Mostrando postagens com marcador desafrio. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador desafrio. Mostrar todas as postagens

quinta-feira, 9 de julho de 2015

Décimo DesaFRIO Urubici !

Coisa linda !
Dez anos correndo a mesma prova, meu recorde :-) !!! 530 KM de sobe e desce o morro da Igreja (veja bem, dez anos ;-), ponto mais alto do sul do Brasil (fora as controvérsias do morro do bela vista e pico paraná, sempre com algumas dezenas de metros de diferença) :-)).

Uma prova legal ! Acho que farei enquanto puder. E lá fomos novamente, depois do Ironman, 4 semanas exatamente. Esse ano corremos o Anastácio, Fabrício, Diogo & Cínthia e eu. Três solos e uma dupla de dois. O Hélio e Tiago correram da largada até o véu de noiva só pra conhecer a nova subida.

Ficamos em casa e o Aracajú foi de madrugada pra Urubici, nos encontramos pra um café e seguimos para a largada sob frio de 7 graus, nada aterrorizante e céu limpo. Tinha previsão de vento no windguru, portanto levei um colete corta-vento.

Largamos 'ao contrário'. O percurso mudou esse ano, agora subiu e desceu pelo mesmo lugar. Como a subida era diferente e mais longa, tivemos que largar na direção contrária no asfalto por 2 km e então retornar para seguir no rumo certo. Não é divertido pois é plano e asfaltado, mas pelo menos serviu de aquecimento.

Subida, fingindo correr

Fiz a prova praticamente toda junto do Fabrício. A subida nova parece mais rápida, mas o que ajudou mesmo foi o tempo seco, praticamente sem atoleiros exceto umas poucas partes lisas no falso plano antes do asfalto depois do véu da noiva. Lá foi a estratégia de sempre, só que mais forte. Chegamos no topo com 27 km e 2h36min, não sei se já tinha subido mais rápido que isso.

La cumbre !
Pouco antes do cume coloquei o corta vento porque o vento já estava cortando. A última subida estava com vento tão forte que ajudava a subir.

Depois do retorno no topo começamos a descer num bom ritmo, fiquei feliz de ter aquele corta vento no peito porque já estava sentindo umas alfinetadas na garganta e tossindo. Ventania potente. Quando chegamos no fim do asfalto comi o que pude. Fiquei a prova toda ultra hidratado. E mijando. Foram 3 vezes, a última a 6 km da chegada, bem a tempo de perder o terceiro lugar. Por um triz. Não, por um xixi.

A parte offroad da descida foi excelente. Apesar do cansaço consegui correr bem ali perseguindo o Fabrício, que só passei na descida monstra quando me joguei pra ver se acabava rápido. Lá embaixo ainda tinham mais 8 km de plano ondulado de terra batida, e depois da última água o Fabrício se foi e uns dois caras me passaram, eu passei mais dois e aí veio uma enxurrada de duplas. Como eu não via os números dos atletas, não sabia se eram duplas ou solo, e fui começando a me achar um cone de sinalização. Mas o ritmo estava decente ainda, 5:15 naquelas condições, e depois do xixi derradeiro não parei mais de correr , embora existisse uma vontade subconsciente que eu estava ignorando. Claro, exceto por ter tropeçado e quase beijado o chão a 1 km da chegada.
 
Araucária !
 
Curva !

Flying !
Dessa vez corri com o monitor cardíaco do garmin 920 pra ver a cadência, oscilação vertical e contato com o solo. Estava curioso pra ver os dados. Só que logo no início vi que não marcava nada, só a frequência cardíaca. Depois em casa fui descobrir que coloquei o sensor de cabeça pra baixo na cinta. Aí provavelmente o acelerômetro endoida e não marca nada. Aprendam :-).

Falando em batimento, foi estranho. Cravou em 158-160 a prova toda, inclusive na descida, onde eu olhei várias vezes e achei suspeito. Talvez tenha pensado estar desidratado e bebido demais por isso, sei lá. Analisando os outros anos, vi que a média pelo menos da prova foi idêntica. Faço sempre o desafrio a 158 bpm de média e pronto.

Não senti falta de força na subida e apenas uma vez umas fisgadas na musculatura, impressionante. O tênis que usei dessa vez foi perfeito. Corri com o Skechers GoRun Ultra, uma maravilha. Travei o cadarço lá em cima no último furinho e terminei a prova sem nenhuma unha preta, exceto pelo mindinho do pé esquerdo que sumiu dentro de uma bolha (foi a meia tenho certeza, havia um furo nela bem no lugar). Fora isso, uma destruição muscular mínima para uma prova tão dura. O único incômodo foi mesmo estomacal (enchi o bucho de líquido passando no posto do km 18) e a mijadeira descontrolada. Tenho que arrumar isso.

E cheguei ! Melhor tempo da história depois de 10 edições, alguma evolução tem nisso. O Fabrício mandou absurdamente bem na primeira ultra e chegou 2 min antes. Incrível o que a base para o Ironman faz... ele correu os últimos 8 km abaixo de 5 km/min. Tenho certeza de que se tivesse parciais, seria uma das melhores da prova. Nós não fizemos nenhum específico, e isso por si só é impressionante. O Anastácio veio logo depois, mais de uma hora mais rápido do que ele estimou. A dupla de dois bateu o recorde e o povo todo só elogiava a prova. E o Daniel Meyer estava lá de volta com um 6º geral. Tenho certeza que vou encontrá-lo em todas as provas da fetrisc e ecofloripa.

Não tem preço ! Não sei como a Daiane conseguiu essa foto

10 anos pra baixar de 5 horas hahahaha

Pequeno homem !

Além da turma citada, muitos amigos por todos os lados, o pessoal guiando a dupla de cegos (IMPRESSIONANTE), o Luciano e a Luana correndo minimalisticamente, sendo o primeiro DESCALÇO por 13 km morro acima até arrumar bolhas e por um tênis mínimo, Duks, Débora, e todos os outros que por favor me desculpem a falha de registro ;-).

Um ambiente simples, de corredor mesmo. Muito legal. Mas apesar disso, os malucos triplos estão se multiplicando. Dessa vez contei 4 que fizeram o iron, e o mais demente de todos tinha feito a maratona de porto alegre no meio também. Depois eu que sou doido ;-D.

A premiação foi legal. Recorde inacreditável no feminino e muita gente correndo abaixo de 5 horas. De certeza o tempo ajudou, mas acho que o percurso também ficou mais rápido.

Depois da prova fiz a massagem, aí chegando em casa fomos pro rio congelar as pernas até as partes, para então ir pro churrasco do William com cerveja artesanal, alemãs, de todos os tipos. Domingo as pernas estavam num estado impressionante, mas na semana seguinte a recuperação estava além do acreditável. Não sei qual das coisas deu certo, mas é fato que deu. Vou repetir tudo sempre. Nessa ordem. Que fique aqui registrado.

E depois, a desculpa. O Desafrio é desculpa pra reunir a turma há dez anos, e esse não seria diferente. Não sei quantas cervejas o Anastácio levou, mas creio que esvaziamos todas. Valeu !

A turma

O William não correu mas fez o churrasco :-), o que é tão relevante quanto

Churrasqueiro-mor e primeira dama

Duda e Daiane. Mãos do Aracajú à direita e meus restos ao fundo
-----

Dados técnicos

Percurso no garmin aqui.

52 km - 4h55min59seg (SUB 4h56min HUAHUAHAUA)
4º cat
34º geral

Comi 5 gels, dois comprimidos de sal, banana, água de coco e coca cola. Não faltou nada, só sobrou água. Tomei uma caneca grande de café preto antes da largada, não sei isso abriu a torneira, mas preciso ajustar. Apesar de ter aliviado a bexiga várias vezes o líquido estava alaranjado / esverdeado a tarde. Algo que ingeri, porque desidratação não pode ter sido.

domingo, 22 de junho de 2014

Desafrio 2014 - Com sprint de chegada e dedão destruído

Dessa vez o Desafrio doeu. Mas foi em lugares inesperados, no posterior da coxa e no dedão direito. Depois da Indomit 100K não fiz nenhum treino longo de corrida, só umas 4 ou 5 corridinhas de 10 km. Fiquei com uma dor na lateral interna da coxa direita e tratei com o Edu da Clínica Nura. Ficou zerado e fui tranquilo pra prova, mas curioso em como seria depois de 3 semanas sem treino algum em seguida de uma ultra de 100 km e do Márcio May Marathon MTB na semana anterior (breve post).

Pois bem, a sexta-feira foi estranhamente quente e uma chuva com trovoada despencou à meia noite em Urubici. Fiquei semi acordado até às 3 quando o barulho parou e ao levantar 6:30 não havia mais água caindo, só caída. E muita lama.

Alinhei junto com o Anastácio e Hélio, encontrei meio mundo lá e começamos a corrida. Fui devagar. Aqueci até o km 3 mais ou menos e comecei a correr mais solto, sem olhar pra nada, nem pace nem outros atletas. Só que larguei muito no fundo (não faça isso) e fiquei preocupado em pegar engarrafamento na subida da trilha no km 11. Passei a Débora e aí segui um pouco mais rápido pra chegar logo na trilha.

Muita lama e diversão naquela subida, os pés já estavam molhados há tempos nos primeiros rios que cruzamos, então fui reto com o pé enterrando até o tornozelo e subi firme passando muita gente. Conseguia correr nas subidas leves mas evitava para não forçar a coxa, mas não adiantou, apareceu uma dor no posterior igual à da parte de dentro, acho que migrou de lugar. Aí segui até o véu da noiva, que estava espetacularmente cheia.

Pegue a viseira e óculos de sol com o Dariva e a Patrícia segui só com um pouco de coca-cola no posto de alimentação. A esperança era grande, mas logo depois de botar os tapa-sol tive que tirar por embaçamento total e completo da visão.

Subi sem olhar o relógio uma única vez e por uns trechos junto com alguns atletas, só pela sensação de esforço. Ao chegar no topo fiquei assustado com o tempo, bem mais lento que o ano passado, cerca de 10 minutos. O esforço não foi grande, mas a dilatação do tempo foi. Imaginei que seria pela trilha, mas logo a Débora veio e vi que não tinha aberto muito dela, o que normalmente acontece na subida, com ela me buscando na descida.

Bom, era só descer. Esse 'só' é sacanagem. Todo santo ajuda não sei quem, porque a mim é que não é. Comecei todo torto e uma mulher da dupla me passou voando, logo mais um monte de caras sumiram morro abaixo. Os tênis estavam folgados, os deixei assim de propósito para subir. Mas fui apertar e só consegui apertar o esquerdo. O cadarço (aquele fio com trava da salomon) do direito travou e não ia nem pra frente nem pra trás, soterrado por um monte de lama seca. Não tinha rio perto, então desisti logo e segui com o pé frouxo, grave erro.

Mais ou menos por aí o dedão direito ficou pelo caminho
Cheguei no véu da noiva correndo assustadoramente bem. Havia ficado preocupado em descer com um tênis flat e com pouco amortecimento como o salomon sense mantra, mas foi perfeito exceto pelo dedão, que já latejava bastante. Acho que foi a melhor descida até ali na história.

Encontrei a Patrícia de novo e troquei a blusa amarela pela azul. Coisa horrível, estava derretendo já dentro daquilo. Entrei na trilha pra descida e corri bem até achar mais lama. Aí foi uma coisa bizarra, um passo pra cada lado, nenhum reto. O pé aterrissava e escorregava pra um lado ou outro, muito legal correr assim, mas cansa e é lento.

Essas estradinhas foram cenário de MUITOS treinos para a Indomit e El Cruce esse ano...

A Grande Descida sempre me mata e dessa vez entrei na miserável alucinado e correndo forte. Fiquei impressionado em como estava descendo forte até a perna esquerda ficar toda frouxa numa passada eu quase ir pro chão. Cheio de pedras bicudas e grandes, não seria boa ideia, então aceitei que as pernas já estavam com retardo neuro muscular e reduzi o ritmo antes de me arrebentar. Dado meu histórico recente de quedas na corrida foi o melhor a fazer.


Depois da grande descida inda estava vivo
Lá no final perto do rio achei o Rafael Vargas, tinha caído e machucado o joelho, mas a panturrilha é que estava estranha, pulsando visivelmente numa parte. Segui e ele veio logo atrás. Também achei o Fábio e viemos juntos um pedaço.

Incrível ! Nenhuma queda no percurso todo !
E consigo me arrebentar na beira-mar...
Aí comecei a correr fácil no km 45, segui sem parar nem pra comer até a chegada. E aí, a uns 200 m, já na curva da igreja para o pórtico, surge do nada um cara sprintando do meu lado. E o povo gritando, vai, vai, não deixa passar, vai, vai kkk. Só lembro de ter visto um número preto (o das duplas era vermelho) e instintivamente reagi, correndo feito louco, bufando e soltando grunhidos horríveis. Não sei como consegui fazer aquilo... E depois fiquei muito puto. Poderia ter caído de cara no chão correndo daquele jeito em calçamento de pedra molhada. Ou estirado um músculo, sei lá. Mas... vai que o cara era da categoria hahahaha.
Sprint depois de 52 km... deu 4:10 nos últimos 200 m mas a sensação era de 2:40 :-)
Depois de recuperar o fôlego e cumprimentar o doido fui direto pra massagem e alimentação. Logo achei o Hélio, esperamos o Dariva e o Anastácio chegarem e tocamos pra casa pra fazer a melhor parte da corrida, o churrasco do William com cerveja artesanal do Anastácio. O Desafrio na verdade é uma desculpa cansativa pra essa reunião anual de amigos, que dessa vez também contou com a Fabi e o Kiko.






A noite troquei mensagens com o Marcos e fui lá pra premiação, tinha ficado em 5º na categoria 40-44. Ficamos olhando as outras categorias e na minha não fui chamado. Ainda fiz o mico de ir lá na frente perguntar, e o locutor disse que só ia até 4º devido à quantidade de atletas não ter passado de 30 (largaram 28). Regra que eu não conhecia (estava lá bem escrita). Bom, sem troféu pro Rafael :-).

Depois fui ver os tempos com detalhes e descobri que o 4º estava 20 seg à frente, e os tempos eram os brutos e não os líquidos (pra que chip ?)... A minha diferença do bruto pro líquido deu 38 seg... ou seja, largue na frente :-).

Corrida de montanha realmente está explodindo. Muita, mas muita gente e o nível cada vez mais alto. Essa prova começou com 30 pessoas e hoje tem 300 na solo e mais 200 duplas, impressionante como o nível de 'impossível' vai subindo, como as pessoas vão testando ir cada vez mais e mais, longe e difícil. Muito, muito legal participar disso tudo. Principalmente desde o início, já se vão 9 anos de Desafrio, e enquanto a prova existir e eu puder, vou correr.

-------

Detalhes técnicos:

Aqui o link da prova. Total de 5h19min, 12 minutos mais lento que no ano passado, mas 1 posição melhor. Tempo é relativo. No caso, relativizado pela lama. A Grande Descida é a despencada quase vertical no km 42,5.

Consumi uma garrava de 100 gr de carbup, 5 GU e 4 mariolas, mais coca-cola em três postos de apoio e meia banana no topo. Não faltou nada nem sobrou, acertado.

Corri com a mochila de hidratação com 1,5 l dentro e sobrou. Gostei, fica mais prático pra pegar as coisas nos bolsos da frente e não tem que ficar parando pra encher as garrafinhas, nem fica nada chacoalhando na cintura. A contrapartida é começar e principalmente subir 1kg mais pesado do que com o cinto.

Não tinha tempo líquido mas tinha chip. O resultado foi 5º na categoria 40-44 e 30º geral, com o primeiro animal correndo pra 4h07 e uma dupla pra 3h33 HAHAHA.

O saldo do dedão foi bizarro. Unha totalmente preta e o dito cujo latejando e doendo pra caminhar até segunda-feira. Quarta estava melhor e sexta corri 10 km leve. Salvo, pelo menos.


domingo, 23 de junho de 2013

Desafrio Urubici 2013, fatos inéditos

Uma prova cheia de fatos inéditos mesmo sendo a 8ª participação seguida ;-). Participar já não é mais decidido, simplesmente faz parte do calendário, e enquanto tiver pernas pretendo correr essa ultra de montanha no lugar mais frio do Brasil !

Fomos em peso para o Refúgio, a galera da AndarIlha e o Sérgio e o Andrey da Ironmind. Arrumamos tudo depois de pegar o kit e jantar para sair às 6:55 no sábado. Seria chegar e largar, sem aquecer. Minha estratégia incluía isso: sair frio. Gelado, melhor dizendo, para começar de leve. Ainda na noite anterior algumas garrafas de vinho expeliram inexplicavelmente suas rolhas...

Urubici estava com chuva e frio na sexta-feira a tarde. A noite começou a limpar mas de madrugada caiu um vento louco que fazia o maior barulho e me atrapalhou o sono: acordei várias vezes pensando em não esquecer de deixar um corta-vento no carro das duplas.

Largada ! Saí junto do Sérgio que logo sumiu e fui devagar, aquecendo a musculatura com calma. Fui bem leve e consegui não começar forte demais. Havia trocado umas ideias com o Roberto durante a semana, e faria uma estratégia que me permitisse correr decentemente os últimos 8 km. Lá é onde a coisa pega de verdade, não sobra mais quase nada intacto depois de subir e descer aquela montanha toda, e o que eu queria era achar um jeito de prestar pra alguma coisa ali. Achei que isso compensaria o tempo 'perdido' na subida mais calma e nas descidas mais controladas - descer rápido é rápido, mas destrói a musculatura de um jeito que torna correr no plano depois a 6:30/km um desafio e tanto.

Começamos as estradas de terra e lama e achei o Sérgio, seguimos trilha acima e caímos nas trilhas onduladas e cobertas de argila que levam até a estrada principal. Ali a escolha do tênis fez diferença: subi tracionado, pisando com confiança, enquanto a galera com tênis de asfalto dançava pros lados a cada passo. Argila encharcada é algo curioso para se correr sobre.

Chegamos na estrada e peguei outro tênis com o Andrey e o Tiago. Saí muito feliz de estar com o pé leve (a lama em cada pé deveria pesar 478 gr no tênis usado até ali). Fui seguindo morro acima, andando no concreto e trotando no asfalto, aproveitando pra correr quando a inclinação permitia.

Perto do topo e peguei o corta-vento com o Gabriel, filho do Sérgio. Fiz o retorno e desci finalmente menos congelado. Dessa vez fez frio, tive muita dor nos dedos da mão. Mas a camisa que usei compensou: uma blusa da Kalenji muito boa, deixava o corpo seco e ficava úmida por fora, e ainda barrava um pouco o vento. Corri o tempo todo só com aquilo e foi suficiente.

A descida começa forte e segurei pra não entijolar as pernas logo ali. Fui administrando até o véu de noiva e lá me livrei do corta-vento. Quando entrei na trilha soltei as pernas de vez, faltavam 'apenas' 17 km e eu estava me sentindo bem como nunca. E corri. Corri e me impressionei em como estava correndo fácil. Quando passei nos 42 km vi 4h19min. Fiquei muito feliz, até dei uns berros. Percebi alguma proximidade de uma baixa glicemia e taquei dois gels de uma vez só. No topo tinha tomado duas bagas de BCAA com uma de vitamina C. Fora isso foram consumidos 8 gels e mais 3 goles de coca-cola e uma banana pequena no percurso. Perfeito.

Ao chegar na famigerada descida que eu nunca conseguia descer direito, eu desci direito ! Corri feito um doido e até passei algumas pessoas. Cheguei ao fim completamente extasiado e segui forte, ainda sem entender como. A uns 3 km do final passei mais dois caras e terminei alucinado, berrando feito louco. Coisa inexplicável correr sozinho por cinco horas, mas ainda assim sentindo a companhia de todos os amigos que estavam na mesma trilha. Fechou 5h7min e dessa vez a distância foi mais próxima à oficial, a maioria dos garmins pegou 51,8 km em média, eu devo ter tangenciado bem as curvas hahaha. Consegui descer em 2h17min, algo impensável pra mim nas outras participações, onde até descer mais lento eu já tinha conseguido...

Foi disparado a melhor prova que já fiz lá. A estratégia deu certo e mostrou o quão importante é dosar o esforço numa ultra. 10 seg/km a menos no plano inicial e descer um pouco mais leve permitiram deixar pernas pra correr bem depois do km 44.

Mas dessa vez não tive pódio :-). O troféu de terceiro na categoria teve outro dono. 6º cat, 33 geral. A galera tá treinando !! Não dava pódio em nenhuma categoria de 30 a 50 anos ! Prova sensacional, fim de semana mais ainda. Valeu turma !!!

As duas duplas de dois no topo do morro da igreja

Vindo com o Sérgio quase passando alguém :-)

Largada

Largada

Olha só a quantidade de água !

Subindo o restinho. O corta-vento estava inflado, que alívio vestir aquilo

A galera no Refúgio ! Não sei não, talvez o Desafrio seja desculpa pra isso...

Estão comemorando o quê ? Ainda falta descer tudo :-)))

quarta-feira, 25 de julho de 2012

Fotos do Desafrio 2012

Comprei algumas fotos da Foco Radical do Desafrio deste ano. O trabalho deles é sempre excelente, mas no Desafrio eles se superam. Não é como uma prova urbana, lá o fotógrafo tem 53 km pra escolher onde ficar e boa parte disso é em trilhas ou lugares de logística complexa.

Vamos a algumas fotos. Quem nunca foi pode ter ideia do que é o percurso e quem já foi pode rever, se é que se lembra de alguma coisa. Tem uma foto que não tenho ideia de onde é.

Pré-largada com o capitão. Foto do celular na mão de alguém.

Começo da trilha após as estradas de terra, km 9-11


Nova ponte no lugar da que caiu ano passado, show.

Acho que é a mesma ponte acima. Ou não.
Tem várias no percurso.
Passei um dupla na descida que tinha enfiado a perna
entre uns troncos e quase se matou
Tentativa desesperada de manter os pés limpos o maior tempo  possível

Não sei se é subida ou descida. não faço ideia onde é isto,
deve ser entre o véu de noiva e o topo
Descida das boas. As cartilagens precisam de muito descanso depois disso...

A descida miserável, ainda no começo. Já descamisado


Ok, 7º Desafrio concluído com sucesso !

domingo, 24 de junho de 2012

Desafrio 2012 - a prova que redefine o que é correr ;-)

2010. Rampa logo após entrar no asfalto na subida.
Mais um Desafrio Urubici, já se vão sete anos correndo aquela prova pedreira. É um tipo de corrida totalmente diferente, ainda mais pra quem faz triathlon. Esqueça pace baixinho, tênis leve e material mínimo. Lá você vai com um tênis gordo, enche ele todo de água logo nos primeiros km e depois atola até os tornozelos na lama. Não, aquilo não é lama. É argila. E barro preto também tem, seguido de charcos alagados. Dá pra sentir o peso dos tênis nos pés. Terreno regular então ? Rampas de concreto, pirambeiras de argila com pedras soltas, rios cheios de pedras. Vai cheio de roupa (que se for pra tirar tem que carregar também), tem obrigatoriamente que carregar água, manta térmica, ataduras e toda a alimentação se for solo e sem apoio. Ou seja, aquilo lá redefine o que é corrida. E asseguro, é muito bom ! Diversão garantida.
O Hélio e eu na largada.
Cheguei na largada com o Hélio bem na hora que começou a verificação do material, achei a Taty e mais inúmeros amigos e fui pro carro me arrumar de vez, voltei trotando e entrei no lugar da largada. Saímos com 14 min de atraso em função da confusão pra botar o povo todo que chegou na última hora pra trás da linha.

Saí gelado e sem aquecer nada, fiz o primeiro km mais leve e soquei a bota. Sempre saio forte pra tentar evitar o engarrafamento na trilhinha fechada que começa no km 12. Até lá são uns 3 km de asfalto, depois estradas de terra, aí restos de estrada e rios bem cheios dessa vez, até o atoleiro que começa exatamente no km 12. Os tênis quase ficam lá. No ano passado uma pinguela de arame que ficava pouco antes deste ponto caiu no meio da prova e desta vez a organização fez um pequeno desvio, coisa de uns 100-200 mts, mas ficou muito bonito.

Neste caminho encontrei com um cara de Porto Alegre, o Clodoaldo. Seguimos conversando e ele perguntou qual minha categoria. Concluímos que éramos da mesma e seguimos em perseguição mútua. Não parecia ter muita gente à frente.

Quando a trilha acaba vem um sobe e desce de argila escorregadia até a cascata véu da noiva, que dessa vez só faltava a noiva debaixo. Muito volume dágua em função das últimas chuvas, bonita como eu nunca vi. Ao passar pelo posto de abastecimento logo ali só enchi uma garrafinha dágua e segui pra cima, agora no asfalto da estrada que vai até o topo do Morro da Igreja. Só então comecei a olhar pro garmin com mais atenção. Encaixei um ritmo legal e fui atacando as rampas, o que aqui significa andar inteligentemente quando a inclinação fica muito grande. Sobre o tempo todo mas tem uns platôs e descidinhas, então dá pra correr por boa parte da subida. Perto do topo dava pra ver os paredões da borda da Serra Geral com um mar de nuvens abaixo sob um sol forte e céu absurdamente azul. Um visual absurdamente bonito. Tocou no iPod When the Wild Wind Blows, do Iron Maiden. Mas não tinha vento. Desta vez corri com música, levei o iPod com uma seleção feita a dedo. Iron Maiden, AC/DC, Metallica e um pouco de U2 e Eagles. Coisa da boa. Antes pesquisei pra ver se era permitido. Muito bom.

Lá em cima tomei um monte de coca-cola e desci apressado, mas foi cruel começar a descer. A inclinação começa muito grande e eu não achava jeito de descer decentemente. Fui num ritmo mais ou menos pra não forçar demais, pois o bicho pega sempre na trilha de descida. Passei por alguém da Ironmind que não sei quem é, mas estava com a viseira. Identifique-se, please.

No posto de descida no véu da noiva pedi pro staff encher uma garrafinha, tomei dois copos de coca de uma vez só e quando fui beber um pouco da água era 'gatorade'. Tive que jogar fora e pedi um copo com água, o garoto me deu outro com gatorade que eu botei na garrafinha, taca fora de novo e finalmente abasteci dágua. O gatorade era visualmente igual à água.

Ali era o km 37 e voltávamos para a trilha, onde sobe um pouco para então entrar num plano inclinado muito bom de correr, pastos com caminho de jeep, pedras e rios. Ali é o lugar que eu sempre quebro, apesar de muito corrível e bonito. Só que dessa vez não sei o que houve. Eu não sei como corri ali, não lembro como fui parar no km 41. Na boa, foi muito estranho. Eu corria, ouvia uma música mas parecia tudo longe. Comecei a conversar sozinho. Pensei em olhar pro garmin, 'ah, dane-se o garmin'. 'Só corre. Ei, tu tá correndo, não quebrou. Quem é que tá correndo por mim ?'. 'Que música é essa, ah, High Way to Hell, AC/DC. Legal. Mas não tá um Hell, eu tô correndo tudo onde sempre me arrasto. Que placa é aquela ? É o km 41 ?!'. Sério, acho que sofri uma auto-abdução.

No km 42 começa uma descida que só termina no 44,5. Desce direto sem parar com uma inclinação dolorida, num barro claro cheio de pedregulhos. Sempre sofro absurdo ali e dessa vez não foi diferente. Descida miserável, aquilo lá é um verdadeiro moedor de pernas, ataca todas as partes ao mesmo tempo. Quando finalmente cheguei no plano comecei a correr até que bem mas foi dando uma sede descomunal, boca totalmente seca e garrafinhas também. No posto de água adiante tomei um copo e mais outro, aí enchei só uma garrafinha e toquei. Ali é o km 46 e só faltam mais sete - porque a prova tem 53 e não 52, a organização precisa consertar isso. Corri tudo até que bem e no último posto dágua apareceram dois atletas solo. Até então eu era ultrapassado por duplas o tempo todo, mas solo acho que foi só uns dois na trilha. Saímos do posto os três mas logo fiquei pra trás sem conseguir reação nenhuma.

Ao entrar na cidade uma súbita cólica abdominal me fez pensar no pior, teria que invadir uma casa e seria horrível. Mas tudo foi resolvido com a terceira parada para necessidades fisiológicas de baixa complexidade. Errei alguma coisa na hidratação dessa vez.

A reta de 3 km de asfalto parece ter 10, mas uma hora acaba. E acabou no pórtico de chegada com exatamente 5h27min08seg. Essa doeu. Forcei o possível o tempo todo e cheguei bem vazio, fazia tempo que não terminava tão oco. As panturrilhas morreram na subida, os quadríceps na descida do asfalto e o que sobrou na descida final e nos últimos km no plano. Correr essa competição faz aumentar ainda mais meu respeito e admiração pelos ultramaratonistas extremos. A BR-135, por exemplo, com 217 km e 6000 mts de desnível acumulado é algo pra tentar entender ainda ! Ah, aqui foram 1230 mts de subida !

Depois da prova, o processo para tentar voltar ao normal inclui comer e tomar banho. Aí voltei pra chegada e vi a Taty e o Hélio terminando, 3 integrantes da AndarIlha marcaram presença, só teve um edição que não teve ninguém da turma. Fui ver a classificação e adivinhem ? Fiquei em terceiro lugar na categoria. Sexta vez em sete participações que fico em terceiro. Tem que ter uma explicação pra isso. O segundo era um dos caras que me passou no último posto de hidratação e abriu 3 min, o Ricardo Dantas ! E o primeiro era o Clodoaldo de POA que fez 5h08, absurda a diferença que abriu, pois no topo eu estava 2 min atrás somente. Ponto pra eles. E pra mim, que ainda peguei pódio com 28 na categoria ;-). Mostra que o específico pra esta prova é pra aguentar a descida. Coisa que eu fiz 0 % nesta preparação para o Iron ;-). O resultado foi praticamente idêntico ao ano passado (1 min exato a menos), até a chegada em cima foi no mesmo tempo. Concluo que é o que é produzido em mim com um treino para Ironman: um Desafrio na casa de 5h25-5h30 4 semanas depois ;-).
Dãaaaaa vai largar !
O campeão foi o Biscoito (Cleber) da Tribo do Esporte. O segundo lugar foi o Gilberto também da Tribo e o terceiro o Daniel Meyer correndo de five-finger (!). Falando em Tribo, a Andréia Teixeira me deu uma mão. Ela é onipresente, tá em tudo que é lugar sempre incentivando. Aí depois da descida monstra lá estava ela. Eu tinha tirado a camiseta comprida e não tive dúvida, dei pra ela guardar. Um peso e estorvo a menos, hehehe, valeu.

Buenas, é isso aí. O relato ficou longo, mas são 53 km então tem que ser proporcional. Até a próxima.

segunda-feira, 20 de junho de 2011

Desafrio 2011, pedreira pouca é bobagem

Seis vezes consecutivas, tenho certeza que é o meu recorde de participação em uma mesma prova. E não falta vontade de continuar voltando àquelas paragens lá em Urubici pra correr o monstro que é o percurso do Desafrio.

Depois da viagem tradicional até a capital do frio da serra, jantamos no hotel e fui arrumar a zona que era a minha sacola com tudo misturado, gel solto no meio das meias, roupa e tênis, fruto da arrumação em 15 minutos na hora do almoço. Preparei todas as tralhas depois que o Arthur e a Daiane dormiram (ela achou que eu dormi na mesma hora). A Laís dessa vez não foi conosco.

Equipe reunida na largada. Reparem o chapéu do capitão
Às 6:00 a organização ja batucava umas estacas para firmar o pórtico e testava o sistema de som, arrancando até quem não queria da cama - nossa pousada era a 5 metros da largada. Fui tomar café e terminar de me ajeitar e então fui pra largada. Achei o Clodoaldo que tinha vindo de Curitiba como a grande maioria dos corredores (só perdem em quantidade pro povo daqui de Floripa). Tiramos as fotos tradicionais com o Hélio, Fabi e Tiago e logo a coisa entupiu, muita gente na área de largada. O William e a Rita foram acompanhar de bike e a equipe de apoio foi de carro depois. Lá já comecei a encontrar uns malucos atletas que também tinham feito o Ironman. Além da Fabi e de mim, contei mais 4.




Saindo da trilha da cachoeira pro asfalto

Saí menos empolgado do que o ano passado, moderado a 4:40 até chegar nas subidinhas e então na subida dos infernos que começa no Km 12. No topo, senti as pernas muito pesadas. Achei que ia ser um impossível manter um ritmo mínimo dali pra frente, e foi mesmo até o PC da cachoeira do véu da noiva. Quase na saída da trilha encontrei a Daiane com a turma toda, Duda e Vanessa, além dos pequenos. Abasteci só água e segui firme pra cima, e o ritmo estava aceitável no asfalto. O clima estava muito bom, friozinho básico cedo e temperatura boa na trilha depois que o sol dissipou a neblina. Só que ao sair para a pista, nuns trechos à sombra estava um frio de lascar, estranho aquilo.

Corri o tempo todo dosando o esforço, tanto que a máxima deu 173 bpm - no ano anterior passou várias vezes de 181. Tentei andar rápido quando não dava pra correr, ou quando via que era ultrapassado por alguém andando - apenas coreografar corrida na subida não adianta. Cheguei no cume com exatamente o mesmo tempo do ano anterior, 2h46min, mas com a sensação e ter cansado muito menos. Dessa vez dei uma respirada, fui olhar a pedra furada e então comecei a descer, depois de 2 min de intervalo.

Cadê o meu pai que não chega aqui em cima !?
Comecei bem mas depois de uns 5 km sentia dor nos pés, em tudo quanto é lugar. Normal pra descida, então fui seguindo meio travado, desabituado que estou de correr descidas íngremes. Coisa horrível o ritmo, já cheguei descer lá a 4:15 vários km, dessa vez só por uns km baixava de 5/km. Só que diferentemente daquela vez alucinada, não quebrei nada e terminei num tempo melhor. Só passei a turma do apoio na descida, quando a Daiane estava voltando pro carro. Dei uns alôs e corri de novo.

Cheguei no PC do véu de novo e comi umas banana e levei outras no bolso, rapidinho me mandei tomando cocacola. O William estava com a Rita esperando na entrada da trilha de descida, me filmaram e ficaram a esperar a turma, pois o William iria descer junto correndo, depois de ter pedalado o início. Participa, apoia e corre, o baixinho. Segui pelos campos de altitude, um cenário mais espetacular do que o outro. Apesar do topo do morro ser amplo e aberto, eu acho esse trecho mais bonito, mais selvagem. Não vi praticamente ninguém, só uns duplas me passaram e passei uns três corredores, o resto do tempo só tinha mato e umas vacas perdidas. Cheguei na descida miserável. Eu odeio aquela descida. Em vários anos só consegui correr bem uma vez, quando treinava descidas feito um louco com os maníacos do Tiago e do Hélio. Me arrastei morro abaixo, se é que isso é possível. Muito esforço pro ritmo não ir acima de 6min/km.

De alguma forma consegui dosar tão bem que depois do km 44, quando acaba a descida e só restam os 9 km de estradas rurais até o final, consegui correr sem parar e sem forçar demais, a 5:40/km. Isso é de uma lentidão irritante, mas é o que dá pra fazer com 44 km nas panturrilhas. Cheguei a comemorar com os staffs de um posto dágua, "ainda tô correndo tudo !!!!". E assim foi, só uma pausa pra visitar uma moita e um gel até a chegada, 5h28min. Dois minutos a menos que em 2010, com um ritmo muito mais consistente. Apesar disso, cheguei acabado, com a sensação de ter concreto dentro das pernas. Comecei a comer tudo que tinha, sopa com cocacola, banana, laranja, pães e bolacha. Estufei e fui pra pousada tomar banho e Whey, não nesta ordem.

Ínício dos trabalhos
Depois da tarde contemplativa, fui pra premiação enquanto o povo ajeitava o 'jantar' na pousada. Voltei com o troféu e fomos logo comemorar. Muito. Acabamos de madrugada, atleticamente falando, às 23:50. Fechou com chave de ouro, mais momentos excelentes com a família e os amigos (o Tiago e a Duda podem não ter achado tão excelente assim ;-).

Mais um desafrio pra conta, mais um troféu. Tudo bem que de terceiro lugar de novo, mas este valeu, pois nunca teve tanta gente na categoria. Cheguei a 7 min do primeiro e 5 min pra trás já vinham mais 2 fanáticos. E dessa vez eu vi a pedra furada !



Valeu turma. Parabéns pra todos nós !!!!!

Pedra Furada, Morro da Igreja, Urubici. Foto do Adriano.

terça-feira, 14 de junho de 2011

Próxima encrenca

Dessa vez eu tenho medo. Sei lá porquê, mas acho que correr 5 vezes depois do ironman não deu muita confiança de que ainda sei correr morros. Descer está sendo um desastre. Domingo fiz um longuinho de 22 km pegando todos os morrinhos de coqueiros e estreito que achei, muito meia boca pois são muito nanicos. Mas não fiquei cansado nem quebrado, isso é bom.

Só que o ritmo vai ser uma incógnita. Mas falta pouco, logo conto como é que foi o Desafrio Urubici 2011, 53 km de montanha até o topo do morro da igreja e retorno à cidade. Altimetria tranquila, como mostra o log do GPS de 2010. Bora lá equipe AndarIlha dominar a prova, com a Fabi, o Hélio, Tiago e eu, mais o William de bike.

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Desafrio 2010

Acho que tenho um problema com essas provas longas, eu não tenho furado nenhuma e como mais provas vão aparecendo ou sendo experimentadas, o calendário vai se compactando e aí lá estava para o quinto desafrio 20 dias depois do iron. Durante o evento alguém falou algo sobre isto, talvez o Hélio ou o Alexandre: mais pessoas estão gostando de sofrer. Provas duras que anos atrás não reuniam muita gente estão enchendo, e todos saem arrebentados e acabados, mas voltam no ano seguinte. Desta vez o Desafrio bateu recorde com 165 atletas na categoria individual e 80 e tantas duplas.

Reunião familiar e de amigos para uma ultra de 52 km não é sempre que acontece, então tem que aproveitar, e claro que ano que vem estaremos todos lá de novo dominando a prova e a pousada.

Saímos de floripa depois do trabalho, passei em casa e carreguei a família e bagagem e fomos pra estrada, neblina e transito pesado fizeram a viagem levar mais de 3 horas, foi chegar, ajeitar, jantar e dormir.

A AndarIlha alinhou com 8 atletas mais um biker e a Ironmind com 4. Largamos às 7:35 e eu botei em prática a estratégia de sair rápido pra evitar congestionamento na primeira subida. Deu certo inclusive porque passamos na pinguela antes dela desabar e obrigar os demais atletas a passar pelo rio.

Segui junto do Alexandre até o primeiro PC no véu da noiva. Até lá foi a dureza de sempre do primeiro pedaço da prova, com o extra de ter atolado os pés em esterco de porco ao lado de um curral. Coisa mais nojenta está pra ser inventada. E fedorenta também, entrei na cachoeira mas não resolveu muito. No asfalto o Alexandre ligou o turbo e sumiu.

O Tiago me acompanhou uns metros pra passar o óculos e depois a Daiane passou de carro com a turminha toda, festa geral. Segui rampas acima correndo sempre que possível, já com umas dores no tendão do dedão esquerdo. Antes da largada, preocupado com os elásticos no lugar dos cadarços dos tênis, estrangulei o dedo de tanto apertar os primeiros laços, para que os dedos não esmagassem contra a parte da frente. Só que acabei esmagando o tendão de cima do dedo. Por esse problema estúpido tive que parar mais 4 vezes na prova, cheguei a tirar o tênis mas o tendão já estava magoado e aí foi aguentar o que dava.


Toquei pela região dos ventos furiosos e fechei a subida em 2h46min, tomei coca-cola, enchi a água e me mandei morro abaixo, depois de correr junto à Laís e abraçar o pequeno todo encapado de roupas pra fugir da ventania, pois frio mesmo não tinha muito não. Na descida a porca torceu o rabo, e o dedão doeu demais. Encontrei a turma toda subindo rápido, a Fabi vinha em 3o feminino, o Hélio logo atrás, aí a Cínthia escoltada pelo Aracajú, a Rosary e então o William, o Bravo. Ele correu com a panturrilha contraturada desde a cascata para que o Anastácio pudesse descer a parte dele. Homem de fibra.

O ritmo não ia bem, comecei a achar tudo complicado e dolorido demais, mas me obriguei a seguir sem parar até o PC no véu da noiva para reavaliar e comer um pouco, pois estava faminto só com GU e glicodry até ali. No PC comi bastante e uma fiscal passou gelol spray nas minhas pernas, que já doiam pra caramba. Afrouxei mais o tênis. A parada de 4 minutos, a comida e o gelol deram um fôlego e me mandei decidido a não quebrar no ponto de sempre, entre os km 35 e 38.

Este ano a prova foi acrescida de 2 km na largada, então durante todo o tempo as referencias de distância que eu tinha não batiam, foi uma confusão geral ver os kms e concluir que ainda faltavam 2 para aquela subida cruel, a descida infinita ou para o PC mesmo. Assim, acho que esqueci de quebrar, pois segui devagar e sempre nos campos de altitude e quando cheguei na Grande Descida não tinha andado nem vomitado ainda.

No plano final depois dos 44 km é que a coisa aperta mesmo, e foi um jogo mental continuar correndo. A vontade de andar é enorme. Eu combinava de andar dois km até beber, e tomar água ou gel era o prêmio, nessa hora andava uns 200 mts e seguia. Os últimos 8 km foram assim, um sacrifício danado pra virar na casa dos 6:00/km. Dentro da cidade aquele pórtico que não chega nunca apareceu e aí soquei a bota pra fechar bem, sem saber de onde tinha vindo o gás. Deu 5:30:02 total para os 53,4 km.

A turma deu um show. O William mesmo quebrado chegou em cima para o Anastácio fazer uma descida excelente. O Hélio fechou muito bem dentro do previsto. O Tiago fechou a descida da dupla mista conquistando o segundo lugar na categoria junto com a Fabi e a Cíntha estreou com louvor em terceiro lugar na categoria. O Alexandre estreou no desafrio com o excelente tempo de 5h20. A Rosary infelizmente não completou, gripada e estragada digestivamente falando foi heroicamente até o topo, mas o principal suplemento acabou e ela não pode descer. Parabéns pra todos nós !!!

Essa prova é de uma dureza estranha. Vai cada vez mais gente e quase ninguém desiste. O pessoal tá gostando mesmo de sofrer ;-).

Resultado:
5:30:02 - 54,4 km - 6:10/km
Categoria: 3/12
Geral: 26/165
Resultados oficiais aqui. Atividade do garminconnect abaixo, descobri que dá pra incorporar no blog:

Vídeo oficial !!

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Voltando aos treinos já com uma pedreira pela frente

Durou uma semana, mas foi bom. O descanso pós-iron foi absoluto fisicamente falando, mas aproveitei pra por em dia tudo aquilo postergado para depois da prova. Fiquei uma semana totalmente de molho, e na seguinte fiz uns treinos bem leves todos os dias, exceto quinta. Sábado último fui fazer um treino de terreno acidentado com o Hélio e o Tiago, visando o Desafrio 52 Km de Urubici. O negócio é grande e é logo: sábado 19/junho, apenas 20 dias depois do ironman.

Saímos do Itacorubi e fomos para o morro da lagoa, subimos a estrada até o início da trilha depois da rampa de vôo livre e retornamos, descemos até a lagoa, canto dos araças e volta tudo de novo. Fui pra ver como é que estava em morros, depois dos treinos planos recentes. Subi e desci fácil, sem forçar muito na subida e com bom ritmo na descida. Só que acabei com as pernas. Fiquei quebrado domingo, como se tivesse feito uma prova forte. Também enchi o pé de bolhas, três dentre elas uma gigante. Tá tudo meio assim, cansado. Aí descansei domingo por falta de opção mesmo, pois queria pedalar. Hoje saí pra um treino solto de 14 km que saiu na boa, as pernas ainda estão pesadas mas funcionam.


Estou curioso pra ver o que vai ser, uma ultra de 52 Km com 2000 mts de desnível depois de 20 dias com cinco treinos de corrida. O condicionamento tá bom, mas a musculatura ainda tá magoada com a última brincadeira. Mas vai dar certo, afinal teve um longão bem feito há três semanas ;-)