quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Praias & Trilhas 2007

Na busca por incentivos aos amigos para tentar convencê-los a correr o Praias este ano, achei o relato do ano passado, postado por email mesmo quando este blog não existia. Como a próxima tá perto, aqui vai pra refrescar a memória.

From: Rafael Pina Pereira
Date: 2007/10/29
Subject: Praias & Trilhas
To:


Turma !!

Impressionante. Extenuante. Emocionante. E parcialmente delirante (pensei ter visto um Moai da Ilha da Páscoa).

Essa prova é única. Aqueles visuais no sol escaldante, as trilhas da nossa terra (a raiz da AndarIlha), o mar e o céu azuis num final de semana perfeito marcaram de forma definitiva essa que é uma das provas mais difíceis e bonitas do Brasil (palavras da organização e de um monte de corredores).

Um relato decente vem em breve quando sobrar tempo, mas por hora vai um resumido (!), que será devidamente complementado pelos demais desapegados às coisas materiais dessa vida. Uma maratona depois da outra não deve ser uma coisa muito saudável, mas incrivelmente todos terminamos intactos, a menos das avarias. Largamos na caieira, a 5 Km da entrada da trilha pra naufragados. Morrinhos e finalmente mato ! Voamos na trilha depois de largar no final e ir aquecendo devagar. Na trilha pro pastinho, as primeiras subidonas e chegamos no posto dágua/km 13 no saquinho. Seguimos rápido e encontramos a terceira geral no feminino, de quem mantivemos prudente distância. No pantano do sul, posto de alimentação.

A estratégia furou na sexta, pois fomos no 'congresso técnico' e não ficamos pro 'jantar', que seria muito tarde. Fui dormir depois de comer 2 calzones 4 queijos e uma tortilla mexicana, de forma que cheguei no posto esfomeado. Comi melancia, cocacola, pão, laranja, banana e gel. Aí enchi a garrafa com 'gatorade' e fomos pra lagoinha. Na descida tropeçamos em muita gente, e na praia comecei a ficar da cor do gatorade. O Hélio agilmente roubou a garrafa e jogou tudo fora, mas era tarde. Na trilha pro matadeiro botei o jantar do dia anterior pra fora. Dor de cabeça e estomago, mas o Hélio era paciente e fomos nos arrastando, até que ví um rio, quase me joguei dentro, aliviou geral. Chegamos no matadeiro, outro posto de comida na armação e então a areia mais fofa do mundo. Até o morro das pedras levamos 45 min. Água de coco é um santo remédio. Mas lá depois do campeche ferrou tudo de novo, aí finalmente o Hélio viu que ia me matar se continuasse a tentar forçar o ritmo e se foi, bem no ponto do retorno do mountaindo, na cruz das almas (?), bom ponto pra ser abandonado moribundo.

Levei muito, mas muito tempo pra percorrer os últimos 3 ou 4 Km. Me arrastei e cheguei muito podre. Recompondo com alguma comida, massagem nas partes atingidas e alguns minutos de descanso comecei a perceber que a parte muscular estava mais ou menos boa. Bom sinal.

O Hélio fechou com 12 minutos na minha frente, aí a Taty logo chegou e então a Fabi, as duas sorridentes como se estivessem passeando. Será que só eu que sofro ? A frase da Taty diz tudo: "Amo muito tudo isso" :-)

Dia seguinte, arranquei o Adriano da cama pra nos levar na joaquina. Pegamos a Taty, Fabi e Hélio e fomos pra largada 2, a missão. Subimos as dunas, entramos na trilha no morro que vai pra mole, e aí passa no costão, show, fomos 'quicando' de pedra em pedra, os atletas de rua pareciam uns gatos andando de pantufas nas pedras.

Praia mole, galheta, morrão e visual espetacular no topo, chegamos na barra depois de passar por todo mundo que existia no caminho, até que eles se revoltaram e nos passaram no moçambique. Corremos aquela imensidão toda, só um pit-stop pra água e outro esparadrapo nos pés. A trilha da ponta das aranhas foi-se em menos de 20 minutos, mais comida no santinho, aí quando eu pensei que já tava nos ingleses, o Hélio me contou da crueldade que nos faria subir o morro e descer pra avançar uns 500 metros somente. Nos Ingleses encontramos o Queiróz a nos animar e os meus pais pra me dar uma caca-cola. É psicológico, mas sempre depois de avistar um conhecido ou receber um incentivo o meu ritmo aumentava. Cientificametne medido no polar.

Trilha das bruxas pra brava, mais posto de comida e fomos pra trilha que vai pra lagoinha, a única que eu não conhecia nessa prova. Começa uns 200 metros na subida de asfalto, e sobe MUITO. Aí, quando você pensa que vai acabar, um fiscal aponta pra cima, e sobe mais. Costão, pedregulhos, cordas e mais trilhas, aí chegamos na lagoinha. Antes de acabar a trilha já comecei a entijolar as pernas, fiquei receoso de travar, então tentei convencer o Hélio a diminuir. Mas o sujeito não cansa, não sente dor, não solta as tiras e nem deforma (que nem as Havaianas). E também não tem fome. Eu sempre levava um monte de bisnaguinhas nos bolsos depois dos PCs...

Aí corremos a lagoinha toda (que aquela altura parecia longa), entramos no costão de 30 metros de desnível que quase me exauriu e chegamos na praia já avistando o pórtico... Linha de chegada... Satisfação monstruosa. Limite ?! Que limite ? Isso ficou lá no campeche no sábado... Muito gratificante terminar uma corrida como essa. A prova é muito de estratégia, não é um desespero, tem que se poupar muito e entender que só acaba quando termina. Fiquei realmente impressionado de não ter pifado no domingo, deve ter sido o gnoque que a Daiane fez sábado, que me recompos dos 4,5 Kg perdidos no primeiro dia.

A Taty e a Fabi são duas raridades. Nem a bolha do tamanho do dedão que a Taty fez no segundo dia em cada pé tirou lhe o bom humor e a frase já famosa. A Fabi como sempre termina inteira, ajuda um monte de perdidos no caminho e dessa vez se perdeu junto com eles já perto da chegada. O Hélio não tem fim, o desgraçado ainda me diz que poderia correr frouxo mais uns 10 Km no final...

Fabi, Hélio, Taty, Queirós, vocês muito me inspiraram a fazer essa corrida. Obrigado !!!!

Valeu !!

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Rafael Pina Pereira
rpina73@gmail.com

3 comentários:

  1. Fala Rafael,

    Comecei a ler o seu blog pelo presente relato e até agora considero o melhor texto sobre o Desafio Praias e Trilhas. O que o fez vomitar foi ter comido demais ou a ausência de uma boa alimentação? Tirando tudo o que podemos classificar como "difícil" nesse desafio, a minha grande indagação é com relação ao termo "poupar" ou "preservar", pois não quero "forçar" em momentos errados e faltar gás em algum momento.

    Parabéns pelo relato.

    Daniel Gonçalves
    www.fanaticospormaratonas.blogspot.com

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  2. pilhadíssima:)
    quero terminar igual a Taty, cantando "amo muito tudo isso" :)

    vou imprimir os relatos e começar a mentalizar, auhmmm:)

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    Respostas
    1. Vc tem que conhecer a Taty, provavelmente ela vai no desafrio, vou ver... é uma figura mas não tem blog, só FB, procura por happy taty lá nas pessoas...

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