Logo segui sozinho e assim fiquei até o pé da serra, sem ultrapassar nem ser ultrapassado por ninguém. Ritmo forte e segurando, sabia o que vinha pela frente.

Na serra encontrei o Tarso e o Massaranduba me passou. Que coisa fabulosa subir aquela serra pedalando. Que lindeza absurda. Fazer parte do ambiente, não apenas passar por ele. No topo lá no mirante parei pra fazer uma selfie com meus staffs preferidos. Encontrei nossa repórter cinematográfica Ana Lídia e segui para o infinito e além.

O trecho depois da rio do rastro até Urubici consegue acumular mais altimetria do que a própria. É um devorador de pernas, vai comendo devagar até não sobrar nada delas.

Um pouco de chuva em bom jardim e vento frio, vesti corta vento pra suportar as descidas alucinadas. Um terreno infinito e descobri que o Bruno havia parado por dor na lombar. Depois encontrei o Cini também parando e fiquei mais preocupado do que já estava em termos feito um bicho maior do que nós.

Encontrei várias vezes os staffs dois outros atletas, coisa linda de ver. O Manente deve ter andado uns 300 km de carro no percurso. Andressa toda hora fotografando e apoiando e o Duks onipresente, sempre fotografando de ângulos espetaculares. Equipe sensacional !

Comemorei muito na chegada ao topo da serra antes de Urubici. Só restava uma descida de 12 km, mais uma reta de 3 e agradecer eternamente aos meus apoios. O que o Luciano e a Luana fizeram naquele pedal foi sensacional.

Transitei para a corrida lentamente na frente da pousada das Flores. Estava com um pouco de fome e sede, acabei com uma caixa de água de côco e saí junto do Massaranduba que não tinha os track nem gps pra achar o caminho.

Falando nisso, algo específico destes triathlons extreme: orientação por conta do atleta e apoio. O percurso está disponível para download e é responsabilidade de cada um cumpri-lo. Não existe um cone, nenhum staff indicando nada. Totalmente auto suficientes os atletas são. E todos cumprem o percurso !


Seguimos para as estradas rurais espetaculares do invernador, ritmo bom e agradável como sempre é no começo de uma maratona de ironman. Só que o que piora pode piorar ainda mais. O sol no asfalto estava absurdamente quente e abrasivo. Passei bastante calor e senti a pele tostar às 15:30 na serra ! Como eu sempre digo, Urubici é a Patagônia Brasileira.

O Luciano sempre me molhando e a Luana abastecendo, fui indo até que na entrada do morro da igreja houve uma parada fisiológica de alta complexidade. Algo estava errado na tubulação gastro digestiva. Segui até entrar na estrada de terra novamente e então logo mais uma parada não programada. Dessa vez foi em meio à natureza, e por pouco não foi um vexame completo, pois pronto para a ação fui surpreendido por um cara de moto tocando uma vaca, seguido logo depois por uma moça fazendo trekking equipada como quem vai para santiago de compostela.

Entramos na estrada para o corvo com o sol baixando e a luz ficando espetacular. Realmente me emocionei ali por saber que estávamos tão perto. A essa altura eu soube do mal súbito da Lahís na T2 e de que todos os outros estavam correndo. 7/10 se todos chegassem. O bicho era grande.

Chegar no topo da estrada para o corvo branco também exigiu uma Selfie com os staffs. Pouco antes tinha visto o Massaranduba descendo e logo depois passei pelo Fabrício subindo forte. Então Tarso, Juan e Sandro ! Todos embolados em uns 30 minutos !

Luana e Lucia, ou os gaiteiros para os íntimos

O final foi de lascar. Correndo no plano e me arrastando nas subidas, acompanhado pelo Luciano nos últimos 12 ou 15 km. Já em transe vi a chegada da pousada do Max com a Ana lá fotografando. Absolutamente indescritível a sensação de chegar. A gente parte querendo correr, corre querendo chegar e quando chega quer voltar. É algo inexplicável.

Uma prova como nunca fiz. Meu nono Ironman (terceiro em 7 mses). O mais demorado. Sem dúvidas o mais difícil. Não sei só se fisicamente, mas mentalmente foi uma batalha boa. O ritmo não existe, o tempo voa. O esforço vai sendo medido apenas pelo esforço, depois de 6 horas de pedal não lembro de ter olhado pro garmin. E a corrida provou ser sensacional. Desenhei como quem faz um quadro, tentei por o percurso só de ida mais bonito que pude imaginar.

Se tem uma coisa que essa prova me ensinou é que tudo pode ser mais simples do que fazemos. Sair de casa às 18 horas, viajar 3, jantar num posto de gasolina e largar num full distance na manhã seguinte, na maior naturalidade.

Uma prova como o Fodaxman tem como características básicas ser desafiador e espetacular, mas aprendi também que o espírito de equipe é o que move um evento desses. A relação de atleta e apoios é fundamental e vital para a conclusão. Ninguém faz nada sozinho, mas aqui essa verdade é elevada a enésima potência. Sem os staffs nós nada seríamos. Muito obrigado Luciano e Luana ! Muito obrigado aos amigos que se realizaram através da realização dos seus atletas !

Muito obrigado a todos que participaram. Nós fizemos história ! E Fabrício, Manente e Palhares: nós conseguimos ! Como disse o Fabrício, cuidado com o que você quer, pode conseguir.

Dados técnicos

4000 na natação, 182 na bike e 42.2 na maratona. Não faltou um metro, apesar da verticalidade :-) ! 3600+ no pedal e 600+/1100 na corrida. Tracks da prova aqui: Swim, bike, run. Fechei em 14:30 total. Pedal com IF .73 (203Watts NP) e TSS absurdo de 436.

Natação em lagoa de água doce, temperatura alta, metade da galera com e metade sem roupa. Passei calor sem :-). Ciclismo em asfalto muito bom em 95% do percurso. Poucos trechos de trepidação e algumas cabeças de ponte bastante irregulares. 5 km de BR 101 e depois tudo em rodovias estaduais. Corrida com 16 km de asfalto e o resto em terra batida e de pedregulhos.

Consumi 6 latas de coca cola, 6 garrafas de 1.5 L de água, 4 gatorades e 2 redbull. Uma penca de banana, 2 barras de proteína, meio pacote de mariolas e uns 6 gels (eram de melancia, pqp). Acho que foi isso, mais 5 bagas de sal e 1 de cafeína. Também teve o amendoim salvador do Mantente.

Resultados

Luís Inácio da Silva - 12:46
Fabrício de Oliveira - 14:13
Rafael Pina - 14:30
Fabrício Abido de Camargo - 14:41
Juan Pablo Salazar - 15:07
Tarso Gonçalves Soares - 15:15
Sandro Barros - 15:21
Lahis Francielle [DNF]
Fernando Cini [DNF]
Bruno Matheus [DNF]

Apoio:
3T Sports
Rio Canoas - Refúgio de Montanha
Pousada das Flores
Aquático Parque Verde
Flows :: Endurance Journal

Enquanto corríamos...

O Max na pousada estava se divertindo preocupadamente. Abaixo a impagável transcrição textual das mensagens de áudio trocadas entre os staffs durante a prova.

6:00 - Partida.

8:13 - Um dos carros de apoio ficou sem bateria. Apoio para o carro de apoio requisitado, e apoio para o atleta que ficou sem carro de apoio também;

9:14 - "Galera, alguém viu o Massaranduba?"

9:14 - "Não o vimos nenhuma vez e já estamos em Lauro Muller"

9:23 - "Putz..."

(aí eu penso: três horas de prova, um carro de apoio precisando de apoio, um atleta sem apoio e outro sumido....ou seja, tudo correndo dentro do esperado).

9:25 - "Massaranduba errou o caminho, pedalou 10km a mais porém já foi localizado e trazido de volta para o percurso".

10:03 - Lahis furou o pneu, que nessas alturas já havia sido trocado;

10:09 - "Meu Staff tá lá em Bom Jardim da Serra. É pra f**ë mesmo né....."

(dito por alguém que estava na parte baixa do Rio do Rastro, sendo que Bom Jardim está na parte alta, uns 30 km distance e outros 800 metros acima....)

10:11 - "Lahis, Sandro, Juan e Fabrício juntos em direção ao começo do Rio do Rastro".

10:20 - Bruno Matheus na frente, subindo o RIo do Rastro. Um atleta aparentemente parou e foi visto dentro do carro.

10:29 - Atleta que parou era amigo do Bruno e iria somente até a serra. Tudo nos conformes.

11:52 - último atleta passando pelo final do Rio do Rastro.

(Isso significa 6 horas de prova com natação e pouco menos de 100 km de ciclismo. O dia será longo. Bem longo.)

Fim da Primeira Parte 

Fodaxman pelo Radinho - Parte II

12:20 - Bruno Matheus abandona com dores na lombar; primeiro colocado com 120km percorridos na bike;

12:49 - O último atleta passa pelo alto da serra;

13:16 - Pneu da moto de apoio / documentação cinefotográfica fura a 6km de Urubici;

15:08 - instruções da corrida: "primeira dúvida que tiver à esquerda, segunda dúvida à direita":

15:16 - Equipe Cini alertada que pegou caminho errado;

15:30 - Equipe Fabrício passou reto a T2;

16:05 - "Qual Fabrício...o Massaranduba ou o Camargo?"

16:05 - Tarso, Fabrício e Sandro saem para correr;

16:06 - Juan chega à T2

16:31 - Boletim Meteorológico: "Tá um sol de fritar os miolitos".

16:39 - Lahis passou mal e foi encaminhada ao hospital local.

17:05 - Primeiro ciclista chegou em T2 às 14:10, último às 16hs.

Sete horinhas de pedal para o primeiro ciclista. Nada mal para 4 mil de altimetria acumulada.


Fotos 

Oficiais aqui. Amostras abaixo...

Estilo bigorna

Sempre Rocky Balboa mas ao menos de olhos abertos

Fabrício "minimonster" "camarguinho" Abido Camargo

Casal Kona parecia estar se divertindo

Juan !

Rio do Rastro

Pain with fun

Teve calor nessa Maratona
Épico ! Sandro e Tarso

Quase final do asfalto, que só cobria 16 km do percurso

Rumo ao corvo

Todo mundo ! Inclusive o Max numa foto

Finishers e o Manente, diretor técnico, idealizador, staff master e atleta #retardadostri
Dudu, o cão triatleta. Dono do Tarso.



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