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segunda-feira, 4 de abril de 2016

Executar e acreditar

Treinar funciona, é uma coisa óbvia que tenho repetido ultimamente. Mas também tem duas outras coisas que produzem resultados. Uma é execução, e outra é acreditar. Vamos ver se explico o que estou pensando que quero dizer ou se é só devaneio de uma mente oxigenada em excesso depois da corrida.

A hora da prova é a hora de executar o que se treinou. Aquela hora da diversão séria, pois a gente leva o esporte a sério. Execução em provas é fazer o melhor possível nas condições do dia e ainda assim monitorar tudo e cada mínimo detalhe possível. É uma coisa que demora, que vem aos poucos. É ter foco o tempo todo, sem 'emoção', guardando pro final aquilo que fica engasgado na garganta em alguns momentos.


Acreditar é saber que se fez o melhor possível antes nos treinos, que o que está feito está bem feito e vai 'sair' na hora que for preciso. É saber que é possível mesmo achando que não é, não ter dúvidas.

Executar e acreditar podem fazer a diferença entre uma prova boa e uma ruim, entre uma surpresa e mais do mesmo.

Tenho pensado que estou começando a aprender a competir direito. Na indomit por exemplo, saí totalmente focado na execução. Tudo que podia controlar, da pilha da lanterna à alimentação, o terreno, tudo, controlei. Acreditei o tempo todo que o treino tinha sido suficiente, que daria certo ter treinado pra um 70.3 e em 4 semanas feito o específico pra uma ultra de 100 km. Eu sabia que estava certo.

No km 60 me vi entre os 15 primeiros. Fiquei empolgado e pensei que logo começaria a ser ultrapassado. Mas aí voltei ao foco e pensei: porque ficar aqui ? Vou é buscar, vai chegar bem quem souber sofrer mais e acreditar que vai dar. Mas até o final, não até quase. E assim foi, executando o melhor possível e acreditando até o fim. Mesmo quando estava em 7º e fui ultrapassado no km 90 fiquei feliz. Por ter feito absolutamente tudo que era possível e exaurido até a última gota. O mérito era do Tiago que veio com tudo e seguiu mais forte do que eu estava, e pra chegar ali forte tem que executar perfeitamente e acreditar que ainda dá pra buscar alguém. Foi a prova que mais chorei na chegada. Por alívio e ao mesmo tempo orgulho de ter feito aquilo.



Isso não quer dizer que basta acreditar que milagres acontecem. Neste caso esportivo autoajuda não existe :-). "O corpo realiza o que a mente imagina" é uma grande bobagem. Minha mente pode imaginar a vontade que eu não consigo pedalar um Ironman a 300W de potência. Mas posso treinar e melhorar em vários aspectos praticamente sem limites.


O que acontece na verdade é que o corpo realiza o que nem nós sabemos que ele é capaz, se a mente deixar e não atrapalhar. Nessa hora o importante é não atrapalhar com expectativas absurdas ou pensamentos negativos. Dor e coisa torta vai ter em toda prova, coisas vão dar errado mas uma coisa errada é apenas uma coisa errada se não deixarmos isso tomar conta. É preciso simplesmente aceitar que o resultado do treino está lá dentro e vai sair. É só dar condições e não atrapalhar. E buscar o sofrimento. Vai ter o resultado quem treinar melhor, executar melhor, acreditar que é possível e aceitar sofrer. E isso não tem nada a ver com colocação na prova ou tempos midiáticos, mas sim com o resultado pessoal de cada um. O resto é consequência.

sexta-feira, 15 de agosto de 2014

Inércia


Inércia é um negócio interessante hein ? A tendência a permanecer no estado em que se está pode ser observada em várias situações. Por exemplo, eu tenho inércia do sono: quando estou acordado demoro a dormir pois sempre vou fazer alguma outra coisa, já que ainda estou acordado, mas quando estou dormindo é difícil acordar pois estava dormindo antes. O mesmo acontece com os treinos: quando não se está treinando é difícil começar, mas uma vez que se entra em fluxo de treino (o difícil é conseguir parar).

É a mesma coisa como cada sessão de treino: o difícil é começar. É muito fácil arrumar uma desculpa (razão é diferente !): trabalhei até tarde, estou cansado. Está frio. Está ventando. Está de noite ou ainda não amanheceu. A cama está boa. Estou com fome. O importante aqui é começar. E começar começa antes de começar o treino propriamente dito. No meu caso, é visualizando o treino (ok, apenas com os treinos mais importantes eu faço isso). Pode acontecer dias antes ou muitas horas antes, e o treino já está começado mesmo antes de começar. Simplesmente vai ser feito. Essa é a primeira decisão.

E aí tem-se que começar realmente. Perdi a conta de quantas vezes saí pra treinar achando que não ia dar, que os intervalados não sairiam do jeito esperado, ou o ritmo pretendido seria muito difícil de atingir. Na última terça-feira mesmo. Deixei pra nadar e pedalar a noite, depois do trabalho (a inércia do sono em ação). Foi um dia daqueles, teria que nadar enquanto o filhote estava na aula de futebol logo depois de sair do trabalho, e aí teria ainda queria pedalar. E haviam intervalos nada amigáveis. Claro que não era nada extremo, na verdade uns poucos de ritmo mais moderado, mas com o ritmo de natação que estou ultimamente já fui inventando desculpas do tipo "eu alongo o intervalo", "reduzo o ritmo", etc.

Caí na água e depois de uns 1000m de educativos e aquecimento e haviam 6 tiros de 50 m pra 1 min. Coisa fácil. Mas estava pesado e achando difícil. Os tiros saíram e aí haviam 6 de 150 pra 3 min, coisa também outrora fácil. Comecei já pensando e fazer uns intervalos maiores mas no segundo bloco o ritmo encaixou. Mas só encaixou porque eu comecei. Se não tivesse começado não saberia, e os tiros foram progressivos, melhorando a medida que ia ficando mais cansado. Como pode ? Pode, porque o que manda é a cabeça. Se você decidir o corpo vai atrás, acompanha. Mas tem que decidir com vontade. E isso não quer dizer que vá sair um tempo melhor que o outro sempre. Mas que vai sair o melhor para aquele dia, aquelas condições. Claro, até um limite, pois cabeça pode sofrer de demência, já as pernas acho que não.

Lembro de um intervalado especialmente assustador às vésperas da Indomit. Eram 4 x 5 km com ritmos progressivos. Eu olhei pra aquilo e logo pensei em fazer 20 km um pouco mais forte e me dar por satisfeito. A coisa estava feia, o volume atingia picos históricos nunca antes vistos na história desse país. Mas no dia anterior olhei bem para os ritmos e decidi que iria começar pra valer. Nessa hora tem-se que saber que se der deu, ótimo. Se não der não deu, bom também. Sabe aquela de que treino bom é treino feito ? Então. Mas tem que começar mirando no ótimo. Tiro na lua. Se não acertar, pelo menos fica boiando perdido entre as estrelas. E o treino saiu. E saiu tão perfeito, tão próximo dos tempos estipulados que eu mandei um email com o link pro Roberto ver. Claro, com isso não quero dizer que é pra sair se matando em todos os treinos, muito pelo contrário. Como sempre e em tudo, a virtude está no equilíbrio (foi o mestre Yoda quem disse isso ?).

Antes eu imaginava que ir para as montanhas era uma analogia perfeita para a nossa vida. Mas descobri que treinar para qualquer esporte de endurance também é uma analogia muito parecida (o que seria exatamente uma analogia muito parecida eu ainda tenho que pensar). Nos três casos (montanha, endurance e a nossa vida de cada dia), o importante é começar. Se vai dar certo depende, mas a única forma de dar certo é começando. Saindo da inércia. Isso vale tanto para uma sessão específica quando para o treinamento em si. Começar e criar a inércia do movimento, entrar em fluxo. Transformar o treino numa rotina tão natural que não pareça mais rotina (aquela que a gente esquece).

Assim com na vida, se esperarmos as condições ideais pra começar alguma coisa podemos não começar nada nunca. Então o negócio é não ficar pensando demais. Tem que fazer ? Vá e faça. Do melhor jeito possível. Se as condições não forem boas, será um treino em condições duras que vai treinar algo além do fisiológico. Se forem condições espetaculares sairá um treino daqueles de dar confiança. Sabe aquela de começar a academia ou dieta na segunda feira ? Desculpa. Tem que começar agora. Já.

Arrumar justificativas pra qualquer coisa sempre é mais fácil do que fazer. Mas fazer realmente dá a satisfação que é necessária para viver de fato, e não apenas existir. E em todos os casos, a não certeza de conseguir fazer alguma coisa é algo que sempre, mas sempre me inspira a tentar fazer a tal da coisa. Seja uma prova diferente, mais rápida, mais longa, mais vertical, mais explosiva. É preciso arrumar um motor pra ir pra frente sempre.

E aí, como você faz pra sair da inércia ?

segunda-feira, 30 de junho de 2014

Base aeróbia e aclimatação em altitude

Há algum tempo venho pensando nas semelhanças que existem entre as duas coisas, a construção da base aeróbia e a aclimatação em altitude. Acho que existem algumas coincidências interessantes.

Considerando que o objetivo da base aeróbia é permitir uma evolução de performance (leia-se, ir mais rápido e mais longe) e a da aclimatação também (ir mais rápido e mais alto), dá pra perceber o que há em comum.

Nos dois processos temos uma fase com objetivos parecidos. Na fase de base aeróbia normalmente treinamos por muito tempo em baixa intensidade, e na aclimatação passamos muito tempo em altitudes 'baixas'. O 'baixo', claro, é relativo e individual. Em termos de frequência cardíaca uns 138-142 bpm pra quem tem um limiar de 164. Em termos de altitude, muitas vezes pouco acima da metade da altitude do cume da montanha é onde se passa mais tempo aclimantando, com rápidas incursões a altitudes maiores. Ou seja, são baixos relativos ao máximo em questão.

Nessa fase o que fazemos é tentar modificar a nossa fisiologia para nos tornarmos mais eficientes. No consumo de oxigênio, na queima de gordura como fonte principal de energia, no aumento das mitocôndrias e dos glóbulos vermelhos. Mais eficientes para o que vem depois, que é correr no limite e ir o mais alto que podemos. Nos dois casos, ficamos mais saudáveis e fortes na base para poder aguentar o que vem depois e justamente, dar base ao que vem depois.

Pois acontece que a base aeróbia não vem sozinha. Quando a construímos também damos o tempo necessário para os outros sistemas se prepararem adequadamente ao esforço que virá. Por exemplo, o cardiovascular responde mais rápido que o muscular, que é mais rápido que a evolução dos ligamentos, tendões e cartilagens, que por sua vez evoluem mais rápido que os ossos no sentido de suportar a carga de treinos e provas. Idem para a aclimatação. Uma etapa acelerada ou mal feita certamente trará problemas mais acima, pois não haverá tempo dos demais sistemas terem se adaptado adequadamente à altidude.

Tanto no caso da base como no da aclimatação acontecem os platôs de desempenho, quando se não introduzirmos uma sobrecarga (treinos de alta intensidade e subidas a altitudes maiores, respectivamente), não há evolução, e portanto, não ficamos mais perto do objetivo. Ou seja, depois da base é preciso ter estímulos de alta intensidade e altitude, senão ficaremos presos 'lá embaixo'. Se o objetivo for apenas condicionamento ou ver a montanha mais de perto, excelente. Se for ir mais rápido e mais alto, é preciso introduzir intensidade.

O interessante disso tudo é que uma fase tida como 'chata' por alguns pode ser usada de uma forma totalmente diferente e divertida. Na base aeróbia é possível introduzir alguns treinos alternativos, mais descompromissados e onde podemos exercitar outras habilidades. Por exemplo, trilhas pra quem só corre em asfalto, MTB pra quem só pedala na estrada e vice versa, remo no lugar da natação. E na aclimatação podemos incluir escaladas menores, roteiros de trekking maiores, etc.

Portanto, o segredo para se construir uma boa base é achar uma razão para fazer a parte que poderia ser chata ficar divertida. O objetivo não fica sendo a coisa única, aproveita-se a jornada e não só a linha de chegada ou cume.

Um bom exemplo aconteceu esse ano. De uma forma ou de outra acabei fazendo treinos menos intensos nesse semestre, mas com um volume em zona aeróbia muito grande. Na preparação para o El Cruce e Indomit fiz longos de corrida bem longos, alguns em trilhas muito técnicas ou com grande desnível.

Além do prazer de transformar cada treino longo em uma aventura (afinal, levava celular, kit de primeiros socorros, lanterna e mochila), correr em trilhas naturalmente baixa a FC média e treina muita força. Isso acaba gerando uma reação em cadeia de melhor condicionamento cardiovascular e muscular que serve adivinha de que ? De base para o que vem em seguida. Estou certo de que é possível encaixar um período de alta intensidade curto e polimento e aproveitar isso numa maratona 'rápida' (novamente, relativo à distância). Assim espero na Maratona de SC no dia 17 de agosto :-). Claro, as trilhas ainda trazem junto os visuais incríveis, os amigos, as risadas e as roubadas, o que pode ser considerado um fim em si.

Em números, a FC média esse ano ficou em 130 contra 138 no ano passado. O volume em tempo acabou parecido, mas em ganho de altitude esse ano foi mais que o dobro. Uma variação dessas parece ser suficiente para deixar o basal mais baixo e a recuperação muito mais fácil. Praticamente me livrei de vez do incômodo no tendão de aquiles esquerdo de dezembro de 2013 pra cá, logo quando o volume de corrida deu uma disparada. Além disso parece que a eficiência também cresce muito. Tenho experimentado treinos de 16, 18 km no plano sem nada, água ou gel. Nenhum sinal de quebra também nas provas onde parece que a quantidade de carbo que tem que ser ingerida está menor.

Então, parece que fazer base dá certo. Ache uma coisa que seja divertida e obedeça a planilha quando ela mandar ir devagar.

Claro que ainda pode-se complicar tudo e procurar entender como o condicionamento aeróbio se sai na altitude, ou como a altitude afeta o desempenho esportivo. E o mais interessante de tudo isso, como treinar em altitude pode gerar um ganho expressivo de performance quando de volta a baixas altitudes, ou ainda, gerar mutantes que conseguem subir e descer o Mckinley em 11 horas ou o Mattherhorn em menos de 3. Mas acho isso vai precisar de um pouco mais de leitura, conversas com o André Cruz e algumas experimentação pra gerar outro post.


Trilhas, muitas trilhas !
Um lugar onde pace não existe...

sexta-feira, 12 de julho de 2013

Esportes de endurance e montanhismo

Talvez não haja como separar a segunda da primeira coisa... e na verdade talvez o montanhismo seja a forma mais extrema de esportes de endurance. Pois se temos provas de longas horas, no alpinismo extremo temos provas de vários dias. Ataques de 24, 36 horas ininterruptos, ou então com pernoites ao relento no meio da montanha, minimalistas em tudo, pois ali peso é fundamental.

Desde sempre que minha paixão é o endurance, as longas distâncias. A segunda ou terceira prova de corrida foi uma maratona. A primeira competição mais séria foi uma corrida de aventura de 13 horas. Mas isso não começou ali. Na verdade começou antes, em travessias a pé, escaladas sem noção nos Andes e depois em incursões por aí, e a corrida derivou disso, e não o contrário. Só que uma coisa reforça a outra.

As provas e os treinos são a forma mais fácil de manter o contato com esse estilo de existir. É muito mais fácil encaixar 1 ou 2 horas de atividade intensa na semana do que uma travessia ou montanha no fim de semana. Só que tem uma chama acesa que é atiçada de tempos em tempos, às vezes com intervalos bem longos, mas está ali.

E agora de alguma forma estou vendo esses dois caminhos se cruzarem. Acabou que tudo convergiu para que eu me inscrevesse no Cruce Colúmbia, e essa mistura de montanha com corrida está me deixando mais louco do que o normal. Claro, pra uma mente possuída e perturbada pelo endurance como a minha parece que nada pode piorar, mas pode.

Daí temos a escalada em agosto. Retomar o contato com isso, passar a pesquisar e ver que a coisa evoluiu absurdamente de uns anos pra cá é um grande barato. O esporte tomou conta da montanha. Alpinista agora é atleta. Treina com estrutura para isso, não é só mais sair pra montanha sem hora pra voltar. O expoente máximo dessa mistura é o Killian Jornet, mas tem toda uma nova geração fazendo história. Ueli Steck, por exemplo, parecia a pessoa mais louca que poderia existir. Vários e vários atletas tem feito coisas inimagináveis nos Alpes e todas as grande cadeias de montanha do mundo. O Himalaia está sendo reinventado (apesar do estupro do Everest).

Mas talvez isso não seja tão novo assim. Como em quase tudo, as coisas são movidas a ciclos e uma novidade quando bem esmiuçada vem como uma antiguidade vestida em roupas novas.

O Messner sempre foi um atleta. O segredo dele não estava na técnica, que era por si só impressionante, mas na resistência física extrema. A velocidade foi o que o manteve vivo, o que lhe deu fama e espaço numa era recheada de ícones europeus saindo da era de ouro do alpinismo, muito mais capazes tecnicamente do que ele. Mas ele abriu um novo mundo apenas com a velocidade e a loucura solo.

Escalou a face norte do Everest absolutamente sozinho, em 2 noites. Normalmente do campo base até o avançado se leva de 6 a 8 horas em 25 km de geleiras e morainas, mas ele chegou até o colo norte desde o base em bem menos tempo que isso. Não aconteceu de graça. Lá em 1970 e rolha ele já treinava, era patrocinado pela FILA e vivia correndo pra cima e pra baixo quando não estava nas montanhas, tinha um fisiologista o acompanhando, estudava nutrição. Igualzinho aos atletas de endurance de hoje :-). Quando terminou o que tinha pra fazer nas montanhas direcionou o canhão para os grandes desertos e cruzou todos eles, os pólos, tudo movido à pernas.

Obviamente não se sabe onde isso vai parar, mas é visível que cada vez mais os limites são expandidos, nas provas e nas montanhas. Os caminhos se cruzam mais do que se imagina. Preparação física, psicológica, análise de riscos, imprevisibilidade, as semelhanças são muitas mas na montanha as consequências normalmente são muito mais sérias. E isso amplifica em muito a percepção de quem se mete nestes ambientes.

Não sei se por isso tenho essa fixação por provas misturadas com ambientes mais agressivos, selvagens. 70.3 de Pucón, Norseman. Maratonas em desertos, Cruce de los Andes. Ultras são uma forma de fazer rápido o que normalmente fazíamos em dias. Fizemos já várias travessias na região de Urubici e São Joaquim de mais de 3 dias, onde não percorríamos mais de 40, 50 km. Só o Desafrio tem mais que isso.

O Cruce vai passar por lugares onde em 1999 eu fiquei perambulando sozinho por duas semanas. Na época nunca imaginaria ir lá pra correr, e agora praticamente não imagino ir lá e não correr.

Talvez seja toda essa facilidade das mídias sociais, internet, blogs e o escambau que nos bombardeiam de novidades, mas é uma novidade que se tem que cavar. Não está na grande mídia. E aí eu fico cada vez mais interessado em misturar as duas coisas. Subir montanhas correndo, correr em montanhas. Tudo junto ao mesmo tempo agora.

No início dos anos 90 a fixação era fazer a volta a ilha de Santa Catarina. Não A volta à ilha atual, a corrida, mas uma caminhada saindo do extremo sul e chegando no extremo norte, totalmente auto-suficiente só com o que tínhamos na mochila. Acho que a de 1994 fizemos em 4 dias de chuva ininterrupta. Naquela época ficávamos sabendo dessas demências pelo jornal de papel, e tínhamos que caçar o telefone do louco pra buscar mais informações com ele. E o praias e trilhas faz exatamente o mesmo percurso em pouco mais de 11 horas :-). Tudo misturado, e agora eu acho que tô entendendo o porque.

Treinar pra ir pra montanha, ir pra montanha pra me manter treinando. Correr pra competir e competir pra treinar, para poder ir sempre. Em resumo, estar sempre 'pronto' para a próxima coisa. Esse texto está ficando uma mistureba de dar gosto.

Acho que é pelo avançado da hora. De novo vou ficar acordado até as 2 da manhã para fazer a reserva online do refúgio de montanha do Mont Blanc. Parece o Ironman. Pior até, ontem as vagas acabaram em 3 minutos. E isso me lembra outra coisa: a loucura mundial está aumentando. Tudo tem as inscrições esgotadas, cada vez mais rápido.... As coisas se banalizam e surge alguma coisa ainda pior para substituir a falta de endorfina. Já postei uma WishList de provas aqui... comecei a caçada !

As duas coisa exigem que se queira abraçar a dor, o sofrimento e o ardor nas pernas do mesmo jeito. Nunca fui muito de escalada técnicas, pra mim quanto mais longa a caminhada, a subida, os pedregulhos, melhor. Não consigo ficar num problema esportivo ou de boulder, prefiro clássicas, alta montanha. Nas corridas ? Igual: provas longas, quanto mais complexa melhor. Apesar de correr algumas provas curtas, que são necessárias, a cabeça está nas longas.

Sei lá viu, acho que tô viajando demais...




quarta-feira, 19 de junho de 2013

Ciclos e continuidade

Estava pensando aqui com meus botões... vou ficar fora do Ironman Brasil Floripa em 2014, mas o vazio não se instalou por aqui. Achei que ficaria desesperado se não me inscrevesse... Na verdade, o que eu preciso é de um objetivo, e agora estou com vários. Muitos mesmos.

Uma coisa acaba puxando a outra: o treino pro iron forma uma base sólida pro segundo semestre, onde provas curtas invertem o foco e mantém uma pouco de volocidade no esqueleto. Provas longas e muito muito curtas, endurance e explosão.

São ciclos onde uma coisa reforça a outra.Os próximos objetivos são um melhor que o outro. Daqui para dezembro haverá o Desafrio de 53km, escalada fantástica, provas curtas, um 70.3 aqui mesmo em Floripa (Dash), talvez o mountaindo em dupla. Depois é a vez de reencontrar as origens.

Acabei de fazer a pré inscrição para o Cruce de Los Andes, ou Cruce Columbia. Desde sempre é o tipo de prova que me atrai. Poder voltar a patagônia, participar de um corrida multi-etapas, três acampamentos, somar mais de 100 km de corrida em terreno selvagem e vulcões, altimetria forte, clima, ambiente de montanha... não dá pra descrever o que é melhor. Sempre ouvi falar dessa prova mas janeiro quando a cobertura da prova desse ano começou senti que era a hora. Decidi que faria 2014, só foi difícil desistir do Iron 2 meses depois ;-). Escolhas...

Tudo isso vai ser feito com a base trabalhada do ironman deste ano, e vai servir de base para o iron no segundo semestre de 2014 - o segundo Ironman Brasil, IronPunta ou algum outro.

É por isso que não pretendo ficar sem correr um ironman no ano que vem. Não será em casa, mas haverá um. Para que o ciclo continue sem fim. Planejar é tão fácil numa folha de papel em branco... Mas é assim que as coisas começam. Sonhos na cabeça são só sonhos. Aqui começam a virar realidade. Ah, e o Norseman que fique quietinho lá me esperando para 2015.

Abaixo, El Cruce 2013, categoria solo:


sábado, 16 de março de 2013

A cabeça manda, o corpo obedece...

Esta semana tive umas percepções dessa máxima do treinamento de endurance. Eu tenho feito alguns treinos muito bons e outros nem tanto, mas por incrível que pareça os melhores são aqueles onde antes a vontade não era das maiores.

Na quarta-feira teve o longo de corrida de 24 km. Tudo tranquilo até que no fim da tarde surgiu uma letargia muito grande. Achei que estava ficando gripado, mas saí assim mesmo. Simplesmente cheguei em casa, me alimentei meia hora antes  (kit banana, pão com geléia e malto), catei tudo e saí. Sem ficar pensando se, como, porque ou quando. É preciso acordar sabendo que o treino será feito. Simples assim.

Foi uma corrida horrivelmente ruim. Ida mais ou menos, um pouco lerdo. Vento sul em popa, água... No retorno lá no itacorubi tomei um gel e voltei com uma dorzinha na sola dos dois pés, num lugar nunca antes doído. O vento sul veio de frente e eu fui tentando manter o ritmo, mas depois de passar a ponte simplesmente desmontei. Os últimos 4 km foram podres. É uma coisa que a experiência ensina, que isso acontece, que não é o fim do mundo e não precisa ficar achando razão. Que treinos assim constroem a 'casca' e os próximos serão melhores. Ah, e nada de gripe.

Quinta-feira a natação foi na boa e a noite tinha um treino no rolo. Uma coisa que eu nunca tinha visto, mas vi ainda na quarta a noite e só pensei: 'ok, vai sair'. Então já estava 'feito' quando acordei quinta. Mas a coisa foi cruel, viu ? Algumas vezes pensei em parar, as pernas ardiam na lateral, talvez restos do desgaste da corrida podre do dia anterior. Foram 2h7min, 60 km e vários intervalos longos em alta intensidade.

Sexta-feira é dia de intervalado de corrida, 2x10x400m. Só que chovia. No almoço um colega na empresa ainda comentou que viu um cara correndo na beira-mar antes de ir pro trabalho. Ficou com pena do sujeito estar correndo as sete da manhã na chuva. Discutimos sobre o bom que é correr na chuva. E então a noite, quando saí debaixo de muita água pro intervalado, também não tinha dúvidas, o treino já estava 'feito' desde cedo. E foi entalado entre sair do trabalho e um jantar em casa com amigos, depois de um dia com 40 min de almoço.

Intervalado na chuva tem seus requintes de crueldade. Correr  e parar e ficar lá esfriando debaixo d'água não é lá essas maravilhas. No segundo ou terceiro tido de 400 m pensei que ainda faltariam 17, era muito, precisava dar um jeito de encolher aquilo. Usar o plano B dos intervalados, que é fazer o volume em tempo run. Mas o treino já estava 'feito', então segui nos tiros. Lá pelo 12º tiro parou de chover, tirei a camisa, torci e continuei. Parado de frente pra uma reta deserta de quase 1 km, esperando o beep do garmin, comecei a rir sozinho. Tem que gostar muito... e eu gosto tanto, que por mais insano que pareça, é um prazer.

Esse é o tipo de pensamento que se tem que ter para entrar nessas provas longas. Simplesmente você tem que se convencer de que completará o treino ou a prova antes mesmo de começar. Claro que isso não quer dizer continuar a qualquer custo ou se matar de graça, mas é preciso determinar desde o começo quem é que manda. Senão, há tanta coisa no meio, tanto motivo fútil pra te convencer que aquilo ali é um absurdo, que é muito fácil sucumbir. Só porque a cabeça manda. Concordam ?

Não era bem assim a pista de sexta, mas era quase. Foto daqui.

sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Sobre a complexidade de pedalar



Eu não me lembro de ter aprendido a andar de bicicleta, mas lembro da primeira que ganhei. Na verdade, ganhamos, eu e meu irmão, uma bike BMX novinha em folha em algum natal ido. Acho que já havia em casa outra bike ou logo houve, uma monark monareta. Mas a BMX foi a 'primeira bicicleta'.

Fazíamos de tudo naquelas bikes, algumas coisas totalmente inconsequentes. Uma das manias era amarrar uma corda de tamanho desconhecido na bike e sair a toda. Quando a corda travava voávamos por cima do guidão. Uma vez organizamos uma olimpíada na vizinhança e incluímos a bike nos esportes. Também tivemos sorte de crescer numa casa de quintal grande em coqueiros. Chegamos a fazer uma pista de bicicross pegando uma parte no quintal do vizinho.

Ou então arrumávamos uma descida bem forte e um doido ia pilotando e outro maluco ia na garupa. O objetivo era fazer as curvas bem fechadas ou então saltar alguma coisa pra ver se o infeliz na garupa conseguia se segurar. Uma vez eu caí mas fiquei agarrado na garupa, sendo arrastado com as pernas na lajota. Escoriações daquelas de encher de grãos de areia na lateral da perna eram comuns, até hoje tem marcas.

Os percursos eram muito curtos vistos de agora, mas longos para uns pirralhos sem noção. Numa ocasião andamos até outro bairro na casa de um amigo, foi impressionante. E depois a coisa foi evoluindo. Passávamos a ponte colombo sales, antes de existir a segunda ponte que na verdade é a terceira. Ah, claro, pedalava muito sobre a ponte hercílio luz também, pena que não existia facebook e celular com câmera, senão teria uns registros.

Depois disso minha memória não é tão boa quanto a do Adriano, mas quando ganhei uma caloi 10 usada foi o ápice. Chegamos a pedalar até naufragados, distante 45 km do centro de Florianópolis. Mas aí já era 'grande', talvez uns 14 anos. Fomos até a praia, carreguei a caloi 10 por 3 km de trilhas até a areia. E aí voltamos, alguém que não lembro mais numa caloi cross quase sem joelhos empurrando a bike ao lado dos que ainda fazia movimentos de pedalar. Foi praticamente o dia todo, mas isso pode ter dado uns 90 km. Não faço ideia do que levávamos para comer ou beber. Mas sei que várias torneiras das casas pelo caminho eram atacadas.

E era tudo simples. Bastava pegar a bike e ir. Na época da caloi 10 já tinha um capacete de isopor que usava de vez em quando, mas ia de tênis ou sandália e shorts e camiseta. Bem depois apareceu um porta-garrafa preso ao quadro. Não me lembro de ter trocado pneu na infância ou adolescência. Não furavam ou alguém trocava pra mim ?

Então fiquei matutando sobre isto no pedal de domingo. Fiquei impressionando com a quantidade de coisas que tive que descer pra ir pedalar. Minha bike fica na garagem e parte do equipo fica lá, o resto fica em casa e faltou mão pra levar tudo.

Bermuda com amortecimento nas partes, camisa de ciclismo. Aí passa protetor solar. Labial. Taca vaselina nas virilhas. Também coloca o RoadID no tornozelo. Depois basta pegar as duas garrafas de líquido na geladeira, uma meia, óculos de sol e o celular, claro, sem esquecer de sachês de gel, banana passa e banana fruta. Mais uns trocados.

E as ferramentas, uma bolsa com duas câmeras, chaves, sacador de corrente e espátulas. E dessa vez também levei uma máquina fotográfica (não, a do celular não serve mais). Fora claro o capacete e a sapatilha e para fechar o GPS e seus sensores: monitor cardíaco, sensor de cadência e velocidade, além da constelação de satélites. Maior traquitanda eletrônica. Isso porque não tem medidor de potência. Ainda.

Coisarada. O Arthur acha que para pedalar é só levar a bike no parque de coqueiros. A inocência das crianças é linda ;-)). Na verdade nem tanto, até ele já sabe que tem que pegar capacete, água e óculos se tiver sol. Se essa mudança toda é boa ou ruim ? É só uma mudança, que dá um pouco de saudade mas também mostra a evolução que sofremos ao longo do tempo. Porque pedalar atualmente não é só mais uma atividade qualquer ;-), mesmo que frequentemente eu saia só de tênis para dar uma volta, ir pro trabalho ou pra natação, sem nem um relógio, apenas por pedalar.

quinta-feira, 30 de agosto de 2012

A verdadeira pior troca de pneu da história

Já relatei nos treinos para o iron deste ano a pior troca de pneu da história. Só que tudo sempre pode evoluir e hoje foi prova disso. Decidi trocar o treino de natação pelo pedal no rolo de amanhã, já que sábado tem longo de bike logo cedo. Então, armei as tralhas e fui pro bicho, comecei a assistir um filme, fiz dois dos intervalos da série principal e o treco ficou estranho. Fui conferir o pneu estava totalmente vazio, mas antes estava cheio. Furou pedalando no rolo, como é que pode ?

Fiquei sem saber o que fazer, e resolvi tentar pedalar com o pneu furado mesmo. Até que foi mais ou menos no intervalo de giro solto, mas foi só forçar mais que o pneu começou a bater no quadro, freio e fazer tudo quanto é tipo de barulho. Não dava. Aí pensei em usar finalmente o pit-stop que tenho desde 2009 e já deveria estar secando. Tirei a camiseta empapada de suor, a sapatilha, passei uma toalha nojenta e vesti uma camiseta seca para descer e pegar o pit-stop. Aí vi que não tinha chave do hobbybox em casa. Voltei a tentar pedalar na marra, mas não dava mesmo. Fim do treino com 38 min.

Bom, logo a Daiane chegou e meti na cabeça que iria usar o tempo para trocar o pneu e deixar tudo pronto para o próximo treino. Desci e busquei também todas as câmeras furadas, remendei as seis e fui trocar o pneu. Era o mesmo maldito da troca no aqueduto de são miguel, agora já no fim da vida sendo usado no rolo, é daqueles continental anti-furo. Tentei por um bom tempo tirar o pneu que estava há vários meses na roda e nada. A Daiane veio perguntar porque eu estava demorando tanto, como era isso numa prova, etc.

Fui ficando puto com aquele pneu miserável e quebrei uma espátula. Das boas, continental também e bem grossa. O pedaço quebrado voou na minha cara. Aí logo quebrei a outra e furei o dedo. Fiquei olhando pro pneu... "tu não nasceu aí desgraçado... vai sair nem que eu fique com as mãos sangrando !". Fui buscar uma faca e uma colher, e depois de mais muito tempo, de uma colher retorcida e a faca entortada, tirei o infeliz. Achei uma farpa de metal por dentro do pneu que só saiu puxando com alicate. Como aquilo foi parar ali e como só foi furar agora, pedalando no rolo pela enésima vez é um mistério do universo pneumático que vai ficar sem solução.

Remendei também a câmera furada e coloquei de volta. Mas com o cabo da faca, no maior cuidado pra não  morder... e enchi. Ficou cheio, fiquei satisfeito e fui arrumar e limpar tudo. Ao pegar a roda pra botar na bike, pneu murcho de novo. Ou mordi a câmera ou o remendo foi mal feito, ou os dois. Só que aí era questão de honra. Aquela porcaria ia ficar cheia de um jeito ou de outro. Mas trocar de novo não teria condições, a não ser que acabasse com mais uma colher. Ah, e o melhor de tudo, a galera tinha convidado pra pedalar de MTB...

Então terminei de levar tudo pra garagem e peguei o pit-stop. Já meio seco, todo lascado de tanto ser carregado no quadro nas provas e graças à Deus sempre desnecessário. Usei a coisa, e não é que funcionou ? Encheu legal o pneu. Mas vazou um pouco da meleca anti-furo. Fui completar com a bomba e saiu mais um monte pela válvula, mas meti 120 lbs e deixei lá. Já faz umas 2 horas e aí fui lá deixar a sapatilha e vi que o pneu tá cheio ainda... então EU VENCI, SEU PNEU MISERÁVEL !!!!

O pedal virou treino de manutenção e destruição de espátulas. Coisa horrível. Mas a estatística está do meu lado. Desde muito antes do Iron que não trocava uma câmera. Pelo tempo que levei hoje, só vou ter que fazer isso de novo em 2014.

Aqui tem todas as instruções...

terça-feira, 15 de maio de 2012

Aos amigos Ironman


Largada 2011, foto do Charles Herdt.
Treinamos forte e com persistência para chegar até aqui. Todos nós somos privilegiados. Por termos saúde, condições, vontade e possibilidade de embarcar nessa coisa louca que é treinar para um evento desse tamanho, por podermos nos dedicar a um esporte tão exigente, que nos consome, às vezes literalmente, por horas a fio da vida externa. São 226 km ! A distância dita assim assusta mais, não é esse negócio de encolher o número usando milhas ;-). Duzentos e vinte e seis quilômetro a serem percorridos com a maior determinação possível, com as forças das nossas pernas e braços, mas movidos a coração e vontade. Sim, porque só a vontade é capaz de fazer alguém se impor um desafio deste tamanho.

Treinamos no vento, noite, madrugada, sol de rachar e chuva, mas também em amanheceres espetaculares, num mar que mais parecia piscina, em estradas desertas cheias de verde. Com sede, fome, dor, preguiça, mas também empolgação, vontade, empenho, alegria e garra. Cheio de altos e baixos, como quase tudo na vida.

Os treinos trouxeram uma dose de auto-conhecimento e aprendizado que não é fácil de conseguir de forma tão concentrada em tão pouco tempo. Muita diversão e algum stress também fizeram parte... Mas realmente o que vale é a jornada e passar esse período vendo tanto sol nascer e se pôr, sentindo o andar das estações na própria pele, ao ar livre, é sensacional.

Cada um tem seus objetivos, teve seus anseios, frustrações, alegrias e desafios nesse período que vira a vida da maioria de nós de pernas pro ar, mas se tenho uma certeza é de que a vitória é garantida, a satisfação é plena se fizermos uma coisa só no dia da prova: nosso melhor. Nas circunstâncias que a Natureza nos proporcionar, do jeito que a prova nos exigir. O melhor a cada instante, é isso que importa. O resultado é só consequência.

Façamos valer cada segundo suado nesta preparação e tenhamos todos um excelente último domingo de maio, com determinação no percurso e sorriso na chegada. Boa prova a todos nós, força e foco sempre !!!! Nos vemos na linha de largada, com o sol nascendo no mar !!

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Correndo por Madri, vídeo do Hélio

Meu amigo Hélio foi trabalhar por 2 meses em Madri. Corredor como é, produziu esse vídeo fantástico. Há controvérsias, mas aparentemente foi ele mesmo quem correu e editou o vídeo. Excelente resultado, parabéns !!! Curtam...


terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Treinos, medir ou sentir ?

Está rolando uma discussão interessante na blogosfera a respeito da utilização de gadgets no treinamento esportivo, especificamente no triathlon. A discussão se resume de forma muito superficial ao seguinte: usar equipamentos de medição (monitores cardíacos, de cadência, velocímetros, medidores de potência) e ter feedback instantâneo e frio sobre o rendimento, ou confiar na percepção de esforço e levar os treinos baseados na experiência/sensação do momento.

Na minha visão, não há certo ou errado. A discussão será interminável, com argumentos válidos e muito interessantes como tem sido, de ambas as correntes. Atletas de alto nível treinam sem instrumentos (Macca, Crissie e os "antigos" também :-) e outros de nível tão alto quanto treinam baseando-se em números.

Na minha opinião a virtude está no equilíbrio (quem disse isso mesmo ??). Tudo depende de como o atleta se adapta às ferramentas. E no final das contas, a percepção de esforço sempre é utilizada. Ou alguém que deveria correr num pace X vai se matar se não estiver se sentido bem no determinado treino ou prova e simplesmente não estiver "rendendo" ? O mais provável é estar se sentido bem demais e usar o instrumento como um balizador, uma ideia macro de onde se pode ir, baseado na experiência dos treinos anteriores.

Minha experiência: meu tempo é curto e preciso aproveitar os treinos o melhor possível, no junk miles. No triathlon especificamente, que é um esporte muito intenso e que demanda muito tempo de treino, isso é ainda mais importante. Ou seja, se for pra treinar tem que ser pra ter resultado. Isso, claro, não impede passeios ciclísticos, corridas contemplativas ou natação solta, que são necessárias e salutares, mas tem uma diferença entre isso e treino produtivo (fisiologicamente falando, mentalmente talvez os últimos sejam até melhores ;-).

Então, tento usar os números da melhor forma possível, sempre relacionando os indicadores à percepção de esforço, sem é claro transformar um longo num tiro ou um intervalado num trote. Por exemplo, por muito tempo eu olhava um treino de corrida em 'zona 2' como muito leve, e várias vezes ia até sem relógio. Ou usava o GPS sem o monitor cardíaco. Quando uso os GPS com frequencímetro é que é possível ver o rendimento (pace) para um dado esforço cardíaco (FC) e então correlacionar as coisas com o ambiente (Alta umidade ? Calor ? Ventando horrores ? De estômago cheio ? Cansaço acumulado ?) e aí sim tirar conclusões, dosar o esforço de acordo com o objetivo do treino.

Exemplo de hoje: 10 km na zona 2 depois da prova de ontem (breve post). Coloquei o monitor e fui. Bem no meio da zona 2, que atualmente dá uns 142 bpm, o pace era de 4:45/km. Fiz o treino todo bem constante, então essa é uma boa métrica para esta condição: bem condicionado mas pós uma prova intensa, temperatura boa e sem muita umidade ou vento. E olha que legal, semana passada um treino igual (mas não depois de uma prova) sem o monitor gerou os mesmos 10 k num pace médio muito pior, baseado só na percepção. Poderia ter sido o contrário, poderia ter saído um pace excelente e mais forçado do que o desejado. Em resumo: usar (se possível, claro) os gadgets é como ter instrumentos no painel do carro. Mesmo com o básico indicado ali, você ainda usa a percepção, calcula mentalmente a velocidade das árvores passando, a distância dos outros carros, junta tudo e processa a informação disponível.

Esse falatório todo é pra dizer o seguinte: se for pra usar um monitor de qualquer coisa, use a informação que ele gera, não apenas olhe pro número e diga 'que legal, olha só a fc/velocidade/cadência/potência', e associe isto à sua percepção de esforço e sensação durante o treino. É a minha opinião pessoal e individualizada, emitida de forma voluntária e sem garantias de qualquer tipo. E não, não sei se prefiro comprar um medidor de potência ou uma mountainbike nova. Espero ter complicado mais um pouco a discussão.

domingo, 18 de setembro de 2011

Treinando por treinar...

Ontem dei uma corridinha de 12 km a noite e a vontade de pedalar que já vinha desde sexta se materializou ainda mais. Marquei com o Alexandre às 7:30 na ponte (qual lado, não marcamos). Acordei antes do despertador, céu avermelhado. Aí quando fui descer, tudo cinzento. Botei manguito e uma regata de corrida por baixo da camiseta de ciclismo (quase fervi depois). Cheguei no parque de coqueiros às 7:29 e atravessei a ponte, encontrando o companheiro de pedal no trapiche.

Giramos para o sul até o trevo da seta, ventinho levantando. Na volta o Alexandre percebeu um ovo no pneu, mas seguimos pois não parecia grave. Ao passar pela rodoviária ouvi um estouro, parecia aqueles que carro ou moto com carburador desregulado produzem. Segui e olhei pra trás e não vi ninguém, voltei e vinha o Alexandre empurrando a bike, o pneu tinha explodido. Segui até a UFSC e voltei ao trapiche, quando a esposa dele já estava lá com um pneu novo.

Depois disso seguimos para o norte, vimos uma galera da Ironmind treinando, passamos pelo trecho da SC 401 em duplicação até a vargem grande, com uma parada para uma coca-cola. Ao sair do mercadinho, voltei para onde tinha vindo e não para o lado certo, nem sabia para onde tinha que ir, não olhava a kilometragem há tempos. Voltamos com vento a favor até o trapiche e segui pra casa, fechando exatos 100 km.

Foi um treino bem diferente, sem objetivo muito claro, teve força em morro, tiro contra o vento, plano a 55 km/h com vento a favor, pneu explodindo. Tudo muito tranquilo, quase um passeio matinal que acabou sendo um belo pedal. Estava há um tempo - maio ;-) ?! - sem pedalar mais de 3 horas e já estava sentindo falta. Simplesmente pelo prazer de treinar. Para aproveitar o dia. Pra sentir um pouco de cansaço longo. Depois em casa fui recepcionado por uma obra de arte da Daiane, arbóreo com camarão e tomate seco ;-), o qual foi saboreado com mais vinho do que deveria.

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Todas as maratonas até agora

Passando no km 33 fingindo que estava correndo (pra não ser arrancado da prova pela família)

Dias desses li que o Galindez fez a primeira maratona solo no rio. Já fez inúmeras em provas de Ironman, mas nunca tinha feito uma solo - interessante ! Não sei porque fiquei lembrando da minha primeira, em 2003. A ignorância foi uma benção àquela época. Se tivesse noção do perigo talvez não tivesse me metido naquilo, e se não tivesse corrido talvez não tivesse ficado tão dependente ;-), e aí tudo poderia ter sido diferente.

Eu tinha corrido uma rústica de 9 km e uma meia (muito boa, 1h35min), aí fui pra maratona. Quase fiquei colado no asfalto. Saí forte demais e quebrei totalmente, vomitei até não ter mais o que sair, tive cãimbras em tudo quanto é parte das pernas e andei uns 10 km. Mas fui até o final e fechei em 4h17. Fui andar direito só lá para quinta feira da semana seguinte.

Estou escrevendo isso pra não perder a memória. Porque antes do advento desse blog eu registrava as coisas numa pagininha no hpg, que saiu do mapa. E tinha algumas antes de 2008, quando essa escrevinhação toda aqui começou.

A contagem está em 21, incluindo as ultras (Desafrio é Ultra !!). Depois de 2003, teve a de 2004, cuja missão era consertar as besteiras da primeira, nota dez. Aí então 2005, quando consegui baixar de 4 horas mas dei umas quebradas. Em 2006 o Hélio me convenceu a correr o Desafrio, 50 km. No ano seguinte, conseguiu me abduzir e fiz a inscrição para o Praias e Trilhas, 42 km num sábado e 42 num domingo, repetindo em 2008 e 2009, quando também fui quebrar lá no K42 em bombinhas. Desafrio foram mais 5 depois do primeiro. A última maratona de Florianópolis foi em 2008. As maratonas do Iron somam 3 e a de Curitiba, a melhor até agora saiu em 3h16. Isso tudo é muito bom.

Chegada de Curitiba

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Primeira Lei de Newton

Lex I: Corpus omne perseverare in statu suo quiescendi vel movendi uniformiter in directum, nisi quatenus a viribus impressis cogitur statum illum mutare.


Ou dito em bom português, a primeira lei de Newton: Todo corpo tende a permanecer em seu estado de repouso ou de movimento.


O pai da ciência moderna deve ter entendido também um pouco de esportes (ao menos, arremesso de maçã). A primeira lei parece aplicar-se exatamente ao processo de manter-se treinando ou então ficar tropeçando ou parado. Quando você está treinando aquilo vira uma coisa contínua, e todo o foco está alinhado para manter a coisa. Já quando não se está (pelo menos, direito), qualquer coisa é desculpa pra continuar não estando.


Esses dias fiquei desesperado em ver o estado lastimável em que a minha corrida se encontra. Até saiu um tempinho bom no GP Inverno, mas foi excessão. Ontem o treino de 18 km foi tão ruim que lembrei de uma segunda-feira pré-iron onde 18 km era a rodagem. Fui conferir e o ritmo tinha sido melhor do que o de ontem, que era pra ser um longo em pace de maratona. Claro que sei que isso é uma coisa temporária, afinal já aconteceu nos anos anteriores. Mas não deixa de ser impressionante: parece difícil acreditar que há dois meses e pouco o ritmo era tão diferente.


O legal é que logo que engrena a tendência é continuar assim. Estou conseguindo treinar direto desde a quarta passada e depois de 2 natações horríveis hoje saiu uma bela série de 8x100 mts que foi surpreendente. Isso foi depois de um pedal pra lá de gelado de 40 km alternando moderado e forte - acabado como fiquei achei que iria afundar na piscina, fui mais mesmo para degelar o pé e o nariz.


Ou seja, a inércia é uma coisa boa ou ruim, dependendo da situação. É difícil parar de treinar, mas é fácil não voltar direito ou demorar a voltar. Tô voltando ;-)

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Salada de frutas de assuntos ?

Alguns assuntos aleatórios...

Treinos finais para o Ironman: é uma coisa científica, mas também uma arte seguir a planilha com alguma sabedoria. Saber administrar uma dorzinha ou parar tudo com outro sintoma estranho, dosar o esforço de acordo com o dia e o ânimo. Incrível como nesta fase já começamos a sentir a energia voltar. O objetivo é chegar no dia da prova com todos os sistemas prontos e carregados. Estas duas semanas daqui pra frente são muito, mas muito legais. Se alguém está treinando para o primeiro Ironman, aproveite !

Técnica da corrida: tenho pesquisado bastante. Além dos exercícios do chi-running, uma coisa que ajuda muito é ver fotos suas correndo. Vi algumas nesta volta a ilha e concluí que estou correndo 'sentado'. Já tinham me falado disto, mas foi só vendo a foto que entendi. Mudei rapidamente algumas coisas, e mágica ou descanso do início do polimento, parece que a corrida melhorou.

Equipamentos: Cheguei a pedir dicas no twitter sobre tênis de corrida. Resolvi não resolver nada e comprar outro igual, já vai o quinto par. Semana passada decidi trocar o banco da bike, estava pra lá de sofrido pedalar naquilo, o hipoglós estava acabando rápido. Acabei trocando por outro do mesmo modelo. O resumo é o seguinte: fique com o que dá certo. Teste novidades, mas principalmente pra provas, vá com o que é conhecido. Vale pra tudo, até para os detalhes como as meias, e também é claro, com alimentação. Nunca, mas nunca mesmo teste um gel ou bebida com carboidratos numa prova. Coisas horríveis podem acontecer.

Vontade: Ontem domingão de chuva, garoa e mínimos períodos sem água caindo. Friozinho e vento sul moderado a forte. Tudo pra ficar em casa, no ninho. Fiquei bastante, almoço em família, mas aí no fim da tarde resolvi sair pra não deixar passar um treino de transição. Depois de pedalar uns 30 km na chuvinha chata e ventão, encontrei o Adriano e o Jacó. Tinham saído pra dar um girinho. Depois o Aracajú e a Cínthia correndo. Todos na noite de domingo, na chuva e no vento, quando todo mundo já está enfurnado em casa esperando a segunda-feira chegar ;-). Que vontade essa nossa ! Que coisa boa !!!

As entrevistas do Xampa: o André Cruz novamente agitando a web esportiva, organizou umas entrevistas com alvos que vão, foram ou irão para o Ironman, ficou muito legal.

Ah, e agora a semana de treinos: boa, produtiva, volume caindo mas com intensidade. Natação tá de cair os braços, mas tá dando resultados. Corrida longa ritmada, intervalado 3 x 5 km na sexta foi a cereja do bolo, natação excelente no mar sábado e tempo de sapo no domingo. Não parou de chover, aí saí as 17 hs pra 60 km de MTB em 2h40min (!) seguido de 10 km de corrida debaixo de chuva e vantania. Finalizado ainda domingo ;-).

Largada de 2010
Faltam 12 dias, 8 horas e 34 minutos para a prova. Menos, agora que você está lendo ;-)

quarta-feira, 9 de março de 2011

O Pulso Solitário

Imagine ficar duas horas totalmente sozinho, concentrado numa coisa só. Em meio a muita gente, mas sozinho com seus botões pensativos. E os botões ficam especialmente pensantes durante um período destes. Eles resolvem várias coisas que durante o dia normalmente não tem chance de resolver. Duas horas onde apenas uma variável importa. O vento e o relevo não importam nada. O trânsito não importa nada, nem os buracos nem os cachorros, velocidade ou cidadãos mal educados. Os problemas ficam em segundo plano, mas sendo trabalhados. O corpo cansa e a cabeça não o deixa parar, não permite. Uma parte parece que funciona no piloto automático. De repente não sei mais como parar de correr, é só deixar continuar. Nestes dias a impressão é que se não fosse o objetivo, correria até cair. Coisa muito interessante é correr focado tão somente no pulso, uma experiência pra lá de interessante. Variou tão pouco hoje que tinha hora que cheguei a duvidar se o monitor estava funcionando direito. Excelente.

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Fechando um ano para abrir outro


Falei a mesma coisa em 2009, mas tenho que repetir: 2010 foi um ano excelente. Mais do que eu poderia esperar. Para ficar no assunto do relatos, consegui algumas coisas que julgava muito improváveis quando comecei a treinar, aprendi mais do que achei que já sabia, só pra descobrir que ainda não sei nada. Entendi que o meio é o objetivo, que o caminho vale muito mais do que a linha de chegada. Fiz provas inéditas, de tudo um pouco, de 5 e 10 km à Maratona, com Ironman e corrida de aventura, meio-iron, desafrio, volta a ilha, mountaindo, multisport foram 14 no total. Todas elas melhor do que poderia esperar. Ou do jeito que deveria esperar. Isso sem falar na sensacional viagem ao Atacama. Outro fato inédito: convenci o meu irmão a começar a correr, e está durando bastante ;-), parece que o cara tá gostando da brincadeira.

Pouco antes da Maratona de Curitiba fiz as contas e vi que com ela já se foram 19 provas de 42 + km. Digo isso pois oficiais foram 7 (aquelas de exatos 42.192 m em asfalto lisinho) , o restante foi de praias e trilhas ou os 52 km do desafrio.

Não poderia deixar de relembrar o ponto alto desse ano, o ironman 2010. Sim, teve a prova e coisa e tal, mas estou falando dessa chegada, de entrar no pórtico com a família toda e conseguir ainda jogar o filho pra cima depois de desmontar no chão ;-). Com um amigo filmando tudo (e correndo junto).


by Diogo Freitas

Para 2011 os planos já estão fervilhando, são algumas opções mas o foco do primeiro semestre será o Ironman. Para o segundo quero voltar ao praias e trilhas. Vamos ver o que será.

Obrigado aos amigos que passam por aqui, já somos mais de 100 nesta comunidade virtual - 52 seguidores diretos e 56 no google reader, fora os do twitter. Fiz alguns bons amigos este ano por intermédio desse espaço, e só isso já vale o esforço de manter blog atualizado. Por sorte, gosto de escrever quando sobra tempo ;-).

Muito obrigado em especial à galera da AndarIlha e da Ironmind por tanta diversão. Treino e prova sem turma não tem graça ! Que venha 2011 e que eu tenha que dizer a mesma coisa ao final: foi melhor do que 2010 ;-)

Grande abraço a todos.

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Longão de corrida e impostos irritantes


Para a corrida longa de hoje fui pra beira-mar munido de garrafas, géis e banana, hoje seria auto-apoio de mim mesmo. O treino doeu. Muito e na sola do pé, não entendi porquê. Foi uma dureza mental absurda fechar os 30 km hoje a noite, naquela ventania sul toda, numa semana cansativa. Deserto total na beiramar ao final, já passando das 22 horas. A tentação de parar no km 20, quando passei no carro de novo, foi enorme.

Saí pra o sul, voltei e tomei um gel pois o lanche estava longe no tempo, aí estiquei 14 km ida e volta até o córrego. Muito vento sul na cara em alguns trechos. Voltei morto de sede e comi outro gel, para então voltar até o CIC só movido pelo compromisso com a meta. Muito cruel manter ritmo próximo a 5min/km depois do 26. Curitiba vai doer. Ou não, talvez já tenha doído tudo nos treinos e vá ser um recorde ;-) !! Treino aqui, coisa ridícula a variação de ritmo, mas é culpa do vento, hehehe.

Então, estive num fim de semana prolongado passeando na capital argentina. Como sempre, na volta eu me revolto com o sistema tributário do Brasil. Chile, Argentina, Uruguay, pra ficar só nos emergentes (?) como nós que tem um sistema super simples, onde é possível retirar o imposto pago ao sair do país (já que você não vai usufruir da aplicação daqueles pilas por lá). Imagina fazer isso aqui no Brasil ! Impossível. O que nos leva a questão da tributação dos equipamentos esportivos... Porque raios um tênis que é feito na tailândia tem que custar aqui o triplo do que custa nos EUA ? Uma bike idem. Não dá pra entender... Ou dá: é uma conspiração pra que ninguém faça esportes, todo mundo seja sedentário, só pode ser. E agora ainda vem a reencarnação do imposto mais estúpido de todos, a CPMF.

Falando em Buenos Aires, tá explicado porque a segunda nacionalidade mais populosa no iron Brasil é argentina. A cidade é 100 % plana, asfalto perfeito e longas ciclovias, parques enormes por todo lado, muita gente treinando. Quase deu vontade de treinar por lá ;-)

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Altos e baixos, mesmo no plano


Fiz uma coisa horrível no sábado. Meio sem tempo, inventei de ir correr quando sobrou uma brecha, mas isso só aconteceu às 14:30. 13:30 pelo horário do sol, que não tá nem aí pro nosso relógio aqui. Olhei a planilha e fiz o treino de sexta, já que quinta tinha sido o de quarta. Era um intervalado de corrida, mas com requintes de crueldade, série principal de 5 x 1600, progressivo onde era pra fechar o último rápido o suficiente pra dar nó nas pernas.

A manhã tinha sido de chuva, depois nublado e vento, donde saí sem muita preocupação em torrar, pois não estava tão calor assim. Desci até a beira-mar de são josé e nos 3 km de aquecimento o sol veio e vento se foi. O primeiro tiro foi de lascar. O segundo foi de matar. O terceiro interrompi no meio pra entrar num supermercado, quase tomei banho na pia do banheiro e engoli 500 ml dágua. Fiz o terceiro, aí o quarto torto e o último do jeito que conseguia, ainda assim foi o segundo melhor, não que isso seja algo incrível, pois todos foram mais lerdos do que o mais lento que era pra ser. Nenhum deles saiu direito naquele sol de rachar, isso que mal entrou novembro. A estupidez-mor foi errar na distância, e ao invés de fechar com 1 km faltando para soltar as pernas, fechei a 3,2 km de casa, para onde segui me arrastando depois de 14,2 km. Definitivamente treino de tiros não é pra ser feito no sol sem apoio. Não façam isso !!

Domingo foi um pedal muito show, bastante forçado, de 76 km. No final descobri a nova beira-mar do estreito não inaugurada, lugar perfeito pra treinos de tiro de bike (até a inauguração, claro !).

Hoje fui girar corrida e o treino fluiu magicamente. Não sei se pelo espetáculo do sol ou pela vontade de fazer uma corrida que preste, mas foi show. Muito bom mesmo correr no fim de tarde ao lado do mar e de frente pras montanhas de tantas histórias. Pena que não tenho câmera acoplada ao boné ou aos óculos de sol, mas o entardecer foi parecido com esse aí embaixo. Que bom que tem altos depois dos baixos !

Foto da Laís !

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Entrevistas do Xampa

Fazia tempo que estava por publicar, lá vai. O André Cruz do Rio de Janeiro, o Xampa do blog http://blogdoxampa.wordpress.com/ fez uma série de entrevistas com triatletas e maratonistas para tentar concluir algumas coisas sobre os padrões de lesões em atletas. Ele me convidou a falar e publicou as nossas respostas no blog, com a conclusão aqui. Uma iniciativa muito interessante na blogosfera corredora. Respectivamente, obrigado pelo espaço e parabéns pela iniciativa !!