quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Corrida de aventura do SESI: execução perfeita com planejamento errado


Foto do Panorâmio

Ou então como disse o Dariva: potência não é nada sem controle.

Domingo de sol, céu azul e mar idem, sem vento e temperatura agradável. Largamos no pântano do sul para a corrida de aventura do Sesi, com a equipe da Dígitro formada pelo Aracajú, Cassol, Maicon e eu. Outra equipe da Dígitro com o Rodrigo completava as 11 equipes da expedição, prova de 25 km dos jogos do SESI de 2010.

Largamos depois de plotar os pontos no mapa, saindo forte pela praia para o trecho de 2,5 km até os açores. Chegamos lá bem rápido e quando olhamos pra trás, ninguém, nenhuma outra equipe fora as duas Dígitro. Pegamos as duas bikes e tocamos em bike and run, o Maicon e o Cassol pedalando e eu e o Diogo correndo em direção à costa de dentro.

O pedal acabou rápido, deu uns 4 km e então pegamos a estrada do sertão do ribeirão (morro maldito para os adeptos da volta à ilha). Fomos andando rápido morro acima, trotando no plano e despencando nas descidas, até a vila, passando pelos visuais fantásticos que aquele lugar proporciona. Lá pegamos a trilha para a cahoeira da lagoa do sertão do Peri e tocamos junto com a equipe do Rodrigo. Fomos descendo como dava e então chegamos à cachoeira. Tinha uma atividade de cordas, um circuito de arvorismo montado em cima da cachoeira que era sensacional. Um dos staff disse que levaram dois dias montando aquilo tudo. Andamos nas cordas e então seguimos de volta pra trilha, rumo à sede do parque.

Pouco depois entramos numa trilha que foi fechando, fechando e quando vi o Aracajú ia na frente rastejando feito rambo em emboscada. Segui ao final da fila e vi que a trilha realmente tinha acabado. Voltamos e dois metros à frente estava a bifurcação à esquerda na trilha certa, onde entramos correndo com tudo pra recuperar o tempo perdido. Como passamos por umas equipes na volta da cachoeira ainda indo para as cordas, achei que alguma equipe poderia ter passado, mas depois de 20 min forte percebi que ainda estávamos na frente.

Chegamos no PC do caiaque e o Diogo e o Maicon pegaram o duck pra remar uns 5 km até a sede do parque, enquanto eu e o Cassol seguimos correndo até a torre de observação da lagoa pra fazer um rapel. Resolvi arriscar e azimutei direto pela margem para pegar a trilha depois do cotovelo, evitando quase um km de estradinha plana. Achamos a torre, equipamos e subimos para a primeira vez de rapel do Cassol, descemos e seguimos para a sede encontrar os remadores.

Chagamos praticamente ao mesmo tempo que os caiaques, o Aracajú e o Maicon remaram demais. Fomos direto para o fiscal pegar a carta de orientação para a etapa final, 3 prismas escondidos na mata. A carta era impressa em jato de tinta e já começou a borrar assim que peguei a folha, que representava o lugar em escala 1:10.000. Faltava um norte na folha, pois várias vezes tive que parar pra pensar onde é que era o norte. Bússola e régua na mão e lá fomos nós. Haviam 5 prismas e cada equipe tinha que pegar 3 aleatoriamente, só que o 5 era lá onde judas perdeu as botas, depois da torre do rapel. Claro que tivemos que pegar este prisma. Acho que deram isso pra primeira equipe que chegou pra ver se acirrava a disputa.

Seguimos para pegar o 2 e não achamos o ponto. Fiquei perdido e o Aracajú teve a idéia de comparar a carta com o mapa e bingo, entendi que estávamos numa trilha paralela onde imaginava estar, e dado o local abandonamos temporariamente o 2 e fomos buscar o 4 e 5. Navegação exata até o 5 e então seguimos até o 4. Na hora de achar novamente o prisma 2 errei a escala e estimei correr 800 metros, fomos e quase chegamos na margem da lagoa de novo. Quando vi a besteira voltamos tudo e então acertamos a entrada da trilha, mais 200 metros e haveria outra a 90º à direita. Pra não errar mais, o Aracajú foi andando rápido contando passos e em 200 certinho batemos na trilha. Ele entrou, catou o prisma e então seguimos aloprados para a chegada, o Cassol se matando pra correr com o joelho pifado, superação total.

Chegamos, festejamos e comi feito louco. Nas 3h21min de prova eu só tinha comido duas bananas e um gel, mas não tinha sentido necessidade de mais nada. Foi parar a abrir uma cratera no estômago. Depois de uns 20 min chegou a equipe do Rodrigo e então mais uns 15 e as outras chegaram, três emboladas. Fomos todos pra casa certos da dobradinha com a outra equipe da Dígitro e felizes por ter liderado a corrida de ponta a ponta.

Fotos aqui.

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Epílogo

O resultado oficial não saiu no domingo, apenas terça na festa de premiação, pois haveriam de computar penalidades e tempos de relógio parado nos trechos de rapel e cordas. Não tinhamos a menor dúvidas de ter zerado tudo e não ter acumulado nenhuma penalidade, só que fomos chamados para o segundo lugar na hora do pódio.

Depois da confusão descobrimos aterrorizados que tomamos 45 minutos de penalidade por não ter marcado um PC. Que não sabiamos que existia. O erro foi que não plotamos o PC1, que estava a 150 metros da largada (3 mm no mapa). Achamos estupidamente (eu) que era a coordenada da largada e fomos plotar todos os outros 11 PCs. Nós e mais três equipes cometemos esta asneira imperdoável. Deve ter sido muito ridículo as outras equipes olhando aqueles malucos alucinados passarem correndo pelo primeiro PC da prova, um PC grátis, fácil, óbvio e obrigatório. Devem te achado que éramos safados ou tapados. Fomos tapados.

A equipe que chegou em terceiro pulou para primeiro lugar e ficamos em segundo por nove minutos, a outra equipe da Dígitro foi parar lá em 6º lugar. Burrice total. Excesso de confiança na hora de plotar, falta de conferência, afobação para largar rápido, erro de planejamento e organização. Burro, burro, burro.

Como eu gosto de aprender com os erros dos outros, não poderia de deixar de retribuir escrevendo este post, mesmo que para relatar o maior mico das corridas de aventura de todos os tempos. Não achar um PC, se perder, plotar errado, navegar errado, são erros normais. Mas não saber que existe um PC é inédito.

Depois ainda ficamos analisando que o PC foi pegadinha, que a penalidade foi exagerada e coisa e tal, pois mesmo engatinhando até o PC e esperando toda as equipes assinarem a planilha não levariamos mais de 10 minutos. Mas lá no fundo eu sei que o erro foi imperdoável, pois corrida de aventura não é só corrida. É uma atividade complexa que envolve planejamento, estratégia, trabalho em equipel, liderança, técnicas específicas e também é claro muito pulmão e pernas. Em qualquer outra prova perder um PC significaria desclassificação. Mas como esta tinha a penalidade no regulamento, acabamos com o segundo lugar como consolação. Eca.

2 comentários:

  1. Que relato emocionante, Pina! Eu nem sei que diabos é PC, mas fiquei com raiva também! Abraço!

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  2. Oi Rafael,

    Apesar do aborrecimento com a penalização, o desempenho de vocês foi muito bom. Parabéns.
    Ainda quero participar dessas corridas de aventura.

    Abraço.

    Ferreira

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