quarta-feira, 16 de outubro de 2013

Mountain Do 2013 Lagoa - a vez da dupla

A raça
Corri o Mountain Do Santinho todas as duas vezes em dupla. Com o Hélio fomos campeões e com a Taty vice (no geral incluindo duplas masculinas :-). Mas eram outros tempos, eu corria trilha todo fim de semana e a galera estava treinando pra isso.

Dessa vez joguei a isca para correr o Mountain Do Lagoa em dupla e o Anastácio mordeu. A AndarIlha iria então com uma dupla e um quarteto com o Queiróz, Dariva, Hélio e Tiago.

A largada foi do Anastácio... Saí do LIC com o Juan, que foi convocado às pressas para fazer nosso apoio na sexta-feira a noite e topou na hora. Chegamos no campeche, me estiquei um pouco pra terminar de acordar e começaram a passar os primeiros atletas. Contei as duplas e o anastácio chegou em 12º, haviam ao que lembro 22.

Larguei conforme combinamos, de leve. A ideia era ir tranquilo nos primeiros trechos pra ter alguma sobra nos últimos. Como eram 73 km em 8 pedaços totalmente variados, simplesmente dividimos alternando os 4 primeios e dobrando os 4 últimos. Essa decisão não foi acertada. Dava pra ter alternado os últimos, mas achamos que não iria dar tempo de resgatar um corredor no fim do trecho 6, voltar com o elemento até o rio vermelho, pegar o barco e estar no posto 7 pra fechar o oitavo trecho. Mas parece que algumas equipes conseguiram fazer isso e evitaram ter que correr 20 km numa paulada só.

Então saí num ritmo moderado, esqueci o monitor cardíaco e fui na respiração. Dava 4:20, 4:15 no plano e fui sendo passado por muita gente. Aqui a experiência de saber o que tem a frente conta, hehehe. Depois de 3 km entrei nas areias movediças do campeche. Até a Joaquina, 100 % do terreno era de areia fofa ou pastosa. Inclinada na beirada e até onde o mar batia estava mole. O vento nordeste bem na proa estava perfeito. 6min/km num esforço moderado. E comecei a passar um monte de gente...

Cheguei na joaca e passei o chip e o garmin pro Anastácio. O dele pifou antes da largada. E foi legal, porque fiquei com todos os trechos no bicho e achei um programinha que junta todos os arquivos .tcx num track só, olha que legal. Quem tem um percurso desses completo :-)) ??

Será que um dia sai solo ?
O Anastácio se foi pras dunas do Saara e eu fui pra Mole. O Juan foi reconhecido pelo cara do estacionamento, o Gringo conhece meio mundo e ali estava um aluno do Karatê. Deixamos o carro a 2 metros da transição pro trecho 4 :-).

Fui no banheiro, hidratei bem e comi um gel. O dia estava deveras quente e úmido. O Anastácio chegou e me mandei pela praia mole, sendo ultrapassado por muita gente. E peguei todo mundo de volta na trilha pra galheta. E depois na subida do morro pra mole comecei a pifar. As pernas estavam já pesadas então comutei pra caminhada morro acima antes que fizesse um estrago irreparável.

Eca
Encontrei a Débora e segui no pequeno plano que tem lá em cima, aí comecei a descer as rampas de pedra inclinadas. Desci tudo correndo. E me empolguei. Comecei a descer alucinado, correndo cada vez mais e fui passando gente. Já estava me achando a versão tropical do Kilian Jornet quando voltei a realidade indo de cara no chão. Os nossos reflexos são muito interessantes. Do jeito que caí tinha uma pedra dum lado, uma árvore do outro e caí deitado com a cara no chão no meio disso tudo. A descida era inclinada, e a primeira coisa que pensei é que poderia ter perdido vários dentes se desse de cara na árvore. Felizmente a mão esquerda segurou. Sofreu um pouquinho e só.


Continuei margeando o canal da barra e passei a ponte pênsil e então fechei o trecho no projeto Tamar. Tempo bem parecido com o que eu lembrava, pelo visto forcei demais. Ali fui na ambulância limpar e enfaixar a mão e seguimos para o PC 7, pois o Anastácio correria os trechos 5 e 6 seguidos.

Paramos numa padaria e comi um pão com queijo e tomei coca-cola. Aí comi uma banana e mais um gatorade. Seguimos. No PC o Juan ficou de vigia enquanto eu deitei debaixo de um pé de amora e tentei dormir. Acordei lerdo e zonzo.

Ficamos lá sentados no campo de futebol esperando e desmaiando. Fiquei realmente lerdo e comi mais uma banana. Fui no banheiro e fiquei com sono. Esse negócio de revezar é complicado. As panturrilhas já estavam pesadas e o tendão esquerdo estava dando as travadas que eu sinto na manhã seguinte pós corridas. Só que estava no meio da corrida e ainda faltavam 20 km.

Bom, o Anastácio chegou. Saí então à caça de duas duplas que vi passar, agora era usar o que tinha sobrado. Peguei a estrada de lajotas e logo na primeira trilhinha passei os dois, e então veio o único pedaço de asfalto até o começo da trilha para a costa da lagoa.

Comecei a subir a trilha surpreendentemente bem, empolgado mas cuidando pra não exagerar. Nos topos, os melhores trechos pra correr da prova toda, uns single-tracks perfeitos, não mais de 30 ou 40 cm de largura sem raízes ou pedras, num terreno ondulado na floresta. Muito, muito bom. No topo do morro, que não é o da trilha tradicional do ratones para a lagoa, um visual que aposto que 90 % de quem mora em Floripa não conhece. O espelho dágua do extremo norte da lagoa cercado de verde por todos os lados, e depois da floresta de pinheiros do rio vermelho, o marzão do moçambique. Dali não dá pra ver NENHUM sinal de civilização. Levei outro tropeção ali ao descer embasbacado com o lugar, mas parei antes de ir pro chão.

Cheguei no último posto de troca e segui direto, falei alguma coisa com o Hélio que aguardava ali e segui empolgado. Comi o último gel logo depois. Tinha saído com 3, comi um logo nos primeiros 15 min e só tinha mais um. Algum caiu no caminho...

Comecei a andar nas subidas e a ficar fraco. O Giliard, da dupla campeã, me passou. Não acreditei no ritmo que ele ia e perguntei que horas largou, ele disse 9:10. Largamos às 8, então ali ele já estava 1h10 na nossa frente, impressionante. E logo sumiu. E eu comecei a sumir.

Fiquei com muita fome e passar nos restaurantes à beira da lagoa não ajudou. Meu reino por um gel ou uma banana. Tive que andar num pedaço plano, fiquei puto de não ter dosado direito e então percebi que tinha errado na alimentação. Fiquei 2h10 parado e só comi um pão e uma banana, deveria ter me alimentado melhor. O fato de não estar treinando nada de trilha também não ajudava. 38 km de trilha, areia fofa e morros, assim, do nada, causa o seu estrago. Fazia tempo que eu não fazia uma prova tão sem treino. Não condicionamento, mas específico.

Lembrei dos ensinamentos do Roberto quando perdi o único gel no GP de inverno: "agora vai só na gordura". E fui indo lento, deixando o corpo entrar em modo lipolítico pra não pifar de vez. Segui tropeçando, as pernas não respondiam mais direito. Eu olhava uma pedra e pensava: isso, levanta o pé esquerdo, bastante. E a perna não levantava nada, cheguei a dar duas dedadas numas pedras que pensei que tinha arrancado a unha.

Foi chegando no final da trilha e no canto dos araçás vi uma miragem: um posto dágua com a staff distribuindo gel ! Peguei dois glico gel e comi de uma vez, com dois copos dágua junto. Fui ultrapassado por um atleta de octeto e outro de quarteto e segui balizando o ritmo por esse último. Entrei na rua do LIC e logo o Juan vinha com a camiseta da AndarIlha para eu trocar. Como não achei a de manga curta, não tive coragem de correr o último trecho de manga comprida, bastou o segundo onde fervi. Troquei agilmente as vestimentas e entrei no clube com o Anastácio pra cruzar a linha de chegada, agora os meus restos estava ressucitando rapidamente.

7h51min de paulada, e depois vimos que ficamos em 4º lugar nas duplas. Largar segurando deu resultado, pulamos de 10º no fim do quarto percurso para 4º no final. A voz da experiência, os veteranos deram trabalho pra gurizada hahahaha. Muito bom, diversão garantida. E destruição completa. Há tempos não ficava tão quebrado. Bebi uns dois litros de suco, comi melancia e banana até estufar e fomos descansar um pouco. Reunimos com o quarteto pras fotos oficiais e tocamos pra casa. Diazinho longo.

Bom demais correr em dupla. Na hora eu fiquei pensando em quem foi o miserável que deu essa ideia :-)... mas depois de 1h já estávamos considerando uma mudança de estratégia para os últimos trechos no próximo ano... A cabeça esquece rápido... e o corpo paga a conta :-).

Valeu galera, mais um Mountain Do num dia sensacional e um lugar melhor ainda. E obrigado especial ao Juan, que teve o privilégio de acordar às 6 da manhã e ficar até às 15 nos transportando pra lá e pra cá. Pronto, agora já foi em octeto, quarteto e dupla. Haverá um solo :-D ??

6 comentários:

  1. Cara... sinceramente... vocês têm m(*&@(&@ na cabeça de fazer essas coisas! Kkkk
    Parabéns Pina... legal o relato. Eu sou mais "do asfalto" mas gosto de ler de tudo um pouco sobre tudo. Ademais... sou muito desastrado. No teu lugar eu certamente teria dado com a cara na árvore e na volta a nuca na pedra, ou vice versa. Kkk
    Abraço!
    Milton - hhttp://vintesemanas.blogspot.com.br

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  2. Respostas
    1. Valeu Samo ! A noite vejo o programa, agora não lembro mesmo... o único cuidado é botar os tracks em ordem, senão ele se perde todo....

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  3. Jisus !!!
    Correr na areia me traz más lembranças, quem sabe um dia eu topo um negócio desse.

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    1. Bro, o negócio é punk mesmo com areia daquele jeito. Uma vez tivemos o moçambique num praias e trilhas, 14 km assim. Sentei na areia e fiquei lá sem saber o que fazer kkkkkkk.

      Qual a má lembraça :-) ?

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