terça-feira, 27 de dezembro de 2016

Uma estratégia para o Fodaxman EpicTri 226

Como muitos já sabem (quem não sabe pode ver aqui), acontecerá em janeiro a primeira edição do Fodaxman EpicTri 226, um triathlon com distâncias de ironman na serra catarinense. Altimetria certamente será o ingrediente chave deste evento, mas outros aspectos merecem atenção.

Assim, reuni algumas ideias e estratégias que acho válidas - para mim, no meu caso, especificamente eu mesmo, mas que podem servir para os demais atletas ;-).

Basicamente será um 'iron' bem mais demorado que o normal. Eu prevejo algo em torno de 4 horas a mais do que o melhor tempo, considerando o atleta treinado. Disso derivam diversas coisas.

Dado o ritmo mais lento, isso implica em necessidades aumentadas de alimentação e hidratação. Será mais tempo exposto ao esforço, que será amplificado pelo terreno da serra geral. Imagino levar comida e não apenas gel e carbo em pó como faço nas provas. Certamente teremos um consumo calórico bem maior que o normal devido a estes fatores, e a fome vai apertar. Quebrar por 'prego de fome' pode ser irreversível e comprometer a prova, mesmo para atletas bem treinados.

Como o fodaxman tem staff individual por atleta, justamente por não ter estrutura de apoio ou estradas fechadas, é importante trabalhar em conjunto com o staff toda a estratégia de acompanhamento, orientação e alimentação. É difícil imaginar o quanto consumimos de líquidos numa prova. Fiz um exercício de cabeça tentando calcular quanta água peguei da organização no ironman fortaleza e pode ter sido algo em torno de 15 litros. Claro que não bebi tudo, também usei para me resfriar. Isso também deve acontecer na serra, já que no verão podemos ter bastante calor por lá. E aí tem os gatorade e o líquido preto precioso dos esportes de endurance. Claro que tudo tem que ser mantido gelado dentro do carro de apoio.

Outra coisa é a insolação. Estaremos 1500 metros mais próximos do sol. Se isso é insignificante em termos de distância, não é em termos de cobertura atmosférica: o sol de montanha é FORTE. Portanto, reaplicar protetor solar, por mais ridículo que pareça numa prova, pode ser necessário.

O treino vai depender de cada um, mas no meu caso eu foquei em treinos longos de pedal em montanha, muita montanha. Corrida nem tanto devido à base de fortaleza, e a natação tenho tentado nadar no mar uma vez por semana. Provavelmente a natação será sem roupa de borracha devido à temperatura da água, então é bom levar isso em conta também.


Dessa vez em especial vou esquecer as transições e tentar recuperar minimamente entre as etapas e me alimentar especialmente bem. Um último detalhe técnico: acho que irei de meia de compressão em alguma etapa. Será muito tempo 'sobre as pernas' e certamente vai ajudar. A definir em função do calor.

Obviamente é um evento que busca superação pessoal e diversão. Por isso, a tônica deve ser curtir apesar do sofrimento :-). Haverá uma proximidade muito grande entre os atletas e staffs no início, mas talvez não depois, já que o percurso é 'só de ida'. O apoio mútuo é fundamental e staffs podem e devem estimular qualquer atleta que encontrem pelo caminho :-).

Reforço: como é um evento não balizado, é fundamental que todos tenham os percursos de GPS, tanto atletas nos seus garmins quanto staffs no celular ou GPS veicular. O ciclismo é todo em rodovias e o GPS do carro atende perfeitamente, porém na corrida são estradas rurais em vários trechos, é o track no garmin do atleta é fundamental. É importante treinar isso previsamente. Eu já estou fazendo isso em alguns treinos. E é sempre bom revisar o link do regulamento, que contém inúmeras dicas e está sendo constantemente atualizado.

Pra fechar, aqui estão os links do google maps para o staff no ciclismo, o track do garmin para o atleta na mesma etapa e o track para a corrida.

domingo, 25 de dezembro de 2016

Ironman Fortaleza - O engrossador de casca

Essa edição do Ironman Fortaleza pode ter sido a última, o que vai torná-la mais especial ainda. De qualquer forma, foi um privilégio e será uma pena se realmente for extinta. Porque um Ironman num local duro, numa paisagem brasileira de verdade, no coração do nordeste, saindo da orla pro interior em rodovias onduladas a perder de vista, com natação sem a facilidade da roupa de borracha num mar de gente grande e com uma corrida incinerante não se acha em qualquer lugar.

Completar esse iron é a certeza de engrossar mais um pouco a casca de qualquer atleta. Que, diga-se de passagem, é o que é necessário para correr fora das CNTP, para evoluir um passo de cada vez e aumentar o auto conhecimento. Eu realmente não sabia que aguentava um calor e um pedal de iron tão duro. E o vento não estava terrível, apenas forte, o que é normal. E o calor ficou só nos 34 graus de máxima.

O resumo da prova é que foi sensacional. Embora tenha ido com a vaga pro Havaí na cabeça, os planos são sempre a) curtir, b) completar bem, c) fazer o máximo possível e se possível pegar a ensaboada e escorregadia vaga. Não deu, eram 5 e fiquei em 8, a melhor colocação até então num iron. O tempo foi 10:19, com parciais de 1h10, 5h20 e 3h42 nas três modalidades, com transições razoáveis de 3 minutos.

Pois então, e lá em Fortaleza teve um acréscimo, a presença do meu pai e da minha família na cidade, que fizeram eu literalmente me sentir em casa na cidade onde morei aos dois anos de idade.

Pré prova

Vaijei na quinta e fiquei entalado no avião por duas horas em Floripa debaixo de tempestade. Chegamos em SP com o vôo perdido e fui alocado num hotel para o vôo das 6 da manhã de sexta. Dormi as 2 e acordei 4:30 pra ir pro aeroporto. Em Fortaleza fui recebido no aeroporto e fui pro hotel largar tudo e correr pro congresso técnico e retirada de kit.

Lá encontrei o Danton, que por sorte estava no mesmo hotel. Ficamos na expo até umas 14 horas e fomos pro hotel. Montei a bike e saí com meu tio para reconhecer o percurso do ciclismo. Foi excelente, deu pra ter boa ideia do que seria o domingo. Dentro do carro com ar condicionado estava fácil, mas foi só parar para fotogravar e sentir o bafo do dragão as 15:30. O calor emanava do asfalto e o vento parecia um secador de cabelo.

Sábado fomos fazer uma ativação das três modalidades e testar a bike. Foi estranho correr 10 min e ficar completamente encharcado de suor as 7:30 da manhã. O sol em fortaleza é homogêneo durante todo o dia.

Depois fui no mercado público comprar castanha de cajú e então descansei um pouco. O Danton foi procurar palmilha pra sapatilha da bike e fui almoçar com a família na praia do futuro.

Fui deixar a bike mais pro fim da tarde pra evitar o sol. Deixei tudo arrumado e então fomos jantar com o Guilherme e o Rangel.

O cardápio indicava pratos pra duas pessoas, mas um começou a pedir o duplo pra si e aí os quatro pediram pratos pra duas pessoas, pra espanto do garçon.

O incrível é que não sobrou macarrão algum. Fui pro hotel comer uns doces de leite que tinha comprado e então dormi magnificamente. Simplesmente dormi 6 horas direto.

Largada

Acordei e desci pro café. E cadê ? No sábado havíamos combinado com a moça de que preparariam um café básico às 4:30. Só que não tinha viva alma no restaurante e quando finalmente apareceu um não sabia de nada. Só tinha castanhas no apartamento. Fiquei apavorado com a possibilidade de fazer um ironman em jejum.

Tivemos a ideia de ir no Ibis do Guilherme e conseguimos tomar café madrugador por R$ 9,00. Bananas, paẽs, suco e iogurte. Deu pro gasto.

Taxi e então área de largada. Arrumei tudo e fui procurar a turma. Já com sol alto as 5:40 achei todo mundo, galera madrugou pra ir lá ver.

Abraços múltiplos, boa sorte e então fomos aquecer rapidinho. O Danton largou antes e eu fui as 6:10.

Natação

Que mar sensacional ! Quente, claro e balançando um bocado :-). Mar grande, oceânico ! Nadei os 3000 iniciais com certa dificuldade e um pouco de dor na lombar, acho que de bater mais perna do que o normal. Cheguei a ficar mareado no início mas logo encaixou um ritmo moderado. Acabei ficando sem referência por ser o primeiro iron sem neoprene, mas achei o tempo alto e segui pra segunda volta, que era de apenas 800 m pra chegar no ponto da T1.

Fui pra transição rapidinho e me enfiei na camisa de ciclismo. Saí comendo banana e logo estava na estrada com vento em popa.

Bike

Que pedal duro ! Estava imaginando algo em torno de 5h15 e fiquei apavorado quando virei os 60 km com média de 41 km/h. Que vento ! A ida foi um passeio e então voltávamos 30 km para fazer outra volta de 60. Os 30 contra foram uma penúria. Não sei de onde os quadríceps começaram a doer lá em cima perto do quadril. Não entendi, nunca tive isso.

Voltei a 40km/h e segurando muito a potência, que estava baixa. Economizei o que pude pensando na volta de 60 km totalmente contra vento. Ali no km 120 estava com 36.7 km/h de média.

E fiquei surpreso com a altimetria. Certamente a sensação de desespero era acentuada pelo vento contra, mas tive que botar a coroinha algumas vezes. O total foi de 1100m, bem mais que os 700 de Floripa. E em Fortaleza não há nenhum morro grande, é uma pista eternamente ondulada.

O contraste do ambiente era impressionante. A vegetação de agreste retorcida e amassada pelo vento, o asfalto escaldante e muito pouco trânsito. Público só nas imediações de um posto de gasolina perdido na imensidão do sertão. Algumas pessoas em cima de burrinhos assistiam na beira da estrada.

Não é um lugar fácil, viver ali não é fácil e competir também não foi. Mas é recompensador saber que conseguimos funcionar mesmo num ambiente hostil como aquele. Fiquei muito satisfeito.

Os últimos 15 km foram como o Guilherme descreveu. Um martírio sem fim. Encontrei o Elano e alguns atletas distribuindo água. No km 120 eu fiquei sem água num posto. Foi uma desgraça. A boca ficou a prova toda seca como o chão da caatinga. O ar além de quente era seco e secava todas as mucosas expostas, e a boca obviamente não podia ficar fechada dado o esforço.

Lá perto da chegada achei o Diogo e segui pra transição empenado mas sabendo que tinha poupado bem, fiquei cravado nos 70% do FTP.

Corrida

Saindo pra correr encontrei a galera toda, que alegria. Meu pai tava lá preocupado e me deu um high five. Segui por dentro do hotel até a saída e já me encharquei num posto de apoio. De todas as orientações do Roberto pra essa prova, a que mais me preocupava era evitar a hipertermia. Manter o corpo resfriado o máximo possível.

Pra isso fui de roupa de manga curta, que protegeu totalmente as costas e braços até os cotovelos, boné e muito protetor solar.

A cada posto eu tomava um banho completo. Nem liguei de inundar os tênis. Corri a primeira volta de 14 km a 4:50 cravado e então implodi. O ritmo despencou e já subi muito lento o viaduto do início da volta, a única subida do percurso.

A ida até o final da praia de Iracema era rumo ao nascente e com vento contra. Voltando o ritmo dava uma leve melhorada mas o vento nas costas e o sol na cara eram cruéis. Por sorte os prédios já fazem algumas sombras as 14 - 15 horas, mas mesmo ensopado num posto já ficava totalmente seco antes do próximo.

Senti muito calor na cabeça, no rosto. Botei gelo em todas as partes que podia. Comi dois gels encavalados com coca cola. Nunca fiz isso mas resolvi tentar pra ver se melhorava. Depois de uns gelos adicionais na roupa comecei a corre melhor (menos pior) e abri a última volta empolgado.

Nos últimos 8 km o garmin apagou e corri sem instrumentos. Legal foi ver que consegui manter exatamente o mesmo pace da média global nestes últimos km.

Corri o tempo todo procurando referências da categoria, controlei um pouco e passei alguns atletas, mas perdi a sétima posição a 5 km da chegada. O cara passou num ritmo muito forte e não aguentei 30 seg, com começos de travamentos nos quadríceps.

Tênue linha a que nos leva à melhor performance. Um pouco a mais e quebramos, travamos. Um pouco a menos e não atingimos o máximo possível para o dia ! E o objetivo é sempre o máximo.

Chegei deveras cansado, com o sol na cara nos últimos 2 km sem conseguir enxergar direito. Entramos pra rua paralela e então virava para a chegada, passando pela terceira vez pode dentro da transição da bike, mas agora pegando a esquerda rumo ao pórtico.

Meu primo fisioterapeuta estava trabalhando na prova e resgatou meus restos desabados na chegada. Cheguei realmente bem oco. Não estava passando mal nem nada, só extremamente cansado.

Uma das coisas que mais me atraem nessas provas de endurance é que nunca temos realmente a certeza de que vamos dar conta. Mesmo com todo o treino, que foi muito bem feito, tem uma parte que não dá pra prever, uma dureza que não dá pra treinar e lá especificamente um calor e vento que não dá pra fabricar em Florianópolis. E terminar nestas condições não tem preço, é das melhores sensações e a satisfação é extratosférica.

Fui pra massagem não sem antes abraçar todo mundo do lado da cerca. Senacional foi pouco. Da massagem fui comer 3 potes de açai e sorvete e mais meia melancia e então comecei a achar o povo.

Depois de certo reestabelecimento orgânico meu tio me levou pro hotel e dei uma recuperada. Ali para as 20 horas peguei um Uber e fui pro churrasco que meu pai fez. Todo mundo lá esperando ! Só então vi que estava meio estragado, morrendo de frio e todo mundo com calor. Comi bastante, tomei uma cerveja e depois um tempo o Pedro me levou pro hotel.

Falei com o Danton que tinha chegado bem com uma bravura exemplar e fui desmontar a bike. Uma tralha espalhada por cada cm2 do quarto demorou a entrar no case. Tudo arrumado e finalmente desmaiei bem depois da meia noite.

Pós prova

Obviamente fui ver a rolagem de vagas, só que não rolou nenhuma. Só a do cara da 65-69 que não completou, caiu na 30-34. Não tem criança ali kkkk. Todo mundo foi catar a ensaboada. Saí de lá, dei uma volta na expo e fomos pro hotel e então almoçar com o Gui e o Rangel. Lá encontramos a Ana e o Vinhas e trocamos experiências da prova certamente mais ardida de todos que ali estavam.

Indo pro aeroporto levei mais uma garrafa de 1,5 L e tomei tudo no caminho. Sede eterna... Foi uma volta lenta, saímos as 16 e chegamos as 23:30 em Floripa.

Eu sempre imaginava como era viajar numa segunda feira pós ironman. Agora já sei ;-D.

Agradecimentos

Como sempre, à Daiane que tem a paciência de buda com meus treinos, e aos pequenos por entenderem e apoiarem. Muito obrigado meus amores.

À Dígitro, Cicles Hoffman, Éder Quiropraxia e Monteiro Fisioterapia esportiva, muito obrigado pelo apoio e confiança ! Ao mestre Roberto Lemos, que conseguiu me botar a prumo pro mundial depois de 3 semanas de lombar inútil e me preparou pra um iron em 7 semanas depois de 15 dias de férias, obrigado novamente.

À turma dos retardadostri, ironmind, penalama, treinar com vcs faz a diferença. A todos os amigos encontrados por lá, especialmente ao Danton pela parceria: a prova não é só a prova, e vcs fazem parte disso !

E dessa vez muito obrigado à família Pina de Fortaleza. Vocês foram ultra sensacionais e fizeram eu me sentir tão em casa quanto em Floripa.

Dados técnicos

Tentei comer 1800 calorias no pedal. Acho que consegui, pois foram 10 gels, 10 medidas de VO2 na garrafa, duas mariolas e alguns gatorades.

Nadei de speedsuit da aquasphere emprestado do Rodolfo. Bike P2, com garmin 520 e roupa da 3T de mangas. Corrida com o Go run ride 4. Nesta etapa foram 4 gels e muita coca cola.

As parciais estão aqui, porém a corrida está truncada por falta de bateria :-).

Resultados: 47 geral, 8 categoria, 10h19min.

Fotos

Asfalto perfeito e visual espetacular

Almoço na praia do Futuro


Transição bem menor que floripa. 800 atletas. ZERO vácuo.

Gosto das bandeiras

O número parece que veio de uma guerra. E veio mesmo






5:40 da madrugada e todo mundo doido kkkkk

Bem mais fácil transição sem neoprene

O pedal mais cascudo até então

Cansou, ardeu, doeu, queimou, mas valeu a pena. Sempre vale.

sei lá pra que essa cara kkkk

segunda-feira, 28 de novembro de 2016

Sprint Triathlon P12 2016

Única prova entre o mundial de 70.3 e o Ironman de Fortaleza, um sprint triathlon bom pra testar o coração. Foi uma prova realmente pra divertir e brincar, uma confraternização entre os atletas da região na sexta e última etapa do campeonato catarinense. Sem preço essas provas locais, temos mais é que incentivar e prestigiar.

Fui para a prova totalmente sem compromisso e sem interferir nos treinos. Corri 28 km na sexta feira e aí nadei 4000 no mar no sábado, pela primeira vez sem roupa de borracha. Depois disso voltei pra casa e esperei ficar quente, e então saí pra 3 horas de pedal na BR 101 norte as 11 da manhã. Não foi fácil achar hora quente pra fortaleza heheh.

Domingo resolvi nadar sem roupa de borracha. Estava um pouco frio mas achei melhor ir sem pra aclimatar e ver o estado da natação sem neoprene.

Largamos para o percurso que parecia maior, e deu uns 900 m. Saí da água bem lerdo e corri pra transição, onde achei o Fabrício e Sandro.

Seguimos no pedal alucinado, percurso igual ao powerman short, muito legal. Apesar das retomadas a potência saiu bem alta e a média também, 38 e quebrados para uns 12 retornos kkkk. Normalizada em 260W e média um pouco menor devido as retomadas.

Saí da bike um tanto quanto perdido, pois consegui deixar todo mundo ir embora e tive que caçar o Fabrício desesperadamente. Só cheguei nele no fim da primeira volta. O homem tava a uma semana de ter competido na indomit 100 km e estava lá num sprint esgoelando. Mutante X MAN ;-D.

Segui duelando com um camarada de Criciúma e buscando umas posições na geral. O clima estava frio e bom pra fritar as pernas, e segui na máxima percepção possível. Estranhamente saiu a melhor corrida de sprint já registrada, 3:42 de média. Não sei de onde vem isso pois desde julho não fazia tiros de 400 m, com muito pouco tempo rodando em ritmos de 4:15 nesse meio tempo. Depois de um volume exagerado na sexta e sábado a bike também se mostrou boa. Prova de que intensidade x duração é o que importa. De um volume alto pode sair uma intensidade alta se o volume for baixo. E vice versa. Ou não. Mas é por aí.

Deu 1o cat e 14o geral. A prova estava mais longa, com 900, 22, 5.7. Link aqui, mas bati o início da corrida só depois de já estar lá longe no percurso. As transições são de bater com um gato morto na minha cabeça até eu aprender... não pode ser tão lerdo. No mais é isso, baita prova, brincadeira ardida e séria e uma quebra nos volumes extratosféricos para Ironman. Daqui a pouco vem o relato de Fortaleza, peraí !


Correr rápido quase sempre melhora a passada

40-44

A cara do terror

Sei lá

Força desgraçado, vaiiiiii

Corrida alucinada. Competir é sempre melhor do que brigar com o relógio

Só eu e o Jorginho sem roupa de borracha kkkk

quinta-feira, 27 de outubro de 2016

Treino simulado perfeito para Fortaleza

Registrando para não esquecer e quem sabe ser útil para a posteridade...

Treinando pra fortaleza, fiz um dos treinos mais encaixados da história nesse último domingo. Era um longo de pedal de 180 km.

Fortaleza fica quase no equador e estando no nordeste tem as temporadas de ventos altamente bem definidas. Muito diferente dos ventos loucos girantes aqui do sul. Na época do Ironman, o vento sopra sempre do mar, vindo de leste, só variando a intensidade entre muito forte e inconcebível :-).

O percurso do pedal vai pra oeste por 60 km, então volta 30 para fechar uma volta de 60, repete e volta pra T2 com mais 60. Assim, a ida é toda a favor, as voltas são metade de cada jeito e o retorno é de 60 km com ventania na cara.

A ideia era simular o máximo possível a prova, e o treino era assim: 4 horas a 70% do FTP e 1h30 pedalando sem instrumentos, só na percepção.

Conversando com o Roberto sábado, a ideia era tentar simular também a alimentação, que será crítica no nordeste. Com a meta de engolir 2000 calorias no pedal, enchi os bolsos: 120 gramas de carbo em pó na garrafa, 3 gels, 5 mariolas, 2 bananas, 1 coca cola, 1 barra de proteína grande. Muita água e 1 gatorade no km 110.

Estava relativamente quente, 28 graus ao meio dia, e o vento apertou legal. Pelo windguru, 40 km/h em imbituba.

Fui para a BR sul com o Heverton e galera ironmind. Fomos por 55 km e voltamos com vento já forte, abasteci e segui até garopaba de novo com vento a favor. Voltei com vento muito contra e faltou tempo, a distância já tinha fechado. Aí fui até a pinheira novamente. Bem parecido com os vai e vem de fortaleza, ora a favor ora contra.

Saiu baita treino, com a potência exatamente na média no trecho sem instrumentos. O que foi muito bom, pois não houve quebrada ao fim e quando passou a 1h30 mostrei os dados e vi que ainda saiam 210, 220 W tranquilamente. Zero quebra, um baita treino. Alimentação perfeita. Roupa da prova e capacete de treino, que acho que é o que vai ser lá.

Breve notícias nordestinas. Treino aqui. Interessante var as parcias (laps) com as respectivas potências e médias de velocidade :-D.

domingo, 9 de outubro de 2016

Mundial de Ironman 70.3 na Austrália






Correr um mundial de qualquer coisa era algo que eu realmente nunca tinha pensado até uns anos atrás. Só depois de uns bons 4 ou 5 anos de triathlon comecei a pensar em que quem sabe talvez um dia classificar pra kona ou pro mundial de meio.

A classificação no Rio veio quase um ano antes da prova, o que deu bastante tempo pra planejar e organizar as coisas - obviamente todos os detalhes foram acertados no mês da viagem. Que aconteceu com a minha filha, pois a Daiane não poderia viajar em época escolar e o pequeno homem passaria muito trabalho numa viagem dessas.

Foi uma experiência única, a começar pelo lugar. A costa leste da Austrália é sensacionalmente bonita e de clima parecido com o Brasil. Sunshine Coast, onde foi a prova, mais especificamente na praia de Mooloolaba, é berço do Triathlon australiano com a praia de Noosa sediando provas de desde a década de 90 com 4500 atletas. Talvez no Brasil não dê isso tudo em todas as provas Ironman somadas, e lá há 30 anos já haviam provas (eventos talvez) desse tamanho lá nos confins da terra.

O país respira esporte e aparentemente todos fazem parto na água, pois é incrível a quantidade de gente nadando no mar e nas piscinas públicas espalhadas por todo lugar (dizem que também não sentem frio). O contingente nativo na prova era de quase 900 atletas, dentre os 3000.

Chegamos em Brisbane depois de 30 horas de viagem às 23:30. Com todas as tralhas que uma prova dessa implica fomos buscar o carro alugado. Lá descobri que eu tinha feito a reserva pra julho (era então 30 de agosto) e tivemos que negociar um carro pequeno com câmbio manual (que traria grandes emoções). Saímos do aeroporto sem comprar o chip 3G e logo estávamos perdidos à meia noite dirigindo na mão inglesa sem saber passar marcha ou dar seta.

Entrei num hotel e pedi wifi. O solícito velhinho que atendia (uns 80 anos) deu todas as dicas e a senha do sinal. Saímos de lá direto pro hotel, onde subi 4 andares de escada com a mala-bike e logo desmaiei de sono.

No dia seguinte a Laís programou passeios o dia inteiro. Inteiro aqui é da hora que amanhece até bem depois de anoitecer hahahaha. Foi um dia típico de turistar, Brisbane mostrou-se uma cidade muito bonita e surpreendente. Encaixei um treino de 40 minutos de corrida na margem do rio, o que acrescido de toda a caminhada, totalizou cerca de 32000 passos no dia. Uma coisa muito boa de se fazer na quinta anterior a uma prova kkkkk. Falando nisso a pequena fez uma programação sensacional, além de arquiteta pode ser também agente de viagem. Só me preocupei em ir :-). Tudo estava planejado em todos os lugares.

South Bank, Brisbane. Excelente pra correr, ver, fotografar

Sexta feira saímos às 7 para Mooloolaba, 90 km ao norte. Lá achamos a rua da casa onde alugamos quarto no airbnb. Só que não achamos a casa. Batemos numas portas e nada, e aí ligamos pra dona pra descobrir que a chave estava na caixa de correio.

Fui direto pra Expo buscar o kit, comprar CO2 e óculos de natação, uma breve circulada, tropeça num pro aqui e ali e fui nadar. Um mar muito gostoso, água clara e quente, muitas ondas e gente surfando. Baita diversão. Pacífico de águas quentes eu não conhecia. Voltei pra montar a bike, saí pra dar uma volta de tarde e posso afirmar que foram poucas as vezes que fiquei tão perdido na vida. Andei seguindo os caminhos, que eram cheio de quebradas, saí na rodovia, fui pra cidade errada e quando era hora de voltar peguei o iphone pra me localizar. Muito bom sair sem rumo. Pedalzinho testou tudo e aí então fomos novamente para a praia dar uma volta.

Caroline Stephens pediu uma foto, não pude negar

Pedal sem rumo pra testar a bike

Estava bem na hora da parada das nações, um 'desfile' dos atletas de cada país. Eu imaginava algo tímido, tanto que nem me programei pra ir. Só que estava um espetáculo. Todos os países chamados um a um no microfone, banda tocando, centenas, senão milhares de atletas na praia, cada um na sua delegação com a bandeira à frente. Foi um dos negócios mais legais que já vi numa prova. Muito muito bacana.  A impressão talvez tenha sido amplificada pelas olimpíadas recém encerradas, é claro. Mas foi sensacional.

Parada das Nações. Sensacional.


A noite, equipei a bike antes de jantar e dormir. O bom de pegar um jetlag de 13 horas é que isso é tão torto que praticamente não dá tempo de ficar errado. Sei lá, só sei que não senti muito, a única coisa estranha era acordar sem despertador antes das 6.

Sábado dei uma corridinha de ativação de 3 km e depois fui deixar a bike, logo às 10 horas. Deixei a bike coberta com a capa e fui embora, depois de mais uma circulada na expo. Aí então fomos passear numa praia uns 30 km ao sul, Coloundra. Muito legal, como todas da região, cada praia na verdade parece uma cidade autônoma. Ficamos lá metade da tarde e aí voltamos pra ver o farol que tem ao sul de Mooloolaba, um mirante espetacular das praias ao norte e sul. Dava pra ver toda a região da prova e pra onde se estenderia o pedal, até 20 km ao norte. Um sol de fim de tarde espetacular e vento menos furioso que no dia anterior deram a certeza de bom tempo no dia seguinte.

Transição bonita
Jantamos numa pequena cantina italiana numa área comercial próxima à casa que estávamos, assim evitamos a muvuca da praia a noite, que era grande. A Dona ficou tão impressionada de ver brasileiros lá que tirou uma foto nossa pra por no perfil do restaurante no facebook :-).

Amanhecer do dia da prova
Largadas

Domingo dia da prova finalmente. Saí bem cedo, pra pegar o nascer do sol fantástico que teve naquele dia. Vento calmo e mar que mais parecia uma piscina. Essa prova tem uma transição interessante: a natação acontece no sul, e a T1 é bem longa, as bikes são dispostas ao longo de uns 800 metros e depois ainda tem a transição da corrida, que é um pouco mais afastada. Na prática tem 1200, 1400 m de transição no total. Assim, entrei por um lado pra mexer nas coisas e saí do outro lá longe. Voltei e achei a Laís no deck do banheiro com vista para o oceano (foto abaixo). De lá era perfeito pra ver a largada. Ali me vesti, alonguei e fui nadar um tantinho. Piscina confirmada. Voltei pra espera minha largada, os PROS saíram da água e fui pro curral.

Área da largada

Largada muito interessante, saímos da praia, nadamos 150 perpendicular à praia e então alinhamos numas boias pra largar efetivamente. Começar na água gera toda uma violência diferente de largar da areia: 450 seres flutuando na vertical ocupam bem menos espaço do que na horizontal, então na hora do tiro é uma profusão de socos e ponta-pés bem divertida.

Natação tranquila, firme e boa. Saiu bem reta, e diferente das outras largadas em ondas, não vi passar nem fui passado por nenhuma touca de cor diferente, o que denotaria o nível elevado e muito próximo dos atletas. Faz sentido, é um mundial, meu filho.

Saí da água bem, das melhores natações da vida. Nada excepcional, mas do jeito que tinha que ser, 1:30/100m cravados. Parti pra transição longa, saí pra pedalar já de cara nuns morrinhos pra sair da cidade e logo entramos na rodovia que seguiria por 15 km rumo norte. Vento sul muito leve e ritmo assustador, mas com muito trânsito. Vi muita gente das largadas anteriores, e pedalar na esquerda pra passar pela direita era estranho.

Saindo pra T1, 800 m de trote
A coisa foi toda empelotada até o retorno - tanto pelos atletas mais lentos quanto pelos safados pegando vácuo descarado. Era difícil ultrapassar tripas de 3, 5 atletas de uma vez só. No retorno a coisa começou a espalhar, um pouco de vento contra mas a empolgação do início mantiveram o ritmo bom. Ver virar parciais de 10 km seguidamente acima de 40km/h não é lá muito comum, mas a potência estava boa, o asfalto era ridiculamente liso e o fato de não ter pedalado na semana pareciam atenuantes que permitiam arriscar.

Cheguei no trecho ondulado, estrada fechada como a rodovia e um visual de interior. Logo dei de cara com a bifurcação dos dois loops que haviam no trecho de serra. À direita era a primeira volta, e era uma parede. Bem íngreme e curta, tive que fazer zigue zague na marcha mais leve e ainda assim deu trabalho. Esse trecho foi fantástico, muita gente nas laterais da estrada, mensagens escritas no asfalto. Me senti no tour de france hahahah.

No pedal


Descidas técnicas e pessoal suicida, fui ultrapassado demais nessa parte. Não sei pra que um sujeito senta no quadro numa bike TT numa descida que nunca viu na vida, entra na curva alucinado e quase sai na tangente. Na verdade uns saíram e foram parar no mato.

Depois outra volta, sem a parede e então o trecho final até a cidade, agora com uma ventania de sul absurda (isso sempre é amplificado pelo estado lastimável das pernas ao final da bike).

Entrei na cidade feliz e empolgado com o percurso, larguei a bike e me fui a correr. Corri tão bem no começo que resolvi me suicidar. Saiu uma das melhores bikes da vida, a natação foi boa, era um mundial, então como não arriscar ? Além disso eu tinha treinado tão pouca corrida nos últimos dois meses que já quebraria mesmo, então que seja com estilo. Falando em corrida, no começo de julho tive uma coisa horrível na lombar. Fiquei três semanas sem correr absolutamente nada e treinando moderadamente as outras modalidades. Aparentemente tenho umas hérnias querendo aparecer, mas suspeito que foi algo agudo, como advoga o Doc Daniel Carvalho. Ele, o Edu Monteiro e o Éder me salvaram, consertaram e prepararam a tempo de suportar o plano do Mestre Roberto Lemos de me por nos trilhos em 3 semanas de específico em agosto.

Voltando à corrida, era simples: duas voltas de 10.5 km, indo pro norte através de um morrinho de um km e depois tudo plano. Foi uma delícia. Corri forte no início movido pela empolgação e orgulho. Pernas muito leves, o que já me deixou feliz pelo pedal duro que foi. Outra coisa que me fez sair forte e tentar manter foi a dinâmica da prova: muita gente das categorias superiores, que largaram depois, me passando facilmente na corrida. Fiquei realmente impressionado. Ô povo pra correr !

Fechando a primeira volta


Do meio da segunda volta em diante implodi. O vento era contra e a inclinação me matou. Comecei a correr muito mal, com um cansaço enorme apesar das pernas boas. Acabei ingerindo apenas um gel no km 12, mas comi bem na bike. Não sei, só sei que me acabei tentando manter o ritmo, que não mantive, mas cheguei dignamente e com uma alegria enorme de completar aquela prova. Que clima, que vibe, certamente uma experiência única. Encontrar a Laís na boca da chegada com a bandeira do Brasil, chegar explodindo e tentando fazer o máximo que dava, afinal era um mundial. Não tem preço.

Chegando !
Yeah !
Único

Melhor filha do mundo !
O mito, mark allen. O outro mito sou eu kkkkkk

Segunda feira depois da prova começamos a segunda de três partes da viagem. Antes porém fomos pra Noosa, e pro parque nacional de mesmo nome apreciar a vista numa trilha de 7 km que nos levou ao hell's gate, um local espetacular para avistar baleias que não vimos e que dava uma visão impressionante da costa australiana.

Depois foi só seguir pra Cairns, mergulhar durante dois dias e uma noite na barreira de corais, aí ficar mais uma semana perambulando por Sidney, Melbourne e então começar a volta. Viagem sensacionalmente legal.

O retorno teve emoções de vôo atrasado por problemas mecânicos (não bom escutar isso antes de embarcar num avião que vai cruzar o pacífico), pernoite extra em SP e malas extraviadas, incluindo o case da bike, o que causou sérios pânicos no vivente que escreve. Depois de dois dias, tudo certo.

Muito obrigado a todos pela torcida, apoio e energias positivas emanadas até o outro lado do mundo. Até a próxima !

Dados Técnicos

Link do garmin aqui. Bati o botão de lap no guidão e tive que começar outro pedal hahaha. Mas dá pra entender.

Corri com o go run ride 4, com o capacete aero e com a roupa toda abaixo do neoprene. Tudo certo. Alimentação foram duas medidas de GU Endurance na bike com 4 gels, 2 mariolas e uns goles de gatorade. Na corrida 1 gel e coca cola.

Prova atípica para os meus padrões. Natação boa, bike ganhando posições e corrida perdendo algumas. Corri bem até o km 12, depois caiu um pouco e no 17 implodiu tudo hahaha. Bike a 87 % do FTP foi muito boa. Percurso metade plano, metade técnico com ventania. Asfalto perfeito em boa parte, mas na serrinha tinham patches e rugosidade.

Resultados oficiais aqui, meu aqui. Nível estratosférico, não deu nem pro cheiro hahah.


;-D
Hell's Gate, Noosa National Park

Noosa ;-)



Ao sul de Mooloolaba

 
Legs up !

A Grande Barreira de Corais !  


quinta-feira, 22 de setembro de 2016

Um dia qualquer

É interessante como a gente consegue se adaptar. Dá pra dizer que triatleta amador que trabalha full time treina na hora de descansar e descansa na hora de trabalhar.

Então hoje foi assim:

5:15 - Acordar
5:30 - Café
6:30 - Natação no mar
8:20 - Trabalho
12:30 - Pedal indoor
13:45 - Trabalho
19:00 - Trabalho
20:30 - Casa