sábado, 11 de agosto de 2012

Caminhos da Fé, puro Mountain Bike

No último domingo aconteceu a terceira etapa da copa de Mountain Bike de Florianópolis, prova muito bem organizada e desafiadora. O percurso foi sensacional, saindo de São José até Angelina pela região da Betânia e retornando direto por São Pedro de Alcântara.

Tenho que aprender a andar em pelotão
Um pelotão gigante de cerca de 200 pessoas largou do centro de eventos e dominou tudo até o começo da subida da SC-407. Realmente bonito de ver. E alucinante de andar dentro de um bolo de gente naquela velocidade. Quando a subida começou era o km 10 e eu vi a média de 29 km/h, um absurdo. Mais absurdos eram os trechos empelotados a 40-45 km/h na MTB. Ali acho que o carro que ia à frente já tinha acelerado ou saído, pois o povo começou a se espalhar e fui ficando no meu ritmo e recobrando o fôlego.

Segui numa boa e encontrei o Jacó uns km depois. Tentei chamar mas o homem ficou no ritmo dele e eu segui sozinho. A prova toda, não sei como eu consigo. Não revezei com ninguém praticamente em nenhum momento, e tinha vento. 
Uma descida
Pouco antes de chegar a São Pedro o povo dos 50 km já estava voltando. Passamos a praça e seguimos pras estradas de terra em direção à Angelina. Subidas, subindinhas e logo um subida interminável apareceu. Quando começou a descer, quase errei o caminho, tinha uma seta na direção certa e uma faixa branca pintada no chão, mas um cara ia à frente e eu fui junto numa curva errada, só parei quando o Peixoto da organização gritou. Consegui voltar mas o cara desceu pelo caminho errado e não vi mais. Na pior das hipóteses chegou à Angelina pelo lugar errado, e na melhor teve que subir um pouco de volta :-).

Desci muito rápido pros meus padrões, curvas alucinantes. Passei reto em uma e fui parar quase em cima da cerca. Nessas horas é que se vê o quanto o equipamento é importante. A bike aguenta uma porrada considerável nessas descidas, parece que estamos segurando uma britadeira.

Em um certo trecho estava atrás de um carro de apoio de um atleta e fui ultrapassar. Saí pela esquerda apertada da estradinha de terra e voltei para a 'mão' certa pouco antes de uma curva. Numa descida. E lá vinha uma F-250 a mil subindo dançando no meio da estrada, com um som escandaloso e horrível saindo da cabine. A coisa passou a meio metro de mim, não sei como conseguiu não bater no carro que vinha atrás. Berrei e xinguei um bocado, mais pra assustar mesmo, pois vinha mais gente descendo. E tinha gente na minha frente, e o cara subindo uma estrada de terra estreita e com curvas a mil. Não dá pra entender o que se passa em certas cabeças.

Logo cheguei a uns pedaços planos e calçados, quase em Angelina. Não conseguia render no plano e percebi que estava quebrado. A cabeça ficava caindo pra frente o tempo todo. Nessas horas eu sei que estou moído na bike, quando o pescoço tem preguiça de deixar a cabeça olhando pra frente. Tinha forçado o tempo todo até ali e ainda tinha que voltar. Mas a ignorância me dizia que era só descida. Eu achava mesmo que de Angelina a volta era só descendo.

Ao passar pelo pórtico do revezamento, peguei uma garrafa dágua e segui. Observação para a água: tinha bastante, muito bem abastecido. Só que os staff abriam os copinhos antes de nos entregar, o que impedia de guardar nos bolsos e sempre faziam derramar um pouco. Era melhor entregar o copo lacrado. Bom, continuei a pedalar tranquilo, agora só desce, que beleza. E aí começou a subir, e subia e subia. Aí quando o  Aldo, um cara que ia num ritmo parecido parou pra alongar de câimbras, eu passei e segui numa curva bem íngreme e vi onde continuava a estrada. Em diagonal subindo até um pedacinho azul de céu, lá nas alturas. Aquela última grande subida me quebrou de vez. Ali vi dois atletas empurrando a bike. Um ainda brincava, "já que é Caminhos da Fé, tem que ter fé que a subida acaba. E quando acaba, meu filho, toma um gel, respira fundo e despenca." Despenquei. Desci alopradamente como quase nunca faço. Mas foi muito bom. Todo o percurso foi muito bom, terra, serras e matas para todo lado, rio do lado, floresta.

A última descida pra São Pedro, na volta
Na chegada a São Pedro relaxei, o asfalto de novo, macio e lisinho. Agora só as pernas vão sofrer, pelo menos os braços estão a salvo. Toquei pra baixo sozinho com o vento miserável contra, e no final ao chegar na bifurcação pra o trevo de Forquilinhas encontrei o Valmir da organização. Já sabia que era pela direita, na subida de paralelepípedos que leva até a BR-101, mas perguntei várias vezes se não era pro outro lado. Acho que pensaram que eu estava doido ou surdo. Segui por dentro da fazenda do max até São José, passando pelo centro histórico para então entrar na ciclovia da beira-mar, fechando os 123,5 km de muita subida, diversão, descidas alucinantes e vento irritante. E força o tempo todo. Acho que só botei o pé no chão na hora que errei o percurso porquê tive que dar um cavalo de pau pra voltar.

Voltando...
Chegando. O vento pode ser visto no filhote de coqueiro ali atrás...
Olha, essa cansou viu ?!

Coisa muito diferente é fazer uma prova dessas. Não estou com treino específico nenhum, a sorte é que o corpo sabe como sobreviver. Foi o primeiro longo de mais 3 horas na bike desde o Iron. Levei mais tempo do que no ciclismo do Ironman num percurso de 124 km com ~70 de terra e 1700 m de ascensão vertical. Fiz força demais nas subidas e acabou não sobrando muito pra pedalar decentemente no retorno de asfalto. Grande aprendizado. Nível altíssimo, essa turma da MTB pedala muito. 13º cat dentre 16 ;-). 5h54min de pura pancadaria sem refresco, no máximo o tempo todo. E certamente, diversão garantida. Arrumei um problema: é mais uma prova pra encaixar no calendário anual. Eu me conheço. Valeu galera !

Dentro do centro de eventos. A Daiane foi lá ver a chegada com
A Laís e o Arthur, devidamente equipado também.
Foto do Renato.

Um comentário:

  1. Que tesão !!!!
    Po, assisti o Xterra e fiquei com muita vontade de fazer.
    Acho que ano que vem vai rolar.

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