terça-feira, 31 de dezembro de 2013

Busque a sua montanha... sempre

Eu ia escrever em 2014, mas depois de ler o texto do Vagner Bessa troquei para sempre. Seja o MontBlanc, a Serra do Rio do Rastro pedalando ou o Morro da Igreja correndo, o Everest ou a Antartic Ice Marathon, um Ironman ou um short triathlon, um desafio profissional ou pessoal. Porque o que nos mantém vivos é continuar evoluindo e escalando sempre uma montanha tendo outra em vista.

Uma ótima continuação de ano a todos :-).

Surpresa de final de ano :-)
Em 2104 estarei lá novamente !

sábado, 28 de dezembro de 2013

Treinos para o Cruce Colúmbia

Sabe que eu não estava dando muita bola pra o Cruce Colúmbia ? Não em termos de viagem, experiência e expedição, mas em termos de preparo. Afinal, depois de alguns praias e trilhas, que mal poderia ter 39 km seguidos de 31 e 33 ? Tipo assim, vou fazer uns treinos depois do Dash e tá bom. Só tem um detalhe que faz toda a diferença: a altimetria.

São uns desníveis todos piores que o Desafrio Urubici, como por exemplo, 1000 m de subida contínua nos 11 primeiros km do primeiro dia, 1250 nos últimos 15 do segundo ou então 1000 m de ganho com 2000m de descida no último dia ! E eu estou subindo mal e descendo pior ainda. O ganho de altitude totalizado nos três dias dá cerca de 4700 m e está me deixando com a pulga atrás da orelha.

Nada que preocupe a conclusão da prova, pelo menos eu acho, pois o ritmo máximo é de 14min/km. Só que no treino da lagoinha do leste semana passada ficou em 10:30 de tempo corrido com as paradas, e no Cruce vai ter paradas ao certo, se não para abastecer ou cruzar rios, descer rampas de neve, para babar e fotografar o visual.

E eu estou tentando inventar uns treinos malucos, como este de hoje no morro do Pagará. Pra sensação de sufoco que foi, a altimetria foi uma ninharia, e sofri pra descer, uma dor nos dois calcanhares na última descida veio sei lá de onde (pode ser do tênis levinho) e depois o ritmo empacou em 5:30. Outro dia fiz o morro da antena em Urubici e em 16 km a altimetria ficou em 450 m de ganho. Ou seja, acho que vou ter que inventar um Desafrio solo ou subir a rio do rastro hehehe. Não tem muito tempo, então não adianta exagerar, o que me leva a focar nos treinos da semana e ver no que vai dar.

Isso foi feito pra pedalar, não correr :-)
Nos fins de semana o arranjo com o Roberto foi botar uma pancada forte nos três dias, com um longo sexta, uma transição completa sábado e uma corrida mais longa ainda em trilha ou terreno bem desnivelado domingo. Essa semana esse esquema furou pois a galera marcou pedal em São bonifácio e não poderia ficar de fora. Assim, fiz o pseudo longo quarta, o progressivo (mais um treino de ritmo) ontem a noite e essa coisa no Pagará hoje. Fiquei quebradinho e ainda falta o pedal amanhã na serra :-).

Acho que semana que vem vou inventar uma volta pelo morro do Bitú em Urubici, por onde desce o Desafrio, deve sair legal. Vamos ver o que mais dá pra inventar, mas o certo é que em treino não vai dar pra chegar nem perto dessa altimetria / distância do Cruce.

E isso é bom ! Há tempos não fazia uma prova tão cheia de variáveis, com tantas dúvidas, equipos, de logística tão complexa e pela primeira vez, no estilo expedição. 5 semanas e contando !!!

domingo, 22 de dezembro de 2013

A volta completa da lagoinha do leste

Uns 80 m acima do mar, à ilha moleques do sul aparece à direita na linha do horizonte.
A terra é redonda graças à GoPro !

De volta às raízes. Outro dia comentei numa foto da lagoinha do leste no facebook que foi lá que tudo começou. Comecei a acampar, escalar e correr por trilhas lá. E aí agora com o começo dos treinos pro Cruce, foi lá que fomos nos meter ontem.


Com chuva, no ponto mais alto da trilha

Saímos às oito e meia do pântano do sul, o Luciano, Anastácio, Gregório e eu. Começamos com chuva fina que ficou grossa e parou antes do mirante. Aí entramos na trilha secreta e corremos pela melhor parte do trajeto, um singletrack coberto de folhas e vegetação verde e molhada. Despencamos em direção ao costão e subimos o morro do pão de açúcar, ou bolinha para os íntimos. O nome vem da visão do dito cujo a partir da trilha oposta para a praia da armação.

Visual à partir do costão norte. A bolinha é o canto esquerdo do morro
Vista a partir da bolinha para a praia, a trilha para a armação é no lado oposto da praia

Ficamos apreciando a vista e descansando um pouco lá em cima e o sol arregaçou de vez. Descemos para o costão, um pouco de routefinding e achamos a entrada para a trilha que contornava o precipício. Faziam bons anos que eu não ia na trilha secreta. Chegamos na praia, corremos a praia e começamos a trilha pro matadeiro. Água na bica quase seca e depois num córrego, fez calor. Essa era a parte mais técnica do dia, pedras, raízes, buracos e galhos por todo lado. Muita pedra molhada e coberta de limo. E aí numa freada minha o Luciano foi desviar e capotou bonito. Levantou alucinado e saiu correndo que ninguém mais alcançava :-). Depois continuamos, encontramos uma galera gigante vindo na direção contrária e então saímos na armação, era só voltar pelo asfalto. Uma chuvinha veio de novo dar o ar da graça pouco antes de chegarmos nos carros.

Já no costão, tentando achar o acesso à trilha mais acima
Praia. Bem movimentada e lotada, como pode-se ver
Trilha para o matadeiro/armação
Primeira vista da praia da armação
Fechamos um mega treino num lugar espetacular e que pouca gente conhece. Deu uns 17 km e 3h30 total, faz as contas. Distâncias são relativas. I'm back to the trails !!! Que saudade ! Não é bem um treino específico para o Cruce, lá não vai ter tanto trecho técnico como ontem mas o treino valeu demais. Agora vou inventar umas coisas estranhas em urubici, fiquem ligados.

Apesar de tudo, o Anastácio não subiu a coroa (nunca fez isso, fiquei pasmo !) e o Luciano e o Gregório devem ter ido lá pela primeira vez sem pisar lá em cima no abacaxi de pedra. Vamos ter que voltar logo.

segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

2013 em Números

Hoje vi um post do meu amigo Arthur Araújo e fui conferir as minhas estatísticas do garminconnect. Santo serviço que registra nosso suor diário de cada dia. Fazia tempo que eu não olhava isso e dessa vez fiz umas brincadeiras também.

O ano de competições se encerrou com o Dash 113 no último dia 2/dez. Mal acabou e já começaram os treinos para o El Cruce Colúmbia em fevereiro na patagônia. Mas isso é outra história, pois há cinco anos eu não tinha uma prova de corrida como alvo específico. Ai minhas canelas...

Vamos aos números. Foram 11 competições, bem menos do que o usual. Isso deve-se à pausa para a viagem de agosto aos Alpes e também ao maior foco no Ironman, onde não fiz muitas provas prévias (na verdade só o long distance da Fetrisc e a meia de Floripa). Em termos de resultados só no Marcio May, Desafrio e Ironman não fiquei entre os cinco da categoria.

No total foram 430 horas de atividade incluindo as provas, mas sem contar os dias que saí sem GPS e em média 2h na piscina por semana. Isso dá cerca de 1h15min por dia, totalizando 8772 km percorridos. Aí eu lembrei que fiz um conserto no carro esse ano e fui procurar a nota. Lá tinha a kilometragem, e comparando com hoje, vi que rodei de carro cerca de 19.000 km. Acho que os treinos estão indo muito bem :-).

A natação não conta muito pois praticamente só registrei treinos no mar, então ficamos com 50,77 km de braçadas no oceano atlântico.

Correndo foi um pouco mais de tempo, cerca de 164 horas com 1808 km de chão, média de 150 km por mês, tudo rodado a uma velocidade média de 11 km/h ou um pace de 5min30seg/km e um batimento médio de 144 bpm.

A bike que teve 6838 km em 242 horas de pedal com 25 mil metros de desnível positivo. Essas altitudes não são lá muito precisas pois o 310XT não tem barômetro, mas dão uma ideia. Na corrida foram 23 mil metros correndo contra a gravidade. O número de sessões de treinos foi de 127 na bike e 146 de corrida, bem equilibrados.

E aí fiz um comparativo para quem diz que eu treino demais (alibi virtual): eu estou reduzindo o volume de treinos, embora esteja melhorando os resultados nas provas. Como o vinho. Fico mais velho, mais eficiente e melhor HAHA. E como diz meu amigo William, agora já temos 40 anos ;-).

Volume comparativo em 2012 e 2013, em distância

Volume comparativo em 2012 e 2013, em tempo
Isso refletiu bem a estratégia da corrida que adotamos este ano, correr mais 'lento' nos treinos para o iron, comparativamente ao que se pode tentar para uma maratona solo.

Já a queda no volume da bike está praticamente toda concentrada no segundo semestre, ficando igual nos treinos pré-ironman. A ideia era essa mesma, aumentar a intensidade mantendo o volume, e a média cardíaca deu 4 bpm a mais com velocidade média aumentando de 26 para 29 km/h neste período dos dois anos.

Comparativo em volume no primeiro e segundo semestre de 2012.

Comparativo de volume entre os semestres de 2013.

A explicação é simples, foi o mês de julho dedicado à 'escalar' e o período de férias, seguido do marasmo subsequente e das provas off-road que tiraram bastante volume da bike na segunda metade do ano. Também tem um ponto fora da curva que foi dez/2012 onde eu não corri devido ao tendão e acabei pedalando mais do que o normal. Ainda assim o resultado foi muito bom, pois fiz o melhor pedal já registrado na história deste vivente em meio-iron, ainda que a bike tenha MUITO o que evoluir como me disse o Roberto (e como bom vinho, vai evoluir ;-). E eu achava que o volume de corrida tinha caído muito em função da tendinite do calcanhar no começo do ano, mas foi bem pouco.

Era isso pessoal, um pouco de números de um engenheiro fanático por esportes. Até 2014. Boas festas.



segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

Dash Triathlon 113 - dia perfeito existe

Um dia perfeito. Dava pra acabar o post aqui, mas é melhor registrar. Mesmo sem saber muito o que esperar eu sempre espero o melhor, então fui pra prova com os ritmos mais otimistas possíveis. Tudo dependeria de várias coisas, a começar pelo clima, que estava indeciso na semana da prova, então a ideia era fazer o melhor possível em cada modalidade.

Acabei treinando com mais qualidade só depois do XTERRA, a 3 semanas da prova. O Mountain Do em dupla me deixou destruído e aconteceu o que o Roberto fala a respeito dessas provas: sempre quebra, ainda mais porque eu não sei entrar pra brincar.

Então chegou o fim de semana esperado e que fez jus ao que prometia. Uma estrutura excepcional, num lugar que nasceu perfeito para o Triathlon, e uma prova pra lá de bem organizada nos mínimos detalhes e que já começou acertando em cheio. Que venha para ficar.

No sábado fiz um treino de transição curto e leve nas três modalidades, nunca tinha feito isso e me senti muito bem. Combinei com o Alexandre Vasconcellos que veio do Rio e lá fomos nós nadar, pedalar e correr por uns minutinhos cada.

Domingo madruguei e saí de casa às 4:30, acabei de arrumar a transição e já era hora de ir pra praia. Passei pelo controle do chip e entrei na área de largada. Aquecimento apenas para molhar e aí fomos esperar a hora da diversão. Mar flat, céu carregado de nuvens malignas e nada de vento.

Na máquina de lavar

Largada ! Foto de Israel Loselame
Alinhei num lugar estranho, bem no meio, normalmente fico pelos lados. Acabou que larguei numa muvuca danada e demorei a conseguir me livrar da profusão de braços e pernas alheios que queriam me atrapalhar. Antes da primeira boia já estava num espaço melhor e dali em diante nadei sozinho e o tempo todo num ritmo moderado a forte. Naveguei bem e dei umas pernadas de peito pra conseguir ver a última boia, tracei um azimute no morro e fui certeiro, contornei as duas, peguei outro azimute com a boia branca e voltei, a navegação saiu legal e o ritmo bem na mosca, 30min14seg no garmin. Nas melhores séries de piscina fico na casa de 1:35/100m, aqui saiu 1:35 cravado :-). A minha virada nada-olímpica tem um valor psicológico interessante, na piscina a natação não vale muita coisa mas no mar até que funciona bem :-). Melhor impossível e saí esgoelado pra transição que era longa. Arrumei as tralhas e segui pra bike, num pedaço de transição também longo.
  
Fora dágua mas sem ar algum 

Ok, agora tinha ar
On the Road

Tal qual o Iron, um percurso no lugar de treino tem lá suas vantagens. Nós já sabemos onde é que o vento pega, o que dá pra fazer em cada subida, onde descer no clipe e fora dele, etc. Logo no começo do pedal vi que o garmin não marcava nada exceto a velocidade. Paginei as telas e nada, não lia a FC nem a cadência, que eu uso sempre nos treinos. Do jeito que eu deixo as telas, só tinha velocidade em uma e a velocidade média em outra (cada uma com 3 campos em branco :-). Tentei olhar o que era e desisti, resolvi pedalar só na percepção do esforço. Deixei só a velocidade e olhava de vez em quando a média.


Fim da primeira volta
Entrei na SC-401 e mantive a ardência nas pernas e respiração sob controle. Fui me empolgando imaginando algum vento fraco a favor, mas todas as bandeiras estavam caídas, nem uma gota de vento a prova toda !

Fiz o retorno no Floripa e comecei a forçar mais, talvez as pernas tenham aquecido. Várias vezes tirei o pé quando uns atletas me passaram só pra entrar na minha frente e reduzir. Também fiz umas fugas pra não deixar uns poucos pelotes chegarem. Vi pouco vácuo descarado, mas o que me irritou foram 3 duplas 'trabalhando juntas'. Numa delas o cara veio sprintando pra não perder a roda, o da frente claramente o estava puxado.

O Marcos me passou e depois o vi parado com o pneu furado. O Manente também estava lá em canas parado. Malditos pneus, ainda mais os tubulares. Não vou com a cara deles, sei lá porque. Uma pena, realmente.

Terminando alguma volta
Fechei a primeira volta muito bem, olhei a média pela segunda vez e não acreditei, 36,1km/h. Resolvi manter o ritmo e entrei na segunda volta realmente empolgado. No morro do cacupé peguei uma micro chuva de 2 min que mal molhou o asfalto. Consegui manter o ritmo até começar a sentir uma ou outra fisgada na coxa quando levantava do selim. Ali era o limite, mantive tudo como estava e não forcei mais nada. Entrei em jurerê e vi o ritmo em 35,9, fechando o total com 35,7km/h. Decaiu alguma coisa mas pros meus padrões foi impressionantemente constante. Não tinha vento, então foi constante :-). O alvo da bike eram 2:30. Deu 2:27 com 87,5 km (redução avisada no congresso técnico). Perfeito.

Terminei a bike eufórico, nenhum pneu furado ! Estava traumatizado do Iron. Quase tive vontade de dar um beijo na bike. Saí pra T2 que era bem longa, troquei o tênis rapidamente e me mandei. Achei que tinha perdido o número, mas o Fábio me lembrou que estava virado pra trás.

T2. Dessa vez não fiquei enroscado na roupa
Correndo feito um doido

Saí pra correr leve e sem dor nenhuma e quando virei na búzios tocou o alarme de pace que ficou no garmin, estava a 3:40/km. Foi a única hora que me orientei por algum instrumento, claramente 3:40 não daria pra manter muito tempo. Segui nuns 4:10 pra ver no que daria. Também achava que não daria pra manter isso nem a pau, mas estava muito bem e afinal, se quebrasse, que fosse tentando.

Nem calor teve na corrida
Eram vários retornos, muito legal pra ver e marcar o pessoal. Melhor ainda era a torcida por onde passávamos o tempo todo, acabava nem sabendo direito quem incentivava, mas tentava retribuir na medida do possível. Fui olhando os paces só no beep do garmin, estava mais ou menos nisso, uns 4:15 até os 12 km, depois foi num regressivo até o final mantendo o sofrimento sempre no máximo, com os três últimos km realmente de doer. Também balizava o ritmo pelos amigos, o Milton é um relógio e tem o ritmo mais constante do universo, então se ele estiver se aproximando é porque eu estou reduzindo :-). Passei muita gente na corrida, mas dois caras me passaram a 200 m e não consegui acompanhar. O final foi no limite, cheguei e desmontei no chão, até atraí a atenção de alguém que veio ver o que se passava. O Palhares ao lado já recomposto não se abalou pois chegou do mesmo jeito ;-).

Ok, eu estava querendo chegar logo :-)

Epílogo

Uma prova excelente. Organização impecável, no quintal de casa. Um fim de semana respirando triathlon e encontrando amigos por todos os lados. Percurso, estrutura, área de chegada, premiação, kit, staffs, tudo de alto nível. Só preciso saber quando abrem as inscrições para a próxima.

The End. Ina, Dani, Palhares e o Milton.
Dados técnicos

Coisa interessante foi essa prova. Além do ocorrido com o painel de instrumentos, não tinha mais nenhum suplemento em casa, só comprei 6 GU na feirinha e levei mais 3 Roctane que estavam lá desde o Iron. Sem Accelerade, sem cápsulas de sal. Nada além de GU e água e uns dois goles de gatorade. E deu muito certo. Acho que a alimentação pre-prova conta muito em provas não tão longas. Não tive quebra além da corrida, não tive que parar pra fazer xixi. Tudo milimetricamente encaixado.

Percursos do garmin: Swim, Bike, Run. T1 muito lerda em 3:13 e T2 em 2:14, não sei pra que demorar tanto. Não tem cadência nem batimento. 4h37min26seg, 5º lugar na categoria e 61 geral, gostei. Muito. Por demais.

Depois de muito procurar encontrei a família toda que foi assistir a chegada, mas eu cheguei muito rápido hahaha. Meu pai levou a turma e ficamos por lá um tempo batendo papo com a galera e saímos pra almoçar depois de desmontar a tralha toda. Fomos pra Santo Antônio de Lisboa, comi um prato pra dois sozinho. É que o Arthur não quis a parte dele :-).

Fotos do Geraldo Gai, Rafael Bressan e Juliana Cunha.