segunda-feira, 28 de junho de 2010

Eu vi um disquete no treino de sábado


Saí pra um treino de duathlon neste sábado, na falta da natação impedida pelo período de pesca à taínha neste mês. Muito legal, fazia tempo não rolava uma transição invertida, mas como era curta serviu pra chegar na bike já aquecido depois de 3,5 km de corridinha matinal.

Saímos e logo o pelotão se formou, eu não via há tempos um bolo de gente tão grande no pedal. O treino era 50 Km com 20 km de contra-relógio nos últimos km. Fui moderado e tentei encaixar time trail no final mas me atrapalhei com o acesso à jurerê, fui até o tradicional com subida, asfalto ruim e trânsito, aí acabou que os últimos 5 k foram de giro apenas. Mas foi legal, a média do tiro saiu boa e as pernas sobreviveram. Daí segui pra corrida de 4 km pra fechar o treino, agora já forçando um pouco mais a 4:20, e senti as pernas, ainda pesadas depois da ultra da semana passada.

Bom, e agora o disquete. Vi um amassado saíndo lá de canasvieiras, no acostamento. Um disquete, há quanto tempo ! E aí fiquei pensando em como aquilo era obsoleto, mas como tinha sido útil enquanto existia. Concluí então que ele que descanse em paz, equipamento e tecnologia é pra evoluir sim. Analogia esta fiz com as bikes. Todas eram muito top no nosso pelotão, e eu há um tempo ainda insistia em não evoluir a minha achando que dava pro gasto. Claro que dava, mas achar que uma evolução específica para triathlon não vá trazer nada de útil é besteira. Isso com certeza me ajudou a baixar os 43 min na bike este ano, motivou e divertiu muito mais. Mas agora não sei o que faço com a scott de estrada, acho que vou mantê-la para treinos de ciclismo, pois a de triathlon pra passeio confortável ainda não me agrada ;-).

Aí domingo saí pra pedalar com o Adriano e os pimpolhos, rodamos uns 30 km bem tranquilos com os pequenos acoplados na bike. O Arthur fazia força nas subidas como se estivesse pedalando, e depois em casa ainda queria correr. A bike do Adriano tem vinte anos, do tempo em que ele competia MTB lá em Minas Gerais. E olhei pra minha MTB com 8 anos e muitas e muitas corridas de aventura sob as rodas, quadro ainda de aço e grupo marca-desconhecida. Pensando bem, tem horas que disquete ainda serve muito bem. Mas a hora de uma MTB nova tá chegando. Ou não.

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Desafrio 2010

Acho que tenho um problema com essas provas longas, eu não tenho furado nenhuma e como mais provas vão aparecendo ou sendo experimentadas, o calendário vai se compactando e aí lá estava para o quinto desafrio 20 dias depois do iron. Durante o evento alguém falou algo sobre isto, talvez o Hélio ou o Alexandre: mais pessoas estão gostando de sofrer. Provas duras que anos atrás não reuniam muita gente estão enchendo, e todos saem arrebentados e acabados, mas voltam no ano seguinte. Desta vez o Desafrio bateu recorde com 165 atletas na categoria individual e 80 e tantas duplas.

Reunião familiar e de amigos para uma ultra de 52 km não é sempre que acontece, então tem que aproveitar, e claro que ano que vem estaremos todos lá de novo dominando a prova e a pousada.

Saímos de floripa depois do trabalho, passei em casa e carreguei a família e bagagem e fomos pra estrada, neblina e transito pesado fizeram a viagem levar mais de 3 horas, foi chegar, ajeitar, jantar e dormir.

A AndarIlha alinhou com 8 atletas mais um biker e a Ironmind com 4. Largamos às 7:35 e eu botei em prática a estratégia de sair rápido pra evitar congestionamento na primeira subida. Deu certo inclusive porque passamos na pinguela antes dela desabar e obrigar os demais atletas a passar pelo rio.

Segui junto do Alexandre até o primeiro PC no véu da noiva. Até lá foi a dureza de sempre do primeiro pedaço da prova, com o extra de ter atolado os pés em esterco de porco ao lado de um curral. Coisa mais nojenta está pra ser inventada. E fedorenta também, entrei na cachoeira mas não resolveu muito. No asfalto o Alexandre ligou o turbo e sumiu.

O Tiago me acompanhou uns metros pra passar o óculos e depois a Daiane passou de carro com a turminha toda, festa geral. Segui rampas acima correndo sempre que possível, já com umas dores no tendão do dedão esquerdo. Antes da largada, preocupado com os elásticos no lugar dos cadarços dos tênis, estrangulei o dedo de tanto apertar os primeiros laços, para que os dedos não esmagassem contra a parte da frente. Só que acabei esmagando o tendão de cima do dedo. Por esse problema estúpido tive que parar mais 4 vezes na prova, cheguei a tirar o tênis mas o tendão já estava magoado e aí foi aguentar o que dava.


Toquei pela região dos ventos furiosos e fechei a subida em 2h46min, tomei coca-cola, enchi a água e me mandei morro abaixo, depois de correr junto à Laís e abraçar o pequeno todo encapado de roupas pra fugir da ventania, pois frio mesmo não tinha muito não. Na descida a porca torceu o rabo, e o dedão doeu demais. Encontrei a turma toda subindo rápido, a Fabi vinha em 3o feminino, o Hélio logo atrás, aí a Cínthia escoltada pelo Aracajú, a Rosary e então o William, o Bravo. Ele correu com a panturrilha contraturada desde a cascata para que o Anastácio pudesse descer a parte dele. Homem de fibra.

O ritmo não ia bem, comecei a achar tudo complicado e dolorido demais, mas me obriguei a seguir sem parar até o PC no véu da noiva para reavaliar e comer um pouco, pois estava faminto só com GU e glicodry até ali. No PC comi bastante e uma fiscal passou gelol spray nas minhas pernas, que já doiam pra caramba. Afrouxei mais o tênis. A parada de 4 minutos, a comida e o gelol deram um fôlego e me mandei decidido a não quebrar no ponto de sempre, entre os km 35 e 38.

Este ano a prova foi acrescida de 2 km na largada, então durante todo o tempo as referencias de distância que eu tinha não batiam, foi uma confusão geral ver os kms e concluir que ainda faltavam 2 para aquela subida cruel, a descida infinita ou para o PC mesmo. Assim, acho que esqueci de quebrar, pois segui devagar e sempre nos campos de altitude e quando cheguei na Grande Descida não tinha andado nem vomitado ainda.

No plano final depois dos 44 km é que a coisa aperta mesmo, e foi um jogo mental continuar correndo. A vontade de andar é enorme. Eu combinava de andar dois km até beber, e tomar água ou gel era o prêmio, nessa hora andava uns 200 mts e seguia. Os últimos 8 km foram assim, um sacrifício danado pra virar na casa dos 6:00/km. Dentro da cidade aquele pórtico que não chega nunca apareceu e aí soquei a bota pra fechar bem, sem saber de onde tinha vindo o gás. Deu 5:30:02 total para os 53,4 km.

A turma deu um show. O William mesmo quebrado chegou em cima para o Anastácio fazer uma descida excelente. O Hélio fechou muito bem dentro do previsto. O Tiago fechou a descida da dupla mista conquistando o segundo lugar na categoria junto com a Fabi e a Cíntha estreou com louvor em terceiro lugar na categoria. O Alexandre estreou no desafrio com o excelente tempo de 5h20. A Rosary infelizmente não completou, gripada e estragada digestivamente falando foi heroicamente até o topo, mas o principal suplemento acabou e ela não pode descer. Parabéns pra todos nós !!!

Essa prova é de uma dureza estranha. Vai cada vez mais gente e quase ninguém desiste. O pessoal tá gostando mesmo de sofrer ;-).

Resultado:
5:30:02 - 54,4 km - 6:10/km
Categoria: 3/12
Geral: 26/165
Resultados oficiais aqui. Atividade do garminconnect abaixo, descobri que dá pra incorporar no blog:

Vídeo oficial !!

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Sulbrasilis MTB

Aconteceu neste domingo o Sulbrasilis MTB em águas mornas. Uma prova exigente e bem bolada de acordo com o relato do Edemar/CentralBike, que segundo consta na classificação ficou em primeiro lugar empatado com mais dois (é isso mesmo ?!). Confiram no blog Fuja da Cidade. Eu bem que fiquei tentado a ir mas não tinha pernas, nem tempo, nem condições de me meter numa tranqueira dessas bem agora. Fotos aqui.

Voltando aos treinos já com uma pedreira pela frente

Durou uma semana, mas foi bom. O descanso pós-iron foi absoluto fisicamente falando, mas aproveitei pra por em dia tudo aquilo postergado para depois da prova. Fiquei uma semana totalmente de molho, e na seguinte fiz uns treinos bem leves todos os dias, exceto quinta. Sábado último fui fazer um treino de terreno acidentado com o Hélio e o Tiago, visando o Desafrio 52 Km de Urubici. O negócio é grande e é logo: sábado 19/junho, apenas 20 dias depois do ironman.

Saímos do Itacorubi e fomos para o morro da lagoa, subimos a estrada até o início da trilha depois da rampa de vôo livre e retornamos, descemos até a lagoa, canto dos araças e volta tudo de novo. Fui pra ver como é que estava em morros, depois dos treinos planos recentes. Subi e desci fácil, sem forçar muito na subida e com bom ritmo na descida. Só que acabei com as pernas. Fiquei quebrado domingo, como se tivesse feito uma prova forte. Também enchi o pé de bolhas, três dentre elas uma gigante. Tá tudo meio assim, cansado. Aí descansei domingo por falta de opção mesmo, pois queria pedalar. Hoje saí pra um treino solto de 14 km que saiu na boa, as pernas ainda estão pesadas mas funcionam.


Estou curioso pra ver o que vai ser, uma ultra de 52 Km com 2000 mts de desnível depois de 20 dias com cinco treinos de corrida. O condicionamento tá bom, mas a musculatura ainda tá magoada com a última brincadeira. Mas vai dar certo, afinal teve um longão bem feito há três semanas ;-)

Pace - revista eletrônica de corrida

Acho que vi no blog do Lucena há um tempo atrás e me cadastrei. A PACE é uma revista eletrônica de corrida fortemente baseada em imagens que é muito legal, bimestral e gratuita. Normalmente não cobre nada no Brasil, mas tem artigos curtos e é recheada de vídeos e imagens. É a primeira edição que recebi, vamos dar uma olhada... http://pace.marathon-photos.com/june2010/

sexta-feira, 11 de junho de 2010

Planejamento de longo prazo

Como os maníacos já comeram todas as vagas para 29 de maio de 2011, os números já foram atribuídos pela LatinSports. Isso é que é planejar com antecedência:

454 no Ironman 2011
Lá vamos nós de novo !!!!!


domingo, 6 de junho de 2010

Esfolando os dedos

Pra quem acompanha este blog, não parece que escalada em rocha seja uma atividade muito relevante pra mim. Nem sempre foi assim. Antigamente, era a atividade principal, até eu ter a idéia de correr pra ganhar preparo para conseguir chegar nas paredes ainda com fôlego pra escalar...

Hoje depois de mais de dois anos - sim, dois anos - sem escalar em rocha, fui com o meu irmão Adriano escalar no morro da cruz. Saímos as 15 hs e chegamos na base das paredes com sol espetacular. Arrumamos tudo e seguimos pra cima. Ele, não eu.

Escolhemos começar na Orquídea, que tem dois crux, um mais embaixo e o tetinho. O Adriano guiou os vinte metros até o topo e eu fique de top-roupe empacado no primeiro buraco. Faltou dedos e antebraços - taí uma coisa que triathlon não treina. Depois trocamos para a Zé-colméia, a via mais fácil daquele setor. Novamente o Adriano guiou e depois eu segui até o platô para apreciar o por do sol mais alaranjado dos últimos tempos aqui em Floripa. Descemos a trilhinha até o carro no escuro fugindo da lama. Ô coisa boa !


PS.: Sim, este foi o primeiro final de semana totalmente sem treinos do ano. Na verdade hoje pedalei cedo uns 15 km com o pequenino na cadeirinha, mas é lazer. Fotos do Adriano, edição de vídeo comigo ;-).




sábado, 5 de junho de 2010

Ironman 2010 - Vídeos & Fotos

Se uma imagem vale por mil palavras, imagine então várias. Acho que não precisava ter escrito o relato ;-).





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Largada da Natação, sinta o clima !!


by Charles Herdt


Chegada !!!!!!!!!!!

by Diogo Freitas

terça-feira, 1 de junho de 2010

Ironman 2010, a segunda vez é ainda melhor


Vontade. É preciso muita pra abdicar de tanta coisa em troca de preparação para uma única corrida, mas quem nadou 3800 mts naquele mar maravilhoso, pedalou 180 Km em boa parte da ilha e correu uma maratona ao final do dia sabe o que quer e do que é feito, e sabe que vale cada gota de suor empenhado nos treinos infinitos, cansativos, por vezes solitários, mas recompensadores. Porque tão importante quanto a chegada é o caminho até lá. Como numa escalada, atravessar aquele pórtico num Ironman é apenas a coroação de um esforço pessoal e do seu círculo mais próximo que é único para cada um. Ninguém completa uma prova como essa sem treinar e muito, nem sem apoio dos seus. De acordo com o seu nível, e é o que importa. Amadores ou profissionais, todos querem fazer o seu melhor, aprender mais sobre si mesmos, e seja em 8 ou 17 horas, vão sofrer, ter dúvidas, dores, alegrias e experimentar o êxtase da chegada. O resultado é um número, mas a vitória real é interna, pessoal, intransferível, única, especial e eterna. E esta vitória que todos conquistam é o que torna o Ironman tão fenomenal. Falando nisso, já esgotaram as vagas para 2011. Eu garanti a minha ;-).

Últimos detalhes e largada

Pois bem, chegou a hora, 4:30 da madrugada de domingo. Depois do café da madrugada saímos da casa do Ricardo a pé por Jurerê até o clube 12 . Pintaram os números em mim e segui para a bike, ajeitei o que faltava, chequei a pressão dos pneus e fui pra tenda arrumar as sacolas de transição e vestir o traje de festa. Foi difícil entrar com roupa de ciclismo completa dentro do neoprene, normalmente sempre vou de sunga. Depois disso não resta muito a fazer, então fui embora pra praia pra chegar com calma e aquecer direito na largada. Aqueci, entrei no mar e fui me posicionar no mesmo local pra encontrar a turma. A Daiane e a Laís logo vieram e depois meus pais com o Arthur, aí a Cínthia e mais uma galera que eu infelizmente não consegui ver antes de largar... Uma pequena confusão se armou antes da largada, o povo andou pra fora da área de largada mas foram suavemente conduzidos de volta ao local certo sob ameaças da organização. E aí larguei para o iron 2010, nervoso como no primeiro mas mais metido a besta, já fiquei lá na frente, pronto pra ser esmagado pela multidão.

Natação

A galera se espalhou e entrei no mar bem em frente à bóia. Nadei forte no início, depois mais tranqüilo e fiquei assustado quando vi 34 min na saída pra areia, tomei um gel e segui pra segunda perna. Fiquei fazendo contas e achei que fecharia com 1h04 no máximo, muito abaixo do planejado. Quando saí da água senti uma puxada nas duas coxas, muito estranho pois nunca tenho câimbras na água. Errei a orientação no finalzinho e passei à direita da pedra, junto com um monte de gente. Fora isso, a natação foi perfeita.

T1

Entrei na tenda e os staff não estavam com a minha sacola, fui até onde ela estava e me mandei pra tenda de troca. Fiz uma confusão com o conteúdo da sacola, que não estava separado direito e demorei demais na T1, também troquei o relógio pelo garmin que não sabe nadar, botei o monitor cardíaco e passei um pouco de protetor solar no rosto e braços. Saí só com a roupa que nadei, mas precavido pelas dicas do Luiz Otávio, usei de um material altamente avançado e de eficiência comprovada contra as intempéries: meti uma sacola de supermercado debaixo da roupa no peito. Contrastando com os materiais hightech dos corta-vento ultramodernos, segurou legal o friozinho do início de prova, hehehe.

A troca do relógio causou um problema, pois como não vi o tempo do cronometro até então eu não tinha noção da duração da transição e nem do tempo total de prova depois que iniciei o outro cronometro. Às vezes durante a prova eu tentava perguntar as horas, ou fazia contas botando uma margem de 10 min pra ter idéia do tempo total. Se eu tivesse levado 1 minuto ou 15 nesta transição, não saberia de forma nenhuma dizer a diferença.

Ciclismo

Saí tão tranqüilo quanto possível e controlando o ritmo, mas ia bem rápido. Peguei a SC e tudo começou a fluir muito bem. Foi o melhor pedal que eu já fiz. Alimentei-me bem e corretamente (pelo menos acho que sim), dosei o ritmo sem preocupar muito com a velocidade, e sim com o esforço e ao final da primeira volta estava com uma média que nem em treino de contra-relógio eu fazia. Deixei uma sacola com uma garrafa de carboidrato e uma lata de coca-cola no special needs, mas tive que parar completamente para esperar a staff achar a bendita. Quase deixei pra trás, mas eu queria aquela lata vermelha.

Na segunda volta o ritmo caiu um pouquinho depois que eu senti outras puxadas de câimbra na perna. Não entendi aquilo, nunca tenho câimbras, oras. Fui indo no limite, sem forçar demais mas sem aliviar, só que fiquei preocupado em me aniquilar no começo da maratona e ter que andar 42 km com as pernas travadas. Logo espantei aqueles pensamentos idiotas ao focar no ritmo, alimentação e líquidos. Pedala, pedala. Bebe, come. Pedala, pedala. E aí repete tudo indefinidamente. Quando eu já esperava vento contra pra voltar, continuei indo fácil a 34km/h. Ao contrário do esperado, andava bem e rápido, depois é que vi que o vento virou para um sul fraquinho, mas que muito ajudava as pernas pesadas. Segui até o último retorno no trevo para os ingleses e na volta vim girando solto bem leve, preparando as pernas pra corrida. Também comi o que precisava e bebi bastante.

Esse pedal não poderia ter sido melhor. Bike totalmente perfeita, clima agradável, pouco vento, asfalto muito bom. Vi duas quedas, uma boba no km 60 e outra onde parece que o pneu escapou da roda lá pelo km 130. Vi um monte de gente parada pra apoio mecânico. Teve muita quebra nessa parte, e depois quando começou a chover (eu peguei só uns 10 min já entrando em jurerê) a coisa apertou um pouco. Espero que todos tenham saído ilesos.

Quando entrei na Búzios estava realmente com vontade de correr. No pedal fiquei quase o tempo todo no clipe, a posição não é lá muito agradável, e na segunda volta eu ansiava pelos morros pra poder mudar um pouco de lugar. Então, correr parecia bom. Descalcei as sapatilhas pedalando e quando cheguei para entregar a bike não consegui nem dar um passo direito, fui forçando e em vinte metros já conseguia trotar. Correr não parecia mais tão bom.

T2

Saí tropeçando e encontrei o Rodrigo que estava trabalhando na transição com palavras de incentivo que muito valem nesta hora. Logo cheguei na tenda, enfiei as meias e os tênis nos pés, peguei o saquinho com tudo que precisava e me mandei. Segui trotando e catando as coisas da sacolinha, boné na cabeça, gels nos bolsos, bcaa e vitaminas, sal e redbull. Andei pra beber e depois me mandei controlando o ritmo pois sempre saio forte demais na T2. Tudo levou 3 minutos exatos.

Corrida

Comecei a correr e até o km 8 consegui manter um ritmo de 4:50, aí vieram os morros. Já tinha dores na parte da frente das coxas, a mesma da natação e do pedal. Saí comendo saquinhos de sal e parece que ajudou (placebo ou não, a dor diminuiu). A tentação de subir correndo era grande, mas andei morro acima e soltei o freio morro abaixo, o km chegou a virar 4:30. Encontrei o Marcos, seguimos juntos, fizemos o retorno e ele me passou de novo. Passamos um monte de gente, aí me desgarrei um pouco. Entrando na búzios o público é sensacional e tudo vai mais fácil. Os 21 Km da primeira volta foram completados com 1h49min bem no limiar entre o dolorido e o forte. Indo para a segunda volta a dor tinha sumido, então apertei o ritmo (o que àquela altura já não significava muito) e logo comecei a ter uns nós no estômago. Claramente era do esforço, pois não tinha nada lá dentro pra incomodar, a alimentação até ali tinha sido só gel e água. Segui mais leve e alternando forte e moderado até que a perna voltou a incomodar, comi mais sal e fui administrando. Segui tranqüilo pra fechar os 31,5 km e tocar para a última volta, coisa boa é botar aquela segunda fita nos braços e saber que só falta uma volta. Mesmo sendo 10,5 km ao final de 10 horas, é só mais uma volta ;-). O Aracajú que já estava por lá desde o pedal resolveu me acompanhar em parte da corrida.

No km 32 tentei tomar um gel e não consegui. Taquei mais sal, agora com a intenção de desenjoar mas não resolveu, então descobri as laranjas, comi dois pedaços e parece que ajudou um pouco. Dali em diante foi só coca-cola e água, de vez em quando gatorade. Só administrando. O público incentivava e depois de passar o desvio pra chegada o Aracajú se foi pra avisar a turma. Logo passei pelo meu pai, trotei com ele por um tempinho, até que viu a minha irmã e parou, aí toquei mais uns metros e cheguei no funil. Entramos todos juntos, arrastando o Arthur correndo, depois revezando-o em braços, até o pórtico. Coisa sensacional e indescritível foi chegar com a família toda. O fechamento de um dia feliz e perfeito não poderia ser melhor.

Tive a minha família e os meus amigos comigo a prova toda. Vocês sabem quem são e o quanto foram importantes. Encontrar um rosto conhecido e ouvir um incentivo quando se está mais pra lá do que pra cá, acabado e cansado, ajuda muito. À toda a turma da AndarIlha que ficou torcendo e principalmente ao William que estava com a Rita nos lugares mais inesperados, ao Hélio, Fabi, Taty, e demais que não consegui ver, obrigado. Cínthia e Diogo, obrigado pela participação especial, também ao Charles, Rodrigo e Cansian, à toda a turma da Ironmind que estava lá o dia todo torcendo e fazendo barulho, valeu !

Aos companheiros de treino um grande obrigado pela parceria, em especial ao Rodrigo Lins, ao Marcos, Kilder, Luiz, Ricardo e Alexandre. Valeram todas as madrugadas de domingo na estrada. Ao Roberto Lemos, muito obrigado mesmo. Por usar toda sua experiência e conhecimento para tentar me partir ao meio nos treinos e saber que dali eu sairia mais resistente ;-).

À minha família, Daiane, Laís e Arthur, só com o apoio e compreensão de vocês eu sou viável ;-). Muito obrigado de coração, meus amores. Aos meus pais e meus irmãos, sempre apoiando e lá o dia todo, obrigado por tudo.

Parabéns também a todos que completaram este desafio, aos amigos estreantes que mostraram bravura e fecharam excepcionalmente bem, Cláudia, Ricardo e Kilder e ao Nilson, que completou seu segundo iron com três pneus furados e um mês a menos de treinos devido a um acidente.

Detalhes técnicos

São tantas possibilidades numa corrida tão longa... 226 km, muita coisa pode acontecer, e acontece. A última semana foi cheia de picuinhas. Boto ou não a fita anti-furo ? Pego a roda emprestada com o Éder ? Levar CO2 ? Bomba ? Quantas câmeras reserva ? O que comer, que roupa usar, carregar ou não pneu reserva e ferramentas ? É incrível, mas são detalhes importantes. Se é que serve pra alguma coisa, aí vai o acontecido de fato:

Alimentação: consumi 15 GU gel, 2 garrafas de glicodry dose dupla, 2 gatorade, 2 bananas, 4 bisnaguinhas, 4 mariolas, 1 redbull, 1 coca-cola, muita água e dois pedaços de laranja. Não parece que faltou combustível, e acho que não desceria mais nada pela tubulação.

Bike e etc: rodas normais, sem fita anti-furo. Pneus e câmeras novos. 2 câmeras reserva, 2 cilindros de CO2, 1 pit stop. Sem pneu reserva, sem ferramentas, sem bomba. Bermuda normal de ciclismo, camiseta de prova. GPS e monitor cardíaco, tênis com meia seca.

Percurso: estava difícil manter a distância de vácuo no ciclismo. Aparentemente só tinha fiscalização na baía sul, formaram-se vários pelotões. Uns perdidos ultrapassavam só pra ficar na frente, forçando-nos a ultrapassá-los de novo. A corrida foi normal, e a natação ou foi mais curta (improvável) ou muito ajudada pela correnteza.

Motivação

Não consigo não pensar no que é que motiva não só a mim, mas a um bando desse tamanho a mover mundos e fundos, revirar as agendas, gastar os tubos, treinar feito loucos, tudo pra estar naquela linha de largada. É preciso estar lá pra ver e pra sentir. Se você não sabe do que estou falando, anote aí na agenda: 29/05/2011. Vá lá ver a largada, fique por lá nas transições, veja o campeão chegar e os últimos completarem a prova. Garanto que você não sairá indiferente. E se já for pra lá consciente do perigo, por estar a caminho da perdição, empolgado com aquilo tudo, prepare a carteira e fique atento no dia seguinte, porque este ano as inscrições acabaram em dois dias.

Sobre este tema, os melhores textos que vi hoje vieram do Blog do Ferreira e do TrilhasBR, não deixem de conferir. Ambos, mesmo que ainda conhecidos virtuais, acabaram me achando por lá. O Ferreira me filmou na chegada – não sei como é que conseguiu estar tão no lugar certo e na hora certa. O Peixoto acabou publicando uma foto de chegada que diz muita coisa. Novos amigos, valeu.

Resultados

SWIM BIKE RUN OVERALL RANK DIV.POS.

1:03:37 5:37:20 3:49:49 10:40:04 324 87

T1: SWIM-TO-BIKE 6:18
T2: BIKE-TO-RUN 3:00

A natação saiu muito rápida, na hora não entendi mas depois vi que todo mundo fez tempo mais baixo que o esperado. Acho que o percurso paralelo com corrente a favor ajudou. A bike foi a melhor de todos os tempos, bem focada, muito rápida pros meus padrões. A corrida saiu justa na previsão e depois vi que foi a minha melhor maratona, mesmo com morros e 180 km nas pernas. Esse negócio de treinar funciona mesmo.

Previsões

Só existem realmente pra provar que são previsões. A semana toda a previsão previa catástrofe climática, o pior era a Epagri, com previsão de ciclone com ventos de 80 km/h, temporais e raios. Troquei sms, email e telefonemas com a Cláudia até na quinta, depois desistimos. Aprendemos que São Pedro é Triatleta. Ou gosta muito deles, pois se a previsão se confirmasse, teríamos problemas, mas foi tudo tranquilo a menos da chuvinha leve.

A primeira foto é do Charles, a segunda da minha filha. Breve publico mais, assim que receber ;-)