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segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Resultado praias e trilhas 2009

Então, estes são os resultados oficiais da edição 2009 do Praias. Meu tempo oficial ficou em 6:06:13 no primeiro dia e 6:04:20 no segundo, totalizando 12h10min33seg para os 84 Km, ritmo médio de 08:38/Km. Categoria 2/14 e Geral 18/81.

A surpresa ficou por conta do Tiago, que emplacou 3o na categoria na sua primeira particiapação !!!
Mais notícias no blog da Cínthia e do Diogo.

Aqui estão os logs do GPS nos dois dias de prova. No primeiro fiz besteira e fui com o auto-pause ligado. O resultado é que as paradas eram removidas, e como dentro da mata o sinal fica fraco, quando perdia entrava em pausa e demorava a voltar, reduzindo a distância e o tempo.

dia 1 - Caieira até a joaquina.
dia 2 - Joaquina até ponta das canas.

Se tem alguma precisão, o desnível acumulado de cada dia ficou em aprox. 1150 mts, argh !!!

domingo, 25 de outubro de 2009

Trilhas da Ilha - Praias & Trilhas 2009

Mais um Praias & Trilhas e o resultado não poderia ser melhor. Largamos às 7:30 lá na caieira da barra do sul depois de madrugar às 4:00 . Trotamos no asfalto até pegar a trilha pra naufragados onde a coisa começa a ficar boa, aí então rumamos para o pântano do sul por trilhas bem íngremes e fechadas. Na vila do saquinho o primeiro posto dágua ajudou a aliviar o que seria um dia quente para a estação. Passei a solidão e encontrei o William que estava na praia dos açores e seguimos por um tempinho, até ele voltar pra acompanhar o pessoal

Depois disso a corrida no pântano do sul foi um alívio e a possibilidade de progredir rapidamente, deu pra mandar uns Kms a 5:30 e então chegamos no primeiro posto de alimentação. Lá o Aracajú e a Cínthia esperavam o Varela para trocar no trio e eu segui bem nutrido rumo à Lagoinha.

A Lagoinha do Leste é sempre especial, não me canso de admirar aquela praia lá de cima do mirante. Areia boa, mas vento terrível no nariz. As areias vinham voando rasteiramente e lixavam as canelas, o boné não podia ficar na cabeça. Quando começou a trilha para o matadeiro um carinha comentou que não aguentava mais pedras no caminho. Fiquei pensando se contava pra ele a realidade ou o deixava descobrir sozinho: essa trilha é a mais técnica de todas, pedras o tempo todo. Neste ponto eu estava me sentido tão bem que estava até preocupado.

Quase na praia ouvi uns passos e era o Aracajú que vinha turbinado, corremos juntos até o PC da armação onde a Cínthia se mandou e eu fiquei pra abastecer. Quando saí nas areias cruéis para o morro das pedras já quase não a avistava. Andei e xinguei bastante aquelas areias, até que cheguei no asfalto e tomei um caldo de cana e me enchi de vontade de detonar até a joaquina.

O primeiro Km foi uma festa, inteiro, abastecido e correndo sobre areias duras. Aí veio a constatação: maré cheia, ventão nordeste. A coisa se transformou num arrasto de dar dó, andar demorava e cansava muito, tentar correr era muito difícil e causava dores por tudo que é lado. Tudo realmente é relativo, pois os trios passavam fortes em pernas novinhas, as nossas é que estavam podres. Perto da praia do campeche a coisa sempre melhora, até me animei mas ao abastecer no posto dágua o fiscal me desiludiu: "a areia tá uma bosta até a joaquina".

Fui do jeito que consegui até a joaquina, lento que só, mas perseguindo uns da individual e tentando fugir de outros. Os trios passavam levantando poeira a despeito da meleca onde corríamos. Cheguei na joaca em 6h06min. Não quebrei, estava muito bem, mas a natureza contrabalancou a fisiologia com aquela areia e vento. De qualquer forma, estava intacto para mais um dia. Conferi na pesagem que o mundo livrou-se de 2,5 Kg de mim.

Logo depois chegaram os demais, Taty em 6h24min, Tiago em 7h05min e o Hélio e o Anastácio em 7h11min. Muito bem para um primeiro dia tão dureza. O trio chegou em 5h45min, a Cínthia voou nas areias, acho que catou uma vela de kitesurf no meio do caminho :-)

Toda a função de finalizar uma prova é duplicada pelo trabalho de se preparar para outra, pois assim que chegamos a idéia é recuperar o mais rápido possível para largar de novo em menos de 18 horas. Assim, segue-se massagem na fisioterapia, gelo nas partes doloridas, alongamento, muita comida, se mandar pra casa, lavar as imundices principais, descansar, dar sinal de vida pra família e preparar os equipos pro dia seguinte. Neste meio tempo ainda saí pra jantar com a Daiane e me atrevi a pedir um vinho, mas só tomei uma taça. Boa coisa resultaria disso, pra contrariar os céticos.

Aí então lá fomos novamente. O Rodrigo nos acompanharia neste dia e seguimos em dois carros até a joaca. Chegamos em cima da hora, pesagem obrigatória, checagem de equipos e larguei depois de alongar 30 segundos a perna esquerda, foi na estica.

O Anastácio correu descalço nas dunas, eu fui de tênis molhado do dia anterior e logo tinha duas milanesas nos pés. A despeito da avançada tecnologia goretex, vi uns corredores com uma idéia sensacional: amarraram saquinhos de supermercado nos tênis, assim livraram-se de todas as areias que entrariam nas dunas. Simplesmente arrancavam aquilo lá no campo de futebol no beco do surfista e pronto, pés novinhos em folha.

Segui na trilha junto com o Varela, atravessamos o costão da mole totalmente desprotegido. Quando chegamos na praia é que a organização veio correndo pra por as cordas, baita vacilo. Corri com o Varela direto até o topo do morro da barra, quando ele resolveu engatar a quinta e seguir alucinado morro abaixo, não consegui acompanhar nem querendo. Aí passamos na ponte da barra e chegamos no PC alimentar. Lá o Aracajú se mandou e fiquei a abastecer, levei umas bananas e bisnagas para enfrentar a grande praia.

Corri o moçambique todinho, a menos de uns 500 mts talvez. Estava muito bom no início e no final, com trechos ruins no meio. Mas engraçado como o desgaste pega, no início ia fácil a 5:30-5:40, no trecho final não baixava de 6:10-6:20. Vi o Aracajú entrar na trilha e só depois de 10 min cheguei lá. A trilha da ponta das aranhas mesmo bem seca tinha aqueles trechos de lama preta típicos, o que me fez chegar lá no santinho bem podre depois de corrê-la quase toda (fora as subidas, que àquela altura já eram proibidas por lei).

Falei com o William e me fui depois de tomar até sopa no PC. A trilha cruel que liga o nada a lugar nenhum, aquele morro entre o santinho e os ingleses, é o requinte do segundo dia. Subimos e descemos 160 mts em 1,5 km para avançar apenas 300 mts. Depois os ingleses, exatos 5 Km de areias perfeitamente planas. Ali percebi algo engraçado: entrei em regime permanente, a FC só ia até 152 e o pace não melhorava além de 6min/km, mas neste esquema dava pra ir embora...

Entrei na trilha da brava já aos 72 Km (fica mais legal reportar a distância acumulada total :-) e passei mais um cara de um trio, aí foi correr o que dava e chegar na praia. Parei um pouco no PC e segui pelo asfalto até o início da trilha para a lagoinha do norte. Sempre achei que aquela trilha era ferrada, impossível correr. Isso é relativizado pelo estado de exaustão em que eu sempre tinha chegado ali, mas dessa vez consegui correr bastante, até subidinhas leves, e descer melhor ainda. Quando saí do PC achei que estando em 5 horas com certeza dava pra fechar em menos de 6h30. No meio da trilha fui fazendo conta e quando vi já estava na descida, aí comecei a achar que dava pra reduzir o tempo do primeiro dia. Fui indo o mais rápido que podia, até chegar nas areias da lagoinha do norte. Lá era perto, mas não era o final.

Seicentos metros de praia depois outro costãozinho e uma trilhinha totalmente corrível e finalmente a praia da chegada. Corri tranquilo e finalizei em 6h4min, um split negativo no praias e trilhas, coisa linda. Berrei, soquei o pórtico de chegada e pulei no mar. Aí fiquei gelado, porque estava ventando, chuviscando e minha mochila estava no carro com o William, o melhor apoio de corridas que existe. O resultado foi 2 na categoria e 19 no geral, melhor do que a encomenda.

Dessa vez a alimentação foi perfeita. Nada de enjôos, vômitos, zonzeira, buraco no estômago. Tudo na medida certa. Acho que tô aprendendo. Já a dosagem do esforço não poderia ter sido melhor. É muito fácil exagerar nessas provas longas e sair muito forte, além de ser muito difícil não pensar em tudo o que falta lá no início. O segredo é a dosagem. E vinho na noite anterior :-p.

O Aracajú foi embora com a Cínthia e o Varela, chegaram novamente em 5h45min. Mantiveram o tempo no percurso mais difícil e ficaram em 4o na categoria, excelente estréia. Fui pra massagem tentar desemperrar as costas, a lombar estava um lixo. Também fiquei com uma dor no joelho esquerdo que sumiu depois de 20 min de gelo e alongamento. Nisso chegou o William e logo depois a Taty, conquistando o terceiro lugar geral no feminino.

Pra fechar com chave de ouro chegou um quarteto-único, composto pelo Hélio, Anastácio, Tiago e o Rodrigo. Os quatro fizeram o percurso todo juntos, muito show de ver na chegada, fizemos o maior barulho. Foi a primeira maratona do Rodrigo :-) Mais uma vez uma corrida pra ficar na história. Valeu pessoal !!!! Parabéns a todos os que se propuseram este desafio impressionante.

Assim que sairem os resultados oficiais e fotos eu publico aqui.

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Areia e Lama


O ser humano é resistente, mais do que imagina. O Praias e Trilhas 2008 aconteceu no típico clima de primavera que estamos tendo este ano, com muita água no sábado e sol entre núvens com chuviscos no domingo, quando a AndarIlha participou com três fanáticos na categoria individual - óbvio. O restante da turma foi compor dois quartetos no MountainDo - óbvio também.

No jantar e briefing de sexta já podíamos antecipar o que nos aguardava, pois chovia forte. De lá, direto para casa, arrumar tudo e tentar dormir. O Hélio passou em casa às 5:10, fomos buscar a Taty e de lá fomos junto com o William até a caieira, para a largada.

Chegamos lá sem ninguém na escola-largada, mas em poucos minutos chegou um ônibus e vários carros e a muvuca estava armada. Fomos pra fila da pesagem, pit-stop no banheiro e então aprontar tudo, equipar (é, correr não é mais tão simples) e aquecer. Alinhamos bem na frente e largamos em ritmo moderado.

O William foi acompanhar até naufragados, ainda bem pois largamos com camiseta comprida e outra por cima. Tive que tirar senão iria ferver na trilha. Começamos para naufragados caminhando, o Hélio foi indo na frente e fiquei ajeitando pochete e o polar e saí correndo trilha acima pra tentar ganhar algumas posições antes de afunilar tudo.

Depois de muita estratégia, treinos e planilhas, nossa tática era bem simples: se é morro anda, se é descida se joga e se é plano tenta correr o mais rápido que puder, sempre em dupla. Como eu tendo a disparar no início, iria puxar um pouco o Hélio, que iria me frear. No final os meus cacos iriam ser puxados pelo Hélio. Fomos tentando nos ater ao plano com aquela aguaceira toda, em alguns trechos tínha rio largo, um deles com água até metade da perna (pra Taty, até acima da cintura :-).

Chegamos em naufragados no tempo previsto e iniciamos a trilha para o pastinho, longa subida escorregadia. Empurrei um power gel e lá vamos, a descida ao pastinho estava incorrível, mas logo após o dito encontramos a primeira no feminino, a Débora. O Hélio me diz: momento histórico, vamos passar e ver quando tempo dura. Aí fomos desenvolvendo bem e chegamos na vila do saquinho bem dentro do cronograma, logo solidão para encontrar o William e pegar uns gatorades e seguir até o PC 1, pântano do sul, quando então a Débora se foi na sua praia.

Chegamos no PC 10 minutos abaixo do tempo. Tinha pedido ao William para nos espancar se estivéssemos mais rápido que o estimado, mas ele só elogiou e mandamos bala, empolgados. Quase não comi, só coca-cola e biscoito, para então seguir para a lagoinha do leste. Muito argilosa e escorregadia, a trilha deixava todo mundo apavorado, mas subimos bem e descemos o quanto dava, fechando o trecho em 28 minutos, não sem antes tomar um tombo cinematográfico: despenquei deitado no meio de um monte de pedras depois de perder o pé numa pedra molhada. A praia estava pastosa e enchi o pé de areia, mas felizmente conseguimos lavar os tênis na cachoeira em que tinha se transformado a bica no início da trilha pro matadeiro.

Na minha opinião esta é a trilha mais técnica do percurso, terreno muito pedregoso e cheio de raízes. Chegamos incólumes ao matadeiro e então ao PC da armação em tempo preciso, onde o William me deu uma camiseta seca e peguei outro gatorade. O Hélio se mandou logo só de regata e fui atrás com os bolsos cheios de biscoitos e gatorade na mão. Esta praia é a pior de todas, totalmente impossível correr, levamos 28 min para 3,5 km.

No morro das pedras começamos o trecho fatal. Senti umas pontadas de câimbra na coxa direita e empurrei mais 1g de sal e outro powergel e segui em frente, estávamos dentro do previsto pra fechar em 5h30min. Seguimos o melhor que era possível, começamos a tropeçar em outros capengas e as câimbras foram piorando... Cheguei no campeche totalmente travado, em 4h46min. O Hélio se livrou do tênis que já vinha na mão, pegamos mais isotônico e seguimos para o sprint final...

Ô dificuldade ! As pernas não travavam, mas doíam a cada passo. Eu ficava reclamando, "porque só na perna direita ? O que é que houve ?" Até que, prova de que tudo sempre pode piorar, a esquerda começou a fisgar também. Começamos a passar por corredores do mountaindo e então lá vem a Fabi. Me deu um abraço quebra-ossos e uma injeção de ânimo - que durou uns 30 segundos. Aí voltei ao meu auto-flagelo, andando frequentemente e tentando alongar a musculatura travada. O Hélio, reduzindo o ritmo, começou a tremer de frio e tentou se embrulhar na manta térmica, que era velha e estava se dissolvendo. Ficou parecedo um pacote de salgadinho ambulante.

Logo depois a Taty vem e nos ultrapassa ! Estava na segunda posição feminino e passou forte. E nós que ficamos preocupados com o apoio do William para dois ritmos muito diferentes !!!

Fiz as contas e vi que era difícil fechar abaixo de 6 horas. Segui me arrastando e quando vimos pessoas lá na chegada, a uns 2 Km no máximo, tentei reunir forças e não parei mais de correr. O Hélio perguntava: quer andar ? Quero. Mas não vou. E assim fomos, tinha hora que eu fechava os olhos pra ver se a chegada vinha mais rápido, até que completamos ! Subi aquelas escadas da joaquina exausto e irritado, mas aliviado e feliz por ter fechado abaixo de 6 horas: 5h59min30seg é abaixo de 6 horas. Levamos 1h12min para percorrer os últimos 8 Km ! E no campeche estava 100 % no previsto, e o pior é que a areia até que estava boa.

Mas tudo bem, massagem revigorante, comida, roupas secas e tudo já parece menos pior. Voltei pra casa, lavei os tênis dos quais sairam metade da areia do campeche e então fui dormir. Acordei pra jantar muito as 20 horas e fui dormir lá pela meia-noite.

Manhã de domingo, joaquina novamente. Incrivelmente eu estava bem e animado, sem dor alguma. Dessa vez resolvi que nunca mais iria ter câimbras. Fiquei tentando entender o que aconteceu, deve ter sido falta de sais mesmo, talvez eu tenha absorvido água demais por osmose, sei lá. Só sei que pedi pra Taty levar uns comprimidos de bcaa, levei água de côco (muito potássio !) e sal pra caramba. Alonguei o máximo que consegui e ficamos lá trotando com todo mundo, batendo papo até o tiro da largada, que veio sem aviso.

Seguimos na praia e então rumo às montanhas do saara. No beco do surfista não limpamos a areia e lá fomos pra trilha até a mole. Entupiu de gente na subida e atrasou tudo, mas na descida conseguimos desenvolver, até o costão. A Taty estava conosco e fomos pulando de pedra em pedra. Quase no fim encontramos o Fernando de Joinville com a cabeça cortada, cabeceou uma pedra, fiquei pra dar uma ajuda e perdi o Hélio e a Taty, só fui encontrá-los lá quase na galheta, após ter pego óculos de sol e gatorade com o William e a Rita. Finalmente sol !!! Até fez falta protetor solar, maravilha.

Subimos o morrão da barra, àquela altura um lodaçal só. Passamos todos que encontramos no caminho, parada logo depois da ponte no nosso apoio particular e só pegamos coca-cola no PC da barra. Seguimos forte os três para a looooonga praia. Eu estava bem, a areia estava dura e fui puxando, correndo bem mas preocupado em não exagerar. Comecei a sentir o dedão esquerdo lixar na areia, tive que tirar o tênis pra lavar no mar, melhorou bastante.

Em certo ponto a Taty reduziu, o Hélio ficou lá atrás e eu reduzi para tomar gel, quando me surpreendi com uma cena estranha: parecia que o Hélio tinha capturado um polvo, pois lutava contra uns tentáculos. Mais de perto eram os meiões que ele tirou pra aliviar o peso e amarrou na cintura...

Neste dia a prova se transformou em algo metódico: bcaa e gel a cada hora, gatorade a cada William e coca-cola e sal nos postos. Só isso. Funcionou. Chegamos na ponta das aranhas em exatamente 3h10min, bem em cima da previsão. Demoramos muito na trilha inviável e chegamos no PC do santinho e seguimos para o morro dos ingleses onde fiquei meio pra trás, acabei tendo umas tonturas que exterminei com mais sal. Até lá, depois de 4 horas de provas, ainda estávamos os três no mesmo ritmo, incrível.

Ingleses foi bem, encontramos uma chuvinha fina e depois passamos num cara com GPS, que nos disse o ritmo: 6:10/Km. No posto dágua no meio da praia, placa de 34 Km. Ficamos felizes, vejam, só mais 8 Km, que legal. Coisa que só a exaustão pode fazer, pois era só fazer as contas direito e ver que estava errado. Mas fomos seguindo, entramos no costão para a brava e o cachorro que nos acompanhava desde o moçambique nos abandonou, ficou seguindo o cara que nós passamos.

A Taty ficou um pouco e seguimos pro PC da brava. Lá, outra placa de 34 Km. Puta que pariu, não pode ser. O Hélio ficou furioso, tentamos saber o CPF de quem tinha colocado a placa lá nos inlgeses para poder perseguí-lo depois, mas aí caiu a ficha. É claro que a anterior estava errada, agora é que faltavam 8 Km. E seriam duros 8 Km.

O William novamente estava lá com a Rita, mas dessa vez não pegamos nada. Era só concentrar pra terminar. O Hélio começou a sentir umas puxadas na perna e começou a arrastar a esquerda um pouco. Andamos todas as subidas, andamos os planos e só trotamos as descidas. As bagas da Taty funcionaram mesmo, eu estava inteiro, não sei como. Chegamos na lagoinha, penúltima praia ! Corremos tudo, entramos no costãozinho trotando e chegamos finalmente na praia da chegada, coisa boa. Dessa vez eu é que disse que correria mais 10 Km :-) Mentira, claro, mas não estava morto como no ano anterior.

Logo a Taty chegou, festa geral. Ficamos o resto da tarde lá no hotel, esperamos o jantar e a premiação e finalmente casa, para o fim de um final de semana daqueles. Lá descobri que esqueci a palmilha do tênis secando, consegui sair pro segundo dia só na sola do tênis. Bem que notei algumas asperezas estranhas, a adrenalina faz coisas...

O melhor resultado no praias e trilhas da AndarIlha, muito bom. Os treinos valeram, todos se superaram de alguma forma e Taty detonou geral, pôs mais de 1h na terceira colocada. Parabéns pra nós, turma !!!!! Os resultados oficiais estão aqui.

Este ano muita gente desistiu, acho que 16 pessoas que largaram sábado não apareceram domingo. Os tempos no geral aumentaram mas houve novo campeão e muito mais trios do que no ano passado. Que venha o próximo, mas que demore um ano até lá !

quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Praias & Trilhas 2007

Na busca por incentivos aos amigos para tentar convencê-los a correr o Praias este ano, achei o relato do ano passado, postado por email mesmo quando este blog não existia. Como a próxima tá perto, aqui vai pra refrescar a memória.

From: Rafael Pina Pereira
Date: 2007/10/29
Subject: Praias & Trilhas
To:


Turma !!

Impressionante. Extenuante. Emocionante. E parcialmente delirante (pensei ter visto um Moai da Ilha da Páscoa).

Essa prova é única. Aqueles visuais no sol escaldante, as trilhas da nossa terra (a raiz da AndarIlha), o mar e o céu azuis num final de semana perfeito marcaram de forma definitiva essa que é uma das provas mais difíceis e bonitas do Brasil (palavras da organização e de um monte de corredores).

Um relato decente vem em breve quando sobrar tempo, mas por hora vai um resumido (!), que será devidamente complementado pelos demais desapegados às coisas materiais dessa vida. Uma maratona depois da outra não deve ser uma coisa muito saudável, mas incrivelmente todos terminamos intactos, a menos das avarias. Largamos na caieira, a 5 Km da entrada da trilha pra naufragados. Morrinhos e finalmente mato ! Voamos na trilha depois de largar no final e ir aquecendo devagar. Na trilha pro pastinho, as primeiras subidonas e chegamos no posto dágua/km 13 no saquinho. Seguimos rápido e encontramos a terceira geral no feminino, de quem mantivemos prudente distância. No pantano do sul, posto de alimentação.

A estratégia furou na sexta, pois fomos no 'congresso técnico' e não ficamos pro 'jantar', que seria muito tarde. Fui dormir depois de comer 2 calzones 4 queijos e uma tortilla mexicana, de forma que cheguei no posto esfomeado. Comi melancia, cocacola, pão, laranja, banana e gel. Aí enchi a garrafa com 'gatorade' e fomos pra lagoinha. Na descida tropeçamos em muita gente, e na praia comecei a ficar da cor do gatorade. O Hélio agilmente roubou a garrafa e jogou tudo fora, mas era tarde. Na trilha pro matadeiro botei o jantar do dia anterior pra fora. Dor de cabeça e estomago, mas o Hélio era paciente e fomos nos arrastando, até que ví um rio, quase me joguei dentro, aliviou geral. Chegamos no matadeiro, outro posto de comida na armação e então a areia mais fofa do mundo. Até o morro das pedras levamos 45 min. Água de coco é um santo remédio. Mas lá depois do campeche ferrou tudo de novo, aí finalmente o Hélio viu que ia me matar se continuasse a tentar forçar o ritmo e se foi, bem no ponto do retorno do mountaindo, na cruz das almas (?), bom ponto pra ser abandonado moribundo.

Levei muito, mas muito tempo pra percorrer os últimos 3 ou 4 Km. Me arrastei e cheguei muito podre. Recompondo com alguma comida, massagem nas partes atingidas e alguns minutos de descanso comecei a perceber que a parte muscular estava mais ou menos boa. Bom sinal.

O Hélio fechou com 12 minutos na minha frente, aí a Taty logo chegou e então a Fabi, as duas sorridentes como se estivessem passeando. Será que só eu que sofro ? A frase da Taty diz tudo: "Amo muito tudo isso" :-)

Dia seguinte, arranquei o Adriano da cama pra nos levar na joaquina. Pegamos a Taty, Fabi e Hélio e fomos pra largada 2, a missão. Subimos as dunas, entramos na trilha no morro que vai pra mole, e aí passa no costão, show, fomos 'quicando' de pedra em pedra, os atletas de rua pareciam uns gatos andando de pantufas nas pedras.

Praia mole, galheta, morrão e visual espetacular no topo, chegamos na barra depois de passar por todo mundo que existia no caminho, até que eles se revoltaram e nos passaram no moçambique. Corremos aquela imensidão toda, só um pit-stop pra água e outro esparadrapo nos pés. A trilha da ponta das aranhas foi-se em menos de 20 minutos, mais comida no santinho, aí quando eu pensei que já tava nos ingleses, o Hélio me contou da crueldade que nos faria subir o morro e descer pra avançar uns 500 metros somente. Nos Ingleses encontramos o Queiróz a nos animar e os meus pais pra me dar uma caca-cola. É psicológico, mas sempre depois de avistar um conhecido ou receber um incentivo o meu ritmo aumentava. Cientificametne medido no polar.

Trilha das bruxas pra brava, mais posto de comida e fomos pra trilha que vai pra lagoinha, a única que eu não conhecia nessa prova. Começa uns 200 metros na subida de asfalto, e sobe MUITO. Aí, quando você pensa que vai acabar, um fiscal aponta pra cima, e sobe mais. Costão, pedregulhos, cordas e mais trilhas, aí chegamos na lagoinha. Antes de acabar a trilha já comecei a entijolar as pernas, fiquei receoso de travar, então tentei convencer o Hélio a diminuir. Mas o sujeito não cansa, não sente dor, não solta as tiras e nem deforma (que nem as Havaianas). E também não tem fome. Eu sempre levava um monte de bisnaguinhas nos bolsos depois dos PCs...

Aí corremos a lagoinha toda (que aquela altura parecia longa), entramos no costão de 30 metros de desnível que quase me exauriu e chegamos na praia já avistando o pórtico... Linha de chegada... Satisfação monstruosa. Limite ?! Que limite ? Isso ficou lá no campeche no sábado... Muito gratificante terminar uma corrida como essa. A prova é muito de estratégia, não é um desespero, tem que se poupar muito e entender que só acaba quando termina. Fiquei realmente impressionado de não ter pifado no domingo, deve ter sido o gnoque que a Daiane fez sábado, que me recompos dos 4,5 Kg perdidos no primeiro dia.

A Taty e a Fabi são duas raridades. Nem a bolha do tamanho do dedão que a Taty fez no segundo dia em cada pé tirou lhe o bom humor e a frase já famosa. A Fabi como sempre termina inteira, ajuda um monte de perdidos no caminho e dessa vez se perdeu junto com eles já perto da chegada. O Hélio não tem fim, o desgraçado ainda me diz que poderia correr frouxo mais uns 10 Km no final...

Fabi, Hélio, Taty, Queirós, vocês muito me inspiraram a fazer essa corrida. Obrigado !!!!

Valeu !!

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Rafael Pina Pereira
rpina73@gmail.com